Os socialistas modernos sabem que é impossível governar sem que o setor produtivo movimente a economia e alimente a arrecadação de tributos. No caso específico do Brasil, não são poucas as campanhas de incentivo ao “empreendedorismo”, especialmente aquelas direcionadas aos jovens e universitários. O que se vê, entretanto, é mais uma manifestação da esquizofrenia estatal e seus movimentos contraditórios.
Governos e entidades de classe têm procurado estimular, nos brasileiros, o impulso empreendedor responsável pela prosperidade dos povos. Empreender significa, em outras palavras, criar riqueza e oportunidades que se espalham pela sociedade e fazem mais pela chamada “justiça social” que décadas de políticas socialistas de distribuição de renda. Tal política, no entanto, não encontra suporte no conjunto de ações governamentais cujo alvo é a mesma classe empresarial que se quer alimentar.
Podemos identificar nas campanhas de estímulo ao empreendedorismo, de um lado, a ingenuidade e irrealismo típicos dos próprios liberais pró-governo que pretendem criar uma realidade em paralelo, onde as atividades produtivas não seriam afetadas pela crescente intervenção estatal na economia; e, de outro, o puro cinismo e a propaganda enganosa que norteiam aqueles mesmos políticos socialistas.
De nada adianta estimular que mais brasileiros (especialmente os jovens) aventurem-se em atividades empresariais quando, na verdade, grande parte da riqueza que pode vir a ser criada por eles será absorvida violentamente pela máquina estatal, através de tributos, acompanhados da opressão resultante das crescentes regulamentações.
Quando incentivam o “empreendedorismo”, governos brasileiros estão, na verdade, tentando engordar ainda mais o pescoço do qual retirarão o sangue que os alimenta. É, portanto, contraditório e inócuo que entidades de classe do setor produtivo façam eco a tais campanhas sem exigir que elas sejam acompanhadas de medidas facilitadoras das mesmas atividades econômicas que se quer estimular.
Além de tudo isso, não se pode compreender como um país pretende aumentar sua classe empreendedora enquanto os legisladores de praticamente todas as tendências partidárias votam e aprovam, a todo momento, novas leis que agridem e colocam em risco qualquer atividade empresarial – leis essas que vão desde a demagogia barata das “meias-entradas” até sufocantes “benefícios” trabalhistas que nada mais fazem que punir por antecipação quem gera empregos e tornam o próprio ato de contratar uma das rotinas mais arriscadas para qualquer empresa, especialmente as pequenas.
Ao contrário do que quer fazer crer a demagogia publicitária socialista (abraçada, como se disse, por muitos liberais pó-governo), empreender hoje, no Brasil, é atividade arriscada ou, na melhor das hipóteses, muito mais vantajosa para quem arrecada do que para quem produz. Fingir que vivemos numa verdadeira economia de mercado só aumenta o sonho e seu despertar amargo que vem depois.
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