O regime militar e a oposição armada (8):
um retrospecto histórico, por um observador engajado
Paulo Roberto de Almeida
Sumário:
2. A reação dos perdedores: resistência política e luta armada
(ver neste link)
(ver neste link)
3. A passagem à luta armada: a insensatez em ação
(ver neste link)
(ver neste link)
4. A derrota da luta armada e suas consequências: uma história a ser escrita
(ver neste link)
(ver neste link)
5. O que foi a luta armada no Brasil: uma interpretação pessoal
(ver neste link)
(ver neste link)
6. Quando a luta armada se desenvolveu no Brasil?
(ver neste link)
(ver neste link)
7. Onde a luta armada se desenvolveu no Brasil?
(ver neste link)
(continua...)
(ver neste link)
8. Como a
luta armada se desenvolveu?
Jamais de forma coordenada,
unificada ou organizada, de forma a representar um risco real para o governo,
ou o próprio regime. Foram impulsos isolados, dispersos, desorganizados,
improvisados, ao sabor das decisões dos líderes que se sucediam, alguns
“históricos”, outros que ascenderam na própria luta armada, sem qualquer
formação política especial – foi o caso de Lamarca, por exemplo, ou de alguns
outros chefes “guerrilheiros”, que “subiram” na hierarquia por via de
sequestros e assaltos a bancos. Era uma clara aventura, levada muito a sério
pelos militares, que sempre tendem a maximizar a dimensão dos perigos, por
instinto natural e pelo claro desafio à sua autoridade.
Os militares reagiram
exageradamente aos pequenos bandos de guerrilheiros armados que os desafiaram?
Possivelmente, sim, e teriam provavelmente obtido os mesmos resultados com um
pouco mais de inteligência e com menos força bruta. Eles tinham razão em chamar
os cowboys travestidos de guerrilheiros de “terroristas”? Efetivamente não,
embora alguns o fossem, mas a maioria não o era. A guerrilha estava condenada,
desde o início, a ser o que sempre foi: ações isoladas de cowboys do asfalto,
incapazes de assumir o comando de qualquer movimento relevante de oposição ao
governo militar, com um registro de algumas ações espetaculares, mas incapazes,
por si só, de mobilizar o apoio da população para suas causas bizarras.
A “luta contra a ditadura”
era uma realidade apenas para uma minoria extremamente reduzida de uma fração
também muito reduzida da classe média instruída, ou seja, um punhado de
“patriotas equivocados”, como a eles se referia o Partidão. Nunca passaram
disso, e seu movimento teria se estiolado, como ocorreu em diversos países
europeus na mesma época – que não extravasaram nos métodos repressivos como no
Brasil – na absoluta indiferença, e provavelmente até no repúdio, da maioria da
população.
Como essas ações marginais
vieram a assumir a dimensão que tiveram, seja na historiografia, seja na
política prática do Brasil atual, estas são questões que merecem argumentos
mais extensos que me eximo de adiantar aqui. Elas podem ser explicadas, porém,
pelo absoluto monopólio de que gozam os escribas gramscianos no ambiente
acadêmico – eles foram derrotados, historicamente, mas se encarregaram de
escrever a sua própria história, deformando-a – e também pelo fato de que as
forças, tendências, ideologias e personalidades derrotadas durante o período
militar finalmente chegaram ao poder e tratam, agora, de reconstruir seus
equívocos apresentando-os como algo que não foram, ou seja, uma luta em favor
da democracia. Trata-se, portanto, de uma imensa deformação da história, agora
conduzida porque temos no poder justamente muitos daqueles que foram derrotados
nesses episódios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.