Todos os caminhos levam a Roma?
Nem sempre…
Paulo Roberto de Almeida
De todos os chefes de Estado de países relevantes — G20 e vários outros — estiveram ausentes dois supostamente “grandes”: Putin e Xi.
O primeiro não poderia ir, mesmo se desejasse, para conversar com outros, por exemplo, não necessariamente para homenagear um papa, qualquer que este fosse. Nem vai poder ir a outros eventos do gênero, pelo menos em países membros do TPI.
O segundo é um imperador, que só se deslocaria em função dos interesses do seu império, em franca ascensão, o que requer certa pompa própria de conferências de grande impacto.
Os que foram, aproveitaram a oportunidade para trocar palavras amenas, ou graves.
Foi o caso de Trump e Zelensky, por exemplo, numa conjuntura dramática para a Ucrânia, massacrada de forma pouco cristã, por um aproveitador da Igreja Ortodoxa Russa, que o apoia integralmente, mesmo nos crimes de guerra e humanitários que deveriam evitar, até por ser cristã.
Trump ameaçou colocar mais sanções contra seu amigo Putin, o que não diz muito para Zelensky, que apreciaria, ao contrário, receber mais meios de defesa contra os massacres aéreos.
Alguns, ou muitos, desses ataques são facilitados por equipamentos fornecidos pela China, ligada a Putin por uma “aliança sem limites”, como proclamou o próprio Xi, em Beijing.
Não, os dois não se sentiriam bem em Roma, mesmo se quisessem ou se pudessem ir.
Roma locuta, e falou pela presença de centenas de milhares de pessoas, às quais foram relembradas várias frases de Francisco em favor da paz e pela construção de pontes entre os povos.
Todos os caminhos deveriam levar todos a Roma. Mas esses dois estão em outra geografia: a dos impérios expansionistas, que não era o mundo de Francisco. Um outro, por acaso ainda o Hegemon mundial, já tinha recebido um puxão de orelha, por sua conduta anti-cristã, com respeito aos imigrantes.
Aliás, a primeira viagem de Francisco fora de Roma foi a Lampedusa, a porta de entrada de imigrantes na UE (os que sobrevivem à travessia).
Francisco vai continuar falando, qualquer que seja o seu sucessor: a presença de tantos chefes de Estado em Roma confirma o seu “lasting power”. Que continue, em Roma ou fora da cidade eterna.
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 26/04/2025
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