Um grande educador, que sabe o que é relevante na formação de capital humano.
A prioridade na matemática. Por Arnaldo Niskier
Mais de 60% dos nossos alunos do ensino fundamental terminam essa etapa sem dominar o que chamamos de regra de três. Sabe-se que os alunos que têm esse domínio, nos empregos para os quais são mobilizados, ganham muito mais, o que é uma vantagem nada desprezível.

Se compararmos o aprendizado do Português e da Matemática dos nossos alunos do ensino fundamental, a segunda matéria sai perdendo de longe – e isso não é bom. O ensino da ciência dos números tem uma importância muito grande, no aprendizado em geral. O medo de lidar com os números é uma triste realidade, além do discurso vigente de que nem todos são capazes de aprender Matemática.
No Plano Nacional de Educação (PNE), ora em discussão no Congresso Nacional, discute-se a importância da alfabetização, mas é essencial incluir a Matemática nessa apreciação.
O fato de que ela apresenta os piores indicadores não pode servir de pretexto para excluir a matemática da necessária prioridade. Há uma triste realidade: nossos alunos saem da escola sem saber o mínimo da Matemática. Isso se reflete em concursos internacionais, como é o caso do Pisa. E também no conceito de empregabilidade e no que entendemos por exercício da cidadania. Devemos combater a ideia de que nem todos são capazes de aprender a fascinante matéria.
Mais de 60% dos nossos alunos do ensino fundamental terminam essa etapa sem dominar o que chamamos de regra de três. Sabe-se que os alunos que têm esse domínio, nos empregos para os quais são mobilizados, ganham muito mais, o que é uma vantagem nada desprezível.
Quando preparamos a coleção de livros intitulada “A Nova Matemática” (Bloch Editores), na década de 70, em parceria com a saudosa professora Beatriz Helena Magno, que vendeu 10 milhões de livros, sobretudo no Programa Nacional do Livro Didático, levamos em consideração todos esses aspectos, daí as razões desse grande sucesso. Não podemos compactuar com esses abismos de aprendizagem e os livros são instrumentos de fundamental relevo.
É claro que a base de todo esse projeto deve ser a formação dos professores (como eu tive o privilégio do estudo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com mestres consagrados como o saudoso Professor Haroldo Lisboa da Cunha). Há mestres competentes que devem ser procurados.
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Arnaldo Niskier – Imortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Licenciado em Matemática e Pedagogia pela UERJ. Professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ. Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula.Comendador do Superior Tribunal do Trabalho.
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