Essa coisa de pirataria biológica é uma bobagem: o Brasil não tinha cana de açúcar, não tinha café, não tinha soja, e tudo isso foi objeto de "pirataria", ou não foi?
Pois bem, quem acabou com o ciclo da borracha foi o próprio governo, ao taxar pesadamente todo o ciclo produtivo, ao passo que os ingleses estimularam a produção e as exportações.
Qual é o governo suficientemente estúpido para gravar de impostos as atividades produtivas de suas empresas e cidadãos ao ponto de torná-las inviáveis, anti-competitivas no plano interno e no plano internacional?
Pois o nosso é estúpido a esse ponto, ou melhor, as nossas elites políticas são predatórias.
Como destacado mais adiante nesta resenha de Carlos Pozzobon, nossa esquizofrenia tributária torna a vida econômica impossível neste cantinho de planeta e neste cantão de continente.:
Para se ter uma ideia do descalabro tributário, de acordo com IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), em 25 anos (1988-2013) foram editadas 309,1 mil normas tributárias, uma média de 31 por dia nos três níveis de governança do país.
O que fica para ser calculado é o quanto perdemos em riqueza.
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AS MEIAS-VERDADES SOBRE O PRIMEIRO CICLO DA BORRACHA (1827-1912)
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Autor: Carlos de Vasconcelos
Palavras: 47.773
Páginas: 167
Pode-se pensar que uma intelligentsia mostre sinais de impotência provocados por algum princípio mensurador da decadência de um país. Mas também podemos atribuir a nossa vocação para o fracasso intelectual a um estranho fenômeno tropical, a uma deficiência que nos mantém no círculo vicioso de uma escolástica motivada pelas mesmas interpretações.
O ciclo da borracha no Brasil constitui um desses exemplos em que a falta de lógica, a ausência de perguntas, a incapacidade para ver além das aparências, nos prendem a uma interpretação que não seria singular se não fosse um exemplo revelador da doença do espírito que nos abrasa como uma malária, e que nos incapacita de enxergar além dos lugares comuns do vitimismo. Mas tudo não passa de falsificações de uma verdade que não se quer ver, e cujos resultados não se quer calcular — uma aversão congênita à verdade, e uma impotência ao raciocínio frio do cálculo.
Pouco se pode fazer contra uma montanha de asnices, exceto resistir com a evidência dos fatos descobertos pela metodologia intuitiva do pesquisador. Nossos historiadores repetem à exaustão de que o ciclo de navegação portuguesa foi motivado pela busca de especiarias, e o pobre adolescente engole esta estória na sala de aula como se, na Idade Média, o povo tivesse uma compulsão misteriosa para se encher de pimenta, cravo, canela e sabe-se lá o que mais para arder seus gorgomilos febricitantes de condimentos extravagantes.
E, na verdade, a mais banal das ligações entre causa e efeito, é que a dita pimenta da Índia era também um conservante dos alimentos dos navegadores, que metiam as carnes assadas em barricas, cobriam-nas com banha de porco e, sobre a superfície distribuída em alguns centímetros, colocavam sua porção de pimenta para evitar a deterioração. E, assim, o que era uma necessidade logística passa a ser uma questão de condimentar a sociedade em proporções rabeleaisianas, na ausência de explicações de autores que leem outros e passam a macaquear sem se fazer perguntas, e, muito menos, sem chegar às verdadeiras razões dos atos mais ordinários da vida cotidiana de uma época.
(...)
Leiam a íntegra neste lik:
http://pzzeditora.blogspot.com.br/2014/04/pro-patria-e-o-ciclo-da-borracha.html
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