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domingo, 30 de dezembro de 2012
Economia dilmista: dois anos de fiasco - Editorial Estadao
Não existe novo modelo econômico, ou se existe não é modelo, e não é econômico, e sim uma vontade política, inscrita na mesma vertente autoritária que caracteriza o partido dos companheiros, e que pretende baixar os juros por decreto, e aumentar o consumo, como se isso garantisse crescimento. O que o governo está conseguindo é maior inflação e menor investimento, e portanto menor taxa de crescimento, em face das crescentes intervenções improvisadas do governo na economia. O ambiente macroeconômico é o mais confuso possível, pois não se sabe o que o governo vai ainda encontrar para o que ele chama de estímulo à economia. Manifestamente, o governo não confia nos mercados, e prefere usar seus próprios recursos para produzir, politicamente, crescimento. O que consegue, na verdade, é menos crescimento e mais inflação.
Paulo Roberto de Almeida
Dois anos de fiasco econômico
Editorial O Estado de S.Paulo, 30/12/2012
A presidente Dilma Rousseff completa meio mandato com um balanço econômico assustador - dois anos de produção estagnada, investimento em queda, inflação longe da meta, exportação emperrada e contas públicas em deterioração. Desemprego baixo e um consumo ainda vigoroso são os dados positivos, mas insuficientes para garantir a reativação de uma indústria sem músculos para disputar espaço nos mercados. Sobram palavras: um discurso triunfal sobre um "novo modelo macroeconômico", baseado em juros mais baixos e câmbio menos valorizado, promessas de grandes obras de infraestrutura e de reformas de amplo alcance. De concreto, houve a redução dos juros, o que certamente contribuiu para o aumento da popularidade de Dilma. Um balanço provisório basta para mostrar o alto custo dos erros cometidos em dois anos pelos condutores da política econômica, liderados, é bom lembrar, por uma presidente voluntariosa.
O crescimento econômico deste ano está estimado em torno de um por cento por economistas do Banco Central (BC), do mercado financeiro e das consultorias mais importantes. Esse resultado seria em em qualquer circunstância, mas no caso brasileiro há uma circunstância especial.
No ano anterior o Produto Interno Bruto (PIB) havia aumentado apenas 2,7%. O País perdeu o passo entre os emergentes de todo o mundo. Este detalhe é importante, porque desqualifica as tentativas de atribuir o mau desempenho brasileiro à crise global, ao tsunami monetário criado pelos bancos centrais do mundo rico e à má vontade dos deuses.
Os problemas são internos, todos fabricados no Brasil por uma política há muito tempo defeituosa e piorada pela teimosia do atual governo. Segundo o Tesouro, os investimentos do governo central foram de janeiro a novembro 22,8% maiores que os de um ano antes e atingiram R$ 54,9 bilhões. Mas isso eqüivale a pouco mais de 50% do total previsto no Orçamento. Além disso, o valor inclui os financiamentos do programa Minha Casa, Minha Vida e boa parte dos desembolsos foi de restos a pagar. Se depender da eficiência federal, continuarão faltando investimentos tanto para reativar a economia em 2013 quanto para garantir um crescimento mais vigoroso nos anos seguintes,
Tudo somado, o valor investido pelo setor privado, pela administração pública direta e pelas estatais deve ter ficado em torno de 18% do PIB. Em outros países latino-americanos ja proporção ultrapassa 25% e nos emergentes da Ásia supera 35%. Além disso, é preciso levar em conta a qualidade dos projetos e a eficiência da execução. Não basta investir. Os alvos podem ser mal escolhidos e o dinheiro, desperdiçado. O histórico dos projetos federais, tanto da administração direta quanto das estatais, tem sido muito em há vários anos. Aparelhamento, loteamento de cargos, incompetência e corrupção têm custado muito caro.
A inflação alta contrasta com o baixo ritmo de atividade. Em outros países, tolera-se alguma alta de preços para garantir algum impulso à economia, e sempre por um tempo muito limitado. No Brasil, o governo vem mantendo há vários anos a meta de 4,5%, muito alta quando comparada com os padrões internacionais. Neste ano, o BC cortou juros e renunciou a combater o aumento de preços, em troca de um crescimento econômico humilhante para um Brics.
Os preços ao consumidor medidos pela Fundação Getúlio Vargas e incluídos no IGPM subiram 5,79% neste ano, De novembro para dezembro houve aceleração de aumentos em seis dos oito componentes do indicador, O IPCA, calculado pelo IBGE e usado como referência para a política oficial, aumentou 5,53% nos 12 meses terminados em novembro. A alta internacional dos preços agrícolas foi obviamente apenas uma parte dessa história.
A balança comercial refletiu a fraqueza da indústria diante dos competidores, o erro de uma política de estímulos voltada para o consumo e, naturalmente, a dependência excessiva das vendas de matérias-primas à China. Até novembro, o valor exportado foi 4,9% menor que o de um ano antes, pela média dos dias úteis, e o saldo comercial, 31,1% inferior ao de igual período de 2011. Os números finais do ano devem sair na quarta-feira e confirmarão, com certeza, o alto custo de vários erros políticos.
4 comentários:
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Paulo - sou um idoso que aos 70 anos aprecia ler comentários bem postados, como o seu, todavia, confesso que apreciaria saber o real significado do termo "mim" utilizado por duas vezes, pois confesso desconhecê-lo no contexto utilizado.
ResponderExcluirJoão Túlio Dias,
ResponderExcluirGrato pelo aviso. Fui verificar e se tratou de uma substituição indevida, pelo corretor ortográfico do computador. Não sei como isso foi ocorrer, para cada um dos "mim" se referia, na verdade, ao vocábulo "em".
Já substitui.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Com o devido respeito, Sr. João Túlio Dias, apesar de todo o texto elaborado pelo Paulo o Sr. se detém a uma correção gramatical e o Brasil sucumbindo até a lama. Aproveite e divulgue o que foi escrito pelo Paulo e tente começar a mudar este país para melhor, para melhorar a condição de vida de todos nós brasileiros, iniciando pelo estudo e educação. Sou arquiteto e é lógico perceber que qualquer estrutura sem bons alicerces sucumbe. O Brasil perdeu esta base há muito tempo e acho que levaremos umas três gerações para recuperarmos o tempo perdido, isto se a nova geração tomar atitudes para transformar este paiseco numa nova pátria (começando por uma limpeza geral dos políticos).
ResponderExcluirCom o devido respeito, Sr. João Túlio Dias, apesar de todo o texto elaborado pelo Paulo o Sr. se detém a uma correção gramatical e o Brasil sucumbindo até a lama. Aproveite e divulgue o que foi escrito pelo Paulo e tente começar a mudar este país para melhor, para melhorar a condição de vida de todos nós brasileiros, iniciando pelo estudo e educação. Sou arquiteto e é lógico perceber que qualquer estrutura sem bons alicerces sucumbe. O Brasil perdeu esta base há muito tempo e acho que levaremos umas três gerações para recuperarmos o tempo perdido, isto se a nova geração tomar atitudes para transformar este paiseco numa nova pátria (começando por uma limpeza geral dos políticos).
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