domingo, 5 de janeiro de 2014

Eleicoes 2014: os candidatos a presidente e a economia

Revista Veja, 4/01/2014

Eleições 2014

O que pensam os presidenciáveis na área econômica 

Vinte anos após o Plano Real, a eleição presidencial no Brasil será marcada por intenso debate econômico; saiba o que pensam Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva sobre oito diferentes temas

Talita Fernandes e Gabriel Castro
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves
Dilma Rousseff, Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves(Reuters/AFP/Folhapress)
Depois de vinte anos da conquista da estabilidade com o Plano Real, a situação econômica do país deve voltar a balizar uma campanha eleitoral. Se o cenário não é tão caótico como no início da década de 1990 – com inflação galopante, falta de credibilidade e elevada dívida externa –, também não é tão otimista quanto o da época em que a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder. Desde janeiro de 2011, a taxa de crescimento minguou de 7,5%, em 2010, para apenas 0,6%, em 2012. A inflação chegou a estourar o teto da meta em junho do ano passado, superando os 6,5% no acumulado em doze meses, e a deterioração das contas públicas preocupa diante da ameaça de um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco.
A menos de um ano das eleições – a corrida oficial ao Palácio do Planalto começará em julho –, os potenciais candidatos de oposição ao governo Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), já afiaram seus discursos contra a chamada “nova matriz econômica”, que trouxe como consequências a perda da credibilidade fiscal e o fraco crescimento do país. Com essa nova política macroeconômica, o governo Dilma trocou rígidas metas de inflação e superávit primário por intervenção no mercado de câmbio e pela adoção de medidas que visam mascarar a inflação e melhorar as contas públicas por meio de manobras fiscais.

Nesta semana, uma reportagem publicada pela revista inglesa The Economist apontou que o cenário econômico terá peso fundamental na disputa pelo Planalto. "A criação de empregos e o crescimento dos salários agora estão esfriando, enquanto os preços ainda estão subindo. As finanças públicas se deterioraram – e não vão ser reparadas em um ano de eleição", diz a reportagem.
O argumento da continuidade da política econômica, usado pelo PT para levar Dilma ao poder em 2010, não deverá ter o mesmo poder de convencimento: a renda já não cresce no ritmo dos últimos anos e a inflação tem diminuído o poder de compra do trabalhador. Se é verdadeiro o adágio de que a economia é quem define o resultado das eleições presidenciais, o resultado de 2014 é incerto. Diante desse cenário, os prováveis candidatos apostam ainda mais em um tom de reformas e de retomada do tripé econômico, usando o discurso que o Brasil não pode colocar em risco a custosa estabilidade econômica, conquistada há duas décadas.  
Saiba o que os potenciais candidatos pensam na área econômica.

O que Aécio Neves pensa sobre a economia

Aécio Neves é um dos tucanos que defendem de forma mais enfática as privatizações da gestão Fernando Henrique Cardoso. E a economia é a aprincipal aposta do senador mineiro para tentar vencer a corrida pelo Palácio do Planalto: o "choque de gestão" implementado por Aécio no governo de Minas Gerais ajudou a equilibrar as finanças do Estado à base do corte em gastos com funcionalismo e no aumento da eficiência estatal. O parlamentar, que conta com os conselhos do ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga, acredita ser possível reeditar o modelo no plano federal.

1 de 8

Política fiscal

O senador mineiro prega uma redução gradual na carga tributária e defende que o modelo arrecadatório seja menos complexo do que o atual. Aécio costuma enfatizar a eficiência administrativa como prioridade em uma eventual gestão do PSDB à frente do governo federal. Quando governou Minas Gerais, ele implementou uma política de contenção de gastos com servidores públicos e de corte nos cargos comissionados. Por outro lado, pouco fez para reduzir impostos.

O que Dilma Rousseff pensa sobre a economia

Dilma Rousseff é a única dos potenciais candidatos à Presidência que pode ser cobrada não apenas pelo que defende, mas também pelo que já fez enquanto ocupou o Palácio do Planalto. No caso da economia, o governo da petista pode ser definido como intervencionista, pouco afeito ao enxugamento da máquina e preocupado especialmente com a inflação e o emprego. Em 2014, a presidente terá de se esforçar para manter esses dois itens em níveis aceitáveis para não perder seu eleitorado. Entre os conselheiros de Dilma na área econômica, estão o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

1 de 8

Política Fiscal

Em 2013, o governo recorreu a manobras de contabilidade e dependeu de receitas extraordinárias para cumprir as metas de superávit. Poucos esforços, entretanto, foram feitos para uma redução efetiva da máquina pública.  Seguindo o modo petista de governar, Dilma não se incomoda com o excesso de ministérios (39) e os gastos excessivos com o funcionalismo.

O que pensa Eduardo Campos sobre economia

Eduardo Campos é economista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em suas viagens pelo Brasil tem adotado um discurso de aproximação com o empresariado e defendido a participação do capital privado em obras de infraestrutura. Como conselheiros econômicos, Campos tem o ex-secretário especial da Fazenda, Nelson Barbosa. Economistas próximos a Marina Silva, como André Lara Resende e Eduado Giannetti, ainda ensaiam um apoio ao pessebista.

1 de 8

Política fiscal

O governador de Pernambuco reconhece o cenário de deterioração e diz que um aperto fiscal é inevitável em 2015. Ao longo do ano passado, o pré-candidato do PSB criticou a política de desonerações do governo, dizendo que os governos regionais – Estados e municípios – deveriam ser compensados pelas desonerações promovidas pelo governo federal, como do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No viés dos gastos públicos, Campos tem defendido o enxugamento da máquina pública e a redução do número de ministérios. Em Pernambuco, Estado que administrou desde 2006, cortou sete secretarias, medida que, segundo ele, provocou uma economia de 25 milhões de reais por ano.

O que pensa Marina Silva sobre economia

A ex-senadora é a única entre os potenciais candidatos à Presidência que não tem formação em economia. Marina Silva tem adotado uma postura ortodoxa – definição da revista britânia The Economist –, mas não deixa de lado sua posição como ambientalista. Entre seus principais conselheiros econômicos estão André Lara Resende e Eduardo Giannetti.

1 de 8

Política fiscal

Marina Silva tem criticado a área econômica do governo Dilma, principalmente, devido ao abandono do chamado tripé macroeconômico, que consiste em metas rígidas para inflação e para a política fiscal e em câmbio flutuante. Marina também defende uma reducação da dívida pública, que interrrompeu sua trajetória de queda devido ao afrouxamento fiscal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.