sexta-feira, 21 de junho de 2013

Reporter deste blog relata o que viu na Avenida Paulista, SP - a nomear...

Este blog já tem correspondentes internacionais, no caso, eu mesmo, quando viajo.
Mas tem também aqueles que colaboram ao vivo, se ouso dizer, presencialmente pelo menos.
Abaixo um relato de um reporter ponderado sobre a manifestação na Avenida Paulista em São Paulo.
Seu autor?
Se ele desejar, acrescento o nome dele...
Por enquanto seu relato, preciso, sintético, realista.
Paulo Roberto de Almeida

Reflexões pós manifestação: cada dia é bem diferente do outro, a julgar pelos depoimentos e análises publicados até agora. Falava-se no perigo de faltar uma linha reivindicativa clara e consistente num meio termo entre os extremos generalista ("abaixo a corrupção") e personalista ("fora Dilma"). Falava-se ora que o conflito com a polícia era insuflado por infiltrados para desmoralizar o movimento, ora que ele era um efeito colateral inevitável. Falava-se que a direita havia cooptado o movimento, ou então que o Haddad tinha conseguido esvaziá-lo. 

Hoje na Avenida Paulista vi algo diferente de tudo isso. Em vez de uma massa indecisa pronta para ser manobrada à direita ou à esquerda, vi blocos ideológicos claramente definidos. Os coturnos noturnos do "todos contra a corrupção" andavam lá na frente sem conseguir angariar massa crítica. O bloco de bateria do Movimento Passe Livre puxava de fato a fila, com a sua reivindicação claríssima. Logo atrás vinha a ala das baianas (muitos de branco) cujo mote básico era "PT VTNC". Imediatamente depois, os disciplinadíssimos blocos da esquerda — UJS, anarquistas, PCO, e PT misturado ao MST — pedindo nada menos que o fim do capitalismo. Um grupo com faixas em amarelo e preto (cores do movimento Libertário) pedia menos impostos e reforma tributária. Depois deles, um grupo anti-Feliciano. 

Além dessas escolas organizadas, havia uma multidão de grupos menores e mesmo pessoas isoladas com suas demandas setoriais ou idéias mais ambiciosas. Apesar dessa diversidade, alguns cartazes se repetiam em todos os grupos, grandes ou pequenos: "não à PEC37", "fora Renan", "não à Copa", "não é só [ou mais] 20 centavos. Em todos à exceção da disciplinada esquerda. 

Nada, portanto, de falta de idéias claras nem incompatibilidade entre as diferentes demandas, como alguns simpatizantes do MPL andaram se alarmando. 

Outro fato que desmente os alarmistas é que as bandeiras do Brasil não eram mais numerosas nos grupos "de direita" do que nos "de esquerda" (só os anarquistas, coerentemente, não tinham nenhuma). Não vi motivo para temermos um golpe da extrema-direita, se as relações numéricas entre os grupos se mantiverem. Nem vejo massa crítica petista para aclamar um eventual retorno do barbudo. 


Agora, é claro que com tantas pautas e ideologias diversas manifestando juntas — juntas MESMO, salvo as ocasionais farpas trocadas entre petistas e antipetistas — fica difícil prever onde isso tudo vai dar e quanto tempo vai durar. Por ora, adelante!

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