quarta-feira, 8 de abril de 2020

Economia brasileira: principais dados macroeconômicos - Ricardo Bergamini

Não entendo, como se pode apoiar um governo, sem  ajudar a divulgar as suas informações oficiais. Não há necessidade de notícias falsas, com o volume de informações divulgadas diariamente pelo governo. O Brasil é um manicômio amplo, geral e irrestrito (Ricardo Bergamini).

Prezados Senhores

Gostemos, ou não, não adianta tentarmos nos esconder atrás da própria sombra, mas quem vai decidir o futuro político do Brasil serão os 65,9 milhões de brasileiros degradados, sem lenço e sem documento, onde a esquerda é mestra na manipulação dessa massa de manobra. 

 

Indicadores macroeconômicos do Brasil, sem ideologia e sem coronavirus

 

Base: Fevereiro de 2020

1 - Efeito do Depósito Compulsório e dos Créditos Subsidiados na Taxa de Juros de Mercado (BCB).

Em fevereiro de 2020 a taxa SELIC divulgada pelo Banco Central era de 4,25% ao ano, e ninguém consegue explicar o motivo pelo qual a taxa média de mercado do crédito livre no mês de fevereiro de 2020 estava em 34,1% ao ano, ou seja: 8,02 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo.

2 - Estoque da Dívida Líquida da União (ME).

Em 2010 o estoque da dívida líquida da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (83,06% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 35,14%. Em fevereiro de 2020 migra para R$ 6.182,6 bilhões (84,77% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 2,06%, comparativamente ao ano de 2018.

3 - Estoque da Divida Consolidada do Governo Geral – Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais (BCB). 

Em 2010 o estoque da dívida do governo geral consolidada era de R$ 2.011,5 bilhões (55,0% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.272,0 bilhões (76,7% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 39,45%. Em fevereiro de 2020 migra para R$ 5.611,0 bilhões (76,5% do PIB). Praticamente estável, comparativamente ao ano de 2018.

4 - Taxa de Investimento (IBGE).

A taxa de Investimento em 2019 foi de 15,4% do PIB. Em 2013 era de 20,9% do PIB. Redução de 26,32% em relação ao PIB. 

 

5 - Taxa de Poupança (IBGE).

 

A taxa de poupança bruta em 2019 foi de 12,2% do PIB. Em 2007 era de 19,3% do PIB. Redução de 36,79% em relação ao PIB.

 

6 - IPCA (IBGE).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro teve alta de 0,25%, depois de variar 0,21% em janeiro. Foi o menor resultado para um mês de fevereiro desde 2000, quando o índice foi de 0,13%. No ano, o IPCA acumulou alta de 0,46% e, nos últimos 12 meses, de 4,01%, abaixo dos 4,19% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2019, a taxa havia sido 0,43%. 

 

7 - IPP (IBGE)

Os preços da indústria variaram 0,70% em fevereiro, número superior ao observado na comparação entre janeiro de 2020 e dezembro de 2019 (0,35%). O acumulado no ano atingiu 1,05%, contra 0,35% em janeiro/2020. O acumulado em 12 meses foi de 6,62%, contra 6,36% em janeiro/2020.

 

- IPP acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 foi de 6,62%.

 

- IGPM acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 foi de 6,84.

 

- IPCA acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 foi de 4,01%

 

Estou ansioso para saber como o governo vai conseguir financiar a sua monstruosa dívida de 84,77% do PIB com juros SELIC de 3,75% ao ano, enquanto a inflação real de mercado está em torno de 6,8 % ao ano. 

 

8 - Saldo de Caixa em Moedas Estrangeiras (BCB).

Saldo de caixa em moeda estrangeira em fevereiro de 2020 era de US$ 362,5 bilhões, e a dívida externa bruta em moeda estrangeira de US$ 672,0 bilhões. Com saldo devedor de US$ 309,5 bilhões. 

 

Caso seja utilizado o saldo de caixa, aumentará a dívida líquida da União.

 

Cabe lembrar que em 2020 o custo de carregamento desse saldo de caixa está previsto em R$ 60,0 bilhões (remuneração média de aplicação no mercado internacional de 0,5% ao ano, menos custo da taxa Selic de 3,75%ao ano).

 

9 - Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE).

 

Em fevereiro de 2020 o volume de vendas do comércio varejista ficou no patamar de 4,5% abaixo do recorde alcançado em outubro de 2014.

 

Em fevereiro de 2020 o volume de vendas do comércio varejista ampliado ficou no patamar de 7,2% abaixo do recorde alcançado em agosto de 2012.

 

10 - Variação do PIB (IBGE).

Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,1% frente a 2018, após altas de 1,3% em 2018 e 2017, e de retrações de 3,5% em 2015 e 3,3% em 2016. Houve altas na Agropecuária (1,3%), na Indústria (0,5%) e Serviços (1,3%). O PIB totalizou R$ 7,3 trilhões em 2019.

 

11 - Pesquisa Industrial Mensal (IBGE).

Em fevereiro de 2020, a produção industrial avançou 0,5% frente a janeiro de 2020, na série com ajuste sazonal. Em relação a fevereiro de 2019 (série sem ajuste sazonal), a indústria caiu - 0,4% em fevereiro de 2020. Assim, o setor industrial acumulou queda de -0,6% no ano. No acumulado em 12 meses, a atividade industrial também recuou (-1,2%). 

 

12 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (IBGE).

 

No trimestre encerrado em fevereiro de 2020 a população fora da força de trabalho (65,9 milhões de pessoas) chegou ao seu maior nível na série histórica, iniciada em 2012, com alta de 1,3% (mais 815 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior e estabilidade em relação ao mesmo trimestre de 2019.

 

No trimestre encerrado em fevereiro de 2020 a taxa composta de subutilização da força de trabalho (23,5%) ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior (23,3%) e teve redução de -1,1 p.p. em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior (24,6%). Em relação ao mesmo período móvel de 2014 (15,3%), houve crescimento de 53,60%.

 

Essa massa de degradados não entende de política e ideologia, mas apenas que a situação atual do emprego está 53,60% pior do que o ano de 2014. O resto é debate de bêbados.

 

13 - Política Fiscal (BCB).

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, registrou-se déficit fiscal primário de R$ 108,3 bilhões (1,57% do PIB), No acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 registrou-se déficit fiscal primário da ordem de R$ 58,5 bilhões (0,80% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 49,04%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018. Nesse ritmo o Brasil vai levar, no mínimo, mais 1,2 anos para atingir resultado fiscal primário “zero”. 

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, os juros nominais alcançaram R$ 379,2 bilhões (5,52% do PIB). No acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 os juros nominais alcançaram R$ 382,0 bilhões (5,21% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 5,62%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018.

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 487,5 bilhões (7,09% do PIB). No acumulado em doze meses até fevereiro de 2020 o déficit fiscal nominal alcançou R$ 440,5 bilhões (6,01% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 15,23%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018.

 

14 - Política Monetária (BCB).

 

Em fevereiro de 2020 o volume de operações de crédito foi de R$ 3.491,1 bilhões (47,63% do PIB), sendo:

            

- 57,93% do total - R$ 2.022,4 bilhões (27,59% do PIB) com recursos livres com juro médio de 34,1% ao ano. 

 

- 42,07% do total – R$ 1.468,7 bilhões (20,04% do PIB) com recursos direcionados concedidos por bancos públicos (CAIXA, BB, BNDES) com juro médio de 7,6% ao ano. 

 

A taxa média de juros das operações contratadas em fevereiro de 2020 alcançou 23,0% a.a.

 

15 - Pesquisa Mensal de Serviços (IBGE).

 

Em fevereiro de 2020 o volume total de serviços se encontra 11,1 abaixo do alcançado em novembro de 2014.

 

Até fevereiro de 2020 o volume total de serviços se encontra 72,09% abaixo do alcançado até fevereiro de 2012.

 

16 - Balanço de Pagamentos (BCB).

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,31% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,52% do PIB; Governos Dilma/Temer (2011/2018) – déficit de US$ 48,2 bilhões = -2,21% do PIB; Governo Bolsonaro (2019/FEV2020) - déficit de US$ 52,9 bilhões = - 2,91% do PIB, nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2020. 

Resumo: Governo FHC déficit de transações correntes de -3,31% do PIB, Governo Lula déficit de -0,52% do PIB, governos Dilma/Temer déficit de -2,21% do PIB e, nos doze meses do governo Bolsonaro encerrados em fevereiro de 2020, déficit de -2,91% do PIB, ou seja, 31,67% maior do que o período de Dilma/Temer.

 

Estamos caminhando para uma grave crise cambial.

17 - Política de Privatização (ME).

No ano de 2016, existiam 228 estatais federais. No ano de 2018, existiam 209, ou seja: no governo Temer, o Brasil ficou livre de 19 lixeiras. Nesse ritmo o Brasil levaria, no mínimo, mais 20,0 anos para se livrar de todo o entulho.

 

Em setembro de 2019 existiam 203 estatais federais, ou seja: nos 9 meses do governo, o Brasil ficou livre de 6 lixeiras. Nesse ritmo o Brasil levaria, no mínimo, mais 24,6 anos para se livrar de todo o entulho. 

 

18 - Movimentações Financeiras das Contas Externas do Brasil (BCB).

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até fevereiro de 2020 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 49,5 bilhões. 

 

Ricardo Bergamini

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