sábado, 22 de fevereiro de 2020

Da mediocridade do crescimento brasileiro - Ricardo Bergamini e Marco Antonio Villa

O Brasil não corre nenhum risco de dar certo?

O Brasil não corre o menor risco de dar certo (Roberto Campos).

Prezados Senhores
1 - De 2011 até 2018 houve previsão orçamentária de crescimento econômico da ordem de 27,3%, e o resultado real foi de apenas 4,8%.
2 – Em 2019 a previsão orçamentária de crescimento foi de 2,5%, e a previsão real é em torno de 1,0%.
3- Pergunta para concorrer ao “Prêmio Nobel de Economia”:
- Apresentar uma única razão pela qual o ano de 2020 será um ponto fora da curva, da sequência histórica apresentada, sabendo que: No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, registrou-se déficit fiscal primário de R$ 108,3 bilhões (1,57% do PIB), No acumulado em doze meses até dezembro de 2019 registrou-se déficit fiscal primário da ordem de R$ 61,9 bilhões (0,85% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 45,85%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018. Nesse ritmo o Brasil vai levar, no mínimo, mais 1,2 anos para atingir resultado fiscal primário “zero”.

Se esse mágica fosse possível, o pensamento liberal seria desmoralizado no planeta.

Ricardo Bergamini transcreve 

Sobre o autor: Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)

21/fev/20 - 09h30/ISTOÉ

Estagnação e a sucessão presidencial

O cenário construído na passagem do ano já se desfez. Tanto no campo político, como no campo econômico. Foi criado artificialmente um quadro de bonança econômica. Dava a impressão de que o mundo inteiro estava interessando em investir no Brasil. Mas já era evidente o distanciamento do discurso em relação à realidade econômica. Os dados da balança comercial de 2019 eram preocupantes. Mesmo mantendo superávit, o valor foi o menor desde 2015. E o mês de janeiro apresentou déficit, o primeiro desde fevereiro de 2015. Diversamente de janeiro de 2019, quando o saldo da balança foi de pouco mais de US$ 1,6 bilhão. A retirada de capital estrangeiro da bolsa é outro dado preocupante. No ano passado foram embora R$ 44,5 bilhões.

Mas, para piorar, só no último mês de janeiro e início de fevereiro, a fuga foi de R$ 23 bilhões. Caso se mantenha esta tendência, não vai causar admiração no primeiro semestre seja atingido o total do ano anterior. O dólar atingiu em fevereiro a maior cotação da história e o real foi a moeda que mais se desvalorizou neste ano, comparativamente com outras aqui da América Latina.

Assim, o crescimento do PIB para 2020 estará muito distante da meta inicial. O “mercado” e as autoridades do ministério da Economia propalavam aos quatro ventos que o Brasil cresceria 2,5%. Nada indica que vá ocorrer. Não custa recordar que no ano passado a estimativa inicial era de até 2,5%. Ao longo dos meses as projeções foram caindo. Hoje, pois, o dado final ainda não foi divulgado, espera-se uma taxa inferior a 1%, menos da metade da estimada em janeiro de 2019. E consultorias já, ainda em fevereiro, estão refazendo os cálculos para este ano. Algumas falam em 2%.

O curioso é que nenhum consultor fica sequer ruborizado. Os erros abissais são sistemáticos. A explosão do crescimento econômico iria só aumentar em 2021 e 2022. Desta forma estaria viabilizada uma reeleição tranquila de Jair Bolsonaro. Bastaria ao presidente melhorar a articulação política com o Congresso Nacional, ampliar a base de sustentação nas duas casas e aguardar o voto popular. Isto porque, naturalmente, os políticos iriam buscar o guarda chuva eleitoral do bolsonarismo em busca da popularidade e dos êxitos da sua gestão presidencial. Não foi nem necessário esperar o Carnaval chegar para que tudo isso ruísse – e antes da quarta-feira de Cinzas. A tendência é justamente oposta à desenhada pelas Polianas de plantão.

E quem diz que o rei está nu é chamado de “impatriótico.”

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