O comércio exterior do Brasil tem rumos? Eles foram definidos, estão claros, estamos perdidos?
Em todo caso, observamos um nítido retrocesso nos últimos anos, tanto em termos de orientações, quanto de composição, de competitividade, de respeito pelas normas multilaterais, de simples defesa dos compromissos firmados sob o Mercosul, por exemplo, se não for falta completa de bom senso.
Dá para consertar?
Talvez...
Metade, ou mais, do povo que vai abaixo, pode tentar, mas ainda assim seria preciso um governo que agisse de forma coerente e consentânea com os interesses dos agentes econômicos que produzem e que exportam no Brasil, o que não é certo que ocorra com o atual, mais movido por ideologias e políticas bizarras do que pelo simples bom senso.
Quando se fala de política de comércio exterior estamos falando de atitudes em face do relacionamento externo do Brasil, que têm a ver com nossa competitividade agrícola, industrial, em serviços e em inteligência de comércio exterior, que não é apenas promoção comercial, mas uma definição ampla e clara do que queremos, do que necessitamos, para onde desejamos ir.
No governo atual parece claro: vamos ser avestruzes, nos fechar, ter uma política defensiva, no máximo fazer promoção comercial num sentido claramente ideológico: passar a mão por cima de todas as arbitrariedades comerciais e políticas da Argentina no Mercosul, e sair por aí promovendo uma tal de política Sul-Sul, canhestra, caolha, irracional, simplesmente ridícula.
Uma conferência como essa é muito bem vinda, por permitir debater todos esses problemas e apontar soluções.
Elas são fáceis de serem implementadas?
Provavelmente não, pois o governo, a quem cabe uma série de definições nessa área, é um monstrengo desgovernado e sem rumo (o conceito é apropriado, portanto, mas não parece se adaptar muito bem ao que faz o governo atualmente, que parece uma barata tonta).
Se houver soluções, elas serão implementadas pelo governo?
Dificilmente, não apenas porque falta tempo a esse governo, mas porque ele não sabe o que fazer...
Em todo caso, trata-se de uma excelente ocasião para debater alguns dos mais importantes problemas não apenas do comércio exterior, mas das políticas públicas em áreas econômicas relevantes para os destinos do país.
Meus parabéns aos organizadores.
Paulo Roberto de Almeida
CONFERENCIA OS RUMOS DA POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL E LANÇAMENTO DO CCGI COMO WTO CHAIR
Data: Quinta – 11/09/2014
Local: Auditório da FG
Av. 9 de Julho 2029
Das 9h00 as 17h00
O superávit do comércio exterior brasileiro mostra declínio desde 2006. Caiu de US$ 46 bilhões em 2006 para US$ 2,5 bilhões em 2013, podendo apresentar déficit em 2014.
Algumas razões são apresentadas para esse declínio: a crise econômica de 2008, que paralisou a economia global, sem que até hoje tenha ocorrido recuperação significativa nas grandes economias; a reorientação da economia chinesa, que resultou em taxas menores de crescimento, diminuindo a demanda por commodities, os principais produtos exportados pelo Brasil; a perda de competitividade global dos produtos industrializados brasileiros, cuja participação decresceu significativamente nas exportações de nosso país.
No entanto, uma visão mais aguda do quadro ajuda a detectar questões outras que poderiam explicar a atual perda de fôlego do comércio exterior brasileiro.
Além das questões de Custo Brasil, carga tributária, encargos trabalhistas e câmbio, debate-se, nos meios acadêmicos, se a perda de ímpeto do comércio não seria consequência da opção do País pelo multilateralismo, em detrimento dos acordos preferenciais de comércio, e pela ênfase no comércio Sul-Sul, fragilizando a alternativa Norte-Sul, que envolve os países desenvolvidos, com o consequente distanciamento das cadeias globais de valor.
Diante desse quadro, o CCGI – Centro do Comércio Global e Investimento da EESP/FGV, com apoio do Valor Econômico propõem a realização da Conferência Os Rumos da Política de Comércio Exterior do Brasil em que serão debatidos os principais pontos de uma proposta de agenda. Serão apresentados dados sobre as oportunidades a serem exploradas, resultados de modelagem de possíveis acordos, bem como a posição do Brasil com relação às cadeias globais de valor. Finalmente, serão discutidas medidas que possam gerar os ajustes necessários tanto em termos de atuação diplomática, quanto de reformulação da estrutura do comércio exterior do Brasil.
Este evento inaugura as atividades da Cátedra OMC no Brasil atribuída ao CCGI – Centro de Comércio Global e Investimento da EESP-FGV.
Questões a serem debatidas:
1) Por que o superávit comercial brasileiro perdeu fôlego nos últimos anos?
2) Qual o peso da crise global nessa perda?
3) Qual o impacto da diminuição do ritmo de desenvolvimento da China?
4) Qual o peso da perda de competitividade dos produtos industrializados?
5) Como se tem comportado o setor de serviços?
6) O que significa participar das cadeias globais de valor?
7) Por que as exportações de bens industrializados perderam competitividade global?
8) Quais as vantagens da opção do Brasil pelo multilateralismo?
9) Os tratados de comércio preferencial podem ser uma alternativa válida?
10) Há conflito entre a opção multilateralista e a opção por acordos comerciais?
11) Há contradição entre o Brasil manter boas relações Norte-Sul e Sul-Sul?
12) Se os EUA e a União Europeia assinarem o TTIP, como o Brasil será afetado?
13) Qual o potencial de comércio no âmbito dos BRICS?
14) Há vantagens no Brasil se aproximar da Aliança do Pacífico?
15) O Mercosul, hoje, é uma vantagem ou um peso para o Brasil?
O programa preliminar segue abaixo.
Por favor, confirme seu interesse em participar enviando um e-mail com seus dados (nome e número de documento de identificação) para:
Fernanda Bertolaccini – fernanda.bertolaccini@fgv.br
CCGI – ccgi@fgv.br
Vera Thorstensen
Coordenadora do CCGI
Centro do Comércio Global e Investimento, EESP - FGV
PROGRAMA
CONFERÊNCIA: OS RUMOS DA POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL
Abertura
9h00 – 9h30
LANÇAMENTO DA CATEDRA OMC
Representantes do CCGI, da EESP-FGV e da OMC
Painel 1
9h30 – 10h45
Dados e Fatos: um retrato do Brasil nas correntes internacionais de comércio
Objetivo: Apresentar um quadro atual dos fluxos, origens e destinos das exportações e importações brasileiras. Examinar a participação da agricultura, indústria e serviços no comércio, e o porquê da perda da competitividade brasileira. Comparar custos mão de obra, energia, tributários e de infraestrutura com os de outros parceiros internacionais do Brasil
Palestrantes convidados:
Presidente – Yoshiaki Nakano
Acadêmico - Ricardo Markwald – Funcex
Debatedor – Sandra Rios – CINDES
Daniel Godinho – SECEX
Carlos Abijaoldi – CNI
Tatiana Palermo – CNA
Mauro Laviola – AEB
Coffee Break
10h45 – 11h00
Painel 2
11h00 – 12h15
Brasil: a ideologia da opção sul-sul ou o pragmatismo da opção sul-norte?
Objetivo: Debater as vantagens e desvantagens da atual Política de Comércio Exterior do Brasil. Examinar como reforçar o multilateralismo da OMC com os ganhos dos acordos comerciais. Debater quais seriam as opções para acordos comerciais: sul-sul, sul-norte, sul-leste ou sul-oeste. Analisar os impactos para o Brasil dos Mega-Acordos Comerciais (TTIP e TPP) e o enfraquecimento da OMC. Discutir se o Mercosul é hoje uma oportunidade ou uma camisa de força para o comércio. Indagar sobre as opções do Brasil para a América do Sul, e se a Aliança do Pacífico representa uma ameaça da China na região. Questionar o que representam os BRICS e como podem atuar para resgatar a posição central da OMC.
Palestrantes convidados:
Presidente: Embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa
Acadêmico – Vera Thorstensen – FGV SP
Debatedor – Aluisio Lima Campos – American University
Ronaldo Costa – MRE
Pedro Passos – IEDI
Tomas Zanotto – FIESP
Roberto Rodrigues – GV AGRO
Painel 3
12h15 – 13h30
O Brasil nas cadeias globais de valor: custos e oportunidades de se conectar às cadeias
Objetivo: Apresentar a posição do Brasil nas cadeias globais. Debater quais setores industriais e de serviços tem potencial para integrar-se e beneficiar-se das cadeias globais de produção. Indagar qual é o papel dos serviços na agregação de valor das cadeias. Examinar quais seriam os programas de uma plataforma de inserção do Brasil nessas cadeias. Analisar qual a relação dos acordos de comércio com o fortalecimento das cadeias. Para fortalecer as cadeias, quais seriam os mais relevantes parceiros comerciais do Brasil?
Palestrantes convidados:
Presidente – Professor Celso Lafer
Acadêmico – Lucas Ferraz – FGV SP
Debatedor – Renato Baumann – IPEA
Paulo Estivallet Mesquita – MRE
José Serrador – Embraer
Luiz Fernando Furlan
Roberto Caiuby Vidigal
Brunch
13h30 – 14h30
Painel 4
14h30 – 15h45
A voz do setor produtivo
Objetivo: A formulação de uma nova Política para o Comércio Exterior deve contemplar os anseios dos diversos segmentos produtivos envolvidos no comércio internacional.
Palestrantes convidados:
Mediador – Jornalista
Representante da ABIT
Representante da ABIQUIM
Representante da ANFAVEA
Representante da ABIA
Representante da ABIMAQ
Representante da ABINE
Representante da IBA
Painel 5
15h45 – 17h00
Uma nova estrutura para uma nova Política de Comércio Exterior
Objetivo: Debater como reformular a estrutura governamental, de forma a dar coordenação e suporte a nova Política de Comércio Exterior. Examinar reformas necessárias do ponto de vista estrutural e de instrumentos de Política.
Palestrantes convidados:
Mediadora – Vera Thorstensen
Clodoaldo Hugueney
Rubens Barbosa
Alessandro Teixeira
Samuel Pinheiro Guimarães
Eduardo Gianetti da Fonseca
Sergio Amaral
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