quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Eleições na Bolívia: a confusão deve continuar - FSP

 

Na Folha de S. Paulo desta quarta, 14/10/2020:

Voltamos à América Latina na edição desta semana. Lembra-se da conturbada eleição na Bolívia no passado? O país finalmente volta às urnas neste domingo (18) para escolher um um substituto para a presidente interina Jeanine Añez.

Evo Morales, claro, não quis ficar de fora, mas nem sempre as coisas acontecem como planejamos. 

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Até a próxima.
Diana Lott
DIANA LOTT
quase um ano depois, a bolívia tem novas eleições
Em novembro do ano passado, as eleições presidenciais na Bolívia descambaram para uma onda de protestos, a renúncia geral de ministros e parlamentares do MAS (Movimento pelo Socialismo) e a fuga do então presidente, Evo Morales, para o México.

A discussão "Teve ou não teve golpe?" dominou a esquerda e a direita (de lá e daqui), e, como contei naquela época, há argumentos para os dois lados. 

(Dica: se você está por fora do que aconteceu, sugiro fortemente a leitura desta edição da Lá Fora.)

Fato é que, por meio de uma manobra interpretativa da Constituição combinada com o regulamento do Senado, a então segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Añez, assumiu a Presidência prometendo "convocar eleições o mais cedo possível" —e lá está até hoje. 
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Em manobra, senadora se declara presidente da Bolívia sem votação no Congresso
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LÁ FORA Teve ou não teve golpe na Bolívia?
Depois de vários adiamentos, o primeiro turno está marcado para este domingo (18). 

Antes, um update sobre as irregularidades nas eleições de 2019.
teve fraude?
As acusações começaram depois que a Justiça eleitoral boliviana parou de contar os votos por 24h, depois mudou de método de contagem e chegou a divulgar resultados parciais conflitantes. 

Para resolver o problema, o governo de Evo aceitou que uma comissão independente da OEA (Organização de Estados Americanos) auditasse a eleição. 

O relatório afirmou ter havido "uma série de operações maliciosas" para alterar os resultados, como comprovantes de votação manipulados e assinaturas falsificadas. Essas práticas teriam comprometido pelo menos 38 mil votos —a diferença entre Evo e o segundo candidato foi de 35 mil. 

Com base nos achados da comissão da OEA, as Forças Armadas pressionaram Evo a renunciar, a oposição aumentou os protestos nas rua, e o ex-líder cocaleiro deixou o poder e o país. 

A partir daí, a Bolívia ficou na expectativa de uma nova eleição. 

Mas, em fevereiro deste ano, o relatório foi posto em xeque por dois pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Em um artigo no Washington Post, John Curiel e Jack R. Williams afirmaram não haver "evidência estatística de fraude”.

Em junho, uma segunda análise, desta vez conduzida por especialistas convidados pelo New York Times, também concluiu que não houve fraude na contagem dos votos.  
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'Usamos controles que a OEA não usou', diz cientista que não vê fraude na Bolívia
Pesquisador do MIT estudou eleição no país e discorda de análise da organização sobre irregularidades
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THE NEW YORK TIMES OEA usou dados e métodos incorretos para concluir fraude na Bolívia, dizem pesquisadores
A OEA rebateu as conclusões dos pesquisadores do MIT e disse que "a análise estatística dos resultados é apenas uma das provas" citadas pelo relatório.
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OEA contesta pesquisadores do MIT que descartam fraudes na eleição boliviana
Autores afirmaram que análises estatísticas provam a vitória de Evo
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DIPLOMACIA BRASILEIRA Ernesto chama estudo do MIT de artigo de blog para desestabilizar transição na Bolívia
por que só agora?
Depois que Añez assumiu interinamente a Presidência, no início de novembro, parlamentares pró-Evo e da oposição começaram a negociar um projeto de lei que anulasse a votação e marcasse uma nova data para as eleições. 

Depois da troca de todos os membros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), em dezembro, o pleito foi finalmente anunciado para o início de maio.

Só que veio a pandemia do novo coronavírus.

Em março, diante da crise sanitária inevitável, o governo de Añez decretou quarentena, e o TSE suspendeu as eleições. A presidente interina foi acusada por apoiadores de Evo de querer adiar indefinidamente a votação e se manter no poder.

Até a definição de 18 de outubro como a data da esperada eleição presidencial, governo, Congresso e TSE remarcaram três vezes a realização do pleito: de maio para agosto, de agosto para setembro, e, enfim, de setembro para outubro

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