Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
1312) Uma reflexao sobre o ato de pensar de forma independente
Por vezes, se tem a impressão de se estar sozinho, quando uma instituição inteira se inclina, voluntariamente ou compulsoriamente, para uma direção que não é aquela que corresponderia ao seu itinerário habitual, normal, ou esperado.
Nessas circunstâncias, não se deve ter medo de ficar sozinho, mesmo enfrentando adversidades, incompreensões ou ostracismo.
Quando se pensa com a própria cabeça, e não com réguas estranhas ao espírito da instituição, não se deve ter medo de ficar sozinho, em face da "desrazão" (como diria D. Quijote, ou melhor Cervantes) da maioria das pessoas.
Um dia a história fará com que ela retome seu curso natural.
A defesa da racionalidade, contra o espírito de submissão, ainda é uma arma poderosa dos que assim decidem proceder.
Argumentos de autoridades não valem nada contra a autoridade do argumento.
Paulo Roberto de Almeida (7.02.2010)
7 comentários:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.
"...fez-se do amigo próximo o distante;
ResponderExcluirFez-se da vida, uma aventura errante;
De repente, não mais que de repente."
(Soneto da Separação - Vinícius de Morais)
Mestre, o senhor não está só. Apenas, tem coragem e discernimento para saber expor seus argumentos. Muitos outros que lá estão gostariam de ter esse seu desprendimento, mas a covardia emperra o poder de seus argumentos. Se este espaço fosse visitado apenas por alunos, teríamos a certeza de que estaria só (institucionalmente). Mas a pouco, em uma das últimas postagens o senhor alertava para os espiões. Bem, eu alerto para os "espiões-admiradores". Aqueles que vem aqui, ler o que eles gostariam de escrever. Muitos não lhe espiam apenas para "avisar ao poder", mas sim, para aprender um pouco mais sobre o poder do argumento em detrimento do argumento do poder.
Esta não é uma visão otimista, mas sim uma visão realista do que acontece com este espaço. Portanto, não se sinta só, pois existem muitas pessoas que precisam de seus escritos, não aqui do lado de fora, somente, mas lá no seio do poder...Espero que compreenda o estímulo intrínseco do que escrevi e faça disso mais uma motivação para continuar.
E, não se esqueça que muitos irão criticar (pois são medíocres); outros tantos irão elogiar; mas alguns poucos irão seguí-lo. E, sendo assim, com este último grupo terá valido a pena, tudo isso...
Professor Paulo :
ResponderExcluiradmiro a sua convicção contínua em pensar as coisas coadunando-as à verdade, à honestidade, à autenticidade. Continue motivado em seus trabalhos na certeza de que a verdade não precisa da persuasão. Ela é por si mesma. É a força do argumento que o senhor supramencionou.
Muito grato pelas palavras de encorajamento e apoio, dos meus dois comentaristas acima.
ResponderExcluirEu apenas tento ser coerente comigo mesmo (o que acho que consigo) e também tento expressar o que penso nas circunstancias que se conhece (o que nem sempre é possivel, por restricoes proprias da legislacao, e dos "costumes").
No final, uma avaliação honesta poderá confirmar qual a atitude correta...
Paulo Roberto de Almeida
Prezado Almeida,
ResponderExcluirNunca costumo me pronunciar neste seu blog, apenas acompanho à distância, pois tenho receios de prejudicar minha carreira. Mas, eu não podia deixar de falar sobre minha estima e admiração por tamanha coragem.
A jovem acima tem absoluta razão no que afirmou, a nossa carreira é cruel e muito difícil.
Pela forma que lhe chamei saberá quem sou. Continue em seu formidável e excelente trabalho.
Minhas considerações e estima.
Ass: um diplomata angustiado
Meu caro Anônimo jovem diplomata,
ResponderExcluirÉ compreensivel que jovens diplomatas não desejem se expor, em vista do ambiente de constrangimentos ideologicos atualmente em curso. Um dia tudo isso vai passar, e as pessoas poderão falar normalmente, inclusive sobre política externa, o que hoje parece difícil, senão impossivel.
Enquanto isso, vai se aprendendo um pouco, e tentando imaginar como eram os tempos da ditadura militar (alias, com maior autonomia e independencia do Itamaraty).
Paulo Roberto de Almeida
Caríssimo Dr. Paulo Roberto de Almeida,
ResponderExcluirPresto congratulações ao senhor pela sua força em perseverar na verdade, ainda que cada instituição nossa seja infectada pelo vibrião da baixeza, principalmente aquela do espítito.
Com isto, o senhor nos deu o melhor exemplo do que seja honestidade intelectual.
Sigamos, ainda que extremamente difícil, o que disse Bertold Brecht:
Há homens que se esforçam um dia e são bons,
Há aqueles que se esforçam muitos dias e são muito bons,
Há ainda outros que se esforçam anos e são ainda melhores,
Mas há aqueles que se esforçam a vida inteira, esses são os IMPRESCINDÍVEIS...
Com votos de Força,
Daniel G. Moscoso.
Meu caro Daniel,
ResponderExcluirMuito grato pelas suas palavras.
A gente sempre deve fazer aquilo que acredita ser certo, com base num julgamento honesto da realidade que nos cerca.
Quando certos valores destoam muito de principios consagrados, devemos nos esforçar para restabelecer a balança do que é certo.
Acredito que democracia, direitos humanos, liberdades individuais sejam os valores corretos a preservar. Quem sustenta outros valores, no Brasil ou fora dele, não merece nosso respeito.
Paulo Roberto de Almeida