A presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros enviou carta à FSP em conexão com matéria equivocada publicada nesse jornal que incluía os diplomatas entre os maiores salários do serviço público, o que não corresponde minimamente à verdade. Na raíz do erro está a junção de todos os salários de diplomatas, dois terços dos quais no exterior, num mesmo montante global, efetuando-se a conversão em reais ao câmbio do momento.
Apenas para ilustrar o equívoco, tome-se um salário de 10.000 dólares, apenas suficiente para cobrir despesas mínimas em países de alta renda. Quando o dólar valia apenas 1,6 reais (como chegou a ficar em 2010), isso era o equivalente de apenas 16 mil reais, o que não conforma nenhuma regalia especial. Agora que a paridade se situa na faixa acima de 5, jttransforma qualquer secretário de embaixada em marajá do Serviço Público brasileiro.
Um raciocínio portanto absurdo.
Paulo Roberto de Almeida
“A Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB-Sindical) - entidade que congrega mais de 1600 diplomatas que representam o País e defendem os interesses nacionais - esclarece que, em matéria veiculada da Folha de São Paulo do dia 24 do corrente [agosto], sobre as carreiras com mais altos salários do País, há certamente uma distorção que deriva da base de dados utilizada pelo referido estudo, na apresentação dos salários correspondentes à categoria dos diplomatas
Ao comparar os vencimentos dos diplomatas aos de donos de cartórios e ao poder Judiciário, por exemplo (carreiras exercidas no Brasil, com pagamento em reais), o estudo não leva em consideração que quase a metade dos diplomatas se encontra no exterior, onde os seus vencimentos são em dólares, para fazer face às despesas com educação, alimentação, saúde e aluguel também em dólares, euros , libras, francos suíços, etc.
Na declaração de imposto de renda (base do estudo) o diplomata no exterior converte seus vencimentos em dólares para reais a uma taxa de câmbio crescentemente elevada. Para que o estudo reflita efetivamente a realidade salarial no Brasil como se propõe, seria necessário separar os diplomatas em exercício no País daqueles que estão a serviço no exterior. Qualquer outra metodologia, além de errada e injusta, causa enorme distorção na interpretação dos dados.
Por outro lado, seria igualmente necessário dispor de dados sobre que categorias estariam contempladas no grupo “diplomatas e afins” e saber por exemplo qual o universo coberto nesta categoria. Inclui, por exemplo, todas as carreiras do Serviço Exterior (Oficial de Chancelaria, Assistentes de Chancelaria etc.)?
Do mesmo modo seria necessário conhecer os detalhes da composição salarial das demais categorias às quais os “diplomatas e afins” foram comparados. A eventual existência de qualquer vantagem isenta de taxação em outras carreiras, como auxílio educação, pode dar lugar a uma séria distorção no resultado final.
A divulgação de estudos semelhantes, sem a verificação e detalhamento da metodologia utilizada, acarreta sério e inaceitável prejuízo à imagem da carreira diplomática e de seus integrantes. De modo a corrigir as eventuais distorções, estou solicitando à Fundação Getúlio Vargas maiores esclarecimentos sobre as bases em que o referido estudo se fundamentou.
Embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues
Presidente da ADB/Sindical
Atenciosamente,
Maria Celina de Azevedo Rodrigues
Presidente da ADB/Sindical
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