Trabalhos
que pretendo fazer, em médio prazo
Paulo Roberto de Almeida
Nos antigos
sistemas socialistas, ou em quase todos os regimes de economia planificada – o
que compreenderia igualmente, portanto, certos regimes fascistas e mesmo alguns
sistemas capitalistas com forte presença estatal, como era o caso da França do
pós-guerra – havia o hábito de se elaborar grandes planos multianuais,
geralmente quinquenais (nos velhos tempos da União Soviética), ou até mais, como
ainda recentemente ocorreu na China, onde o último pleno do PCC estabeleceu um
programa de reformas (no sentido capitalista, ou de mercado) para os próximos
dez anos. Não sei se funciona, mas parece que as pessoas, e as burocracias, se
sentem mais seguras, quando dispõem de um mapa do caminho, de maneira a estabelecer,
com alguma visão de futuro, as prioridades definidas por alguma equipe estatal,
para poder planejar a aplicação de recursos, orientar os estudos pertinentes,
fazer um calendário das tarefas atinentes e, sobretudo (ao que parece), cobrar
resultados dos responsáveis.
Pode ser
que todo esse planejamento produza (ou tenha produzido) algo de bom, mas não
tenho certeza, do contrário os sistemas mais planificados e mais organizados do
mundo – como o Gosplan soviético com seus poderosos computadores e milhares de
funcionários, todos teoricamente versados em estatísticas – seriam estupendos
exemplos de sucesso econômico, tecnológico, social, cultural, e não a miséria
que efetivamente foram, antes de implodir deixando só ruinas atrás de si. O
único sistema que se manteve socialista (se vocês acreditam nisso),
supostamente planificado e, mais importante, com algum resultado aferível em
termos de progressos econômicos e de realizações técnicas é o da China, mas
tampouco tenho certeza de que isso se deva ao socialismo de tipo leninista, ou
ao capitalismo de administração burocrática (mandarins) que funciona na China
há mais ou menos 4 mil anos (com interrupções para acomodar queda de dinastias,
vinte e seis, ao que parece, guerras civis, invasões, e toda a roubalheira dos
mesmos mandarins, do Império, da República, do socialismo).
Qualquer
que seja a opinião prevalecente (minha ou dos outros) sobre a eficácia relativa
do planejamento, é um fato que eu mesmo mantenho um modesto planejamento sobre
minhas atividades, que envolvem o trabalho profissional (obviamente), a
ocupação docente e minhas próprias pesquisas e trabalhos escritos, feitos
inteiramente em bases voluntárias. Mas esse “planejamento”, não costuma ir além
dos seis meses à frente, em função de programas de aulas, viagens, leituras, e
trabalhos associados. Há também os projetos de mais longo prazo, que geralmente
também envolvem leituras e escritos de maior fôlego (invariavelmente
atropelados pelos trabalhos mais urgentes, pelas demandas externas, pelas
surpresas da vida, inclusive bons livros recentemente publicados).
Se eu me
dedicasse apenas aos trabalhos estabelecidos como prioritários talvez eu já
tivesse finalizado minhas “Obras Completas” (Gesamtwerke) em dez ou vinte volumes, mas as interrupções existem
sob a forma de pareceres em artigos submetidos a revistas das quais sou
consultor editorial (ou editor adjunto), pedidos de alunos para examinar
projetos ou ler trabalhos, convites para bancas de dissertações ou teses
acadêmicas, seminários, artigos ocasionais, resenhas de livros de colegas,
enfim, todas aquelas minudências que nos desviam do foco principal e acabam
terminando numa miríade de pequenos trabalhos que ocupam terrivelmente o meu tempo
mas não se traduzem em alguma grande obra de referência ou permanente.
Por isso,
vou agora estabelecer uma lista de prioridades de curto, médio e longo prazo, e
tentar segui-la religiosamente (o que não vai acontecer obviamente), mas que
pelo menos servirá para me dar dor de consciência suficiente para retornar à
lista, assim que puder. Vou listar aqui apenas os trabalhos publicáveis, ou
suscetíveis de serem divulgados publicamente, pois no meio haverá toda uma
outra série diversificada de pequenos trabalhos, resenhas de livros e vários
outros, impossíveis de serem listados. Retiro alguns dos itens do meu pipeline
já pronto, que figura no começo das listas de trabalhos, e outros de pastas de
“working files” ou de “books to work”, ou seja, de trabalhos de maior porte que
ainda pretendo empreender ou continuar. Não se trata de pequena lista,
sobretudo se considerarmos que vários ainda vão exigir pesquisas, muitas
leituras e revisões contínuas dos rascunhos produzidos.
Com isso,
vejamos o que pode aparecer no meu planejamento decenal pouco socialista, na
verdade altamente individualista, e totalmente libertário. Espero que alguns
projetos se completem, mas isso só saberemos ao final. Rendez-vous em 2024,
portanto, e fica o registro no cartório das minhas listas de trabalho. Vale!
Trabalhos
em processo de elaboração:
1) Introdução livro Stanley Hilton:
apresentação geral e contextualização.
2) “Diplomatie économique brésilienne:
changements de régime en perspective historique”; revue Géoéconomie sous
la forme d’un article de 20-30.000.
3) Mercosul: Solução de Controvérsias e Questões institucionais;
apoio a tese Uniceub.
4) Revisar: “Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em
perspectiva histórica: uma síntese tentativa” (2522).
5) “Brazil’s Economic Dependency and the
Transition of Empires: From British Preeminence to American Hegemony, 1890-1944”,
paper to be prepared for the international conference on American (Inter)Dependencies: New Perspectives on Capitalism and
Empire, 1898-1959; April 3-5, 2014 at New York University (2521).
6) “Economic
regime change and political transitions in contemporary Brazil”; chapter for a
book; paper for the LASA conference in Chicago (21-24 May 2014): March.
7) “A Agenda Econômica Internacional do Brasil: desafios
para os próximos anos” (2271); reformulação dos trabalhos 2449 e 2011.
Trabalhos
de médio prazo:
1) Volta ao Mundo em 25 ensaios; revisar,
publicar.
2) Falácias
acadêmicas, verificar textos contra corrente (2010); cooperação sul-sul.
4)
Festschrift Ricupero: cobrar trabalhos, escrever introdução.
5)
Sun Tzu para Diplomatas: clássicos revisitados.
6) Rato
de biblioteca: memórias de um roedor de livros.
7)
Cartas a um jovem diplomata: projeto
Trabalhos
de mais longa elaboração:
1) A
Ordem Internacional e o Progresso da Nação, 1889-1944; segundo volume da série Formação
da Diplomacia Econômica.
2)
Autobiografia do Estado: a história de um fora-da-lei.
3)
Diplomacia econômica contemporânea: o Brasil nas relações internacionais,
1945-2010; terceiro volume da série Diplomacia Econômica.
4) Cartas
Persas: clássicos revisitados.
5) Atlas das relações internacionais do Brasil (com
Hervé Théry).
6) Da Democracia no Brasil: Tocqueville em missão de
prospecção.
7) Percival Farquhar: um investidor nos trópicos (Yale
Research).
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2535: 19 de Novembro de 2013
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