sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Pausa para... poesia - Sá de Miranda, quinhentista

Por acaso participando de um debate, em outro espaço, retruquei uma frase pouco apropriada de um interlocutor. Ele tornou a desviar o foco do debate, atirando no mensageiro -- eu mesmo --, em lugar de se ater aos termos do debate (que estava em torno das famosas reformas de base do Jango).
Qual não foi minha supresa, logo em seguida, ao constatar que o interlocutor apagou todos os seus rastros, suas pegadas, suas frases mal concebidas e mal dirigidas.
Parece que eu fiquei falando comigo mesmo...
Além de me lembrar das famosas fotos com personagens apagados da era Stalin, lembrei-me de um poema famoso, que devo ter lido aos 12 ou 13 anos e do qual nunca me esqueci, pelo menos as quatro estrofes iniciais.
Pois bem, hoje resolvi buscar novamente esse poema, de um poeta quinhentista português, e para isso me dirigi ao Sapo.pt, o buscador lusitano, que para isso foi impecável.
Aqui vai, portanto, o poema inteiro, do qual só me lembrava da parte inicial.
Paulo Roberto de Almeida 

http://www.citador.pt/poemas/comigo-me-desavim-sa-de-miranda

Comigo me DesavimComigo me desavim, 
Sou posto em todo perigo; 
Não posso viver comigo 
Nem posso fugir de mim. 

Com dor da gente fugia, 
Antes que esta assi crecesse: 
Agora já fugiria 
De mim, se de mim pudesse. 
Que meo espero ou que fim 
Do vão trabalho que sigo, 
Pois que trago a mim comigo 
Tamanho inimigo de mim? 

Sá de Miranda, in 'Antologia Poética'
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Sá de MirandaPortugal
[Wikipedia]
28 Ago 1481 // 15 Mar 1558Poeta
 

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