Será possível acabarmos com as guerras?
Leia texto do Acadêmico Isaac Roitman,publicado no Monitor Mercantil, publicado em 29/11. Ele é professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, pesquisador emérito do CNPq e membro do Movimento 2002–2030: o Brasil e o Mundo que queremos.
Leia o texto na íntegra, aberto, no Monitor Mercantil
Monitor Mercantil, 29 de novembro de 2024
https://monitormercantil.com.br/sera-possivel-acabarmos-com-as-guerras/
As guerras fazem parte da história da humanidade. A primeira guerra registrada ocorreu por volta de 2525 a.C. A cidade-estado suméria de Lagash travou uma guerra de fronteira contra Umma, também cidade-estado da Suméria. Os historiadores apontam que o conflito envolvia a posse de territórios importantes nas fontes de irrigação. Esse conflito seria a primeira “guerra da água” da história.
Interessante é que, passados mais de 4 mil anos, essa motivação é prevista em futuras guerras. Outra guerra, ocorrida por volta do século 12 a.C., foi a Guerra de Troia, que, na mitologia grega, está presente nas obras de Homero, contando a história das deusas Atena, Afrodite e Hera.
As guerras passaram a ser globais a partir do século 20. A primeira guerra global ocorreu entre 1914 e 1918, quando houve um extraordinário crescimento industrial que provocou uma corrida armamentista, com a produção de uma grande quantidade de armas. A chamada Primeira Guerra Mundial deixou 10 milhões de soldados mortos, cerca de 21 milhões de feridos e mais de 6 milhões de civis mortos. No final dessa guerra, foi criada a Liga das Nações.
Entre 1939 e 1945 ocorreu a Segunda Guerra Mundial, o maior conflito militar, marcado pela destruição sem precedentes na história da humanidade. Estima-se que o custo total dessa guerra tenha chegado a US$ 1,385 trilhão. Resultou também nas perdas humanas causadas pelo conflito: 45 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e 3 milhões de desaparecidos. Após o término dessa guerra, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente, várias guerras estão ocorrendo, entre elas: guerra Rússia x Ucrânia, guerra Israel x Hamas e Hezbollah, guerra da Síria, guerra civil no Iêmen, guerra civil no Myanmar, conflito no Sahel, conflito Azerbaijão x Armênia, entre outros.
Uma possível Terceira Guerra Mundial, com a utilização de armas nucleares, pode resultar na extinção da vida humana no planeta. Se ela ocorrer, poderá ser a Última Guerra da Humanidade. Segundo a FAS (Federation of American Scientists), o arsenal de ogivas nucleares é grande e está assim distribuído: Rússia: 5.977; Otan: 5.943 (EUA: 5.428; França: 290; Reino Unido: 225); China: 350; Paquistão: 165; Índia: 160; Israel: 90; Coreia do Norte: 20.
A história das guerras e o atual contexto ameaçam o nosso otimismo como seres civilizados e o futuro dos nossos descendentes. No entanto, creio que a luta contra as guerras, isto é, uma paz plena, talvez ainda possa ser conquistada. É pertinente refletir sobre as principais causas das guerras, que envolvem fatores sociais, políticos, econômicos e culturais:
- Disputas territoriais: países ou grupos podem lutar por territórios específicos devido à sua localização estratégica, recursos naturais ou valor histórico.
- Conflitos ideológicos: diferenças em crenças políticas, religiosas ou sociais podem levar a confrontos, como visto em guerras civis e conflitos internacionais.
- Rivalidades étnicas e religiosas: conflitos entre diferentes grupos étnicos ou religiosos têm sido uma causa comum de guerra ao longo da história.
- Competição por recursos naturais: a busca por recursos como água, minerais, petróleo e terras agrícolas.
- Questões de poder e hegemonia: países ou líderes podem buscar expandir seu poder e influência, levando a guerras de conquista ou expansão territorial.
- Nacionalismo exacerbado: um forte senso de identidade nacional e desejo de independência pode levar a conflitos, como visto nas guerras de independência.
Podemos e devemos combater as causas dos conflitos. O primeiro passo é estar em paz consigo mesmo e sermos, dentro das nossas limitações, soldados pela paz, tendo como mantras os pensamentos de sábios do passado, que pregavam substituir o ódio pelo amor, a colaboração pela competição:
“Para pregar a Paz, primeiro você deve ter a Paz dentro de você.” (São Francisco de Assis)
“Não deixem as pessoas colocarem você na tempestade delas. Coloque-as na sua paz.” (Buda)
“A paz é a única forma de nos sentirmos humanos.” (Albert Einstein)
“Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz.” (Maria Bethânia)
“Nós não podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas também na positividade da paz.” (Martin Luther King)
Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, pesquisador emérito do CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2002–2030: o Brasil e o Mundo que queremos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.