O diretor do Empiricus alerta para a bolha financeira que pode estourar a qualquer momento (embora a China, por ser uma ditadura, tem capacidade de desativar bolhas com mais facilidades do que economias de mercados livres e regimes democráticos, que precisam lidar com o Parlamento e grupos de interesse poderosos).
Mas o mais relevante, em minha opinião, é a sua informação de que a irresponsabilidade dos BCs (todos eles) gerou uma massa monetária em excesso de mais de US$ 100 trilhões. Sim, tudo isso. Para que os não informados tenham uma ideia do que isso significa basta lembrar que o PIB global não passa de US$ 70 trilhões e que os mercados financeiros rodam anualmente algo como US$ 250 trilhões, ou que todos os ativos financeiros (incluindo dívidas governamentais, propriedades, títulos privados) não devem passar de US$ 700 trilhões. Trata-se de um enorme volume de recursos que só pode provocar novos desastres. Se segurem...
E leia a carta do Felipe Miranda.
Paulo Roberto de Almeida
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| Caro leitor, Tentarei falar da forma mais simples e direta possível: há uma grande bolha de ações na China. O índice Shenzhen Composite sobe 175% no ano, negociando a 73x os lucros estimados para as empresas integrantes. Há uma gama relevante de companhias negociando acima de 100x lucros. A situação encontra precedentes apenas no início da década de 2000, no auge da bolha pontocom, aquela das ações de tecnologia dos EUA listadas na Nasdaq. Há dois gráficos a seguir. O primeiro mostra o comportamento das ações chinesas em 2015, comparadas à performance de ações nos EUA (Nasdaq): | |
O segundo ilustra o comportamento da bolsa na China em relação à economia local, sob enorme descolamento ao histórico da relação entre preço dos ativos financeiros e variação do PIB: | |
Eu não sei quando a bolha vai estourar. Ninguém sabe. Fuja de todos os charlatões que se dizem capazes de prever timing em Bolsa. É possível, inclusive, que a bolha inche um pouco mais. Não duvido. Entretanto, devo alertar: árvores não crescem até o céu. Esse descolamento não pode durar para sempre. A história já nos disse inúmeras vezes como esses casos terminam. A ideia de que “agora é diferente” não funciona. O enorme impacto da explosão da bolha não pode ser menosprezado: a China é grande e o maior balizador do preço de commodities - essas, obviamente, muito importantes para o Brasil. Três forças principais explicam esse rali das ações chinesas… 1. O primeiro se refere à facilitação regulatória do acesso à renda variável local a investidores estrangeiros. 2. O segundo ligado à maior conectividade entre os mercados de China e Hong Kong. 3. E o último, o mais importante de todos, derivado dos incentivos monetários concedidos pelo Banco Central chinês, mediante redução de juros, liberação do compulsório e impressão de moeda. Em outras palavras, a bolha na China é apenas a representação mais emblemática de um problema global, derivado da esquizofrenia dos Bancos Centrais, que colocaram uma quantidade cavalar de dinheiro no sistema para salvar as economias desde a crise de 2008. Há hoje US$ 100 trilhões de excesso de liquidez no mundo. A consequência só poderia ser esta: preço dos ativos nas alturas, desapegados da realidade. Isso não vai acabar bem. (...) | |
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