Bem, a recepção fria não foi tão embaraçosa quanto os dolorosos momentos finais, ao ser abordado, por iniciativa própria, o assunto das intermináveis negociações comerciais entre o Mercosul e a UE. Eu não entendi absolutamente nada do que foi dito, e duvido que alguém tenha entendido, nem no Português, nem na substância, nem na (falta de) lógica, nem no que exatamente estava em jogo, numa coisa que parecia vagamento com negociações.
Acho que ninguém entendeu nada, salvo que existe um português que se chama Durão Barroso e que passou por ali e que recebeu um recado que duvido ele tenha entendido. Por essa via, pelo menos. Sorte dele que sai agora em Setembro. Sorte dele...
Paulo Roberto de Almeida
Eleições 2014
Com recepção fria, Dilma recicla propostas para o setor agrícola
Presidente sequer usou todo o tempo destinado a sua apresentação. Sabatina evidenciou desgaste da petista com empresários do agronegócio
Gabriel Castro e Laryssa Borges, de Brasília
Veja.com, 6/08/2014
Dilma Rousseff participa do encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília(CNA/DIvulgação/VEJA)
A participação da presidente Dilma Rousseff na sabatina organizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta quarta-feira, em Brasília, expôs o desgaste dela com o setor. Dilma teve uma recepção fria da plateia de empresários do ramo agrícola e nem mesmo usou todo o tempo destinado a sua apresentação.
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A petista foi a terceira e última candidata a falar. Eduardo Campos (PSB), o primeiro, foi aplaudido por quinze vezes. Aécio Neves (PSDB), ainda mais - e de pé, no fim de sua fala. Dilma ouviu apenas cinco aplausos. Ela nem mesmo preencheu os 30 minutos destinados a sua exposição inicial: acabou seu discurso, lido, quando faltavam mais de sete minutos para o fim do tempo. E, mesmo informada de que poderia continuar sua apresentação optou pelo início da fase de perguntas.
Nessa etapa, novamente, Dilma parecia não ter muito o que dizer. Em um dos casos, a apresentadora que conduzia a sabatina avisou: "A senhora ainda tem três minutos e 41 segundos". Dilma respondeu: "Mais do que isso eu não tenho o que falar não, viu?". Depois, acabou improvisando um complemento à resposta. Dilma apresentou um apanhado das realizações e promessas de seu governo para o setor. Mencionou o aumento do crédito agrícola e as obras de logística, como a construção de 2.000 quilômetros de ferrovias. Disse que herdou um passivo tão grande que é impossível extinguir em quatro anos. A presidente também afirmou que a BR-163, o principal eixo de escoamento da soja no país, "está sendo duplicada em toda sua extensão", o que não é verdade. As obras incluem um pequeno trecho da estrada, que tem uma parte considerável onde nem mesmo o asfalto chegou.
Na categoria das promessas reeditadas, está a de licitar a construção de 900 quilômetros da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), de Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO). O início das obras era um compromisso do primeiro mandato, mas não aconteceu. A presidente falou pouco de ideias para um segundo mandato. Uma delas é a aproximação com a CNA: "Proponho a criação sistemática de um diálogo permanente, um grupo ou uma mesa de diálogo com a CNA para aprofundar o debate em torno das propostas que nos foram apresentadas", disse ela. Dilma também admitiu fragilidades: "Eu assumo aqui o compromisso de melhorar nossa defesa agropecuária. Ela está aquém da necessidade do país", afirmou.
A candidata à reeleição levou o vice, Michel Temer, e seis ministros à sabatina. Quando esteve na CNI, na semana passada, ela estava acompanhada de sete ministros. Isso motivou o PSDB a apresentar uma representação à Justiça Eleitoral. A presidente também concedeu uma entrevista coletiva depois da sabatina. Confrontada com as críticas feitas pelos adversários sobre a tímida reforma agrária de seu governo, ela recorreu ao expediente de somar os números de seu governo com os de Luiz Inácio Lula da Silva: "Nós fizemos a maior reforma agrária do Brasil", afirmou.
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