terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Divida publica" peso absoluto e carga relativa, que pode ser absoluta... - Mansueto Almeida

O Brasil tem, teoricamente, uma dívida pública "pequena": de menos de 60% do PIB, ou seja, abaixo do critério de Maastricht.
O Japão tem, comprovadamente, uma dívida pública altíssima, de mais de 250% do PIB, o que deveria, supostamente, deixar dirigentes e nacionais daquele país, de cabelo em pé.
Acontece, porém, que o Japão financia toda a sua dívida pública internamente, a juros modestíssimos, o que redunda ser, portanto, uma carga bem menor, relativamente, do que a brasileira, pesadíssima.
Com efeito, como demonstrado abaixo, o Brasil paga juros absurdos, para se abastecer internamente e externamente, em função das necessidades de financiamento do Estado.
Ou seja, o Estado é o problema, sempre.
Se ele não fosse um gastador compulsivo, não teríamos o pagamento de juros da dívida pública como o principal item, a rubrica mais importante das despesas públicas.
Quando é que vamos aprender isto?
Paulo Roberto de Almeida



by Mansueto Almeida, 4/02/2014

Meus amigos operadores no mercado financeiro me fizeram a gentileza de me atualizar sobre algo que vem ocorrendo desde o início do ano: a briga entre o Tesouro e o Mercado.
No início deste ano algo como R$ 122 bilhões de títulos do Tesouro venceram e, sob circunstâncias normais de temperatura e pressão, montante próximo seria vendido ao mercado. Mas não foi.
Até o dia 23 de janeiro, o Tesouro vendeu algo próximo a R$ 30 bilhões e,na semana passada, fez um leilão de R$ 3,25 bilhões. Resgate líquido em janeiro ficou perto de R$ 90 bilhões.
Estamos nadando em dinheiro? Não. Banco Central fez a bondade de enxugar o mercado com operações compromissadas, venda de títulos por 30 dias. Nós trocamos um financiamento de prazo longo por um de prazo muito curto. Por que?
Porque o Tesouro não está aceitando as taxas de juros que o mercado está pedindo. Os operadores estão em pânico. Acham que o governo está sem saída e, como 25% da divida pública tem que ser rolada este ano, estão apertando o governo que está com uma condição fiscal muito pior do que todos nós esperávamos.
Hoje, o Tesouro mandou o seguinte comunicado para o mercado: "O Tesouro Nacional informa que, em razão das condições de mercado,
não realizará o leilão tradicional de venda de LTN e NTN-F previsto para quinta-feira, 06/02/2014.
"
O que fazer? Se as expectativas melhorarem rapidamente, a estratégia do Tesouro pode dar resultado e o Tesouro vende seus títulos de prazo mais longo depois a um juros menor do que o atual. Mas acho difícil isso acontecer. E se não acontecer, vamos ter juros maiores e Banco Central aumentando operações compromissadas. Duas coisas ruins: juros em alta e prazo da divida encurtando.
E ainda tem gente que se gaba que a divida pública bruta do Brasil é de "apenas" 57% do PIB. A nossa realidade é triste. No ano passado, o setor publico no Brasil pagou de juros 5,2% do PIB. Isso é mais ou menos o que pagou a Grécia, em 2012, com uma divida de mais de 150% do PIB.
Para o Tesouro ganhar essa queda de braço terá que dar algum sinal concreto de melhora que ninguém hoje consegue enxergar. Por enquanto, o mercado está calmamente se preparando para a batalha e não está disposto a ser enganado novamente. Muito operadores acreditaram no discurso do governo e compraram títulos pré fixados com juros baixos no início de 2012 e hoje choram o prejuízo.
A batalha vai continuar.........

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