Creio que o mesmo se aplica inteiramente— com a possível exceção do Chile — à América Latina, como constata este longo artigo analítico.
Paulo Roberto de Almeida
Eterno retorno de turbulências
Por Carlos Rydlewski | Para o Valor, de São Paulo
Um otimista, define uma antiga máxima, é alguém que acredita que o futuro é incerto. Pois, nos dias correntes, há pouco espaço para o otimismo na Argentina. A crise deflagrada no início do mês devastou incertezas e expôs as entranhas econômicas do país. Não foi agradável a imagem que emergiu dali - déficits gêmeos (externo e fiscal), inflação em alta, reservas minguantes (cerca de US$ 30 bilhões líquidos) e juros lançados à estratosfera (40% ao ano). Esse tombo reanimou até o velho fantasma do Fundo Monetário Internacional, o FMI, que atemorizou emergentes por décadas (o governo argentino pediu um empréstimo de US$ 30 bilhões ao organismo). Não por acaso, esses fatos disseminaram pela América Latina uma sensação formada por um misto de medo e déjà vu. Afinal, o vaivém de colapsos econômicos representa um capítulo relevante - e recorrente - da história da região.
O tranco que chacoalhou a Argentina, como se sabe, teve origem, entre outros fatores, no aumento dos juros nos EUA. Esperado havia anos, cumpriu o que prometia: sugou dólares mundo afora e reduziu a liquidez global. Até aqui, as demais nações latino-americanas vêm aguentando bem esse novo abalo no cenário internacional, mas ao menos três países despertam cuidados especiais. São eles o Brasil, o México e a Colômbia. (Isso sem contar com a Venezuela, cujo desmonte político-econômico inviabiliza qualquer análise). E, nesses três casos, a raiz do problema não se limita à vulnerabilidade dos fundamentos econômicos. Ela pesa, mas o sinal de alerta vem de nuvens densas que embaçam a cena política.
O México é um exemplo. Não pairam sobre o país prognósticos tenebrosos, ainda que a economia local tenha perdido ímpeto no ano passado. Organismos internacionais preveem um crescimento próximo de 2,3% em 2018, um resultado similar aos 2% obtidos em 2017. O número não é ruim, principalmente ante um avanço médio de 1,9% estimado para a América Latina e o Caribe neste ano. Mas o enrosco eleitoral não é desprezível. Os mexicanos vão às urnas, em apenas um turno, em 1º de julho. Vencerá a disputa quem receber um voto a mais do que os concorrentes.
O argumento de que o desemprego é un fenômeno mundial, apesar de verdadeiro, não o quadro em que o mercado de trabalho
Esse candidato, indicam as pesquisas, pode ser Andrés Manuel López Obrador, de 64 anos, conhecido como Amlo, as iniciais do seu nome, do Movimento de Regeneração Nacional (Morena). Obrador, que já participou de duas disputas presidenciais, em 2005 e 2012, move-se à esquerda do espectro político, em uma faixa em que se embrenham nacionalismo, um discurso antiestablishment e a promessa de enfrentar as elites corruptas do país.
Hoje, López Obrador se fortalece sobretudo com doses crescentes do desencanto da população com o governo atual, exercido por Enrique Peña Nieto, um conservador do velho Partido Revolucionário Institucional (PRI). Isso sem falar em índices de violência inéditos na história mexicana, com o registro de perto de 70 assassinatos ao dia (detalhe: no Brasil são mais de 150).
López Obrador já defendeu em disputas anteriores a estatização de bancos e indústrias, além da saída do México do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). Hoje, descarta tais propostas, mas sua ampla coalizão, a Juntos Haremos Historia, defende medidas controversas. Uma delas, típica da bipolaridade ideológica latino-americana, é a realização de um referendo para validar a reforma energética que, em 2014, pôs fim ao monopólio do petróleo exercido por 75 anos pela Petróleos Mexicanos, a Pemex.
Obrador tem ainda apetite acentuado e peculiar por polêmicas, ainda que os críticos definam tal pendor como apego a "papagaiadas". Recentemente, lançou-se contra alguns empresários mexicanos. Ele os definiu como "traficantes de influência que se beneficiam da corrupção". Entre seus desafetos, só há gigantes: Alberto Baillères, o segundo homem mais rico do país (o primeiro é Carlos Slim), dono do Grupo BAL, que atua em quase uma dezena de setores; Gérman Larrea, CEO do Grupo México, um colosso da mineração; e Alejandro Ramirez, da Cinépolis, a maior cadeia de cinemas do país, espalhada por quase cem cidades.
Os principais desafios do próximo presidente mexicano estão muito mais ligados ao ambiente externo do que a questões internas, mesmo as fiscais, embora os analistas não negligenciem as últimas. A maior pedra no caminho, em suma, é o pungente (para dizer o mínimo) Donald Trump. O México foi escolhido como alvo privilegiado da retórica protecionista do presidente americano, embora nesse campo ele se mostre um hábil franco-atirador.
A grande dúvida, portanto, é saber o que ocorrerá com o Nafta. Até aqui, os indicadores internos estão reagindo bem a essa interrogação. O emprego cresceu entre os mexicanos em fevereiro e houve queda da inflação no primeiro trimestre. "Ainda assim, o investimento está sendo prejudicado", afirma João Pedro Bumachar, economista do Itaú Unibanco. "Quem vai querer abrir uma fábrica no México diante dessas dúvidas?"
Já na Colômbia, avaliam analistas, a balança política pende para o outro lado - o do mercado -, ainda que o quadro político não esteja totalmente nítido. O primeiro turno da corrida presidencial ocorrerá neste domingo. Até março, os candidatos à Presidência permaneciam embolados. Três deles ocupavam a casa dos 20% das intenções de voto. Desde então, porém, o conservador Iván Duque, de 41 anos, descolou-se desse bloco. Em algumas pesquisas, ele alcança 40% da preferência do eleitorado.
O candidato conta com o apoio do direitista Álvaro Uribe, embora seja mais moderado do que o ex-presidente colombiano. Duque foi definido pelo escritor Mario Vargas Llosa como um homem culto, "que não se envergonha de ler poesia". Mas enfrenta uma campanha pouco romântica. Os adversários exploraram, por exemplo, supostas ligações de seu partido, o Centro Democrático, com a Odebrecht, cujas pegadas suspeitas se espalham pela América Latina. Até o fechamento desta edição, Gustavo Petro, de 57 anos, ex-guerrilheiro do M-19 e ex-prefeito de Bogotá, era o nome mais cotado para compor a dupla para o segundo turno das eleições, em 17 de junho.
Entre as tarefas cruciais do eleito, está a conclusão do processo de paz com os guerrilheiros das Farc, cujo atual acordo é visto com ressalvas por Duque. Isso além de recuperar a um enfraquecido resultado primário e lidar com um problemão oferecido pelo hermano Nicolás Maduro, reeleito no domingo, entre dúvidas sobre a legitimidade do pleito: perto de 1 milhão de refugiados venezuelanos entraram na Colômbia desde meados de 2017.
O Chile, por outro lado, continua desfrutando entre analistas do posto de queridinho do pedaço. Tal brilho recebeu uma nova demão de polimento em dezembro, com a eleição do presidente Sebastián Piñera. Bilionário, conservador, empresário, economista com doutorado em Harvard, ele havia presidido o país entre 2010 e 2014. Neste pleito, derrotou Alejandro Guillier, da esquerdista Frente Amplio. Piñera assumiu a Presidência em março, substituindo a socialista Michele Bachelet. As previsões de crescimento do Chile apontam para algo próximo de 3,5%. Isso tanto em 2018 como em 2019.
Além do clima empresarial tido como positivo, essas estimativas levam em conta a alta do preço do cobre (30% em 2017), disparado o principal item da pauta de exportações do país. O comércio do metal sofre forte dependência da China, que consome metade da produção mundial. Mas, no médio e longo prazos, tal limite pode mudar. O cobre é usado na fabricação de veículos elétricos e híbridos, tanto em baterias como em outras peças. Esa produção pode saltar de 3 milhões de unidades em 2017 para 27 milhões daqui a dez anos. Ainda assim, flutuações no preço do cobre e potenciais disputas trabalhistas nas grandes minas chilenas pontuam algumas das fragilidades do país.
Alista das demais economias que avançam com firmeza na região inclui a Bolívia e o Paraguai. Embora pequenas, elas devem crescer perto de 4% em 2018, as maiores taxas da região. O Peru pode alcançar um nível semelhante. O país acaba de driblar uma crise política cabeluda, o que não deixa se ser surpreendente. Ali, Pedro Pablo Kuczynski renunciou ao cargo de presidente em março. Ele foi mais uma baixa da Odebrecht, ao ser acusado de receber dinheiro da empreiteira brasileira. Foi substituído pelo vice, Martín Vizcarra. Entre os países de menor porte e em situação delicada estão a Nicarágua, do líder Daniel Ortega, alvo de protestos permanentes, e o Equador, cuja economia é dolarizada desde 2000, que passa por uma crise severa, com déficit primário e dívida crescentes.
Sob o ponto de vista econômico, a crise na Argentina, em si, não deve contaminar os demais países, ainda que ela tenha algum impacto nos dados agregados da região. Depois de cinco anos patinando entre desacelerações e recessões, o PIB da América Latina registrou um avanço modesto em 2017, com elevação de 1,3%. Para 2018 e 2019, são esperadas taxas de 1,9% e 2,6%, respectivamente. Parte desse fôlego para o crescimento da região tinha como lastro uma possível recuperação no Brasil e na Argentina. Esta já descambou, e o problema complementar é que a economia brasileira avança em ritmo mais lento do que o esperado. Além do mais, o real sofre forte pressão do dólar, e o país está prestes a enfrentar uma das eleições presidenciais mais indecifráveis desde sua redemocratização, em 1989. O quadro político são fragmentos. Neste momento, até a tradicional polarização PT-PSDB parece improvável.
"Ainda assim, se houver redução no PIB total dos países latino-americanos, ela deve ser muito tênue", diz Mauricio Molon, economista-chefe do Santander. "No Brasil, por exemplo, o impacto negativo pode ser de 0,1 ponto percentual."
Em toda essa confusão, no entanto, há um detalhe relevante - e também é de natureza política. Mauricio Macri foi eleito em 2015 como o novo apóstolo do liberalismo econômico na região. A vitória de Sebastián Piñera, no Chile, renovou os sinais de que o pêndulo ideológico sul-americano avançava à direita. Agora, com a derrapada argentina, a direção final desse movimento torna-se menos óbvia. Com a crise, não são poucos os observadores que dizem acreditar em um fortalecimento do peronismo na Argentina, especialmente da ala próxima à ex-presidente Cristina Kirchner.
Macri já vinha perdendo popularidade por causa de reajustes nas tarifas de gás, eletricidade e transporte. Agora, essa tendência deve-se agravar. Mesmo porque juros a 40% ao ano vão afetar o crédito, sobretudo das empresas. Além do mais, existem outras tarifas públicas que precisam ser corrigidas. Caso o câmbio não se estabilize, a dívida externa também deve aumentar. Em resumo, como a imagem de um político pode sobreviver a tamanho bombardeio? Por outro lado, se a Argentina der a volta por cima até as eleições presidenciais, em 2019, nasce um novo herói latino-americano: Mauricio Macri.
O pior é que a situação não era tão trôpega até a mudança do cenário internacional. As perspectivas para a Argentina eram boas, ainda que não fossem pródigas. O país amargou uma queda de 2,2% do PIB em 2016, mas, no ano seguinte, cresceu quase 3%. A inflaçãocaiu para 24,8% em 2017, bastante alta, é verdade, mas inferior aos quase 40% registrados de 2016. Esperava-se um avanço de 3,5% do PIB em 2018. Por causa da severa seca que prejudicou a safra agrícola, esse percentual já havia sido reduzido para 2,7%, em março. Agora, as estimativas entornaram ainda mais, batendo em 2,3% - e não param de cair. "Nos últimos trimestres, podemos ter resultados negativos do produto", diz Bumachar, do Itaú Unibanco.
A questão que fica é por que as crises econômicas são tão recorrentes na América Latina, dando forma a uma espécie de "mito do eterno retorno" dos colapsos. Existem algumas práticas que ajudam a entender esse fenômeno. Como observa a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e diretora do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Johns Hopkins, ambos em Washington, são elas o populismo econômico, que promove intervenções arbitrárias e deixa inconclusas reformas cruciais, além da má gestão.
Esses fatores não são excludentes e nem sequer seguem uma só cartilha ideológica. Ao contrário, combinam-se com frequência e são usados com a bênção de quaisquer partidos. Como dizia Leonel Fernández, ex-presidente da República Dominicana, um "déficit fiscal não é de direita, nem de esquerda; é de gestão". "O pior é que todo o desequilíbrio gerado por medidas de caráter populista não tem uma solução no curto prazo", diz Otto Nogami, professor de economia do Insper. "Em parte, é isso o que está ocorrendo na Argentina. O atual governo herdou um problema e, ao deixar de agir, agravou a situação." O fato é que mudanças profundas tendem a ser impopulares. "E quando se veem ameaçados", acrescenta Monica de Bolle, "invariavelmente, políticos e partidos arrancam as reformas da tomada para garantir a sobrevivência".
Outro mau hábito latino-americano, observam especialistas, é o desperdício de oportunidades que poderiam corrigir trajetórias, ou mesmo, promover guinadas rumo ao desenvolvimento. Na opinião do economista chileno José Gabriel Palma, professor da Universidade Cambridge, na Inglaterra, foi isso o que ocorreu durante o "boom das commodities", entre meados da década passada e 2014. Esse tipo de receita extra e transitória, ressalta Palma, é raro.
"Por isso, o que tinha de ser feito era investir esses recursos na geração de novas capacidades produtivas", diz o professor. "Era possível industrializar o setor exportador e diversificar a economia em geral. Assim, quando o preço das commodities retornasse a níveis "normais", haveria outras maneiras de gerar receitas sob a forma de salários, lucros, investimentos e impostos. Isso daria sustentação ao crescimento."
Não foi o que se viu. "Nos países da região, e em particular no Chile, boa parte da elevação de receita ficou com as multinacionais que atuam no setor de commodities", afirma Palma. "O que sobrou consumimos quase tudo." É por isso que o economista considera que a verdadeira "década perdida" não se deu nos anos 80, quando a América Latina sucumbiu à estagnação econômica. "Ela ocorreu durante o boom das commodities."
O professor de Cambridge nota que nem sempre foi assim. Nos anos 1880, o governo chileno fixou um royalty de um terço sobre o valor das exportações de salitre, extraído a partir da crosta rica em nitrato encontrada no deserto. A receita adicional do "ouro branco", como o produto era chamado, permitiu que os gastos com educação fossem multiplicados por seis, quadruplicou as despesas com saúde e resultou na construção de centenas de quilômetros de estradas de ferro. Por fim, possibilitou o desenvolvimento de uma nova política industrial. Eram outros tempos, claro. Mas o exemplo não deixa de ser ilustrativo.
Outra discussão em torno das crises econômicas latino-americanas é sobre o quanto elas estão associadas ao próprio modelo de desenvolvimento adotado pelos países da região. Ou seja, até que medida elas são fruto das ineficiências estruturas que as mantêm? Esse é um debate antigo. Ele encorpou após a Segunda Guerra, quando a ONU criou a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal). Foi nesse momento que o economista Raul Prebisch (1901-1986), então presidente do Banco Central da Argentina - na época um país rico -, apresentou uma nova abordagem analítica sobre o tema crescimento. Ela se tornou o catecismo para os cepalistas.
O ponto de partida de Prebisch foi a crítica à teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, segundo a qual os países deveriam se especializar na produção de itens para os quais apresentassem vantagens comparativas de custo. Para o economista argentino, tal lógica trazia um problema de origem: as relações comerciais entre a periferia exportadora de artigos primários e o centro industrializado, consumidor e responsável pela transformação dessas matérias-primas, eram tremendamente assimétricas. Nessas trocas, também existiria uma transferência real de progresso técnico. Para Prebisch e seus discípulos a alternativa para o desenvolvimento das nações periféricas seria a industrialização, levada a cabo por meio da substituição de importações e da diversificação dos mercados externos.
No Brasil, naquele momento, o pensamento cepalino sofreu críticas de economistas como Eugênio Gudin e Octávio Gouveia de Bulhões. Para esse grupo, com formação liberal, o crescimento é resultado de uma economia estabilizada, fundado em ganhos de produtividade, e não em políticas expansionistas. As críticas a Prebich também miraram em um eventual efeito indesejável de sua teoria. Isso porque, na avaliação dos opositores, ela atribuía a culpa por todos os males econômicos da região à dominação estrangeira, em vez de voltar-se ao próprio umbigo com maior atenção - e rigor crítico. Esse debate, note-se, ainda fervilha.
Por fim, é inegável que a América Latina sofre com a ausência de pilares sociais sólidos, o que aumenta a suscetibilidade dos países a solavancos econômicos. Prova disso são os indicadores de educação, saúde, competitividade e inovação. Isso sem contar problemas adicionais, como a violência. Um levantamento recente do Instituto Igarapé, com sede no Rio, indica que, com apenas 8% da população mundial, a região registra 33% dos homicídios cometidos no planeta.
Não existem dúvidas também sobre o impacto das crises econômicas sobre as nações. Quem discorre sobre esse ponto é a economista Monica de Bolle: "Esse custo que, em geral, resulta da ausência de reformas está bem documentado. Luc Laeven e Fabián Valencia, dois economistas do FMI, expuseram o tamanho desses danos em um artigo publicado em 2012 ["Systemic Banking Crises Database: An Update"]. A dupla constatou que a crise entre 2001 e 2003, na Argentina, custou 71% do PIB do país. Ou seja, o produto interno foi 71% menor do que teria sido caso não houvesse o tropeço. No Brasil, a crise de 1990, em que se deu o fracasso do confisco promovido no governo Collor de Mello, levando à desvalorização do câmbio e à volta mais agressiva da hiperinflação, custou 62% do PIB nacional."
A economista nota que há outros estudos desse tipo, mas Laeven e Valencia aplicaram a mesma metodologia a vários países. Isso entre 1970 e 2011. Durante esse mesmo período, houve 147 crises bancárias, 218 cambiais e 66 de dívida espalhadas pelo mundo. Os países latino-americanos aparecem diversas vezes na compilação dos dados. A Argentina, em 2018, portanto, nem de longe é um caso isolado, ainda que tal constatação não soe nada otimista.
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