Desde tempos imemoriais sabe-se que uma das melhores formas de baratear quaisquer bens ou serviços aponta na direção de acabar com todos os monopólios existentes, forçar a ampliação da concorrência em todas as suas formas, suprimir impostos sobre produtos essenciais (e se supõe que um ministro da Cultura considere um livro dessa forma), enfim, fazer de tudo para que o livro, como vários outros produtos, ganhe economias de escala, se multiplique "n" vezes e seja oferecido pelos mais variados canais, pequenas livrarias independentes, grandes cadeias, supermercados, padarias, online, ponto de ônibus, metrô, etc.
Em todos os países, em todos os tempos isso é verdade e assim deveria ocorrer. Acho.
Em países normais, pelo menos.
Mas a França não é um país normal (o Brasil também não, mas isso não vem ao caso agora). A França não apenas quer que seus cidadãos e cidadãs (les Français et les Françaises, du Général De Gaulle) paguem mais caro pelos livros que desejariam comprar, mas também pretende subsidiar as pequenas livrarias, que para eles são uma espécie ameaçada de extinção pelas grandes superfícies ou pelas vendas online (como a Amazon.fr). Talvez seja o caso, mas se o governo francês pretende subsidiar toda forma de produção e de comércio ameaçada de extinção pela progressão inevitável, incontornável, irrefreável das tecnologias produtivas e de distribuição, talvez ele devesse começar subsidiando a produção de velas, de maquinas de escrever, quem sabe de espartilhos e polainas?
Mais alguns anos a Amazon, se não se diversificar e modernizar, vai ser suplantada por outras formas de transmissão de lazer, entretenimento, bens culturais.
A Amazon eventualmente passará. A França não: ela ficará na sua inacreditável decadência produzida pela estreiteza mental de suas elites.
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Sim, volto ao caso do Brasil. Aqui, um companheiro genial (eu sempre vou admirar a genialidade deles para a estupidez), propos ampliar a leitura. Para isso, ele queria criar empregos (públicos, claro, pagos com o nosso dinheiro) de "animadores culturais", pessoas que iriam em bibliotecas, escolas, supermercados, estimular a leitura entre os cidadãos. E como seriam pagos esses "animadores"? Ora, com um imposto sobre a cadeia do livro, como se eles fossem baratos no Brasil. Não é genial a ideia do companheiro?: para empregar seus militantes desempregados eles iriam contratá-los para animar sessões de leitura, provavelmente das Obras Completas do Guia Genial dos Povos... Nunca vou deixar de me surpreender com a estupidez genial do companheiros...
Amazon In France: French Culture Minister Calls Website 'Destructive For Booksellers'
It's no secret that France does not hold Amazon in high regard, but now the country's minister of culture has gone so far as to call the website, and other online retail giants,"destructive" for bookstores.
É o Grotão gaulês.
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