Por deliberação de seu Conselho Diretor, a Associação PanAmazônia, endereçou carta aberta ao Papa Francisco, na qual manifesta preocupação com o encaminhamento do Sínodo da Amazônia. No texto, solicita-se ao Sumo Pontífice que aproveite esta próxima assembleia de bispos para reavaliar a visão da Igreja sobre os verdadeiros problemas da Amazônia, com especial atenção para a inércia econômica, que condena milhões de amazônidas a uma vida de profunda precariedade material. Pede-se, ainda, que não se permita deixar que se use a Igreja para a promoção de interesses antagônicos às aspirações mais genuínas das populações amazônicas à prosperidade e à esperança de uma vida com o mínimo de dignidade.
Segue, abaixo, texto da referida carta.
Manaus, 11 de julho de 2019.
A Sua Santidade
Papa Francisco
Palácio Apostólico
Cidade do Vaticano
Santíssimo Padre,
Sua liderança mundial é inconteste. De muito serviria para ajudar os povos da Amazônia. Os 40 milhões de pessoas que habitam a região continental, espraiada no território nacional de nove países, enfrentam terríveis obstáculos para alcançar uma vida minimamente digna. Na imensidão da floresta e nas margens de milhares de rios, vive-se uma vida de sofrimento e desesperança.
A principal razão da tragédia socioambiental a qual estão submetidos os amazônidas é a inércia econômica. Na Amazônia, com mais de oito milhões de km2, quase não há atividade econômica, consequentemente, não há emprego nem renda para as famílias. Nas cidades amazônicas, imperam a pobreza, a violência, as doenças. Nas comunidades isoladas na floresta, domina o total abandono das pessoas à própria sorte. Uma vida sem alento da qual não parece haver saída.
Em parte, essa apatia econômica, que destrói a vida de milhões de pessoas e lhes nega qualquer esperança, deve-se à ideologia ambiental e à pressão de organizações não governamentais e de governos dos países desenvolvidos. Nas últimas três décadas, impuseram-nos suas agendas e seus interesses espúrios, contaminando a legislação nacional dos países amazônicos e promovendo a desinformação da opinião pública. Esse processo deixa as populações da Amazônia de mãos atadas. Uma terrível covardia.
A Igreja não pode unir-se a essas forças. Ao contrário, deveria usar sua influência para apoiar o desenvolvimento socioeconômico da Amazônia e aliviar o sofrimento de seus povos.
Nesse sentido, o Sínodo da Amazônia pode ser uma oportunidade para a Igreja ajustar sua visão sobre os temas, verdadeiramente, importantes para as populações amazônicas, entre os quais, a imperiosa necessidade de promover a prosperidade econômica, a qual, inclusive, é indispensável para a solução da degradação ambiental dos biomas da região. Sem prosperidade, não há esperança nem para o homem nem para a floresta.
A Igreja merece nosso reconhecimento pelo valoroso trabalho que sempre tem realizado em apoio às populações desassistidas da Amazônia. Assim como a assistência aos necessitados, a Amazônia necessita também de liberdade e de investimentos. Respeitosamente, tomo a liberdade de sugerir que se peça aos católicos do mundo todo que invistam na Amazônia, que visitem a Amazônia.
Contribua, com sua liderança, para a ativação da economia da região, não permitindo, Sua Santidade, que movimentos ambientalistas, que interesses econômicos dos países desenvolvidos, que ideologias políticas turvem a visão da Igreja. Não permita que o Sínodo da Amazônia se transforme em mais uma arma nas mãos dos algozes dos povos da Amazônia, homens e mulheres humildes que só desejam poder ter a esperança de oferecer uma vida melhor a seus filhos.
Rogo-lhe que não veja esta carta como uma crítica prematura de um evento ainda a realizar-se, mas como um sincero pedido de avaliação do encaminhamento do futuro Sínodo.
Despeço-me com a expressão do mais profundo respeito e mais elevada estima.
Atenciosamente,
Belisário Arce
Diretor Executivo da Associação PanAmazônia
Por uma Amazônia Altiva, Integrada e Forte!
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Apreciados Señores:
ResponderExcluirMagnifica carta alerta al Santo Padre sobre el Sinodo del Amazonas,sugiero sea complementada por otra sobre las amenazas teologicas, pastorales y liturgicas que puede conllevar.