sábado, 21 de março de 2015

Os Mesquita e os momentos decisivos da Historia do Brasil: estariamos prestes a assistir mais um?

Uma notinha saída hoje no site O Antagonista me deixou com várias pulgas atrás de pelo menos duas orelhas (as que eu tenho, mas eventualmente atrás de várias outras também, as de vocês), e por isso eu a transcrevo de imediato, para depois comentar:

O que fazia Thomas Traumann com o Estadão?

O que fazia o ministro Thomas Traumann, no último dia 11, uma quarta-feira, num almoço no restaurante Le Jardin, no Clube de Golfe, com a cúpula do jornal "O Estado de S. Paulo"?
Pedindo a cabeça de um jornalista "incômodo", em troca de propaganda oficial, uma das suas especialidades?
Pedindo emprego, numa premonição do que viria a ocorrer com a divulgação do seu relatório interno repleto de ilegalidades?

Leiam também os Comentários, o que eu sempre leio, a despeito de muito palavrão e certas ideias malucas: http://www.oantagonista.com/posts/o-que-fazia-thomas-traumann-com-o-estadao#comentarios

Meus comentários (PRA):
Os Mesquitas não são uma família qualquer (mas nem sei quais Mesquitas estavam nesse almoço, ou quais jornalistas), e o Estadão não é um jornal qualquer. Eles estão atrás, ou juntos, como quiserem, de alguns episódios memoráveis de nossa história, algumas vezes como protagonistas, em outras como sofredores, ou vítimas:

1) a fundação da nossa república pela força das armas (não eles), mas pela via da opinião republicana no jornal A Província de São Paulo (eles);
2) as revoltas da classe média e do Partido Democrático Paulista contra o Estado oligárquico;
3) a revolução constitucionalista de São Paulo, em 1932, contra o governo provisório autoritário;
4) a fundação da USP, em 1934;
5) a oposição ao golpe do Estado Novo, e o exílio imposto a família, em 1937;
6) a volta à democracia em 1945;
7) a desconfiança precoce contra o prefeito caspento de São Paulo (Jânio Quadros) e o governador corrupto (Adhemar de Barros), e a oposição a ambos e à República Sindical do governo Goulart;
8) o Basta a Goular e o apoio ao golpe de 1964;
9) a denúncia da deriva militar do regime de 1964 e a censura do governo contra o jornal;
10) o Basta ao governo militar e a redemocratização, em 1984-85;
11) a desconfiança precoce do fraudador Collor, e do embusteiro Lula, em 1989-92;
12) a oposição sempre sensata à República Sindical dos companheiros, desde 2002-2003;
13) E agora Mesquitas? Dialogando com os companheiros, almoçando com o inimigo?

Sinceramente, não sei o que acontece, se um simples episódio de contato entre jornalistas e um simples menino de recados dos companheiros no poder, ou se alguma grande negociata obscura...

Como já escrevi a um leitor deste meu blog, o problema não são as estruturas, o "sistema" ou as leis; o problema são os homens e seu caráter.
O fato é que capitalistas (e os Mesquitas são supostamente capitalistas) são os que têm dinheiro, e os políticos são os que detem o poder regulatório, e assim podem fazer e desfazer fortunas e oferecer oportunidades para grandes ganhos, para ambas as partes.
Eu coloco tudo isso no plano puramente individual: não tem nada a ver com o sistema, com o capitalismo ou com qualquer tipo de socialismo, tudo tem a ver com o caráter das pessoas.
Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 21/03/2015

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