quinta-feira, 11 de junho de 2015

Bolivarianos andam pelo Brasil como se estivessem na Casa da Mae Joana (ou do Pai Lula); Itamaraty ignorava

Venezuela busca Lula para aprofundar cooperação
Itamaraty não sabia da visita ao Brasil de presidente da Assembleia

Grupo visitou fábricas da JBS em São Paulo e disse buscar 'aliança' para estimular produção no país

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo, 11/06/2015

Uma delegação liderada pelo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, segundo nome mais importante do chavismo, e integrada por ministros do governo de Nicolás Maduro, se reuniu na quarta (10) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

A intenção era discutir o "aprofundamento da cooperação política" entre os países, segundo o Instituto Lula.

O Itamaraty, contudo, não foi comunicado sobre a visita. Segundo a Folha apurou, a embaixada do Brasil em Caracas não havia sido informado da viagem da comitiva, que inclui os ministros da Economia, Rodolfo Torres, e da Indústria, José David Cabello, irmão do deputado.

A visita ocorre quando a presidente Dilma Rousseff e seu assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, estão em Bruxelas para a cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Segundo a agência Efe, o grupo fica no Brasil até sexta (12), mas não há confirmação de que vá se encontrar com representantes do governo.

"Por instruções do presidente Nicolás Maduro, ando pelo Brasil, trabalhando pela e para a pátria", disse Cabello em sua conta no Twitter, ao lado de uma foto com Lula.

Em outubro, o ministro das Comunas, Elías Jaua, veio ao Brasil também sem comunicar o Itamaraty e acabou fechando um convênio com o MST. Na época, o encarregado de negócios da embaixada, Reinaldo Segovia, foi chamado pelo Itamaraty para dar explicações sobre o acordo.

Após a reunião com Lula, o grupo visitou duas fábricas da brasileira JBS no interior de São Paulo ""uma de processamento de frango em Amparo (a 133 km da capital) e outra de higiene e limpeza em Lins (a 431 km da capital).

Em sua conta no Twitter, o ministro da Indústria disse que eles "não descansariam até cumprir a tarefa encomendada" por Maduro: "impulsionar a produção na nossa pátria". "Com estas alianças estratégicas mantemos vivo o legado do comandante supremo [Chávez] sobre a cooperação Sul-Sul", disse.

Segundo a assessoria da JBS --uma das principais exportadoras de produtos brasileiros para o país vizinho--, não houve qualquer conversa com os venezuelanos sobre uma futura parceria na área de produção.

Segundo a Folha apurou, Cabello estaria usando a viagem e o encontro com Lula para reforçar sua imagem política diante de pressões internas e externas, após divulgada a investigação, nos EUA, de seus supostos vínculos com o narcotráfico.

Colaborou SAMY ADGHIRNI, de Caracas

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