Jose Guilherme Merquior: textos inéditos ou pouco conhecidos
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata; IHG-DF; Ibmec-Brasília
Nota preparatória ao:
Seminário Internacional José Guilherme Merquior: 80 anos
9 e 10 de dezembro de 2021
Inéditos de José Guilherme Merquior: Dia 10/12/2021, 16h
Pretendo nesta nota preparar a apresentação de alguns trabalhos pouco conhecidos de José Guilherme Merquior, ou talvez até relativamente inéditos, no sentido em que eles não foram recolhidos, na forma em que foram apresentados por ele uma primeira ou única vez, em seus livros editados comercialmente. Apresentei alguns desses “relativamente inéditos” na brochura que preparei em abril de 2021, abaixo referida: eles são, linearmente, o seu discurso de posse como orador da turma do Instituto Rio Branco (dezembro de 1963), sua tese apresentada no I Curso de Altos Estudos no Instituto Rio Branco, “O problema da legitimidade em política internacional (1978)”, ambos recolhidos no volume preparado pelo Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do Itamaraty: Celso Lafer et alii, José Guilherme Merquior, diplomata (Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 1993, respectivamente 39-45 e 47-80).
Nessa minha brochura também figura o ofício sobre os grandes desafios da Guerra Fria num momento de tensões entre as grandes potências, “O sistema internacional e a Europa Ocidental”, que ele redigiu quando era secretário da embaixada do Brasil em Bonn, em 1973, que encontrei em separata mimeografada na Biblioteca do Itamaraty, pois que na época deve ter sido considerado tão bom que merecia divulgação mais ampla (deve ter, injustamente, dormido o sono dos justos, pois que não encontrei, naquelas antigas fichas de retirada usadas outrora pelas bibliotecas nenhum registro de consulta). Creio que eu o divulguei pela primeira vez, e remeto os interessados a essa brochura informada abaixo.
Existem muitos outros inéditos de José Guilherme Merquior que fazem parte de seu espólio, e que serão divulgados oportunamente, dotados de aparato crítico e informativo, pela Editora É Realizações. Vou limitar-me, nesta nota, a apresentar alguns poucos trabalhos menos conhecidos de Merquior, como menciono ao final, sem, no entanto, apresentá-los na devida forma, o que deverá ser feito em trabalho posterior.
Durante o ano de 2021, aos 30 anos de sua morte, quando ele teria completado 80 anos a partir do seu nascimento, eu tentei imaginar, o que ele poderia ter ainda produzido, na fase mais produtiva de uma vida toda ela dedicada às leituras, aos estudos, às reflexões e à escrita, se não tivesse falecido prematuramente em 1991. Falei sobre isso numa de minhas postagens no blog Diplomatizzando logo em 5 de janeiro deste ano.
3838. “Trinta anos sem José Guilherme Merquior”, Brasília, 5 janeiro 2021, 3 p. Listagem das postagens feitas em torno do “ano Merquior”, uma série de postagens com materiais dele e sobre ele, no blog Diplomatizzando(6/01/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/trinta-anos-sem-jose-guilherme-merquior.html).
Merquior, em vida, no curto espaço de 30 anos aproximadamente, produziu muito mais do que o que foi possível ser divulgado por seus editores de livros e revistas, pelos jornalistas aos quais ele fornecia seus artigos bem-humorados, alguns vitriólicos ou irônicos, outros irrespondíveis, contra algum parceiro acadêmico, eventualmente portador de ideias opostas, mas jamais um adversário intelectual. Ele se relacionava, pode-se dizer, com todas as seitas e tribos acadêmicas, num espírito de diálogo aberto, como se todos estivessem reunidos num daqueles salons do Ancien Régime, onde se reunia a République des Lettres, debatendo novas e velhas ideias.
Efetuei uma nova postagem sobre sua trajetória quatro meses depois:
3891. “José Guilherme Merquior, um intelectual brasileiro: 80 anos do nascimento”, Brasília, 16 abril 2021, 16 p. Dossiê seletivo com coletânea de postagens e documentos relativos à trajetória pessoal, funcional e intelectual do grande diplomata intelectual. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/jose-guilherme-merquior-um-intelectual.html).
Finalmente, organizei um dossiê sobre sua obra em formato de brochura e preparei uma apresentação tentando consolidar uma ampla informação sobre a sua produção intelectual, inclusive falando de alguns inéditos, ou relativamente pouco conhecidos como seu discurso de posse no Itamaraty, sua tese do Curso de Altos Estudos e palestras variadas:
3894. José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro, Brasília, 19 abril 2021, 322 p. Coletânea de textos de e sobre o grande intelectual diplomata, com exceção do prefácio, agregado posteriormente. Em revisão para tornar o volume menos pesado. Versão abreviada, com links remetendo a pdfs em Academia.edu, 187 p. Postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/46954903/Jose_Guilherme_Merquior_um_Intelectual_Brasileiro_2021_); divulgado no blog Diplomatizzando (20/04/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/jose-guilherme-merquior-uma-homenagem.html).
3895. “Prefácio ao livro José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro, Brasília, 19 abril 2021, 6 p. Agregado à brochura composta sob n. 3894. Divulgado no blog Diplomatizzando (20/04/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/prefacio-ao-livro-jose-guilherme.html).
3896. “Apresentação José Guilherme Merquior”, Brasília 21 abril 2021, 14 slides. Síntese da trajetória intelectual de JGM, com destaque para a sua produção de livros próprios e breves referências a obras sobre seu pensamento. Elaborado em formato de Power Point para apresentação em debate organizado pelo diretor de comunicação do Livres, com a participação de Celso Lafer, Gelson Fonseca, Bolivar Lamounier e Persio Arida, via Streamyard (link para o grande público: https://youtu.be/mtJJu_0eBeg), dia 22/04/2021, 18:00hs, aos 80 anos de JGM. Apresentação em pdf disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/47382701/Jose_Guilherme_Merquior_um_intelectual_brasileiro_apresentacao_2021_), Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/351060079_Jose_Guilherme_Merquior_um_intelectual_brasileiro_presentation) e divulgada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/jose-guilherme-merquior-um-intelectual_21.html); DOI: 10.13140/RG.2.2.31640.52483.
Dois anos atrás, eu já havia feito uma análise mais ou menos ampla de sua obra publicada, mas centrada apenas nos trabalhos de sociologia política, à exclusão dos textos tratando de literatura ou filosofia. Esse trabalho acabou sendo incluído como posfácio na reedição do Foucault:
3577. “José Guilherme Merquior: o esgrimista liberal”, Brasília, 7-19 fevereiro 2020, 48 p. Ensaio sobre a produção intelectual de José Guilherme Merquior no campo da sociologia política, para volume coletivo sobre os intelectuais na diplomacia brasileira. Enviado a embaixadores que conheceram e conviveram com Merquior. Complementado pelo trabalho 3579: “Merquior diplomata: o sistema internacional e a Europa ocidental”. In: José Guilherme Merquior, Foucault, ou o niilismo de cátedra (nova edição: São Paulo: É Realizações, 2021, 440 p.; ISBN; 978-65-86217-22-3; tradução de Donaldson M. Garshagen; posfácio; p. 251-320). Relação de Publicados n. 1383.
Dois anos antes, eu havia preparado, quando ainda estava como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty, uma terceira edição, revista e ampliada, à excepcional obra coordenada pelo embaixador Alberto da Costa e Silva no decorrer dos anos 1990 e publicada em 2001 pelo Instituto Rio Branco: O Itamaraty na Cultura Brasileira, cuja coletânea de diplomatas intelectuais, desde o século XIX era concluída, justamente, por uma bela e afetiva homenagem preparada pelo seu editor, José Mário Pereira. Como eu achava que essa homenagem, mais voltada à figura humana e intelectual de Merquior, e menos à análise de sua rica e diversificada obra, dediquei-me a preparar um primeiro capítulo, para essa 3ª edição, que começa por Merquior e se dedicava a outros diplomatas que deixaram a sua marca na cultura brasileira, um deles, Wladimir Murtinho, com um ensaio do embaixador Rubens Ricupero:
3581. “Intelectuais na diplomacia brasileira”, Brasília, 10 fevereiro 2020, 262 p. Consolidação de livro coletivo, sob a coordenação conjunta com Celso Lafer, e colaborações de Marcílio Marques Moreira (San Tiago Dantas), Ricardo Vélez-Rodríguez (Meira Penna), Rogério de Souza Farias (Lauro Escorel), Antonio Mesplé (Sergio Corrêa da Costa), Mary Del Priore (Vasco Mariz), Rubens Ricupero (Wladimir Murtinho) e eu mesmo, com introdução e dois capítulos (Roberto Campos e José Guilherme Merquior). Em processo de finalização.
O livro acabou não saindo, tanto porque o IPRI nunca teve orçamento próprio e não possuía autonomia operacional, como porque já estávamos num ano eleitoral, e o que acabou desabando sobre o Brasil, no segundo semestre do ano e em 2019, foi o equivalente de um tsunami de bárbaros, que destruíram a diplomacia e a política externa brasileira. Essa nova edição ainda aguarda oportunidade adequada para ser publicada.
Muitos anos antes, em 2003, quando eu ainda me encontrava em Washington e não tinha tomado conhecimento da obra coordenada pelo embaixador Costa e Silva, publicada em 2001, com prefácio e na gestão do ministro Celso Lafer, fui contatado pelo jornalista João Gabriel de Lima, da Revista Veja, no processo de preparação de um número especial de 35 anos da revista, para a qual tinha sido selecionad uma entrevista de José Guilherme Merquior para a seção de Páginas Amarelas, muitos anos antes. Acabei escrevendo uma pequena nota, que só divulguei em meu blog muitos anos depois, em 2017.
1070. “José Guilherme Merquior e a agenda do liberalismo do Brasil”, Filadélfia, 3 jul. 2003, 4 p. Comentários a questões colocadas pelo jornalista João Gabriel de Lima, da Revista Veja, para número especial de 35 anos, selecionando a entrevista de Páginas Amarelas de José Guilherme Merquior. Divulgado no blog Diplomatizzando (22/10/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/10/jose-guilherme-merquior-e-agenda-do.html).
Vários anos antes, ainda, quando eu me encontrava preparando minha tese de doutorado sobre as revoluções burguesas, na Universidade de Bruxelas, no início dos anos 1980, tomei conhecimento que ele tinha defendido a dele, na London School of Economics, sob a direção do prof. Ernest Gellner, e logo tratei de buscar o livro feito a partir da sua tese, que havia sido recém publicado: Rousseau and Weber: two studies in the theory of legitimacy (1980): citei o conceito weberiano que ele havia criado, de burocracia carismática, relativa ao poder bolchevique, em minha tese, depois publicada: Révolutions bourgeoises et modernisation capitaliste : Démocratie et autoritarisme au Brésil (Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015).
Também preparei, ao longo dos anos, resenhas curtas de algumas obras de Merquior para a seção “Prata da Casa” para o boletim, agora revista, da Associação dos Diplomatas Brasileiros, com a qual colaborei durante muitos anos, como por exemplo Liberalism, Old and New, ou o livro dele sobre o Marxismo Ocidental. Finalmente, num curso de extensão, sob a forma de seminário especial, que dei para meus alunos do Uniceub, inclui Merquior entre os grandes pensadores do Brasil, desde Hipólito e Bonifácio, até Gustavo Franco e Rubens Ricupero. Foi justamente com base nesse curso, fechado aos alunos, que tomei a iniciativa de preparar uma nova obra, muito recentemente, apresentada de forma anônima num concurso promovido pelo Instituto Pandiá Calógeras, sobre os projetos para o Brasil formulados por intelectuais brasileiros, aos quais chamei de construtores da nação, começando por Cairu, Hipólito e Bonifácio e terminando justamente por José Guilherme Merquior. No último dia 19 de novembro tive a satisfação de saber que eu tinha sido contemplado em primeiro lugar nesse concurso, com possível publicação da obra pela Biblioteca do Exército em 2022.
4021. “Projetos para o Brasil: os construtores da Nação”, Brasília, 19 novembro 2021, 219 p. Livro completo, tal como elaborado sob n. 3959, em torno dos projetos de 20 personalidades que se dedicaram à construção do Estado, da Ordem, do Progresso e da Democracia, um itinerário de 200 anos de história, preparado para o Concurso literário Pandiá Calógeras: 200 anos da Independência do Brasil, sob nome de Gabriel Soares de Souza. Premiado com o 1º lugar no Concurso em 18/11/2021, segundo notícia publicada no site da BIBLIEx.
Merquior ocupa o último capítulo dessa obra, e nele eu trato justamente de um texto relativamente desconhecido de Merquior, um de seus últimos trabalhos, a palestra que ele efetuou no Centre de Recherches du Brésil Contemporain, em Paris, no final de 1990, no contexto de uma série de palestras que o professor Ignacy Sachs promovia sobre os 100 anos da República. É esse texto que eu pretendo apresentar, no seguimento de de três outros que também podem ser relativamente pouco conhecidos:
1) “Ciência e consciência da política em Raymond Aron”, um longo prefácio (30 p.) que ele preparou para a edição brasileira da obra de Raymond Aron: Études politiques (Paris: Gallimard, 1972), que foi publicado em tradução de Sérgio Bath (já tradutor de várias outras obras de Aron, entre elas o Paz e Guerra entre as nações), com apresentação de Rolf Kuntz, sendo que Merquior parafraseia o capítulo introdutório do próprio Aron: “Ciência e consciência da sociedade”;
2) “El Outro Occidente (um poco de filosofia de la historia desde Latinoamerica”), uma conferência feita em espanhol, quando ele ocupava a embaixada do Brasil no México, no Departamento de Línguas e Literatura Românicas da Universidade de Harvard, em setembro de 1988, publicada depois nos Cuadernos Americanos da Universidade Nacional do México (UNAM, n. 13, jan.-fev.1989);
3) “O repensamento da Revolução”, o longo prefácio (40 p.) e erudito prefácio que ele preparou, no México, entre dezembro de 1988 e janeiro de 1989, para a edição brasileira do Dicionário Crítico da Revolução Francesa de François Furet e Mona Ozouf (Paris: Flammarion, 1988), publicado nesse mesmo ano pela Nova Fronteira).
4) “Brésil: cent ans de bilan historique”, a palestra efetuada em Paris, quando ele já ocupada a representação do Brasil junto à Unesco, em dezembro de 1990, depois publicada nos Cahiers du Brésil Contemporain (Paris: Centre d’Études sur le Brésil Contemporain, n. 16, 1990, p. 5-22) e que eu reproduzi fotograficamente na minha brochura de abril, José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro.
Merquior exibe uma produção intelectual verdadeiramente excepcional não apenas no contexto da academia brasileira, mas sobretudo no plano mundial, uma vez que ele é, provavelmente, o único grande intelectual brasileiro que se distinguiu em praticamente todas as academias ilustradas do universo intelectual não só ocidental, mas mundial, ao ter, justamente, feito a ponte entre diversas tradições políticas vigentes e ativas nessas academias. Merquior impressionava pela amplidão das leituras, pelo vasto conhecimento numa grande variedade de domínios do pensamento, a capacidade de articular ideias aparentemente separadas no tempo e no espaço já com o fito de apresentar um novo argumento sobre a temática na qual estava concentrado numa determinada etapa de sua trajetória intelectual. Roberto Campos, que foi seu chefe em Londres, sempre soube de sua gigantesca propensão a ver claro, na aparente aridez de obscuros conceitos filosóficos, a ver longe, no “tempo histórico” como ele dizia, e a sintetizar propostas diversas, de autores pertencentes a escolas diferentes, numa nova interpretação criativa sobre o assunto de que se ocupava num trabalho específico. Campos confirmou tal capacidade, ao prefaciar o seu último livro, do qual pode-se ainda destacar estes trechos:
[O] impressionante em José Guilherme não era a absorção de leituras. Era o metabolismo de ideias. Não se resignava ele a ser um mero ‘espectador engajado’ como, com exagerada modéstia, se descrevia seu mestre francês [Raymond Aron]. Era um ativista. Por isso passou da ‘convicção liberal’ à ‘pregação liberal’.
Empenhou-se nos últimos tempos na dupla tarefa – a iluminação do liberalismo, pela busca de suas raízes filosóficas, e a desmistificação do socialismo, pela denúncia de seu fracasso histórico. Isso o levou várias vezes a esgrimas intelectuais com as esquerdas brasileiras, exercício em que sua avassalante superioridade provocava nos contendores a mais dolorífica das feridas – a ferida do orgulho.
“Merquior não passou da polêmica de ideias ao ativismo político, circunscrito que estava por suas funções diplomáticas.” (in: Merquior, O Liberalismo, antigo e moderno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991, p. 12-13)
Compreensivelmente, dada sua condição de diplomata, e servindo durante largo tempo sob o regime militar, ele evitou expor-se mais abertamente no cenário político nacional, mas não hesitava em imiscuir-se nos debates do momento nos meios acadêmicos. Assim, com seu jeito provocador, ele nunca se cansou de espicaçar os pretensos intelectuais de academia, tanto brasileiros quanto estrangeiros, em especial os franceses, especialistas em criar modismos intelectuais irrelevantes, mas de grande sucesso nas confrarias e nas tribos especializadas em temáticas obscuras e ritos de iniciação tão bizarros quanto totalmente desprovidos da lógica mais elementar e da necessária correspondência com os fatos.
A sua luta obsessiva contra o irracionalismo na cultura contemporânea, assim como sua busca infatigável pelo predomínio absoluto da razão no trabalho intelectual marcaram toda a sua trajetória de vida. Se tivesse sido alçado a posições mais altas na política nacional, José Guilherme Merquior teria se transformado em um grande construtor da Nação, e não apenas em sua vertente democrática e social, mas sim no plano essencialmente cultural.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de dezembro de 2021
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