Consumidor já paga juro médio de 100.76% ao ano, mas presidenciáveis não ligam para a usura
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Dá para sobreviver bem e produzir tranquilamente em um Brasil com juros médios de 100,76% ao ano para os consumidores? A complicada resposta é o grande tema que tende a ficar de fora do debate eleitoral deste ano sem graça de 2014. Nem a perdida Dilma Rousseff e muito menos seus adversários Aécio Neves (o social-democrata) e Eduardo Campos (o socialista) vão tocar na delicada submissão do capimunismo brasileiro ao lucrativo poder da usura bancária.
Azar do cidadão-eleitor-contribuinte. Além de juros altos, que complicam a vida quem se vê obrigado a fazer dívidas, o brasileiro continuará pagando impostos escorchantes para sustentar o desperdício e a corrupção da máquina pública, os gastos crescentes com as bolsas-votos (fabricantes de vagabundos morais) e o permanente aumento da impagável dívida pública da União, Estados e municípios. A agiotagem compulsória e a improdutividade sistêmica tendem a passar longe do debate eleitoral no País sob governança do crime organizado.
No Brasil, realmente, tudo parece que está além de 100%... A começar pelos juros estratosféricos… levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) confirma que o brasileiro convive com o inferno da usura oficial. No cartão de crédito, o juro anual chega a 232,12%. O cheque especial tem usura anual de 158,04%. O empréstimo pessoal oferecido por financeiras atinge absurdos 132,65%. O mesmo esquema dos bancos esfola o correntista em 49,54%.
É fácil entender por que muitos estão devolvendo os carros que compram em infindáveis prestações. Os juros anuais do crédito direto ao consumidor (CDC) para compra de veículos subiu de 23,58% em abril para 23,87% em maio. A situação também é complicada para quem não tem grana para pagar á vista nas compras comuns. As taxas de juros cobradas no comércio para aquisições a prazo atingem 71,94% ao ano. Fora os juros altíssimos, o consumidor ainda tem de arcar com taxas maquiadas na hora de liberar o financiamento.
Os indicadores tornam ainda mais irresponsável o discurso do mito Luiz Inácio Lula da Silva – que deu uma comida de rabo pública no Secretário do Tesouro Nacional, cobrando que a equipe econômica da sua companheiro Dilma Rousseff libere mais dinheiro para o crédito, incentivando o consumo e, por extensão, permitindo mais felicidade ao eleitor que anda PT da vida com o governo.
Lula, que já está com o boi na sombra, como um dos políticos mais ricos do mundo, não tem problemas de crédito, pois tem dinheiro suficiente para comprar o que quiser à vista. Mas o brasileiro comum – inclusive aqueles que o endeusam – são obrigados a pagar os juros mais altos do planeta, para que os bancos continuem batendo recordes de lucros, enquanto refinanciam a falência estrutural do Estado tupiniquim.
Além da usura
O estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças verificou que bancos e financeiras têm elevado suas taxas em ritmo mais acelerado que o do crescimento da taxa Selic.
Enquanto o Comitê de Política Monetária (CPOM) do Banco Central do Brasil subiu os juros básicos em 3,75 pontos percentuais entre março de 2013 e maio deste ano, para 11%, a taxa média de juros para pessoa física cresceu 12,79 pontos percentuais no mesmo período.
O salto da usura foi de 87,97% para 100,76% ao ano – o que serve de explicação automática para o desgaste da imagem do governo junto à classe média.
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