EM MEMORIA DE ARIEL SHARON Z’L
Editado do artigo de Linda Gradstein no The Line Media
Rua Judaica, 11/01/2014
Qual será o legado de Sharon?
Depois de sobreviver por oito anos em coma, o ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um líder político e herói militar, acaba de falecer após sua única batalha perdida: a última.
O ex-primeiro-ministro sofreu um derrame em 4 de janeiro de 2006, e nunca recuperou a consciência, embora exames, de um ano atrás, mostraram uma atividade cerebral em resposta a certos estímulos.
Sharon, conhecido por seu encorajamento para "tomar as colinas" nas áreas que Israel conquistou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi o responsável pela construção de milhares de casas na área que os palestinos dizem que deve tornar-se parte do Estado palestino.
Ao mesmo tempo, Sharon foi o primeiro-ministro que promoveu a retirada de Israel da Faixa de Gaza, em 2005, apesar da oposição veemente da direita política de Israel. Ele liderou a campanha para desmantelar 7 comunidades em Gaza, assim como 4 na Cisjordânia, e retirar todos os soldados israelenses de Gaza.
No rescaldo da retirada unilateral israelense, o movimento terrorista islâmico Hamas tomou Gaza e disparou milhares de foguetes contra o sul de Israel. Muitos israelenses que se opõem atualmente a uma retirada de grande parte da Cisjordânia, citam como embasamento a infeliz experiência da saída de Gaza, como prova de que Israel não pode retirar-se de lá.
Embora seja impossível saber o que Sharon faria se fosse primeiro-ministro atualmente, muitos israelenses e palestinos sugerem imaginar qual seria sua atitude.
Alguns palestinos, por exemplo, dizem que Sharon acreditava que Israel deveria manter a Cisjordânia para sempre.
"Eu não acho que ele iria sair, um dia, da Cisjordânia", disse Ghassan Khatib, professor da Universidade Bir Zeit e ex-porta-voz do governo palestino. "Ele foi claro em dizer que ele estava saindo de Gaza a fim de consolidar o controle israelense, e a presença de assentamentos na Cisjordânia."
Khatib não acredita que Sharon, se ele não tivesse tido o acidente vascular cerebral, teria continuado em direção a um acordo de paz com os palestinos. "Suas ideias e comportamentos políticos nunca foram compatíveis com as exigências do processo de paz, segundo o projeto palestino”.
Mas outros analistas da região dizem acreditar que Sharon era um pragmático, e não um ideólogo, e que ele sofreu uma transformação em seus últimos anos na política.
Logo após a retirada de Gaza, Sharon fundou o partido centrista Kadima, que ganhou as eleições de 2006. Hoje, o Kadima tem apenas dois assentos no Parlamento israelense, o Knesset.
"Eu vi com meus próprios olhos que ele estava pronto para um acordo (com os palestinos)", disse Efraim Inbar, diretor do Centro Begin-Sadat de Estudos Estratégicos (BESA) na Universidade Bar Ilan. "Logo depois que ele foi eleito, em 2001, ele enviou seu filho Omri para fazer um acordo com o (ex-líder palestino Yasser) Arafat, mas Arafat não estava pronto. Estou certo de que Sharon queria fazer um acordo.”
"No entanto, ao mesmo tempo, em setembro de 2000, Sharon tinha feito uma visita controversa, ao Monte do Templo em Jerusalém, o que muitos palestinos dizem ter desencadeado a Segunda Intifada, que trouxe os homens-bomba aos ônibus, em todo Israel. Outros, em Israel, afirmam que Arafat já tinha planejado a Intifada, e estava apenas procurando uma desculpa para iniciá-la.
Sharon também foi conhecido por suas façanhas militares - como cruzar o Canal de Suez, em 1973 , e também por seu papel controverso como ministro da Defesa durante a Guerra do Líbano, em 1982 . Uma comissão israelense de inquérito recomendou que ele deixasse o cargo por não ter feito mais para deter o massacre de palestinos por tropas falangistas cristãs, então sob controle israelense, nos campos de refugiados em Sabra e Shatila, no Líbano.
Antes de se tornar primeiro-ministro, Sharon foi Ministro da Infra-estrutura Nacional no primeiro governo de Benjamin Netanyahu, em 1996. Seu porta-voz, da época, e nos 5 anos seguintes, Ra’anan Gissin, disse que Sharon ajudou a desenvolver o relacionamento de Israel com a China e a Rússia, bem como desenvolver a indústria de gás natural de Israel, que está prestes a começar a trazer bilhões de dólares para a economia israelense.
"Eu acho que ele vai entrar para a história como a pessoa que moldou a natureza de Israel, e da sociedade israelense, para os próximos anos", disse Gissin. "Ele estava sempre à procura de uma abordagem não convencional. Quando ele decidia fazer algo, ele tomava a decisão e a responsabilidade por isto. Ele estava sempre olhando para o futuro.”
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