Across the Empire, 2014 (24): Toronto: cultura e
pequenos prazeres...
Paulo Roberto de Almeida
Toronto estava em festa neste fim de semana, inclusive com a praça do
Legislativo fechada para as comemorações da batalha de York, contra os
americanos. Em todo caso, preferimos passar o dia no que estava programado para
esta cidade: a visita ao novo museu das imediações, Aga Khan, como já
antecipado.
Não vou resumir aqui a história do homem ou de sua religião, pois todos
podem encontrar muita informação sobre tudo isso, e sobre o museu, na internet.
Em todo caso, uma recomendação: Carmen Lícia comprou este livro, que detalha a
história dos ismaelitas. Custou exatamente 85 dólares canadenses na lojinha do
museu e é um livro imponente (mais 11,05 de imposto, ou seja, um total de $
96,05).
Eu conheci um pouco da história dos ismaelitas por circunstâncias
fortuitas: em 1971 ou 1972, eu estudando na Bélgica, aquele ditador de circo
chamado Ido Amin Dada – uma espécie de predecessor do Hugo Chávez – para
compensar sua absoluta incompetência em matéria econômica – exatamente como o
Chávez, aliás – resolveu encontrar um bode expiatório a quem culpar pelos
problemas econômicos que ele mesmo criou em Uganda: resolveu então expulsar
todos os imigrantes da época inglesa, que em geral eram trabalhadores do
subcontinente indiano, entre eles paquistaneses da seita ismaelita. Algumas
dezenas, ou centenas, foram parar na Bélgica. Conheci então uma jovem ismaelita,
cujo nome nunca esqueci – por uma razão muito simples, ela se chamava Ruhina –
e que me relatou a história de sua família e da imigração de seus antepassados
para Uganda, inclusive pormenores da seita ismaili, já com menções a Aga Khan,
o benfeitor da comunidade. Muito simpática, e nos entendíamos numa mistura de
inglês e de francês, o que bastava para aferir o drama imenso daquelas milhares
de família que tiveram, do dia para a noite, abandonar tudo, para buscar uma
nova vida em outros países. Imagino como deve ter sido a expulsão dos judeus e
dos mouros da península ibérica, a de vários outros povos submetidos a
ditadores sanguinários – como Hitler, Stalin e os Castros – e fico pensando
como a humanidade ainda comporta seres tão primitivos quanto esses brutos. Mas
voltemos ao museu Aga Khan
O museu tinha de tudo o que pessoas cultas podem desejar: exposições de
alta qualidade, música ao vivo, uma lojinha muito diversificada (onde comprei
uma gravata de seda manufaturada com a temática do museu, bastante cara, por
sinal) e Carmen Lícia comprou vários livros, além de um par de brincos na mesma
temática, aliás que combinam com um colar que compramos no museu de Detroit,
também muito bonito), pessoal simpático, instalações muito confortáveis, com
garagem subterrânea (totalmente indispensável num país que neva 1 metro de
altura, com 40 negativos). Recomendo altamente, como aliás Carmen Lícia, que
aparece nesta foto sorridente.
Fizemos dezenas de fotos, Carmen Lícia provavelmente mais de duas
centenas, de todos os objetos interessantes fotografáveis, com plaquetas
informativas bilíngues.
Eu apareço na companhia deste barbudo, que é o Fathali Shah Qajar, um
governante iraniano (ou persa) do início do século 19.
Carmen Lícia preferiu ficar entre esse casal de príncipes iranianos do
mesmo período.
Os iranianos, ou persas, nunca foram fundamentalistas, em matéria de
religião, de arte, de música, de poesia, e até de afinidades etílicas que
seriam condenadas em outras partes, pelo menos até chegar o bando de bárbaros
guiados pelo Khomeiny.
Depois do museu, fomos ainda ao centro religioso, ao lado, e que aparece
nesta foto escura que fiz ao cair da tarde.
Estavam preparando uma reunião religiosa, mas ainda assim pude sentar na pequena biblioteca do local, para folhear este Atlas que fiquei com vontade de comprar, mas acabei não achando na lojinha do museu, quando voltamos a ele.
Estavam preparando uma reunião religiosa, mas ainda assim pude sentar na pequena biblioteca do local, para folhear este Atlas que fiquei com vontade de comprar, mas acabei não achando na lojinha do museu, quando voltamos a ele.
Carmen Lícia também viu frustrado seu desejo de comprar um sexto ou
sétimo livro, que também folheou na biblioteca, mas que tampouco estava
disponível no momento. Este aqui. Fica para encomendas na Amazon ou na
Abebooks.
Depois, ainda percorremos a cidade, indo até essa imensa torre que
distingue a cidade, no mesmo modelo da que tínhamos visto em Seattle, com o
inevitável restaurante circular, etc.
Carmen Lícia me fotografou na fonte-cascata em frente da torre, com
perfis metálicos de peixes (suponho que sejam os famosos salmões do Canadá),
subindo as corredeiras dos rios para desovar a montante.
Finalmente, ainda circulamos pela cidade, e sem vontade de sair para um
restaurante, passamos num comércio de Fine Foods e compramos um húmus e mais
alguns apetrechos para um pequeno lanche ao cair da noite. Terminei mais uma
garrafa de vinho, esta que vocês veem na foto, ao lado do azeite com trufas
brancas, que ainda perfumou o meu húmus com alho grelhado e cebola...
Agora estou degustando uma legítima Miller, uma das cervejas mais
famosas da região, enquanto termino de redigir estas notas.
Amanhã, ou dentro de algumas horas, empreendemos o caminho de volta, não
sem antes passar novamente por Corning, onde está o maior museu do vidro do
mundo.
Depois conto...
Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 21 de setembro de 2014
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