Desde 2011 que o presidente do Banco Central promete alinhar a inflação com o centro da meta para o ano seguinte, e nunca cumpriu.
Em qualquer país sério, o Congresso já teria exigido sua substituição por alguém capaz de manter suas promessas, e de tomar as medidas necessárias para que isso se faça. Aliás, um presidente que se respeita jamais teria aceito abaixar os juros por decreto, apenas por ordem da presidente, uma inepta em economia. Teria dito simplesmente: "isso é o Copom quem decide e os diretores não querem sugestões externas, eles sabem errar sozinhos, sem precisar de erros externos."
Mas parece que vamos continuar nas promessas vazias.
Alguém aí é capaz de acreditar que a inflação estará no centro da meta em 2017?
O Brasil tem por dez anos mais para ter taxas de juros normais, graças aos crimes econômicos cometidos pelo bando de keynesianos de botequim que nos destruiram nos últimos anos.
Paulo Roberto de Almeida
BRASIL - Copom: navegando as incertezas atuais
Itaú Macroeconômica, 26/11/2015
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) manteve a taxa Selic em 14,25% a.a.. Embora a decisão tenha sido em linha com o esperado - tanto pelos analistas como pela curva de juros - houve um dissenso dentro do Comitê. Dois (de oito) membros da diretoria votaram para uma elevação de 0,50 p.p. na taxa Selic, para 14,75%.
O comunicado que acompanhou a decisão foi lacônico e não traz maiores detalhes além da votação dividida. Abaixo o comunicado completo:
“Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 p.p.. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% a.a. os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram pela elevação da taxa Selic para 14,75% a.a. os seguintes membros do Comitê: Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.”
Nas últimas semanas, o Copom vinha sinalizando que adotará as medidas necessárias para trazer a inflação ao centro da meta (4,5%) ao final de 2017.
Apesar da recente apreciação cambial (o real se valorizou em cerca de 5% frente ao dólar desde a última reunião do Copom), as incertezas políticas/fiscais seguem pressionando as expectativas de inflação e trazendo riscos para a política monetária. Desde a reunião do Copom de 21 de outubro, a mediana das projeções dos analistas para o IPCA de 2016 subiu de 6,12% para 6,64% (marcando a 16ª alta semanal consecutiva). As projeções para 2017 tambem começaram a mostrar pequena elevação, saindo de 5,00% para 5,10% na última semana. As estimativas de inflação implícita nos títulos públicos também se encontram em patamar elevado - as taxas a termo se situam entre 8-9% para intervalos de 1 a 2 anos, e entre 7,0-7,5% para prazos de 3 a 5 anos - embora estes cálculos reflitam a existência de prêmio de risco nos ativos brasileiros. Esse aumento nas expectativas de inflação piora o balanço de riscos para a inflação, o que poderia levar o Copom a retomar o ciclo de alta de juros. Estes fatores devem ser as razões para os votos a favor de um aumento de juros.
No entanto, a atividade permanece bastante fraca, o que ajuda a conter os efeitos secundários da depreciação cambial e dos ajustes de preços administrados. Além disto, a piora em curso nas condições do mercado de trabalho tem potenciais efeitos desinflacionários em setores mais intensivos em mão de obra (serviços). A incerteza política/fiscal atual também recomenda cautela na definição da política monetária, de forma a contribuir para a redução da volatilidade nos mercados. Estes fatores contribuem para mitigar as possibilidades de um aperto monetário no curto prazo, e provavelmente foram preponderantes na decisão do restante do colegiado (seis membros do Copom) que optaram pela manutanção da taxa Selic.
Diante de fatores relevantes para a dinâmica inflacionária atuando em direções opostas, e tendo em mente as elevadas incertezas no cenário (especialmente na parte política/fiscal), entendemos que o alongamento do prazo para convergência inflacionária ofereceu maior tranquilidade ao Copom para ajustar a politica monetária apenas no caso de a inflação se mostrar pressionada em prazos mais longos. Desta forma, acreditamos que o Copom não mudará a postura da política monetária, a menos que ocorram alterações relevantes na projeção do Copom para a inflação de 2017.
Assim, mantemos nosso cenário de Selic estável em 14,25% até o fim de 2016.
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