domingo, 31 de março de 2024

Ernesto Geisel, o general prussiano que estatizou o Brasil, retificou a política externa e começou a abertura política em plena ditadura

 Recebido de Ricardo Bergamini: 

1 - Geisel reatou as relações diplomáticas com os comunistas chineses. Hoje nosso maior parceiro comercial, 

 

A política externa do período foi marcada pela busca de novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro. Tendo isso em mente, o governo Geisel deixou de lado a concepção ideológica de bipolaridade que ainda era forte no momento – devido à Guerra Fria – e optou por uma aproximação com a Ásia e a África. O Brasil reatou as relações diplomáticas com a China, rompidas desde a ocorrência da Revolução Chinesa, em 1949, e estabeleceu novas relações com os Emirados Árabes e o Bahrein. Além disso, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português estabelecido após a Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. O governo também reconheceu os direitos do povo da Palestina e pediu a Israel que retirasse suas tropas dos territórios árabes ocupados desde 1967.

 

2 – Assinaturas dos acordos nucleares entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Hoje, ambos, fundamentais para o Brasil.

 

Ernesto Geisel defendia um Estado política e economicamente forte. A política econômica de seu governo, definida no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apontava para o investimento no setor energético, ao mesmo tempo em que considerava primordial o desenvolvimento de indústrias de base, como forma de preparar a economia brasileira para os impactos do choque do petróleo, ocorrido em 1973. Teve destaque na área econômica, também, a assinatura do acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A economia do período Geisel teve média de crescimento de 5,5% ao ano; no entanto, a inflação saltou de 16% para 45% e a dívida externa subiu de US$ 6 bilhões, no início do governo, para US$ 45 bilhões, no final do mandato.

 

3- O Brasil não seria democrático sem o poder moral e ético do general Ernesto Geisel.  

 

A preocupação em barrar a tortura, entretanto, não evitou a ocorrência de mortes nos porões militares. As mais emblemáticas foram a do jornalista Vladimir Herzog, que apareceu enforcado no DOI-Codi de São Paulo em outubro de 1975, e a do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo DOI-Codi, em janeiro de 1976. Estas mortes levaram Geisel a demitir o comandante do II Exército e, posteriormente, o próprio ministro do Exército, Sylvio Frota.

Ricardo Bergamini

 

 

Ernesto Geisel, o ‘pai da distensão lenta, gradual e segura’ da ditadura militar

 

Quarto presidente após o golpe de 64, general, que morreu há 20 anos, iniciou processo de abertura política do país. No seu governo, reprimiu linha-dura, mas fechou Congresso

 

Fonte: Acervo O Globo

 

“Morre Geisel, o patrono da distensão". Foi com esse título que O GLOBO noticiou a morte do ex-presidente Ernesto Geisel, em sua edição de 13 de setembro de 1996, ocorrida no Rio na véspera, de insuficiência respiratória, motivada por uma broncopneumonia, quando se tratava de um câncer. Quarto presidente militar a assumir o poder, o general governou entre 1974 e 1979, período no qual iniciou o desmantelamento do regime militar, pavimentando o caminho que levaria o Brasil de volta à democracia.

 

Ernesto Beckmann Geisel, caçula de cinco filhos, nasceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em 3 de agosto de 1907. Seguindo os passos de dois de seus irmãos, Henrique e Orlando – que se tornou ministro do Exército no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) –, o menino Ernesto ingressou cedo na vida militar. Em 1921, entrou no Colégio Militar de Porto Alegre, onde terminou os estudos como melhor aluno da turma. Ocupando o posto de primeiro-tenente, participou da Revolução de 1930, movimento que depôs o presidente Washington Luís e alçou Getúlio Vargas ao poder. Geisel também teve participação decisiva em outros dois movimentos militares na década de 1930: combateu a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, ainda como tenente, e, em 1935, já como capitão, reprimiu o levante comunista na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos, no Rio, dentro do movimento conhecido como Intentona Comunista.

 

A partir daí, Geisel ampliou cada vez mais sua participação na política. Foi chefe da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional entre 1946 e 1947, no governo de Eurico Gaspar Dutra, e subchefe do Gabinete Militar, no governo de João Café Filho, em 1955, o vice que assumiu após o suicídio de Vargas. Desempenhou, também, a função de adido militar no Uruguai entre 1947 e 1950. No governo Jânio Quadros, foi nomeado oficial de gabinete do ministro da Guerra e chefiou o Comando Militar de Brasília. Em meio à crise política gerada pela renúncia do presidente, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar do então presidente interino, Ranieri Mazzili. Nesse contexto, atuou como uma espécie de negociador entre os militares – que tentavam a todo custo impedir a posse do vice-presidente João Goulart – e os setores civis da política brasileira, que defendiam a posse. A solução encontrada para garantir a posse de Jango foi a adoção do parlamentarismo. Diante da expressa insatisfação de João Goulart, Geisel dirigiu-se ao presidente e, como publicado no GLOBO de 13 de setembro de 1996, lhe disse:

 

- Presidente, tenha certeza de que tivemos imensas dificuldades aqui em Brasília para Vossa Excelência assumir. E nós esperamos que conduza o governo de modo a que se pacifique a nação.

 

A História, porém, tomou outros rumos. Após a antecipação, de 1965 para 1963, do plebiscito sobre o regime do país, o povo escolheu o presidencialismo e teve início uma grave crise institucional, que culminou com o golpe que depôs João Goulart, comandado pelos militares e com o apoio de líderes civis. Com a instauração do regime autoritário, Geisel ajudou a articular, junto ao alto comando militar, o nome do marechal Humberto Castelo Branco para a Presidência. Com a posse deste, em 15 de abril de 1964, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar e percorreu a Região Nordeste, a fim de averiguar denúncias de tortura, prática que sempre rechaçou. Na verdade, ele se opunha não só à tortura, como também ao excessivo endurecimento do regime e a consequente ascensão ao poder dos setores mais radicais do Exército, a chamada linha-dura. Isso porque o general acreditava que a repressão corrompia a hierarquia militar, a censura protegia ladrões, e a existência de poderes absolutos, em vez de fortalecer o presidente, na verdade, o enfraquecia.

 

Essa postura de Ernesto Geisel era vista pela linha-dura como uma ameaça à própria existência do regime. Retirá-lo da alta cúpula do governo passou, então, a ser algo necessário e urgente. Dessa forma, a ascensão dos militares conservadores ao poder ocasionou uma espécie de ostracismo político para Geisel, que foi mantido longe das funções de confiança do governo militar entre 1967 e 1973, nos mandatos de Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Nesse período, foi ministro do Superior Tribunal Militar (1967-1969) e presidente da Petrobras (1969-1973).

 

Em 15 de março de 1974, Geisel toma posse na Presidência da República, após ser eleito pelo colégio eleitoral, em janeiro do mesmo ano. Em 29 de agosto, durante entrevista coletiva, anunciou o projeto político que seria a marca de seu governo: a distensão lenta, segura e gradual do regime militar, o que significaria maior oportunidade para o diálogo com a oposição e a sociedade civil. A edição do GLOBO de 30 de agosto de 1974 trouxe a íntegra do discurso, no qual o presidente afirmou que o processo de abertura ocorreria dentro da ordem vigente:

 

- Prosseguirá o Governo na missão que lhe cabe de promover para toda a nação o máximo de desenvolvimento possível com o mínimo de segurança indispensável. E deseja, mesmo, empenhando-se o mais possível para isso, que esta exigência de segurança venha gradativamente a reduzir-se. Erram os que pensam que podem apressar este processo pelo jogo de pressões manipuladas sobre a opinião pública (…). Tais pressões só servem para provocar contrapressões (…) invertendo-se o processo de lenta, gradativa e segura distensão, desejado pelo Executivo.

 

Ernesto Geisel defendia um Estado política e economicamente forte. A política econômica de seu governo, definida no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apontava para o investimento no setor energético, ao mesmo tempo em que considerava primordial o desenvolvimento de indústrias de base, como forma de preparar a economia brasileira para os impactos do choque do petróleo, ocorrido em 1973. Teve destaque na área econômica, também, a assinatura do acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A economia do período Geisel teve média de crescimento de 5,5% ao ano; no entanto, a inflação saltou de 16% para 45% e a dívida externa subiu de US$ 6 bilhões, no início do governo, para US$ 45 bilhões, no final do mandato.

 

A política externa do período foi marcada pela busca de novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro. Tendo isso em mente, o governo Geisel deixou de lado a concepção ideológica de bipolaridade que ainda era forte no momento – devido à Guerra Fria – e optou por uma aproximação com a Ásia e a África. O Brasil reatou as relações diplomáticas com a China, rompidas desde a ocorrência da Revolução Chinesa, em 1949, e estabeleceu novas relações com os Emirados Árabes e o Bahrein. Além disso, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português estabelecido após a Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. O governo também reconheceu os direitos do povo da Palestina e pediu a Israel que retirasse suas tropas dos territórios árabes ocupados desde 1967.

 

A maior marca do governo, no entanto, está na política interna adotada, no intuito de garantir a distensão do regime militar. Ernesto Geisel não queria a prática de atos de tortura em seu governo. Quando assumiu o poder, tratou de emitir comunicados aos comandantes de Exército para que enquadrassem os chefes dos DOI-Codi, a fim de evitar a ocorrência de torturas. O tema, inclusive, apareceu em várias comunicações entre o presidente e o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Figueiredo. Em um desses diálogos, publicado no GLOBO em 13 de setembro de 1996, Geisel afirma não concordar com as prisões e perguntava a Figueiredo, que viria a ser seu sucessor na Presidência:

 

- Não será o caso de fazer um honesto exame crítico, rever o que está errado e imaginar novos e melhores procedimentos?

 

A preocupação em barrar a tortura, entretanto, não evitou a ocorrência de mortes nos porões militares. As mais emblemáticas foram a do jornalista Vladimir Herzog, que apareceu enforcado no DOI-Codi de São Paulo em outubro de 1975, e a do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo DOI-Codi, em janeiro de 1976. Estas mortes levaram Geisel a demitir o comandante do II Exército e, posteriormente, o próprio ministro do Exército, Sylvio Frota.

 

Se, por um lado, Ernesto Geisel parecia empenhar-se pelo fim das torturas e pelo desmonte da máquina repressora do Estado – através da Emenda Constitucional número 11, de 1978, o presidente aboliu oficialmente a censura, restabeleceu o habeas corpus e revogou todos os atos institucionais em vigor, inclusive o AI-5 – por outro, o general não hesitou em utilizar a máquina da repressão a seu favor, a fim de manter a ordem em seu governo. Tal como um ditador, Geisel cassou 11 mandatos parlamentares, fechou o Congresso por duas semanas (no chamado Pacote de Abril, que também criou os senadores biônicos), censurou 47 filmes, 117 peças de teatro, 840 músicas e diversas reportagens. Também foram registrados 39 desaparecimentos, além de mais de mil casos de tortura.

 

Ernesto Geisel deixou o poder em 1979 e recolheu-se da vida política. O general da abertura era um homem discreto, de hábitos simples, amante da música clássica, apreciador do clima da cidade de Teresópolis, na Serra do Rio, onde mantinha uma casa, e dono de uma inteligência astuta: foi aprovado em primeiro lugar em todos os concursos militares que prestou. A discrição e a quietude, no entanto, escondiam uma imensa dor, a qual Geisel carregaria pela vida toda: a morte do filho Orlando, atropelado por um trem aos 17 anos. A perda fez com que nunca mais tivesse gosto por comemorações, e vê-lo em atos da vida social era uma raridade. Geisel morreu de câncer, aos 89 anos, deixando a viúva Lucy, a filha Amália e seu lugar na história como “o general que matou a ditadura no país”, ou como O GLOBO o definiu, "o pai da distensão lenta, gradual e segura".

Uma brevíssima história do mundo contemporâneo - Paulo Roberto de Almeida

Síntese rápida sobre as fraturas na ordem global

Grandes fraturas na ordem global sempre foram provocadas por potências expansionistas agressivas. Começou com as aventuras napoleônicas, mal resolvidas, mas produziu um intervalo, interrompido depois, nos novos conflitos entre os impérios centrais europeus, cem anos mais tarde. Os EUA começaram a se tornar grandes intervindo pela primeira vez nesse conflito europeu, em 1917. 

Depois, com os militarismos fascistas expansionistas dos anos 1930, os EUA tiveram novamente de intervir, indiretamente em 1939 e diretamente a partir de 1941. 

Uma ordem precária, baseada na força, não no Direito, garantiu uma paz muito relativa por 80 anos. A ameaça volta a se manifestar agora com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: sempre a partir de uma potência agressiva expansionista! 

A história desse novo episódio ainda não está concluída; se for levada a termo, segundo a lógica de quem empreendeu a nova aventura, sua conclusão, desta vez, pode ser definitiva.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 31 de março de 2024.


La Défaite de l’Occident, d’Emmanuel Todd - notas de Paulo Roberto de Almeida


 La Défaite de l’Occident, d’Emmanuel Todd


Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Resenha curta do livro do antropólogo francês.



O título é nada menos do que espetacular e espetaculoso: A Derrota do Ocidente, do conhecido antropólogo, cientista político e historiador francês Emmanuel Todd é feito justamente para surpreender, confrontar e amedrontar os ingênuos ocidentais, que acreditam que a sua dominação sobre o mundo seria eterna. Obviamente que não é; como todos os impérios do passado, o ocidental — que na sua forma aglomerada, cristã-europeia, se estabeleceu nos últimos cinco séculos — também será fragmentado, “destruído”, mais exatamente superado por outras conformações civilizatórias, eventualmente imperiais, ou seja, preeminentes e dominantes sobre boa parte do mundo.

Mas Todd se apressa em já declará-lo derrotado, ou seja, vencido por alguma outra força maior. E qual seria essa força, ou quais seriam essas forças? Aparentemente uma, ou as duas grandes autocracias da atualidade, Rússia e China, na ordem de preeminência que se preferir.

O título é, portanto, assustador e prometedor, no sentido em que a decretação da “derrota” parece inevitável e inexorável. Mas já tinha sido assim com dois de seus livros anteriores, que lhe trouxeram fama, e talvez alguma fortuna: La Chute Finale (1976), sobre o fim do império soviético, e Après l’Empire (2002), sobre o declínio econômico dos Estados Unidos.

Nem um, nem outro acabaram ou desapareceram: o império soviético sobreviveu sob uma forma neoczarista, sem as satrapias da Ásia central ou o controle das repúblicas tuteladas e dominadas da Europa central e oriental, mas aparentemente em boas condições no seu novo formato de uma Federação Russa multinacional. O império americano, por sua vez, prossegue “declinando” muito lentamente, e relativamente a outros centros econômicos emergentes, a própria União Europeia a 27, com um PIB comparável, a China com seu capitalismo leninista, e finalmente a Rússia, grande potência militar, mas demograficamente em declínio e sem uma base econômica vigorosa, a não ser seus recursos naturais.

O Ocidente já foi derrotado? Segundo Todd sim, e ele usa como peça central de seu argumento a “vitória” de Putin em sua guerra de agressão contra a Ucrânia e a intimidação decorrente sobre as potências ocidentais, em especial as da Otan.

Seria isso verdade?

Meu argumento é que não, por uma série de razões que não vou expor neste momento, por razões de espaço e de oportunidade – reservando isso a uma resenha detalhada do livro –, mas que vou resumir na seguinte observação: o tal de Ocidente (que não existe como entidade homogênea e unificada, assim como não existe essa entidade mirifica de acadêmicos e demagogos políticos, chamado de Sul Global) não pode ser derrotado de forma integral e direcionada, pois que ele existe e sobrevive de diversas formas e formatos, alguns econômicos, outros políticos e mais geralmente culturais. 

Não se mata uma cultura, como se liquida um império, o que de resto foi provado pela própria sobrevivência do Império do Meio, ainda que o formato imperial tenha sido substituído há mais de um século por uma República, hoje dominada temporariamente por um partido leninista. Tampouco se liquidou a cultura imperial russa, agora na sua forma neoczarista, depois de 70 anos de um império escravocrata bolchevique, seguido por dez anos de confusões políticas e declínio econômico sob uma democracia de fachada, como já tinha sido o caso dos dez meses pré-putsch bolchevique de 1917.

O assim chamado “Ocidente” – muitas aspas, dado seu caráter multiforme – passa por mudanças, inevitáveis, como aquelas que afligem as duas grandes autocracias concorrentes, e aparentemente “vencedoras” na visão de Todd, mas esse “Ocidente” não está nem derrotado, nem será superado por algum outro império irresistivelmente ascendente (como poderiam ser os competidores russo ou chinês).

Os problemas atuais, políticos, econômicos, ou até culturais ou militares, desse "Ocidente" multiforme, serão acomodados e incorporados em novas formas de expressão de sua "fortaleza" cultural de caráter multinacional, multi religioso e multicultural, como é o destino de toda a humanidade no longo prazo.

No curto e no médio prazo, o "Ocidente" encontrará uma forma de salvar a Ucrânia, ainda que diminuída temporariamente territorialmente, e de incorporá-la em suas instituições mais proeminentes: a UE, no plano econômico e institucional, a OCDE, no plano da interdependência de políticas econômicas, ainda que por vezes contraditórias, e a OTAN, como ferramenta temporária de defesa militar, que se mantém há mais de 70 anos e ainda tem alguma utilidade (que o digam os bálticos, e agora a Finlândia e Suécia).

Todd não é um "putinófilo", como o acusam alguns no "Ocidente"; ele é apenas um provocador inteligente e bem articulado. Ele queria assustar os "ocidentais", épater les bourgeois, diriam os poetas e militantes antigamente, e o conseguiu. Seu livro é muito interessante e vale ser lido com o espírito desprevenido, aceitando algumas coisas, recusando certos exageros – como o do título, por exemplo – e sobretudo levando em consideração certos fatores que não dependem da vontade dos políticos, sejam eles estadistas – faltam muitos no Ocidente atualmente – ou os tiranos de autocracias aparentemente bem-sucedidas (no momento).

Vou fazer uma resenha completa assim que puder e terminar o livro. Já deve ter alguma edição brasileira em andamento, ou alguma inglesa já pronta.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4621, 31 março 2024, 3 p.

O Talibã reintroduz o apedrejamento feminino - Hoje no Mundo Militar

 A comunidade internacional não faz absolutamente nada em favor das mulheres afegãs desprovidas completamente de quaisquer direitos, submetidas a um cruel regime misógino e tirânico que as impede de estudar e trabalhar dignamente. Muito pior que no regime teocrático iraniano, também opressivo para as mulheres.

Os Talibãs, que voltaram a controlar o Afeganistão em 2020, anunciaram que voltarão a apedrejar mulheres em público até a morte por crimes como o adultério. Recentemente o chefe da ONU, @antonioguterres, parabenizou o Afeganistão pela “estabilidade e segurança” alcançadas nos últimos 4 anos, mas ainda não se pronunciou sobre essa medida dos Talibãs.

Os dez maiores bilionários do mundo: um francês e nove americanos

 Meus cumprimentos a todos: aparentemente nenhum deles enriqueceu graças a algum monopólio ou subsídios estatais, ou roubando descaradamente seus consumidores respectivos, ou lavando dinheiro adquirido irregularmente ou ilegalmente. São todos ricaços dentro de economias de mercados livres, majoritariamente privatistas e no contexto de Estados de Direito, ou seja, democracias de mercado.

The 10 richest people in the world in 2024 

1. 🇫🇷 Bernard Arnault: 224 billion 

2. 🇺🇲 Jeff Bezos: 197 billion 

3. 🇺🇲 Elon Musk: 193 billion 

4. 🇺🇲 Mark Zuckerberg: 176 billion 

5. 🇺🇲 Larry Ellison: 155 billion 

6. 🇺🇲 Warren Buffett: 135 billion 

7. 🇺🇲 Bill Gates: 131 billion 

8. 🇺🇲 Larry Page: 125 billion 

9. 🇺🇲 Steve Ballmer: 125 billion 

10. 🇺🇲 Sergey Brin: 120 billion


A Igreja Ortodoxa Russa declarou “guerra santa” em favor de uma “Santa Rússia” expansionista (Institute for the Study of War)

A Igreja Ortodoxa Russa declarou “guerra santa” em favor de uma “Santa Rússia” expansionista 

Institute for the Study of War

March 30, 2024

Um documento e uma postura absolutamente inacreditáveis: uma espécie de “Mein Kampf” para o novo “Mundo Russo” do século XXI. A IOR se alinha assim com os defensores de uma Jihad (guerra santa) contra os inimigos da verdadeira religião e do único deus existente. A Igreja Ortodoxa Russa se manifesta contra os inimigos da religião e do único deus existente. Ela está inteiramente, integralmente, devotadamente, “piamente”, a serviço do projeto expansionista militarista de Putin. 

Documento, propostas e incitação à guerra de conquista ao estilo Putin precisam ser denunciadas aos olhos do mundo. Tanto o Vaticano, quanto as conferências protestantes e os clérigos muçulmanos ao redor do mundo precisariam urgentemente tomar posição sobre os absurdos proclamados no documento da IOR, comentado pelo ISW.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 31 de março de 2024


https://www.understandingwar.org/backgrounder/russian-orthodox-church-declares-“holy-war”-against-ukraine-and-articulates-tenets


THE RUSSIAN ORTHODOX CHURCH DECLARES “HOLY WAR” AGAINST UKRAINE AND ARTICULATES TENETS OF RUSSIA’S EMERGING OFFICIAL NATIONALIST IDEOLOGY 





Riley Bailey, Christina Harward, Angelica Evans, and George Barros

March 30, 2024

The Russian Orthodox Church Moscow Patriarchate (ROC MP), a Kremlin-controlled organization and a known tool within the Russian hybrid warfare toolkit, held the World Russian People’s Council in Moscow on March 27 and 28 and approved an ideological and policy document tying several Kremlin ideological narratives together in an apparent effort to form a wider nationalist ideology around the war in Ukraine and Russia’s expansionist future.[1] ROC MP Head Patriarch Kirill, reportedly himself a former Soviet Committee for State Security (KGB) officer and a known staunch supporter of Russian President Vladimir Putin, chaired the congress of the World Russian People's Council that approved the document, and Kirill likely coordinated the document’s ideological narrative and policy recommendations with the Kremlin.[2] The document, "The Present and Future of the Russian World,” addresses Russian legislative and executive authorities with specific calls to amend Russian policy documents and laws. These calls are likely either an attempt to socialize desired Kremlin policies among Russians before their implementation or to test public reactions to policies that Kremlin officials are currently considering. Putin and Kremlin officials have gradually attempted to elaborate on amorphous ideological narratives about the war in Ukraine and their envisioned geopolitical confrontation with the West since the start of the full-scale invasion, and the ROC MP appears to be offering a more coherent ideological framework for Russians.[3] The ROC MP released the document a week after the Crocus City Hall terrorist attack and roughly a month before the start of the Orthodox Easter Holy Week, and likely aims to seize on heightened anxieties following the terrorist attack and increased Russian Orthodoxy observance to garner support for its desired ultranationalist policies and ideological vision.

The ROC MP intensified Kremlin rhetoric about Russia’s war in Ukraine and cast it as an existential and civilizational “holy war,” a significant inflection for Russian authorities who have so far carefully avoided officially framing Russia’s invasion of Ukraine as any kind of “war.” The ROC MP called Putin’s “special military operation” a holy war (Svyashennaya Voyna) and a new stage in the Russian people’s struggle for “national liberation...in southwestern Russia,” referencing eastern and southeastern Ukraine.[4] The ROC MP claimed that the Russian people are defending their lives, freedom, and statehood; their civilizational, religious, national, and cultural identity; and their right to live within the borders of a single Russian state by waging Putin’s war of conquest in Ukraine. The ROC MP argued that the war in Ukraine is a holy war because Russia is defending “Holy Russia” and the world from the onslaught of globalism and the victory of the West, which has fallen into Satanism. The ROC MP asserted that the war in Ukraine will conclude with Russia seizing exclusive influence over the entire territory of modern Ukraine and the exclusion of any Ukrainian government that the Kremlin determines to be hostile to Russia. The ROC MP’s description of Russian goals is in line with repeated Kremlin statements indicating that Putin retains his objective to destroy Ukrainian sovereignty and statehood.[5] The ROC MP’s use and description of the holy war in Ukraine is also consistent with Kremlin efforts to frame the war as an existential national struggle against Ukraine and the collective West but notably expands the alleged threats that defeat in Ukraine poses for Russians.[6] The term “holy war” may also conjure allusions to the Great Patriotic War (the Second World War), as the Soviet Union’s unofficial war anthem shared the same name, and the Kremlin has routinely invoked the mythos of the Great Patriotic War to generate domestic support for the war in Ukraine.[7] The Kremlin has continued to stress that the war in Ukraine is a “special military operation,” however, and the ROC MP’s direct acknowledgment of the conflict as a holy war may elicit support from Russians who have found the Kremlin’s comparatively restrained rhetoric uninspiring. The ROC MP did not define the holy war as a purely Orthodox concept and instead tied it to the Kremlin’s purposefully broad conception of who is a part of the Russian nation and Russkiy Mir (Russian World).[8] Ukrainian victory does not pose these existential threats, however, as Ukraine’s struggle to restore its territorial integrity, return its people, and defend its national identity does not infringe on Russian identity, statehood, or territorial integrity.

The ROC MP called for the codification of elements of the Russkiy Mir and may be gauging public support for the formal inclusion of ethnic Ukrainians and Belarusians in the Kremlin’s concept of the Russian nation. The ROC MP stated that Russia is the “creator, support, and defender” of the Russkiy Mir and that the Russkiy Mir is a “spiritual, cultural, and civilizational phenomenon” that transcends the borders of the Russian Federation and historical Russian lands and encompasses everyone that values Russian traditions and culture.[9] The ROC MP claimed the Russkiy Mir’s mission is to destroy and prevent efforts to establish “universal hegemony in the world” and that the reunification of the “Russian nation” should be one of the priorities of Russian foreign policy. The ROC MP stated that Russia should return to the “trinity doctrine” of the Russian nation, which falsely asserts that the “Russian nation” is comprised of sub-groups of ethnic Russians, Belarusians, and Ukrainians whom Russia should reunify. The ROC MP called on Russia to codify the “trinity doctrine” in law, make it an “integral part” of the Russian legal system, include it in the “normative list” of Russian spiritual and moral values, and give the concept legal protection. Putin and other Kremlin officials have consistently invoked similar claims about the “Russian people” and Russkiy Mir since before the full-scale Russian invasion of Ukraine as a means to justify Russian aggression against Ukraine while undermining Ukraine’s sovereignty and territorial integrity and denying the existence of a Ukrainian ethnic identity.[10] The ROC MP may be gauging the response to the idea of codifying the “trinity doctrine” on the Kremlin’s orders. The Kremlin may codify this doctrine as official Russian policy.

The ROC MP heavily emphasized Russia’s need for traditional family values and an updated migration policy to counter Russia’s ongoing demographic crisis. The ROC MP labeled Russia’s demographic crisis as Russia’s main existential threat and characterized steady demographic growth as a critical national security priority. The ROC MP asserted that Russia should aim to grow its population to 600 million people (a roughly 450 million increase) in the next 100 years and laid out a series of measures that it envisions would allow Russia to achieve this monumental task. The ROC MP called for the revival of the “traditional large family” and traditional family values in Russia – echoing Russian President Vladimir Putin’s emphasis on 2024 as the “Year of the Family” in recent major national addresses.[11] The ROC MP claimed that the Russian government should recognize the family and its well-being as Russia’s ”main national development goal” and a “strategic national priority” and should amend Russia’s main strategic planning documents to reflect this.[12] The ROC MP called on Russian popular culture to create a “cult of the family” in society and suggested various economic benefits the state should enact to encourage larger families. The ROC MP claimed that a new state migration policy is also key to an “effective” demographic policy. The ROC MP complained that migrants who do not speak Russian, do not understand Russian history and culture, and cannot integrate into Russian society are “deforming” Russia’s unified legal, cultural, and linguistic space. The ROC MP alleged that the “uncontrolled” influx of migrant labor decreases the “indigenous” population’s wages and access to jobs and that “closed ethnic enclaves” are “breeding grounds” for corruption, organized crime, extremism, and terrorism. The ROC MP offered a series of policy recommendations that Russia should prioritize in a new migration policy, including “significant” restrictions on low-skilled foreign laborers, guarantees of employment and high incomes for Russian citizens, protections of the rights and interests of ethnic Russians, and other indigenous peoples of Russia, the mass repatriation of "compatriots” to Russia, and the relocation of highly-skilled foreign specialists who are loyal to Russia and ready to integrate into Russian society.

The ROC MP’s demographic and migration policy suggestions continue to highlight how the Kremlin struggles with inconsistent and contradictory policies concerning migrants and the interests of its ultranationalist population. Select Russian officials and ultranationalist voices have recently called for Russia to enact anti-migrant policies following the Crocus City Hall terrorist attack, but ISW continues to assess that Russia is unlikely to introduce any restrictions that would reduce the number of migrants in Russia given that Russia continues to heavily rely on migrants to offset domestic labor shortages and for force generation efforts.[13] Putin asserted in December 2023 that Russia’s “compatriots abroad” are those who have historical, cultural, or linguistic ties to Russia, and the ROC MP appears to suggest that the repatriation of such “compatriots” to Russia could be a large resource Russia could tap into to solve its demographic crisis.[14] Some of the ROC MP’s other policy recommendations, however, contradictorily seek to restrict some of the very migrants that would fall under Putin’s definition of “compatriots abroad.” The ROC MP’s approach to the Russkiy Mir appears to be at odds with Putin’s previous definition of Russkiy Mir which posits a diverse and inclusive Russian civic nationalism.[15]

The ROC MP appears to be combining previously parallel Kremlin narrative efforts into a relatively cohesive ideology focusing on national identity and demographic resurgence that promises Russians a period of national rejuvenation in exchange for social and civic duties. The ROC MP highlighted that “the restoration of the unity of the Russian people” through the war in Ukraine is a key condition for Russia’s survival and successful development throughout the 21st century. This call for restoration amounts to the full-scale destruction of the Ukrainian nation and its envelopment into Russia. The ROC MP aims to also envelop ethnic Belarusians into the Russian nation through its conception of the “trinity doctrine” while also massively repatriating other “compatriots” abroad. The ROC MP’s calls for Russians to assume the responsibility for steadily increasing birth rates and averting demographic catastrophe similarly promises Russians that Russian sovereignty and identity will persist in the 21st century. These efforts to expand Russia’s control over those it considers to be a part of the Russkiy Mir, whether through mass repatriation or forceful means like Russia’s war of conquest in Ukraine, serve the same purpose as the calls for Russians to increase birth rates — increasing Russia’s overall population with people that ultranationalists consider to be “Russian.” The ROC MP argued that the establishment of a stable and sovereign Russkiy Mir under the Russian state will lead to economic opportunity and Russia’s role as one of the leading centers of a multipolar world order. The ROC MP stated that the typical embodiment of the Russkiy Mir after the promised national rejuvenation would be a Russian family with three or more children and their own single-family home, offering ordinary Russians future socioeconomic benefits in exchange for sacrifices made now in backing the ROC MP’s suggested ultranationalist ideology and achieving Russia’s “unification” with Ukraine and Belarus. The ROC MP’s suggested ideology explicitly ties Russian national security to the preservation of an imagined and disputed Russian nation and Russian demographic growth, offering the Kremlin expanded justifications for acts of aggression against neighboring countries and the West in the name of protecting the overall size and growth of the imagined Russkiy Mir. The Kremlin may choose not to fully align itself publicly with the ultranationalist ideology that the ROC MP has proposed at this time but will highly likely borrow from and leverage it to generate support for the war effort in Ukraine and any future acts of aggression against Russia’s neighbors and the West.

1] http://www.patriarchia dot ru/db/text/6116189.html

[2] https://www.tdg dot ch/pretre-espion-propagandiste-la-vie-secrete-du-chef-de-leglise-russe-en-suisse-766374038310 ; https://www.rts dot ch/info/suisse/13758343-le-patriarche-orthodoxe-russe-kirill-a-espionne-la-suisse-pour-le-kgb-dans-les-annees-70.html

[3] https://isw.pub/UkrWar021524 ; https://isw.pub/UkrWar013024

[4] http://www.patriarchia dot ru/db/text/6116189.html

[5] https://isw.pub/UkrWar022424

[6] https://isw.pub/UkrWar032624 ; https://isw.pub/UkrWar020724 ; https:...

[7] https://isw.pub/UkrWar020224 ; https://isw.pub/UkrWar012724

[8] https://isw.pub/UkrWar032824 ; https://isw.pub/UkrWar030424 ;https://isw.pub/UkrWar021924

[9] http://www.patriarchia dot ru/db/text/6116189.html

[10] http://en dot kremlin.ru/events/president/news/66181 ; https://isw.pub/UkrWar121923 ; https://isw.pub/UkrWar121323 ; https:...

[11] http://www.patriarchia dot ru/db/text/6116189.html ; https://isw.pub/UkrWar022924; https://isw.pub/UkrWar123123 ;https://isw.pub/UkrWar012324

[12] http://www.patriarchia dot ru/db/text/6116189.html

[13] https://isw.pub/UkrWar032824 ; https://isw.pub/UkrWar032724 ; https:...https://isw.pub/UkrWar032324

[14] https://www.understandingwar.org/ukraine-conflicts-updates-2023

[15] https://isw.pub/UkrWar112823

THE INSTITUTE FOR THE STUDY OF WAR

1400 16th Street NW, Suite 515 Washington, DC 20036
ph (202) 293-5550
©2007 – 2024 


Relatório da situação militar na guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, fo lado ucraniano

Commander-in-Chief Oleksandr Syrskyi published an interview with Ukrinform, some theses:  

- Just in February-March of this year (as of March 26), the enemy lost more than 570 tanks, about 1,430 armored combat vehicles, almost 1,680 artillery systems and 64 air defense systems.  - Enemy activity in the air was also reduced thanks to the skill of our air defense units. In just 10 days in February, they shot down 13 enemy aircraft, including two strategically important A50 surveillance and control aircraft. We hope to receive from our partners more air defense systems and, most importantly, missiles for them.  

- Valery Fedorovich Zaluzhnyi and I worked side by side during the most difficult times since the beginning of the Russian full-scale invasion, and even before. We worked as one team. I wish him success in his new and very responsible position.  

- I can confirm that the composition of the General Staff and other military command and control bodies will be updated with combat officers with extensive practical experience in combat operations, which they acquired on the fields of this war.  

- Today the process of rotation of military units on the front line has already been launched, which allows us to fully restore the combat effectiveness of not only equipment, but above all to ensure the rest and recovery of our military personnel. To ensure this process we need people. That is why I would like every person of military age in Ukraine to realize that it depends on his will and actions for Ukraine to survive.  

- Ukrainians continue to defend their country, in particular when returning from abroad. We have a lot of volunteers, and this is not an exaggeration. I am not saying that there are no problems, but I emphasize that we are doing everything to solve them.  

- We are currently reviewing the strength of certain units not participating in combat operations based on an audit of their activities. This allowed us to release thousands of troops and send them to combat units.  

- We withdrew our forces from Avdiivka because the enemy had a significant advantage in the forces and means of assault units. Due to constant bombardment by guided aerial bombs, the integrity of our defenses was compromised, which allowed the enemy to gradually advance forward. The insufficient amount of ammunition for our artillery also played a negative role. This did not allow effective counter-battery warfare under such conditions. To avoid encirclement and save people’s lives, I decided to leave Avdiivka.  

- We cannot ignore any information about the enemy's preparation for offensive actions, so we are taking all measures to adequately respond to such a possibility. Today we are carrying out a large complex of works on fortification equipment of territories and positions.  We already have experience in combat operations in the Kharkiv region, we managed to “calculate” the enemy and liberate a significant part of the Kharkiv region. At this time, a large-scale collapse of the Russian front occurred. If the Russians go there again, Kharkiv will become a fatal city for them.  

- We are very grateful to our Western allies, NATO countries, the European Union and other partners for their support. Without such support, without the supply of weapons, ammunition, air defense systems, and heavy equipment, it would be much more difficult for us to fight an insidious and powerful enemy. The latest case is Avdeevka. We would, of course, maintain these positions if we had a sufficient number, first of all, of air defense systems and artillery shells. This is not a complaint, but a statement of fact.  

- We can mention the rearmament of artillery units with the domestic 155-mm Bogdan cannon, while simultaneously equipping it with an automatic fire guidance system. Soon, we can expect that some samples of Western howitzers and domestic rifled mortars will be produced in Ukraine. Another good example is the restoration and overhaul of American-made M777 howitzers. We have established production of some of these parts here in Ukraine. In particular, when restoring each unit of this howitzer, 40 percent of the parts and spare parts manufactured for the needs of the Armed Forces of Ukraine at domestic enterprises are used.


Read in full: ukrinform.ua/rubric-ato/384…

Cuba, hoje, é uma imensa favela, um Estado falido - BBC

Cuba entra na categoria do que a Ciência Política chama de "Estados Falidos". A BBC documenta que Cuba, hoje, é uma imensa favela 

 

Qual a gravidade da crise vivida por Cuba e como ela se compara ao período após colapso da URSS

Pessoas sentadas em mureta em uma rua sem iluminação no centro de Havana

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Os apagões se tornaram algo constante em Cuba

  • Author,Ángel Bermúdez
  • BBC News Mundo
  • 30 março 2024

Para muitos cubanos, é como um déjà vu de uma experiência bastante traumática.

A ilha vive uma recessão econômica há vários anos que afeta a produção de alimentos, a disponibilidade de medicamentos, e é acompanhada por uma inflação na casa dos três dígitos.

O peso cubano está em constante desvalorização. Há apagões. A economia não tem um aliado internacional que permita um alívio financeiro. Há também protestos sociais e emigração em massa.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, reconheceu em sua conta no X (antigo Twitter) que “várias pessoas manifestaram insatisfação com a situação do serviço de energia elétrica e de distribuição de alimentos”, mas acusou os inimigos da Revolução de tentarem se aproveitar deste contexto para fins desestabilizadores.

“Em meio a um bloqueio que pretende nos sufocar, continuaremos trabalhando em paz para sair desta situação”, acrescentou Díaz-Canel.

 

Segundo Pavel Vidal, professor de economia da Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia, a situação que a ilha atravessa hoje tem algumas semelhanças com os primeiros anos da década de 1990, logo após o colapso da União Soviética, que deixou Cuba sem o seu principal apoio político e econômico no exterior.

No chamado Período Especial, os cubanos viveram aquele que foi provavelmente o momento econômico mais difícil desde o triunfo da Revolução em 1959.

O jornalista Pascal Fletcher, que foi correspondente em Havana naquela época, e atualmente é analista da BBC Monitoring, relembra algumas das mudanças mais visíveis que aconteceram naquele período.

“Naquela crise econômica que o então líder cubano Fidel Castro chamou eufemisticamente de 'Período Especial em Tempos de Paz', os automóveis desapareceram das ruas e estradas da ilha, os carros de boi substituíram os tratores no campo, e os cubanos cultivaram hortas em seus quintais e telhados em um exercício 'revolucionário' de austeridade e resiliência para compensar a súbita escassez de suprimentos vitais”, explica.

Mas como estas duas crises se comparam?

Cubanos pescando no Malecón

CRÉDITO,EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK

Legenda da foto,

No Período Especial, o PIB caiu cerca de 35%

 

Pavel Vidal afirma que do ponto de vista macroeconômico, há alguns indicadores que caíram mais durante o Período Especial, enquanto outros são semelhantes.

Ele destaca, por exemplo, que há 30 anos o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 35%, mas agora não retraiu tanto, visto que caiu 11% durante a pandemia de covid-19, mas depois se recuperou um pouco.

A inflação, por outro lado, é semelhante entre os dois períodos.

Já o déficit fiscal chegou a 30% naquela época e, desta vez, não subiu tanto, mas manteve-se elevado por mais tempo.

“Acho que são crises muito parecidas. Também não posso dizer que está pior, porque acredito que a economia está mais diversificada agora: há mais opções que não estavam abertas no Período Especial, quando não havia remessas, não havia turismo, e a economia estava completamente estatizada", observa.

Pobreza 'alarmante'

O especialista acredita que na situação atual, os setores da sociedade cubana que recebem remessas ou estão ligados ao setor privado emergente podem estar lidando com a crise de uma maneira melhor do que outros grupos.

“Os pensionistas e funcionários do Estado que dependem de uma renda fixa em pesos cubanos que não foi reajustada pela inflação... não há dados oficiais, mas acredito que os números da pobreza são alarmantes. Principalmente no que se refere aos aposentados, cuja situação é agravada pelo envelhecimento da população. Aí existe uma situação muito complicada”, afirma.

Rapaz passando por carro antigo azul em Havana, com prédio em ruínas ao fundo

CRÉDITO,EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK

Legenda da foto,

Pela primeira vez, o governo pediu ajuda oficialmente ao Programa Mundial de Alimentos da ONU

 

Estas desigualdades entre os diferentes setores da sociedade cubana são uma das razões pelas quais alguns economistas consideram que a situação atual é mais dura do que a vivida na década de 1990.

O economista Ricardo Torres, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University, nos EUA, argumenta que embora sob a perspectiva do PIB, a crise atual possa parecer “mais branda” do que a do Período Especial, é preciso levar em consideração alguns aspectos qualitativos “para compreender o fardo sobre as pessoas, e como a crise pode ser sentida”.

Deterioração contínua

Torres destaca, por exemplo, que o Período Especial foi precedido por uma fase de crescimento econômico, enquanto a atual conjuntura se dá “após quase 30 anos de crise permanente”.

“Nos anos 1990, o país apresentava um certo bem-estar que tinha sido alcançado na década de 1980, tanto em termos de consumo quanto em termos de qualidade e profundidade dos serviços sociais, de educação, de saúde, com conquistas esportivas a nível mundial. E tudo isso em uma sociedade muito mais igualitária em termos de rendimentos do que a que existe agora. Não quer dizer que não havia problemas, mas era definitivamente muito mais igualitária em termos de rendimentos”, aponta.

Isso indica que embora a partir de 1994 o PIB tenha começado a crescer novamente, houve muitas áreas da economia, da sociedade e de da população que nunca recuperaram o padrão de vida e os níveis de atividade da década de 1980.

As diferenças entre estes dois pontos de partida iniciais marcam também, na opinião dele, a capacidade do país para superar esta crise.

Pessoas passando no centro de Havana em meio a carros

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

O aumento do preço da gasolina tem causado preocupação entre os cubanos

 

“A infraestrutura de Cuba, construída depois de 1959, estava praticamente recém-construída na década de 1990. Pense nas centrais elétricas, nas estradas. Agora essa situação é muito diferente. As centrais elétricas estão há mais de 30 anos em funcionamento, talvez já excedendo os parâmetros para os quais foram concebidas. Muitas estradas, por exemplo, nunca tiveram manutenção nos últimos 30 anos”, afirma.

“Então, a infraestrutura física está em um estado muito mais lamentável agora, mais deteriorada do que nos anos 1990. Talvez a única infraestrutura que esteja relativamente melhor hoje seja a das telecomunicações, já que certamente se expandiu a disponibilidade de celulares e, inclusive, o acesso à internet."

Torres acrescenta que a ilha perdeu capacidade produtiva.

“Há muito menos usinas açucareiras, muito menos indústrias de manufatura, menos agricultura e pecuária, por exemplo. Há mais hotéis e aeroportos, e alguns deles são mais modernos do que os que existiam na década de 1980, mas o equilíbrio em termos de infraestrutura não é favorável”, destaca.

Migração em massa

O especialista afirma que nestas três décadas a ilha perdeu muito capital humano devido à emigração e ao envelhecimento da população.

“Durante o Período Especial, o atendimento hospitalar sofreu, claro, mas nada a ver com a situação que vivemos hoje. O mesmo pode ser dito da educação. Cuba estava com um sistema educacional robusto, com muito capital humano. Isso não é mais verdade. Pelo contrário, tem havido uma emigração em massa de professores bem qualificados que afeta todos os níveis”, diz ele.

Uma mulher com a bandeira cubana em Miami

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Vários cubanos-americanos em Miami apoiaram os manifestantes em Cuba com bandeiras

 

Além disso, ele afirma que a assistência material que as pessoas podem receber do Estado foi reduzida, não só em termos de medicamentos que podem estar disponíveis num hospital, por exemplo, como também de itens básicos que a população recebe por meio da libreta (caderneta de racionamento), sistema criado para controlar a distribuição destes produtos para a população.

“O que foi mantido durante o Período Especial com alguns problemas, agora praticamente não existe mais. Ou seja, os produtos fornecidos por meio da caderneta de racionamento foram reduzidos ao mínimo. Os produtos não chegam aos armazéns. E, às vezes, quando chegam, chegam com meses de atraso”, ressalta.

Na visão de Torres, todos estes problemas são agravados pelo fato de que o aumento da desigualdade torna alguns setores da sociedade muito vulneráveis ​​à crise.

'Uma crise muito pior'

“Embora o governo não divulgue números oficiais a este respeito, sabe-se que os níveis de desigualdade já eram muito altos em 2019. Isso significa que um grupo importante da população chega a esta crise atual com o padrão de vida bastante deteriorado, com carências importantes em termos de moradia, de acesso a serviços sociais. Então, eles chegam com muita desvantagem, e esta crise os atinge duramente. E eles não têm nenhum tipo de recurso ou reserva para enfrentar essa situação”, explica.

Assim como o Período Especial, cujo gatilho foi a queda da União Soviética e do bloco comunista — que levou Cuba a perder a maior parte do seu mercado externo, assim como subsídios importantes —, a crise atual também foi alimentada por fatores externos.

Entre eles, os especialistas citam o colapso da economia da Venezuela — que durante o governo de Hugo Chávez se tornou o principal parceiro comercial de Havana —, a reimposição de sanções pelos EUA durante o governo de Donald Trump, a pandemia de covid-19 e, inclusive, a invasão russa da Ucrânia (que influenciou o aumento dos preços dos fertilizantes e dos alimentos no mundo).

Homem atrás de balcão de mercearia com legumes à mostra

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

A situação geral do abastecimento na ilha costuma ser considerada um assunto sensível — e um segredo estratégico

 

A estes elementos, devemos acrescentar o que os economistas consideram erros nas políticas internas, como a recente “reforma monetária” (uma tentativa fracassada de unificar o câmbio); um conjunto de reformas econômicas parciais e incompletas, como a iniciativa do ex-presidente Raúl Castro de entregar em usufruto as terras improdutivas para os agricultores, destaca Pavel Vidal.

“O usufruto não dá ao agricultor a segurança que ele precisa, porque ele não tem a propriedade da terra. Há milhões de limitações para, por exemplo, erguer construções nessas terras e, além disso, a compra forçada por parte do Estado de uma parte importante da produção a preços ridículos torna a atividade agropecuária financeiramente inviável”, explica.

Agricultor em Cuba

CRÉDITO,GETTY IMAGES

A soma de todos esses elementos faz com que a crise atual seja “muito pior” do que a do Período Especial, segundo Emilio Morales, presidente do Havana Consulting Group e vice-presidente do centro de estudos Cuba Siglo 21.

“É uma crise muito pior, mais profunda. Mais de 30 anos se passaram desde o Período Especial. Aquela foi uma crise mais econômica do que política e social, e para sair dela, o governo teve que fazer alguns ajustes, como permitir o envio de remessas, o investimento estrangeiro e o turismo. Abrir-se de forma muito limitada ao setor privado naquela época. Todas estas medidas existem, estão implementadas há 30 anos, e o país está caindo aos pedaços”, diz ele à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.

Uma crise multissistêmica

“Trinta anos depois, se tornou uma crise multissistêmica. É uma crise política, social, sanitária e econômica. E todos estes fatores juntos geraram esta tempestade que neste momento se vê nesta explosão social que está acontecendo em diferentes locais do país”, acrescenta, fazendo referência aos protestos que ocorreram na ilha no dia 17 de março.

Torres, Vidal e Morales concordam que o problema subjacente é um modelo econômico que “não funciona”.

“A evidência histórica é esmagadora em termos de que esses modelos de economia centralmente planificadas, sobretudo no estilo soviético, não deram resultado em nenhum dos países em que foram adotados. Observe que a própria China e o Vietnã, apesar de ainda terem partidos comunistas no poder, há mais de três décadas reconheceram que este modelo não era funcional, e o abandonaram”, destaca Torres.

Pavel Vidal indica que embora sejam necessárias mudanças estruturais que não são de curto prazo, a ilha passou três décadas fazendo reformas parciais e incompletas — e o governo continua apostando em uma economia centralizada.

Uma libreta, caderneta de racionamento

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

libreta dá acesso a alimentos com preços subsidiados

 

“Continuam dizendo que a empresa estatal socialista é o principal ator da economia cubana, mas é justamente a empresa estatal socialista que não tem conseguido oferecer eletricidade nem alimentos aos cubanos”, afirma.

As autoridades cubanas, por sua vez, culpam as sanções dos EUA pelas dificuldades que a economia cubana atravessa — e acusaram o governo americano e os exilados cubanos em Miami de incitarem os protestos que ocorreram no leste do país.

Na segunda-feira (18/03), o Ministério das Relações Exteriores cubano convocou o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Havana, Benjamin Ziff, para uma reunião, na qual transmitiu o "firme repúdio ao comportamento intervencionista e às mensagens caluniosas do governo dos Estados Unidos e de sua embaixada em Cuba sobre assuntos internos da realidade cubana".

"Também chamou a atenção para a responsabilidade direta do governo dos Estados Unidos sobre a difícil situação econômica que Cuba atravessa atualmente e, especificamente, sobre as carências e dificuldades que a população enfrenta diariamente, com o esgotamento e insuficiência de suprimentos e serviços essenciais, sob o peso e impacto do bloqueio econômico destinado a destruir a capacidade econômica do país", indica o comunicado do ministério cubano.

Não está claro, no entanto, até que ponto o discurso oficial será persuasivo para dissipar o desconforto entre os cubanos.

“A confiança do povo cubano em seus líderes, os sucessores de Fidel, e sua fé na Revolução de 65 anos que a imprensa estatal cubana ainda elogia, estão em seu ponto mais baixo historicamente, a julgar pelas reclamações e demandas dos manifestantes que tomaram as ruas de Santiago de Cuba e de outras cidades e vilarejos do leste do país no dia 17 de março”, diz Pascal Fletcher.

'Fartos e cansados'

Ele explica que junto às demandas por “eletricidade e alimentos”, e os gritos de “liberdade” e “Pátria e Vida” — que se tornaram populares durante uma onda anterior de protestos antigoverno que se espalharam por toda a ilha em julho de 2021 —, muitos manifestantes em Santiago de Cuba também esbravejaram com funcionários do Partido Comunista que tentaram argumentar com eles: “Não queremos mais ladainha”.

“Isso indica claramente que muitos cubanos estão fartos e cansados da propensão do governo de sempre culpar o embargo econômico dos EUA por todos os males do país”, avalia Fletcher.

“Os cubanos clamam por soluções internas e mudanças por parte do seu governo interno, chega de retórica incendiária dirigida ao velho inimigo 'imperialista'", conclui.