sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tropecando na etica, distraido (ou deliberadamente...) - Editorial do Estadao, Reynaldo Rocha


Lula e a falta de ética

17 de maio de 2013 | 2h 10 
Editorial O Estado de S.Paulo
Sob o comando de Lula, o PT antecipou o início da campanha presidencial, cuja eleição se realiza daqui a 17 meses, de modo que tudo o que as lideranças do partido e do governo fazem e dizem deve ser considerado de uma perspectiva predominantemente eleitoral. E desse ponto de vista ganham importância as mais recentes declarações do chefe do PT que, do alto de seu irreprimível sentimento de onipotência, anda sendo acometido por surpreendentes surtos de franqueza. No lançamento de um livro hagiográfico dos 10 anos de governo petista, Lula garantiu que não existe político "irretocável do ponto de vista do comportamento moral e ético". "Não existe", reiterou. Vale como confissão.
Lula está errado. O que ele afirma serve mesmo é para comprovar os seus próprios defeitos. Seus oito anos na chefia do governo foram de uma dedicação exemplar à tarefa de mediocrizar o exercício da política, transformando-a, como nunca antes na história deste país, em nome de um equivocado conceito de governabilidade, num balcão de negócios cuja expressão máxima foi o episódio do mensalão.
É claro que Lula e o PT não inventaram o toma lá dá cá, a corrupção ativa e passiva, o peculato, a formação de quadrilha na vida pública. Apenas banalizaram a prática desses "malfeitos", sob o pretexto de criar condições para o desenvolvimento de um programa "popular" de combate às injustiças e à desigualdade social. Durante oito anos, Lula não conseguiu enxergar criminosos em seu governo. Via, no máximo, "aloprados", cujas cabeças nunca deixou de afagar. O nível de sua tolerância com os "malfeitos" refletiu-se no trabalho que Dilma Rousseff teve, no primeiro ano de seu mandato, para fazer uma "faxina" nos altos escalões do governo.
O que Lula pretende com suas destrambelhadas declarações sobre moral e ética na política é rebaixar a seu nível as relativamente pouco numerosas, mas sem dúvida alguma existentes, figuras combativas de políticos brasileiros que se esforçam - nos partidos, nos três níveis de governo, no Parlamento - para manter padrões de retidão e honestidade na política e na administração pública.
O verdadeiro espírito público não admite mistificação, manipulação, malversação. Ser tolerante com práticas imorais e antiéticas na vida pública pode até estigmatizar como réprobos aqueles que se recusam a se tornar autores ou cúmplices de atos que a consciência cívica da sociedade - e as leis - condenam. Mas não há índice de popularidade, por mais alto que seja, capaz de absolver indefinidamente os espertalhões bons de bico que exploram a miséria humana em benefício próprio. Aquela tolerância, afinal, caracteriza uma ofensa inominável não só aos políticos de genuíno espírito público que o País ainda pode se orgulhar de possuir, como à imensa maioria dos brasileiros que na sua vida diária mantêm inatacável padrão de honradez e dignidade.
Não é à toa que as manifestações públicas de Luiz Inácio Lula da Silva, além das manifestações de crescente megalomania, reservam sempre um bom espaço para o ataque aos "inimigos". A imagem de Lula, o benfeitor da Pátria, necessita sobressair-se no permanente confronto com antagonistas. Na política externa, são os Estados Unidos. Aqui dentro, multiplicam-se, sempre sob a qualificação depreciativa de "direita". Mas o alvo predileto é a mídia "monopolista" e "golpista" que se recusa a endossar tudo o que emana do lulopetismo.
Uma das últimas pérolas do repertório lulista é antológica: "Acho que determinados setores da comunicação estão exilados dentro do Brasil. Eles não estão compreendendo o que está acontecendo". Essa obsessão no ataque à imprensa, que frequentemente se materializa na tentativa de impor o "controle social" da mídia no melhor estilo "bolivariano" - intenção a qual a presidente Dilma, faça-se justiça, tem se mantido firmemente refratária -, só não explica como, tendo a conspirar contra si todo o aparato de comunicação do País, o lulopetismo logrou vencer três eleições presidenciais consecutivas. O fato é que Lula e seus seguidores não se contentam com menos do que a unanimidade.

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REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 17/05/2013

Como descrever a um cego objetos que este nunca pôde enxergar? Como pedir a um surdo que entenda a diferença entre blues e jazz? Do mesmo modo, como demonstrar a um ignorante a diferença entre moral e ética?
Não sei desenhar, prezado analfabeto copresidente. Mas tentarei explicar com palavras que possam ser entendidas pelo mais novo cientista político da praça.
A moral é relativa. Temporária. Mutável. Existe moral (jamais ética) entre bandidos, por exemplo. Até entre quadrilheiros. Uma moral própria derivada da temporalidade e do espaço onde a mesma se insere. Não é imoral quem se comporta de acordo com as regras do próprio grupo social. São regras de convivência social. Mesmo que alguns defendam o caráter de universalidade ─ do qual discordo ─ são os freios que delimitam a atuação antissocial em um grupo.
Em nome da moral muitos crimes são cometidos. Ela é desnecessária? Jamais. É fruto do corpo social, ainda que este seja constituído por bandidos e quadrilheiros. É óbvio que tal grupo ─ se não representa a totalidade da sociedade onde está incluído ─ também passa a ser imoral. Moral é cultural.
É esse o caso do lulopetismo. É imoral (por afrontar as regras nas quais acreditamos) e amoral (por desprezar qualquer sentido de coletividade/cidadania).
E ética? Esta é verdadeiramente universal. Independe da cultura. Ética é um conjunto de princípios, não condutas sociais. A ética é o estudo filosófico da moral, baseado em conceitos temporais e não temporários.
“A ética é importante por que respeita os outros e a dignidade humana, ética é o que todos temos. Somente falta desenvolver e acreditar no bem, a ética orienta-nos e ajuda-nos para uma vida digna. A ética é praticada sem nenhum tipo de determinação vem de dentro, do consciente.” (Lia Sales / 2009 / Universidade do Porto).
A tentativa do ser aético e amoral é fazer com que os valores que lhe faltam sejam vistos como comunsa todos. Pela via da equalização, se todos são assim então somos normais. É a afirmação pela negativa.
Não somos assim.
Desde sempre Lula tenta (não conseguiu e não conseguirá) alcançar o patamar onde se situam os que tanto inveja. Ele sabe disso. Pouco importam os títulos honoríficos ofertados por universidades. A ignorância permanece. A cultura e conhecimento não são dados em cerimônias oficiais. Exigem algum esforço e a crença na construção de um ser humano mais atuante. Idem quanto à sensatez e visão que a história já começa a fazer dele e de antecessores.
Isso explica a fixação contra FHC e a aproximação com Sarney e Collor? O ódio a um, pois tenta colocá-lo como um igual no mesmo patamar indecente que admite estar? E a comparação desejada com os outros dois, da qual até mesmo um Tiririca sairia vitorioso? Não seria a motivação de ter aliados que são exemplos definitivos da falta de ética?
Seria este o móbil da comparação cretina, ofensiva e (como sempre) ignorante que Lula ousou proferir? Mesmo – e principalmente – colocando-se como mais um dos que são imorais e antiéticos?
Não é de hoje que Lula insiste que somos todos ladrões, corruptos (ou corruptores), falsos como notas de 3 reais e ignorantes como ele é e prefere ser. Não somos.
Quando fala de moral e ética (sem sequer saber do que se trata), Lula revela a pretensão de reescrever, além da história do Brasil, também a filosofia e a ciência política.
Aristóteles afirmava ser o homem um animal político.
Ele não conhecia Lula. Este é só um animal.

Um comentário:

  1. É nisso que dá eleger e reeleger o Macunaíma para presidente. Virou o Odorico Paraguaçú.

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