Morte de Vamireh Chacon
Crônica de Marcos Vasconcelos Filho
Tribuna Independente, 5/10/2023
Crônica-ensaio estampada hoje na »Tribuna independente« (Maceió, ano [17], n. 4.475, quinta-feira, 5 out. 2023, Opinião, p. 6) sob o fim de assinalar o desaparecimento material do meu amigo e colega de Academia Pernambucana de Letras (APE) e de Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) Vamireh Chacon [1934-2023].
Eis alguns recortes do texto:
»Morto Vamireh Chacon [...], perde o Brasil um cientista. E dos incomuns. Perco eu um raro amigo, pois companheiro do intelecto.
Na tarde chuvosa de inverno, passo a recordá-lo. [...] Para muitos, a carranca não permitia de logo entrever-lhe o coração. [...] Preservo com carinho a nossa correspondência: roteiro confessional ao jeito do “Contributo alla critica di me stesso” (1918), de Benedetto Croce. Num futuro próximo auxiliarão tais cartas o campo da epistolografia? [...]
Torno aos seus livros: um arco teórico que muito justamente mereceu, perto dum decênio atrás, o Prêmio Machado de Assis, cume dos lauréis da Academia Brasileira de Letras. “História das idéias sociológicas no Brasil” (1977), “História das idéias socialistas no Brasil” (1981), “Abreu e Lima: general de Bolívar” (1983), “Gilberto Freyre: uma biografia intelectual” (1993) e “Formação das ciências sociais no Brasil: da Escola do Recife ao Código Civil” (2008) são-me a pentalogia dos títulos chaconianos de predileção, nos quais alia o autor ao treino da síntese (tão germanófila) a veia crítica do ensaísmo (remontante à tradição historicista e herdeira de Kant, Hegel, das escolas de Baden e Freiburg, bem assim dos frankfurtianos).
“Prezado Marcos: [...] não sou nem nunca fui marxista e sim culturalista na linha não só de Max Weber, também de Werner Sombart e de Theodor W. Adorno, mais do que de Max Horkheimer e Jürgen Habermas, os quais também traduzi ao português no Brasil”, autodefiniu-se a mim, via e-mail, em julho de 2020«.
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