O Livre Comércio é a melhor resposta contra tarifas
Contribuição do Livres
A ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros é uma medida profundamente equivocada. Em comunicação oficial, Trump declarou, com a decisão, buscar impacto sobre políticas internas do governo Lula e decisões do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Na realidade, as tarifas não só falham nesse objetivo, como prejudicam fortemente consumidores americanos e produtores brasileiros.
Embora frequentemente empregadas como instrumentos de pressão política, sanções econômicas apresentam resultados mistos e, em muitos casos, não alcançam plenamente seus objetivos declarados. A ameaça de penalidades chantageia a política e a justiça local, e cola opositores do status quo a medidas que empobrecem o próprio povo. Ao afetarem a economia local e exporem a população à instabilidade econômica, as sanções reforçam narrativas de ameaças externas utilizadas pelas autoridades locais, rapidamente transformadas em defensoras dos interesses da nação. Assim, acabam por despertar ideologias nacionalistas, contrárias à cooperação internacional, às trocas voluntárias e aos princípios das sociedades abertas.
Donald Trump utiliza ameaças de punições tarifárias como ferramenta de pressão e negociação, atingindo aliados e adversários indistintamente, do Canadá ao México, da China à Coreia do Sul. O Brasil, ao apostar em estratégias diplomáticas vistas como hostis aos Estados Unidos, centradas no "Sul Global" e nos Brics, superestimou seu alcance econômico e político, minimizou a importância de uma ponte de negociação com o governo americano, e subestimou a disposição do nosso segundo maior parceiro comercial de impor tarifas punitivas sobre nossos produtos. É fundamental que os interesses dos brasileiros estejam no centro da ação diplomática do Itamaraty nas negociações que virão.
Tarifas aumentam custos para consumidores, reduzem o bem-estar social, prejudicam a competitividade dos produtores a jusante na cadeia produtiva, impactam negativamente a geração de riqueza e reduzem as oportunidades econômicas decisivas para a maior diminuição da pobreza global.
Mercados livres e abertos são o melhor caminho para a prosperidade econômica e para relações internacionais pacíficas. O Brasil deve reafirmar sua soberania e a independência de suas instituições, liderando pelo exemplo ao promover uma abertura econômica baseada em diálogo, negociação e no amadurecimento do debate público sobre os benefícios do livre comércio. Reduzir progressivamente as barreiras tarifárias e não tarifárias, de maneira consciente e acompanhada pela sociedade brasileira, fortaleceria a economia nacional e ampliaria nosso poder de negociação para assegurar maior acesso aos mercados internacionais.
Guerras comerciais geram preços altos para consumidores e dificuldades para que produtores possam exportar e crescer. Conflitos tarifários são jogos de destruição em que os derrotados sempre são os que mais precisam dos benefícios do comércio. Que o governo brasileiro responda à ameaça não com retaliação, inserindo mais um elo nessa corrente destrutiva, mas com pragmatismo, negociação e comércio com menos barreiras, em benefício do crescimento econômico e da prosperidade do Brasil.
Comunidade Livres
Este texto foi desenvolvido com a colaboração de
Sandra Rios
Economista, professora de Política Comercial na PUC-Rio e membro do Conselho Acadêmico do Livres.
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, doutor em Ciências Sociais, mestre em Planejamento Econômico e membro do Conselho Acadêmico do Livres.
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