http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/senador-ricardo-ferraco-vivemos-um.html
Depois, o chanceler paralelo, ou talvez o chanceler oficioso, como querem alguns, tentou responder ao senador, com palavras muito duras, o que foi aqui registrado:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/debate-sobre-politica-externa-e-seu.html
Agora, um economista liberal responde ao assessor presidencial, neste link, também transcrito abaixo.
Marco Aurélio Garcia: apenas um bom aluno de Gramsci, mas com enorme poder de estrago!
A Argentina e a Venezuela são dois países altamente democráticos, completamente distantes de qualquer tirania autoritária, e com uma imprensa livre, crítica e independente. Essa é a hilária mentira que Marco Aurélio Garcia conta, e ainda temos que prender o riso!
O “chanceler de fato”, responsável pela desgraça de nossa política externa totalmente ideologizada, escreveu uma resposta à entrevista de Ricardo Ferraço publicada nas páginas amarelas de Veja semana passada. Penso no consumo de óleo de peroba após um texto desses. Diz o filhote de Gramsci:
Tal qual uma Mãe Dinah das relações internacionais, Ferraço prognostica que Argentina e Venezuela, apesar de seus Governos terem sido eleitos pelo voto popular, caminham para uma ditadura. Menciona o cerco à imprensa nos dois países, ocultando, por exemplo, que em Caracas e Buenos Aires os principais órgãos de imprensa – El Nacional, El Universal, Clarín e La Nación, respectivamente – são há anos duros opositores dos governos de Nicolás Maduro e de Cristina Kirchner.
Oh, God! Há “excesso de democracia” na Venezuela! Bem, se o sujeito em questão elogia o modelo cubano, podemos ter em mente o tipo de “democracia” que ele defende, não é mesmo? Os veículos de imprensa citados são perseguidos há anos, como o mais desatento dos leitores sabe. A imprensa é alvo dos mais absurdos ataques por parte desses governos.
Fico a pensar: quem que o “top top” quer enganar? Não é possível que alguém acredite nele. Nem mesmo os típicos leitores desse site chapa-branca. Mas o cara-de-pau continua:
Já que o “comunismo” deixou de ser fantasma, como nos tempos da Guerra Fria, Ferraço levanta como novo espantalho o “bolivarianismo”, que não explica o que é.
Como é? Gramsci na veia! Como alguns sabem, Garcia é o ideólogo gramsciano por excelência no Brasil, um dos principais responsáveis pela disseminação da tática comunista de “comer pelas beiradas”, dominar a cultura, produzir dissonância cognitiva e doutrinação ideológica, solapar a democracia “burguesa” de dentro (e tem tido grande sucesso, não podemos negar).
Ora, bolivarianismo precisa ser definido? É a bandeira da própria esquerda jurássica que o chanceler apóia! O tal “socialismo do século 21″, nas palavras do falecido Hugo Chávez. Esses que repetem que o Muro de Berlim já caiu são os mais canalhas, pois querem convencer os leigos que falar em ameaça vermelha ou comunista é coisa de paranoico preso no tempo, enquanto são eles mesmos que ainda pregam exatamente essa ideologia carcomida e fétida, ignorando a queda do Muro!
Espantalho? O sonho de todo comunista é ninguém mais acreditar na ameaça comunista. Assim ele pode avançar em paz, sem resistência, sem obstáculo, já que “não existe”. Não? E a Venezuela? Bolívia? Equador? Argentina mesmo? Todos caminhando cada vez mais na direção de Cuba, uma ditadura comunista há mais de meio século! Hei, mas o comunismo… acabou. Onde? Na Coreia do Norte?
Garcia escreve:
Ricardo Ferraço utiliza informações a seu gosto. Desconhece a ação conjunta que os Governos do Brasil e da Bolívia têm desenvolvido nos últimos anos no combate ao narcotráfico. Prefere insultar o Presidente Evo Morales que deve seu mandato ao voto popular.
Bom, vamos então citar um trecho do ótimo livro recém-lançado, A vida secreta de Fidel, de ninguém menos que Juan Reinaldo Sánchez, que foi guarda-costas particular do ditador cubano por 17 anos, gozando do círculo seleto de sua confiança:
Nada menos que um enorme tráfico de drogas era praticado no topo do Estado! [...] Foi como se o céu caísse em cima da minha cabeça. Estupefato, incrédulo, petrificado, eu preferiria acreditar que tinha ouvido mal ou que estava sonhando, mas infelizmente era verdade. Em poucos segundos, todo o meu mundo, todos os meus ideais, ruíram. Entendi que o homem a quem eu sacrificava minha vida desde sempre, el líder que eu venerava como um deus e que, a meus olhos, era mais importante que minha própria família, estava envolvido no tráfico de cocaína a ponto de comandar operações ilegais como um verdadeiro mafioso. [...] Para ele, o narcotráfico era uma arma de luta revolucionária antes de ser um meio de enriquecimento ilícito.
Isso, não custa lembrar, de uma testemunha presencial, que escutou do próprio Fidel uma conversa sobre o assunto com seu ministro de confiança, que logo depois foi oficialmente “julgado” (em quatro dias, sob controle do próprio ditador) e condenado por tráfico, como bode expiatório, e fuzilado, para não deixar rastros. Basta pensar nas Farc para constatar que os comunistas latino-americanos jamais tiveram problemas com o tráfico de drogas, visto por eles como fonte legítima de recursos “revolucionários”.
Por fim, Garcia mostra sua visão rousseauniana de democracia e “interesse nacional”, deixando claro que não tem nenhum apreço por limites constitucionais impostos ao estado. Para ele, se a “presidenta” foi eleita, ponto final: ela é o interesse nacional em pessoa, e pode tudo:
O interesse nacional que alguns gostam tanto de citar para justificar posições político-partidárias não é fruto de mentes supostamente iluminadas. É, antes, expressão da vontade geral e esta, em uma democracia, resulta da expressão popular que as urnas periodicamente recolhem. O resto é apagão.
Apagão é ser governado por gente assim, extremamente perigosa, autoritária, que usa a mentira como tática deliberada o tempo todo. Um defensor da ditadura mais antiga e cruel do continente afirmar que preza a democracia é algo tão chocante que produz um efeito anestésico em muitos, confundindo suas mentes. Um homem que tece os maiores elogios a Fidel Castro e logo depois acusa o outro de não ser democrata é um espanto tão grande que paralisa o raciocínio de muitos.
Marco Aurélio Garcia não mereceria um segundo de meu tempo, não fosse o “chanceler de fato”, responsável pela completa destruição de nossa política externa e do Mercosul, hoje apenas uma camisa de força ideológica que tanto prejudica a economia de nosso país.
Só nos resta refrescar a memória com a surra intelectual que o gramscista levou de Roberto Campos no programa Roda Viva: http://www.youtube.com/watch?v=tgTcREyhEcE
Rodrigo Constantino
Retomo:
Bem, como diriam os cubanos, "a luta continua", e, no nosso caso, "o debate continua", mas a impressão que eu tenho é que não se trata bem de um debate, mas de uma troca de acusações.
Creio ser importante retornar à entrevista original do Senador Ricardo Ferraço, às Páginas Amarelas de Veja, e verificar cada uma de suas críticas à política externa do governo petista, para ver se ele está errado ou certo, nos seus argumentos.
Muitos deles podem ser subjetivos, ou impressionistas, como o de "apagão" na política externa, uma vez que se acredita que o Itamaraty não esteja dormindo, ou apenas entregando flores.
Mas cabe sim verificar o que está sendo feito.
Vemos, por exemplo, uma contínua erosão das liberdades democráticas e um profundo desrespeito aos direitos humanos num país membro do Mercosul, e temos o direito de perguntar o que o Itamaraty está fazendo em relação a isso.
Talvez coubesse lembrar um pouco a cláusula democrática no Mercosul, que foi acionada em toda a sua potência contra a destituição legal de um ex-presidente paraguaio, ao passo que no caso da Venezuela nada está sendo feito, pelo menos publicamente.
Talvez seja o caso de invocar a imagem dos três macacos...
Paulo Roberto de Almeida
Bem, como diriam os cubanos, "a luta continua", e, no nosso caso, "o debate continua", mas a impressão que eu tenho é que não se trata bem de um debate, mas de uma troca de acusações.
Creio ser importante retornar à entrevista original do Senador Ricardo Ferraço, às Páginas Amarelas de Veja, e verificar cada uma de suas críticas à política externa do governo petista, para ver se ele está errado ou certo, nos seus argumentos.
Muitos deles podem ser subjetivos, ou impressionistas, como o de "apagão" na política externa, uma vez que se acredita que o Itamaraty não esteja dormindo, ou apenas entregando flores.
Mas cabe sim verificar o que está sendo feito.
Vemos, por exemplo, uma contínua erosão das liberdades democráticas e um profundo desrespeito aos direitos humanos num país membro do Mercosul, e temos o direito de perguntar o que o Itamaraty está fazendo em relação a isso.
Talvez coubesse lembrar um pouco a cláusula democrática no Mercosul, que foi acionada em toda a sua potência contra a destituição legal de um ex-presidente paraguaio, ao passo que no caso da Venezuela nada está sendo feito, pelo menos publicamente.
Talvez seja o caso de invocar a imagem dos três macacos...
Paulo Roberto de Almeida
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