Eleições 2014
O que pensam os presidenciáveis na área econômica
Vinte anos após o Plano Real, a eleição presidencial no Brasil será marcada por intenso debate econômico; saiba o que pensam Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva sobre oito diferentes temas
Talita Fernandes e Gabriel Castro
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves(Reuters/AFP/Folhapress)
Depois de vinte anos da conquista da estabilidade com o Plano Real, a situação econômica do país deve voltar a balizar uma campanha eleitoral. Se o cenário não é tão caótico como no início da década de 1990 – com inflação galopante, falta de credibilidade e elevada dívida externa –, também não é tão otimista quanto o da época em que a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder. Desde janeiro de 2011, a taxa de crescimento minguou de 7,5%, em 2010, para apenas 0,6%, em 2012. A inflação chegou a estourar o teto da meta em junho do ano passado, superando os 6,5% no acumulado em doze meses, e a deterioração das contas públicas preocupa diante da ameaça de um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco.
A menos de um ano das eleições – a corrida oficial ao Palácio do Planalto começará em julho –, os potenciais candidatos de oposição ao governo Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), já afiaram seus discursos contra a chamada “nova matriz econômica”, que trouxe como consequências a perda da credibilidade fiscal e o fraco crescimento do país. Com essa nova política macroeconômica, o governo Dilma trocou rígidas metas de inflação e superávit primário por intervenção no mercado de câmbio e pela adoção de medidas que visam mascarar a inflação e melhorar as contas públicas por meio de manobras fiscais.
Nesta semana, uma reportagem publicada pela revista inglesa The Economist apontou que o cenário econômico terá peso fundamental na disputa pelo Planalto. "A criação de empregos e o crescimento dos salários agora estão esfriando, enquanto os preços ainda estão subindo. As finanças públicas se deterioraram – e não vão ser reparadas em um ano de eleição", diz a reportagem.
Nesta semana, uma reportagem publicada pela revista inglesa The Economist apontou que o cenário econômico terá peso fundamental na disputa pelo Planalto. "A criação de empregos e o crescimento dos salários agora estão esfriando, enquanto os preços ainda estão subindo. As finanças públicas se deterioraram – e não vão ser reparadas em um ano de eleição", diz a reportagem.
O argumento da continuidade da política econômica, usado pelo PT para levar Dilma ao poder em 2010, não deverá ter o mesmo poder de convencimento: a renda já não cresce no ritmo dos últimos anos e a inflação tem diminuído o poder de compra do trabalhador. Se é verdadeiro o adágio de que a economia é quem define o resultado das eleições presidenciais, o resultado de 2014 é incerto. Diante desse cenário, os prováveis candidatos apostam ainda mais em um tom de reformas e de retomada do tripé econômico, usando o discurso que o Brasil não pode colocar em risco a custosa estabilidade econômica, conquistada há duas décadas.
Saiba o que os potenciais candidatos pensam na área econômica.
O que Aécio Neves pensa sobre a economia
Aécio Neves é um dos tucanos que defendem de forma mais enfática as privatizações da gestão Fernando Henrique Cardoso. E a economia é a aprincipal aposta do senador mineiro para tentar vencer a corrida pelo Palácio do Planalto: o "choque de gestão" implementado por Aécio no governo de Minas Gerais ajudou a equilibrar as finanças do Estado à base do corte em gastos com funcionalismo e no aumento da eficiência estatal. O parlamentar, que conta com os conselhos do ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga, acredita ser possível reeditar o modelo no plano federal.
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Política fiscal
O senador mineiro prega uma redução gradual na carga tributária e defende que o modelo arrecadatório seja menos complexo do que o atual. Aécio costuma enfatizar a eficiência administrativa como prioridade em uma eventual gestão do PSDB à frente do governo federal. Quando governou Minas Gerais, ele implementou uma política de contenção de gastos com servidores públicos e de corte nos cargos comissionados. Por outro lado, pouco fez para reduzir impostos.
O que Dilma Rousseff pensa sobre a economia
Dilma Rousseff é a única dos potenciais candidatos à Presidência que pode ser cobrada não apenas pelo que defende, mas também pelo que já fez enquanto ocupou o Palácio do Planalto. No caso da economia, o governo da petista pode ser definido como intervencionista, pouco afeito ao enxugamento da máquina e preocupado especialmente com a inflação e o emprego. Em 2014, a presidente terá de se esforçar para manter esses dois itens em níveis aceitáveis para não perder seu eleitorado. Entre os conselheiros de Dilma na área econômica, estão o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
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Política Fiscal
Em 2013, o governo recorreu a manobras de contabilidade e dependeu de receitas extraordinárias para cumprir as metas de superávit. Poucos esforços, entretanto, foram feitos para uma redução efetiva da máquina pública. Seguindo o modo petista de governar, Dilma não se incomoda com o excesso de ministérios (39) e os gastos excessivos com o funcionalismo.
O que pensa Eduardo Campos sobre economia
Eduardo Campos é economista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em suas viagens pelo Brasil tem adotado um discurso de aproximação com o empresariado e defendido a participação do capital privado em obras de infraestrutura. Como conselheiros econômicos, Campos tem o ex-secretário especial da Fazenda, Nelson Barbosa. Economistas próximos a Marina Silva, como André Lara Resende e Eduado Giannetti, ainda ensaiam um apoio ao pessebista.
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Política fiscal
O governador de Pernambuco reconhece o cenário de deterioração e diz que um aperto fiscal é inevitável em 2015. Ao longo do ano passado, o pré-candidato do PSB criticou a política de desonerações do governo, dizendo que os governos regionais – Estados e municípios – deveriam ser compensados pelas desonerações promovidas pelo governo federal, como do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No viés dos gastos públicos, Campos tem defendido o enxugamento da máquina pública e a redução do número de ministérios. Em Pernambuco, Estado que administrou desde 2006, cortou sete secretarias, medida que, segundo ele, provocou uma economia de 25 milhões de reais por ano.
O que pensa Marina Silva sobre economia
A ex-senadora é a única entre os potenciais candidatos à Presidência que não tem formação em economia. Marina Silva tem adotado uma postura ortodoxa – definição da revista britânia The Economist –, mas não deixa de lado sua posição como ambientalista. Entre seus principais conselheiros econômicos estão André Lara Resende e Eduardo Giannetti.
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Política fiscal
Marina Silva tem criticado a área econômica do governo Dilma, principalmente, devido ao abandono do chamado tripé macroeconômico, que consiste em metas rígidas para inflação e para a política fiscal e em câmbio flutuante. Marina também defende uma reducação da dívida pública, que interrrompeu sua trajetória de queda devido ao afrouxamento fiscal.
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