Evaldo
Cabral de Mello:
O Negócio do Brasil:
Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641-1669
(edição ilustrada com
imagens da época; Rio de Janeiro: Capivara Editora, 2015, 272 p.; ISBN:
978-85-89063-53-1)
Quarta edição de um clássico, inteiramente
revista, agora ilustrada e dedicada à memória de José Guilherme Merquior, mas
que ainda carrega no frontispício a frase do negociador português, Francisco de
Sousa Coutinho, que confessava seu “talento incapaz para negócio tão grande”,
que era simplesmente a devolução do Nordeste ocupado pelos holandeses da
Companhia das Índias a seus antigos donos. A primeira edição do livro se
situava entre duas outras obras de uma trilogia do autor, Olinda restaurada e Rubro
veio, abordando aqui o contexto internacional e as negociações diplomáticas
que permitiram por fim ao primeiro conflito internacional do “Brasil”. Em todos
os seus livros, os temas centrais são a produção de açúcar, o tráfico de
escravos e o comércio em geral, ademais da questão das mentalidades. Neste aqui,
a visão diplomática global foi fundamental.
Do Prefácio de 2010 de Evaldo Cabral
de Mello:
“O assunto aqui versado, como em geral os de história política e
diplomática, presta-se idealmente às análises contrafatuais relativas às
possibilidades alternativas, ou seja, àquilo “que poderia ter sido e não foi”,
como no verso de Manuel Bandeira. De tão cultivada a moda, especialmente entre
os historiadores de língua inglesa, caberia falar num novo gênero histórico, a
história virtual. Contudo, a novidade não é tão grande quanto parece, na medida
em que a contrafatualidade é inerente ao raciocínio historiográfico, embora não
seja quase nunca explicitada, como há muito percebeu Max Weber. Na fórmula de
Raymond Aron, “todo historiador, para explicar o que foi, se pergunta o que
poderia ter sido”. A atribuição de relevância a determinados acontecimentos é
realizada mediante operação comparativa pela qual o historiador indaga-se o que
teria ocorrido na inexistência deles.”(p. 14)
Neste caso, a unidade territorial do
Brasil poderia ter ficado inteiramente comprometida.
Paulo Roberto de Almeida
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