quinta-feira, 11 de abril de 2019

Defenestrados do IPRI planejam um clube dos defenestrados do Itamaraty

Estou pensando em criar, com o ex-secretário geral do Itamaraty, à época, diretor como eu do IPI, um "clube dos defenestrados" do Itamaraty, pois ele, em 11 de abril de 2011, como eu, em 4 de março de 2019, fomos defenestrados do cargo que ocupávamos, que eu ocupei, desde 3 de agosto de 2016, nesse antro de "marxismo cultural" (no meu caso), de nacionalismo desenvolvimentista, no caso dele, ambos por demonstrarmos independência de pensamento em relação às posturas dominantes no Itamaraty, e ambos vítimas da intolerância com respeito a posições que eventualmente não se coadunavam com o Zeitgeist de cada momento.
No caso do Samuel, havia a famigerada Lei da Mordaça, introduzida pelo então SG do Itamaraty, no meu caso, apenas a insegurança, o temor de ser desmascarado, de um chanceler acidental que sabe que está desempenhando um papel que não era o seu tradicionalmente, ou seja, pura figuração, a serviço dos que o colocaram nessa posição que representa, a meu ver, o terceiro escalão do processo decisório em matéria de política externa.
Samuel e eu vamos tomar umas cervejas para comemorar a inauguração desse novo clube, e provavelmente convidar outros eventuais defenestrados de arbítrios similares.
Para mim, tudo é motivo de divertimento. Eu estaria na verdade deprimido se tivesse de servir à política externa esquizofrênica do atual chantecler...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de abril de 2019

São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2001 
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Embaixador contra a Alca cai no ItamaratyDA REPORTAGEM LOCAL

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães foi demitido do Ipri (Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais), do qual era diretor, por manter uma posição diferente da do Itamaraty em relação à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Para exonerá-lo da função, o Ministério das Relações Exteriores baseou-se na circular baixada pelo ministro Celso Lafer, em fevereiro deste ano, que proíbe qualquer manifestação pública sobre política externa, por parte dos diplomatas, sem autorização superior.
Foi a primeira exoneração de um embaixador de seu cargo com base na "lei da mordaça", como ficou conhecida a norma do ministério.
A posição de Pinheiro Guimarães contra a criação da Alca era pública, o que incomodava o Itamaraty. A gota d'água teria sido a divulgação do texto "A Alca É o Fim do Mercosul", de autoria do embaixador.
De acordo com ele, a indústria nacional não está pronta para competir com a norte-americana, o que poderia causar forte abalo no setor.
A posição do Itamaraty criou polêmica também no meio jurídico, por poder ferir o artigo 5º da Constituição, que garante a todos os brasileiros a inviolabilidade do direito à livre manifestação do pensamento, independentemente de censura ou licença (incisos IV e IX).
O conselheiro Carlos Henrique Cardim assumirá as funções de Pinheiro Guimarães no Ipri. Não está definido ainda para que área do Itamaraty o embaixador será transferido.

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