quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Globalismo e globobagens: um debate que nunca houve - Paulo Roberto de Almeida

Recebi, de um leitor atento, Marconi S. Olguinsem 2/01/2018, a seguinte mensagem, a propósito deste suposto debate:


Com toda a minha humildade e simplicidade, o ferrenho debate entre Olavo de Carvalho e Paulo Roberto de Almeida tende ao vazio, de um lado um tenta provar a existência de uma conspiração global camuflada, escondida e em atividade, de outro lado é negada veementemente está existência, ou mesmo a possibilidade de planos dela. 
Os dois intelectuais, feridos em seus brios, se digladiam, não pelo mérito da questão que é realmente difícil de se debater no momento, digo no momento pois o passar do tempo provará a verdade, mas para provar ao seu público quem é o melhor, procurando satisfazerem seus egos pessoais e usando o tema como cortina de fumaça para a verdadeira questão. 
Minha opinião pessoal é de que ambos tem seus méritos e capacidades como formadores de opinião e deveriam está lutando lado a lado nesta batalha pelo resgate de uma Nação. Infelizmente vemos nestes ícones imperar a mesma mediocridade existente na maioria da nossa população que impede a união do povo de bem para defenderem causas nobres que só podem ser defendidas por pessoas altruístas, livres de ĺinteresses mesquinhos e baixos, pois os do lado de lá tem como cimento de suas parcerias o interesse escuso, o lucro fácil e o imediatismo, com isso levando vantagem na batalha.
É uma pena ver que o posicionamento destes lideres não é diferente, mas que não percamos as esperanças pois na simplicidade de pensar e agir estarão se revelando os verdadeiros líderes a serem seguidos como farol em tempo de tempestade.



Ele complementou, em 3/01/2018, com estas poucas palavras:



Prof. Paulo Roberto de Almeida, seus posicionamentos às minhas críticas tem sido de um verdadeiro diplomata, parabéns pela conduta, sempre que a resposta à uma crítica é dada em bom tom o alvo desta se torna digno e coerente, Forte abraço! Um parêntese, cabe salientar que seu oponente, além de não provar seu ponto de vista com materialidade não aceita crítica ou tão pouco às responde com dignidade ou inteligência, quando as responde.



Minha resposta a ele (PRA):

Agradeço suas boas palavras Marconi S. Olguins, e fico sensibilizado pela sua compreensão do problema, mas não sei se você atentou para o mais importante.

Fui convidado a dar uma entrevista, sobre os temas do globalismo e da globalização, e me preparei em consequência, para uma exposição individual sobre essas problemáticas. 
Na hora me deparei, não com um monólogo, e certamente não um diálogo, mas uma entrevista dupla, com direito a réplica e tréplicas do "contendor". Tudo bem, não tenho medo de debate ou confrontações, mas é certo que o OC foi bastante agressivo comigo pessoalmente, ao passo que eu apenas recusei a idéia que me parece completamente maluca, de uma conspiração mundial em favor de uma coisa que considero totalmente fantasmagórica, inventada pela direita conservadora, chamada globalismo, o que não reconheço existir ou ter existência material. A despeito dos ataques, o OC concordou, ao final, que não existia um governo mundial, mas que não deixava de existir um projeto para fazer um, sem apresentar qualquer prova, apenas citando autores, e apontando para conhecidas teorias conspiratórias sobre reuniões secretas de poderosos bilionários tramando contra países soberanos e cada um de nós, o que acho absolutamente maluquice desvairada.

O que temos agora é um bando de olavetes desvairados que insistem em dizer que eu não provei o meu caso, como se eu precisava provar a NÃO existência de algo que eles insistem em dizer que existe, sem dar qualquer prova concreta disso. Portanto, os malucos continuam a repetir -- sem esquecer de mencionar que sou diplomata, como se isso tivesse qualquer relação com ideias ou posições --que fui "derrotado" ao negar o globalismo. Ou seja, os malucos querem que eu rejeite palavras, ideias, conceitos que qualquer maluco pode repetir à vontade. Como já escrevi: não é cansativo debater com fundamentalistas, é apenas inútil. Os malucos sempre insistirão que estão com a razão. O mundo está cheio de Napoleões de hospício...

A maior parte dos Olavetes são ignorantes fundamentais. Como são incapazes de articular alguma ideia coerente, ficam repetindo o que escreve ou fala o seu guru, sem se cansar. Eu dispenso os fundamentalistas e posso dialogar com o mestre.

O Olavo de Carvalho prestou imensos serviços ao Brasil, ao alertar, desde o início, para o Foro de São Paulo, que não tem importância enquanto tal, mas que representa um imenso perigo para nossos países ao arregimentar, controlar, guiar e orientar partidos de esquerda a serviço da ditadura cubana, que já nem está mais interessada em construir o socialismo, que os próprios reconhecem que foi um fracasso completo, mas querem apenas manter o poder, e os partidos afiliados no poder de seus respectivos países, para se manterem enquanto ditadura personalista, enquanto tirania absoluta, e para se enriquecer também, pois são bandidos da pior espécie. Os companheiros corruptos do Brasil foram os melhores aliados que conseguiram, num país relativamente rico e corrupto como o Brasil, tirando daqui bilhões de dólares, direta e indiretamente. O OC tem esse mérito, além de outro ainda mais importante, o de ter denunciado, se oposto e demonstrado a fraude que é a comunidade gramscista da academia brasileira, em seus diversos livros, desde o Imbecil Coletivo, até o Jardim das Aflições e todos os demais escritos acadêmicos e jornalísticos que produziu. Esse mérito eu não nego ao OC. Mas ele enveredou por uma paranoia maluca, com a extrema direita americana, que só posso lamentar, pois isso revela o lado insano dessa mente brilhante. Lamento que um lutador por certos valores se descaracterize na aliança com conspiradores de direita, o que torna simplesmente risível seus argumentos quanto a esse suposto governo global. Fora isso não pretendo atacá-lo, apenas lamento que ele não corrija seus olavetes mais desvairados, que não possuem, obviamente, sua preparação intelectual. Eis tudo o que eu poderia dizer sobre esse suposto "debate" que não houve.

Paulo Roberto de Almeida
Bento Gonçalves, 3 de janeiro de 2018


Addendum, a propósito desta matéria, publicada no "Boletim da Liberdade", link: 

https://www.boletimdaliberdade.com.br/2018/01/02/colunista-do-il-diz-que-globalismo-e-apenas-teoria-conspiratoria/
(a ilustração da matéria, abaixo, tenderia a comprovar que seu autor também acredita nessa bobagem sem tamanho).


Formulei o seguinte comentário nessa página, e remeti a esta minha postagem ao final:

Como fui apontado como um dos "debatedores" de um debate que nunca ocorreu – pois eu tinha sido convidado para dar uma entrevista, individual portanto, sobre os temas do globalismo e da globalizacão – permito-me formular os seguintes comentários. 
O artigo deste Boletim da Liberdade é singularmente desequilibrado, enviesado, pois vê um debate onde jamais existiu um, apenas declarações unilaterais de uns e outros. Não sei se o autor deste texto – não identificado – consegue se dar conta de que ele reproduz o mesmo tipo de "exposição" desequilibrada, sem qualquer lógica, que consiste em confrontar palavras a palavras, como se estas tivessem o mesmo peso e significado. 
Seu autor não conseguiu extrair o argumento principal do colunista do Instituto Liberal, João Luiz Mauad, que consiste em relembrar a qualquer neófito (não precisa ser um praticante de lógica aristotélica) que coisas que não existem NÃO precisam de provas de que não existem, e ele citou expressamente unicórnio, sereias e não sei mais o quê. 
Os "defensores" dessa coisa que não existe nos acusam, a mim e ao Mauad,  recusar reconhecer algo que eles mesmos NUNCA conseguiram provar a existência, apenas remetendo a autores, a reuniões de conspiradores, a projetos secretos, sem QUALQUER EVIDÊNCIA concreta, apenas na base dos boatos típicos desse gênero de empreendimento paranoico. Lamento que um articulista liberal-conservador acredite que exista uma conspiração entre comunistas e ricaços para implantar o tal de governo mundial, o que já me parece resvalar na loucura.
Quanto a mim, não reconheço jamais ter feito um "debate", ou "diálogo", com Olavo de Carvalho, pois nunca fui avisado de que essa entrevista dupla existiria. 

Quem quiser considerar que houve um debate, sinta-se à vontade, mas não foi o que ocorreu, eu apenas dei o meu recado e ele ficou me atacando, e os olavetes mencionando minha condição de diplomata, como eu não "tendo conseguido demonstrar o meu caso". 
Ora isso é ridículo: eu não tinha de conseguir provar nada, apenas disso que o globalismo se apoiava sobre uma fantasmagoria, na linha do que disse João Luiz Mauad. Cabe aos seus defensores provar que essa coisa existe, mas para isso não bastam palavras vazias, citações de supostos autores, argumentos sem qualquer fundamentação empírica, alucinações.

Se ouso resumir minhas conclusões sobre esse lamentável caso, que o Boletim da Liberdade consegue alimentar no pior sentido desejável, eis aqui o que tenho a dizer (está acima, justamente).
O que mais eu tenho a dizer, coloquei nesta postagem do meu blog Diplomatizzando, neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/01/globalismo-e-globobagens-um-debate-que.html
Paulo Roberto de Almeida
Bento Gonçalves,  3 de janeiro de 2018
 

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