Todas as mudanças no Brasil são promovidas para que tudo permaneça no mesmo lugar (Ricardo Bergamini).
Prezados Senhores
Fico pasmo como pode uma nação viver com uma aberração econômica dessa magnitude, sem manifestar um mínimo de indignação. Como se fosse uma situação normal.
Em outubro de 2019 a taxa SELIC divulgada pelo Banco Central era de 5,0% ao ano, e ninguém consegue explicar o motivo pelo qual a taxa média de mercado do crédito livre no mês de outubro de 2019 estava em 35,9% ao ano, ou seja: 7,18 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo. Vejam explicação didática abaixo:
A aberração do depósito compulsório no Brasil
Ricardo Bergamini
Premissas básicas com base na média do ano de 2018:
1 – Custo médio de carregamento da dívida interna da União: 9,37% ao ano (Fonte: STN)
2 – Percentual do depósito compulsório total (remunerado e sem remuneração): 74,63% (Fonte BCB).
A - Se um banco tivesse a quantia de 100 dinheiros disponíveis para aplicação ele teria duas opções:
A.1 - Comprar títulos do governo federal, nesse caso seria isento do depósito compulsório e receberia no final de um ano 9,37% de 100 dinheiros, ou seja: 9,37 dinheiros.
A.2 - Emprestar ao público (empresas e famílias), nesse caso o banco teria que recolher ao Banco Central 74,63% dos 100 dinheiros disponíveis, ou seja: 74,63 dinheiros, ficando com apenas 25,37 dinheiros para emprestar.
Para obter o mesmo ganho que teria na aplicação de títulos públicos de 9,37 dinheiros no ano, o banco teria que empresta os 25,37 dinheiros restantes a uma taxa correspondente a 3,9417 maiores do que a taxa de aplicação nos títulos públicos de 9,37% ao ano, nesse caso seria a uma taxa de 36,93% ao ano.
Resumo do exemplo hipotético:
I - Aplicação em títulos federais - 100 dinheiros a 9,37% ao ano daria um rendimento de 9,37 dinheiros em um ano.
II – Aplicação de 25,37 dinheiros a uma taxa de 36,93% ao ano daria um rendimento de 9,37 dinheiros em um ano.
Spread Bancário
É composto das seguintes despesas: administrativa, inadimplência, custo com depósito compulsório sem remuneração, tributos, impostos, taxas e lucro.
O percentual varia em função de cada tipo de operação, bem como de banco para banco.
Nota: Cabe lembrar que, como na nossa análise não consideramos que alguns depósitos compulsórios são remunerados, é óbvio que há uma pequena divergência entre a taxa apurada no estudo (36,93% ao ano) e a taxa média oficial apurada pelo Banco Central para os créditos livres que foi de 35,60% ao ano em 2018.
Ricardo Bergamini
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