Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
Mises Institute: The Free Market tornou-se agora The Austrian, publicacao mensal
In the January–February issue of The Austrian:
For more than thirty years The Free Market has been the Mises Institute’s flagship monthly publication for our members. Recently we introduced The Austrian, a bolder and more robust version of what you’ve known for decades.
It’s enlightening these days to hear everyone from Obama and Krugman to Putin and Hollande proclaim their belief in the superiority of free markets (invariably adding several qualifying provisos, of course). Even Bono from U2 has had a change of heart. Only Mr. Piketty appears to be clinging (tenuously) to his support for outright central planning.
So it appears we’ve made great strides in the rhetorical battle when it comes to the beauty and power of markets to vastly improve the human condition. We are all free-marketers now, and some of us actually mean it.
Thirty years ago, however, our outspoken support for free markets was radical. And since our beginning the Mises Institute has advocated a free market in everything. But today the term has been diluted through overuse and misuse, as demonstrated by Messrs. Obama and Krugman. It no longer captures the radical and uncompromising nature of the Institute and its members.
Our new moniker, The Austrian, goes to the heart and soul of what we are: an organization dedicated to the brilliant scholarship of Austrian economics. Mises is our touchstone, Rothbard our animating spirit, and the classical liberal tradition our north star.
Inside this inaugural issue of The Austrian, you’ll find lots of new, original content from our writers. Lew Rockwell makes the libertarian case for secession, James Bovard reports on the latest antics from Washington, DC, and David Gordon reviews Judge Napolitano’s new book. You’ll also find the latest news on Mises Institute scholars and alumni, plus new analysis of pop culture from Ryan McMaken, and a Q and A with one of our alums who’s making a real difference as a high school economics teacher.
The Austrian has analysis, news, and the same radical, uncompromising Austrian free-market analysis you’ve come to expect from the Mises Institute. We hope you enjoy it.
A subscription to physical copies of The Austrian is available to all who request it. Simply send your name and mailing address to membership@mises.org.
Brasil: governo incompetente, mandataria fraca, ministro liberal, tudo no atoleiro
Se formos destapar a bagunça, o retrato é ainda mais horrível, talvez até escandaloso, pelos crimes econômicos cometidos contra o país e a sua população.
E não estou falando de crimes comuns, que já deveriam ter sido objeto de processos criminais contra os responsáveis por eles.
Até nisso o Brasil é falho: criminosos continuam circulando, alguns até mandando...
Paulo Roberto de Almeida
‘Brasil atolado’ é a capa da ‘The Economist’
Fernando Nakagawa - CORRESPONDENTE / LONDRES
O Estado de S. Paulo, 27/02/2015
Blog do ‘Financial Times’ e a revista ‘Time’ também destacam problemas econômicos do País
Do foguete que levava a um futuro brilhante ao atoleiro de um pântano. Para parte da mídia internacional, esse foi o caminho do Brasil nos últimos anos. Nesta semana, a revista The Economist diz na capa que o Brasil está atolado em problemas e vive a maior bagunça desde os anos 90. Enquanto isso, um blog do jornal Financial Times listou dez motivos que podem levar a presidente Dilma Rousseff a não terminar o segundo mandato e a revista Time enumerou cinco fatos que podem levar o Brasil ao precipício. O Brasil parece a bola da vez.
Acada dia a imprensa estrangeira parece mais frustrada com os rumos recentes do Brasil. O melhor exemplo dessa frustração é visto na revista britânica The Economist. Na edição latino-americana que chega às bancas, a capa é ilustrada por uma passista de escola de samba em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. As edições vendidas no resto do mundo têm outra capa, sobre o avanço da telefonia celular.
Em editorial, a Economist diz que o País pode ter “problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da inflação, o texto cita o fraco investimento, a corrupção na Petrobrás e a desvalorização cambial que eleva dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista conhecida por ser politicamente liberal. Esse tom não lembra em nada o clima de festa e comemoração visto no fim da década passada, quando o País era o queridinho da vez e recebia elogios rasgados nos espaços mais nobres da imprensa estrangeira.
A fraqueza política do governo também é destacada no blog sobremercados emergentes do jornal Financial Times. O Beyondbrics afirma que a onda de problemas parece tomar direção “catastrófica”. “Tanto assim que há boas razões para acreditar que a presidente Dilma Rousseff, que iniciou o segundo mandato de quatro anos em 1.º de janeiro, pode não durar muito tempo.”
O blog diz que uma cassação de presidente exige “algo flagrantemente errado”. “Mas muitos fazem isso e sobrevivem. O que realmente conta é perder apoio no Congresso. A maioria de Dilma no Congresso diminuiu nas eleições com uma coalizão mais fragmentada e difícil de controlar”, cita ao lembrar que a insatisfação é vista até dentro do PT. Além disso, o texto diz que, se o Congresso cogitar um processo de impeachment, a Petrobrás poderia fornecer um argumento. “Dilma foi a presidente do conselho de administração quando a maior parte da suposta corrupção aconteceu”, diz o texto.
Nos Estados Unidos, a revista Time publicou na internet uma lista de “cinco motivos que poderiam levar o Brasil ao precipício”. Ao afirmar que o País parece viver uma “tempestade perfeita”, a publicação cita que não há sinais de que a corrupção esteja diminuindo e as notícias econômicas podem demorar a melhorar, já que o País não deve crescer em 2015 e aumentos de preços devem continuar a ocorrer diante da seca e do aumento de tarifas públicas.
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Para 'The Economist', Brasil está em um atoleiro
Por Suzi Katzumata e Ligia Guimarães
Valor Econômico, 27/02/2015
SÃO PAULO - O Brasil está em um atoleiro, preso a uma estagnação que começou em 2013 e que pode se tornar uma prolongada recessão; a um ambiente de inflação elevada que consome salários e eleva os pagamentos da dívida dos consumidores; e a um cenário de queda no investimento, que soma 8% no ano e pode cair ainda mais, segundo avalia a revista britânica "The Economist". A revista dedicou a capa da edição desta semana aos problemas que atingem o país, que sofre ainda com o escândalo de corrupção na Petrobras, que atinge as maiores construtoras nacionais e que paralisou os gastos de capital em vários segmentos da economia. Para completar, o real acumula uma queda de 30% frente ao dólar desde maio de 2013, uma mudança necessária, segundo a revista, mas que aumenta o impacto cambial da dívida de US$ 40 bilhões em moeda estrangeira que as empresas brasileiras têm de pagar este ano.
Segundo texto do editorial da "Economist", sair de um atoleiro desse já seria difícil até mesmo para uma forte liderança política, portanto, a fraqueza atual da presidente Dilma Rousseff é um complicador a mais para o Brasil. A revista observa que, após uma vitória apertada na eleição de 2014, a presidente viu sua taxa de aprovação cair de 42% em dezembro para 23% este mês, menos de dois meses depois de tomar posse de seu segundo mandato, abatida pela deterioração da economia e o escândalo da Petrobras. Ademais, há denúncias de que o Partido dos Trabalhadores (PT) e parceiros da coligação do governo teriam recebido pelo menos US$ 1 bilhão em propina. Para piorar, durante o período relevante das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a presidência do conselho da estatal era ocupada por Dilma.
Se a presidente quiser usar seu segundo mandato para salvar o Brasil, Dilma terá de conduzir o país em uma direção totalmente nova, diz "The Economist". O problema é que ela passou toda a campanha eleitoral exaltando um cenário econômico róseo e demonizando os planos neoliberais de seus oponentes. O lado positivo, segundo a revista, é que Dilma pelo menos reconhece que o Brasil precisa de "políticas mais amigáveis aos negócios, se quiser manter seu rating de grau de investimento e voltar a crescer". E esse reconhecimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy - "um economista treinado em Chicago, banqueiro e um dos raros liberais econômicos do país". O lado negativo, segundo a revista, é que o fracasso passado do Brasil em enfrentar as distorções econômicas deixaram Levy diante da armadilha da recessão.
Apesar de tudo, "The Economist" diz que o Brasil não é o único membro dos BRICs com problemas. "A economia da Rússia, em particular, tem sido castigada pela guerra, sanções e dependência do petróleo. Apesar de seus problemas, o Brasil não está em uma grande confusão como a Rússia", segundo a revista, acrescentando que o País tem um setor privado grande e diversificado e instituições democráticas robustas. "Mas as desgraças são mais profundas do que muitos reconhecem. A hora de dar um jeito é agora", sentencia a revista.
‘Indispensável’
A edição destaca ainda que a economia brasileira, guiada pelo ministro Joaquim Levy, definido como “um dos raros liberais econômicos do Brasil”, enfrenta seu maior teste desde os anos 1990. E descreve Levy como “indispensável” no momento atual da economia, diante da fraqueza política da presidente. “Os riscos são claros. Recessão e redução das receitas fiscais podem comprometer o ajuste de Levy”, afirma a publicação.
A revista lembra que o ministro prometeu um enorme aperto fiscal para este ano, de quase dois pontos percentuais, que em parte será alcançado pela remoção de subsídios e restituição da Cide sobre os combustíveis, bem como pela redução de subsídios dos bancos públicos.
Uma dificuldade ao ajuste destacada pela revista é que Levy não poderá compensar o aperto fiscal com uma política monetária mais frouxa, porque “o Banco Central se curvou à vontade da presidente, ignorou sua meta de inflação”, deixando a margem de atuação limitada para o ministro.
O texto destaca ainda o perigo da fragilidade política de Dilma, e a rejeição do PT às medidas fiscais de Levy, que não foram negociadas durante a campanha. Cita também a derrota de Dilma com a vitória de Eduardo Cunha no Congresso.
Tal cenário de fraqueza política torna Levy “indispensável”, de acordo com a revista. “Ele deve construir pontes com Cunha, enquanto deixam claro que se o Congresso tenta extrair um preço orçamental para o seu apoio, levará a cortes em outros lugares”.
Debate: os liberais precisam ser religiosos? Pergunta nao faz nenhum sentido - Paulo Roberto de Almeida
Quem são os liberais, e oque eles têm a dizer?
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/02/quem-sao-os-liberais-e-o-que-eles-tem.html
... alguns leitores me escreveram para comentar meu argumento de que os liberais não precisam ser religiosos, indicando o "fato" de que vários liberais são religiosos.
O que eu escrevi exatamente? Apenas isto:
"Eles não são religiosos, ou não é isso que os distingue no plano doutrinal, pois aceitam que as pessoas possam ter fé em doutrinas ou crenças religiosas."
O que me escreveram? Reproduzo aqui:
"Apesar de obviamente não ser um ponto central do texto, será que se pode afirmar que liberais não são religiosos (3º paragrafo)? Baseado no rol de grandes personagens feito pelo Acton Institute, me parece que não.
http://pt.acton.org/personnages-historique
Atualmente o pessoal, por ex., do Mises americano, com uma exceção ou outra, é bem religioso também."
Informo (PRA): O Acton Institue se proclama uma entidade para o estudo da religião e da liberdade.
Que seja, o instituto é livre para escolher seus temas preferenciais. A liberdade é universal, a religião não é, e nunca foi.
Meu comentário a este respeito:
Ser religioso, e ser liberal são paralelas infinitas, uma não tem nada a ver com a outra.
Um liberal, ou seja, alguém que prega o livre arbítrio individual e a suprema liberdade de cada indivíduo aceita que cada um pode ter a crença que desejar (mas isso é geralmente, não uma escolha, mas uma herança familiar), e isso não tem nada a ver com a defesa de suas liberdades básicas, que devem ser feitas mesmo quando o indivíduo não tem nenhuma religião ou quando ele é contra todas e qualquer religião, e se torna militante do ateísmo, por exemplo.
Não vejo como provar qualquer coisa com respeito ao liberalismo pelo fato de que liberais americanos sejam religiosos. Eles são o quê?: budistas, confucionistas, muçulmanos, hinduístas? Não, trata-se obviamente de cristãos.
Mas o que isso tem a ver com o liberalismo? Nada.
Um muçulmano pode ser um liberal tão consequente quanto um cristão, desde que ele não queira usar a sua religião para impedir, por exemplo, qualquer pessoa de cobrar quanto quiser de juros pelo emprego de sua poupança por um terceiro.
Mas isso existe também na Bíblia, ou seja, um preconceito contra a usura.
Ora, isso é o que existe de mais autoritário e um liberal jamais poderia concordar com esse tipo de argumento.
Insisto em dizer: um liberal não tem religião.
Ou melhor: essa questão é totalmente indiferente para um verdadeiro liberal.
São duas galáxias diferentes, e elas não deveriam se tocar.
Quem quiser me provar o contrário, pode argumentar.
Respeito a lógica elementar, e a história humana, apenas isto.
Paulo Roberto de Almeida
Brasil politica: Partido Novo altera a cena politica, unico a querer reduzir o Estado
LIBERAIS DO BRASIL
Thatcherismo ganha adeptos no Brasil
Partido Novo, prestes a se tornar oficial, promete ampliar o estreito espectro político brasileiro
O presidente do Partido Novo, o banqueiro João Dionísio Amoêdo, defende a privatização de empresas controladas pelo Estado, como a Petrobras. O partido já apresentou as 492 mil assinaturas necessárias para obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Amoêdo prevê sua aprovação em março e já planeja apresentar candidatos nas eleições municipais do próximo ano. Uma nova força liberal poderia fornecer novas respostas à cada vez mais difícil situação econômica do país.
Guinada à direita?
O liberalismo defendido pelo Partido Novo ainda atrai uma minoria, mas a opinião pública parece estar mudando. Os brasileiros têm a mente aberta sobre os direitos dos homossexuais e a imigração (mas não a legalização das drogas). Uma pesquisa feita pelo Datafolha em setembro do ano passado constatou que 30% são céticos quanto às políticas de intervenção do Estado e os gastos do governo, porcentagem registrada em 26% um ano atrás. Na eleição presidencial de outubro, Dilma Rousseff derrotou o tucano Aécio Neves só marginalmente. Estes são sinais de esperança para os liberais.
Violencia contra Mulheres: um "costume" que precisa acabar - Marli Goncalves
Tenho um blog, Marli Gonçalves http://marligo.wordpress.com. Estou noFacebook. E no Twitter @Marligo
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Addendum, para um caso concreto, da coluna do jornalista Carlos Brickmann, em 27/02/2015:
Memória...
Em 2006, Julyenne Cristine, ex-mulher do deputado Arthur Lira, recebeu a visita do ex-marido. Segundo queixa que apresentou à Polícia, o deputado já entrou dando-lhe socos e chutes. A babá de seus filhos, Elane Melo da Silva, depôs dizendo que ouviu tudo e telefonou para a mãe de Julyenne. A mãe foi ao apartamento e, segundo disse, encontrou o parlamentar sentado em cima da esposa, espancando-a. Júlio César Santos Lins, irmão de Julyenne, conseguiu segurar o ex-cunhado e levou a irmã e a mãe à Delegacia, onde prestaram queixa. O exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal, mostrou oito lesões em Julyenne.
...de tempos passados
Mas o tempo passa, o tempo voa. Justo nesse ano, quando o caso deve ser julgado, Arthur Lira espera assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Se o tempo é relativo, como mostrou Einstein, por que os fatos não o seriam? Todo mundo esqueceu a versão anterior dos acontecimentos. Todos, da esposa agredida à mãe dela, do irmão que apartou a briga à babá que chamou gente na hora da briga, ninguém mais lembra da agressão. Dizem agora, aliás, que agressão nunca houve.
E Arthur Lira pode ganhar sua comissão.
Corrupcao companheira: o Brasil ja' chegou num Estado mafioso? Ha muito tempo...
Exclusivo: Renato Duque foi solto a pedido de Lula
O Antagonista
No contexto da Operação Lava Jato, uma das perguntas que permaneciam sem resposta era por que Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, foi solto por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal -- e, depois, teve novo pedido de prisão preventiva negado por obra do mesmo Teori, que convenceu Gilmar Mendes e Carmen Lúcia a segui-lo na decisão. Afinal de contas, está mais do que provado que Renato Duque, homem de José Dirceu e do PT, era um dos principais engenheiros do propinoduto que sangrou a estatal.
O Antagonista apurou com três fontes de alto escalão, para chegar à resposta. Renato Duque não está livre por falha de argumentação do juiz Sergio Moro e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como pensam alguns. Esse foi apenas o pretexto. Renato Duque está livre por causa de Lula.
A prisão de Renato Duque, em novembro do ano passado, fez com que a sua mulher entrasse em desespero. Sem poder contar com José Dirceu, pato manco depois do mensalão, ela recorreu a Paulo Okamotto, o faz-tudo de Lula. Para acalmá-la, Okamotto afirmou que a situação se arrumaria num curto espaço de tempo, mas ela lhe disse que não cairia nessa conversa. Que, se fosse necessário, teria como reunir provas suficientes para provar que Lula sabia e participara do esquema do petrolão.
Diante da ameaça, Okamotto disse a Lula que ele deveria encarregar-se da questão pessoalmente. Lula encontrou-se com a mulher de Renato Duque e tentou persuadi-la de que o seu marido ficaria na prisão menos do que se imaginava. Em vão. Ela voltou a afirmar que implicaria o ex-presidente no escândalo, se Renato Duque não fosse libertado rapidamente.
Acuado, Lula pediu ajuda a um ex-ministro do STF de quem é muito amigo. Ele se prontificou a socorrer o petista. O melhor caminho, disse o ex-ministro do STF a Lula, era procurar Teori Zavascki. Foi o que o amigo de Lula fez: marcou um encontro com Teori Zavascki, para lhe explicar como era urgente que Renato Duque fosse solto, porque, caso contrário, Lula seria envolvido "injustamente" num escândalo de proporções imprevisíveis para a estabilidade institucional. Teori Zavascki aquiesceu. Avisado pelo amigo ex-ministro do STF, Lula comunicou à mulher de Renato Duque que tudo estava resolvido
Foi assim que Renato Duque, passados pouco mais de quinze dias após a sua prisão, viu-se do lado de fora da carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Acuado, ele pediu ajuda a
um ex-ministro do STF
A frase da semana: Edmund Fawcett sobre o liberalismo
Fernando Gabeira: Os Saqueadores da Logica (eles mesmos, os mafiosos)
Os saqueadores da lógica
Se o PT pusesse fogo em Brasília e alguém protestasse, a resposta viria rápida: onde você estava quando Nero incendiou Roma? Por que não protestou? Hipocrisia.
Com toda a paciência do mundo, você escreve que ainda não era nascido, e pode até defender uma ou outra tese sobre a importância histórica de Roma, manifestar simpatia pelos cristãos tornados bodes expiatórios. Mas é inútil.
Você está fazendo, exatamente, o que o governo espera. Ele joga migalhas de nonsense no ar para que todos se distraiam tentando catá-las e integrá-las num campo inteligível.
Vi muitas pessoas rindo da frase de Dilma que definiu a causa do escândalo da Petrobrás: a omissão do PSDB nos anos 1990. Nem o riso nem a indignação parecem ter a mínima importância para o governo.
Depois de trucidar os valores do movimento democrático que os elegeu, os detentores do poder avançaram sobre a língua e arrematam mandando a lógica elementar para o espaço. A tática se estende para o próprio campo de apoio. Protestar contra o dinheiro de Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, no carnaval carioca é hipocrisia: afinal, as escolas de samba sempre foram financiadas pela contravenção.
O intelectual da Guiné Juan Tomás Ávila Laurel escreveu uma carta aos cariocas dizendo que Obiang gastou no ensino médio e superior de seu país, em dez anos, menos o que investiu na apologia da Beija-Flor. E conclui alertando os cariocas para a demência que foi o desfile do carnaval de 2015.
O próprio Ávila afirma que não há números confiáveis na execução do orçamento da Guiné Equatorial. Obiang não deixa espaço para esse tipo de comparação. Tanto ele como Dilma, cada qual na sua esfera, constroem uma versão blindada às análises, comparações numéricas e ao próprio bom senso.
O mundo é um espaço de alegorias, truques e efeitos especiais. Nicolás Maduro e Cristina Kirchner também constroem um universo próprio, impermeável. Se for questionado sobre uma determinada estratégia, Maduro poderá dizer: um passarinho me contou. Cristina se afoga em 140 batidas do Twitter: um dia fala uma coisa, outro dia se desmente.
Numa intensidade menor do que na Guiné Equatorial, em nossa América as cabeças estão caindo. Um promotor morre, misteriosamente em Buenos Aires, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, só e indefeso, é arrastado por um pelotão da polícia política bolivariana.
Claro, é preciso denunciar, protestar, como fazem agora os argentinos e os venezuelanos. Mas a tarefa de escrever artigos, de argumentar racionalmente, parece-me, no Brasil de hoje, tão antiga como o ensino do latim ou o canto orfeônico.
Alguma evidência, no entanto, pode e deve sair da narrativa dos próprios bandoleiros. Quase tudo o que sabemos, apesar do excelente trabalho da Polícia Federal, veio das delações premiadas.
Alguns dos autores da trama estão dentro da cadeia. Não escrevem artigos, apenas mandam bilhetes indicando que podem falar o que sabem.
Ao mesmo tempo que rompe com a lógica elementar, o governo prepara sua defesa, organiza suas linhas e busca no fundo do colete um novo juiz do Supremo para aliviar sua carga punitiva. O relator Teori Zavascki, na prática, foi bastante compreensivo, liberando Renato Duque, o único que tinha vínculo direto com o PT.
Todas essas manobras e contramanobras ficarão marcadas na história moderna do Brasil. Essa talvez seja a razão principal para continuar escrevendo.
Dilmas, Obiangs, Maduros e Kirchners podem delirar no seu mundo fantástico. Mas vai chegar para eles o dia do vamos ver, do acabou a brincadeira, a Quarta-Feira de Cinzas do delírio autoritário.
Nesse dia as pessoas, creio, terão alguma complacência conosco que passamos todo esse tempo dizendo que dois e dois são quatro. Constrangidos com a obviedade do nosso discurso, seguimos o nosso caminho lembrando que a opressão da Guiné Equatorial é a história escondida no Sambódromo, que o esquema de corrupção na Petrobrás se tornou sistemático e vertical no governo petista.
Dilma voltou mais magra e diz que seu segredo foi fechar a boca. Talvez fosse melhor levar a tática para o campo político. Melhor do que dizer bobagens, cometer atos falhos.
O último foi confessar que nunca deixou de esconder seus projetos para ampliar o Imposto de Renda. Na Dinamarca (COP 15), foi um pouco mais longe, afirmando que o meio ambiente é um grande obstáculo ao desenvolvimento.
O País oficial parece enlouquecer calmamente. É um pouco redundante lembrar todas as roubalheiras do governo. Além de terem roubado também o espaço usual de argumentação, você tem de criticar politicamente alguém que não é político, lembrar o papel de estadista a uma simples marionete de um partido e de um esquema de marketing.
O governo decidiu fugir para a frente. Olho em torno e vejo muitas pessoas que o apoiam assim mesmo. Chegam a admitir a roubalheira, mas preferem um governo de esquerda. A direita, argumentam, é roubalheira, mas com retrocesso social. Alguns dos que pensam assim são intelectuais. Nem vou discutir a tese, apenas registrar sua grande dose de conformismo e resignação.
Essa resignação vai tornando o País estranho e inquietante, muito diferente dos sonhos de redemocratização. O rei do carnaval carioca é um ditador da Guiné e temos de achar natural porque os bicheiros financiam algumas escolas de samba.
A tática de definir como hipocrisia uma expectativa sincera sobre as possibilidades do Brasil é uma forma de queimar esperanças. Algo como uma introjeção do preconceito colonial que nos condena a um papel secundário.
Não compartilho a euforia de Darcy Ribeiro com uma exuberante civilização tropical. Entre ela e o atual colapso dos valores que o PT nos propõe, certamente, existe um caminho a percorrer.
Artigo publicado no Estadão em 27/02/2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Politica mafiosa: "Ja da' para ouvir o 15 de marco"- Reinaldo Azevedo
Paulo Roberto de Almeida
Já dá para ouvir o 15 de março
Reinaldo Azevedo
Folha de São Paulo, 27 de fevereiro de 2015
A pantomima petista chegou ao fim. O custo é imenso. E vai cobrar a fatura de gerações, podem escrever
"Soc, poft, pow! Coxinha. Golpista!"
Eis o som presente do mar futuro de gente nas ruas no próximo dia 15. Ali vão as onomatopeias e vitupérios produzidos pelos milicianos petistas contra pessoas comuns, que pagam impostos e estão cansadas de ser roubadas. Pois é... Os companheiros acham que chegou a hora de nos pegar na porrada.
Na segunda, enquanto Lula e seus "tontons macoute" faziam um ato "em defesa da Petrobras", no Rio --o que supõe distribuir sopapos didáticos para ensinar a essa brasileirada o valor do patriotismo--, a Moody's anunciava o rebaixamento da nota da estatal. Bastava que caísse um degrau para passar do azul para o vermelho, do grau de investimento para o especulativo. Mas a agência empurrou a empresa escada abaixo: a queda foi logo de dois --e ainda com viés negativo.
A presidente Dilma Rousseff, com a clarividência habitual, atribuiu a decisão "à falta de conhecimento". É verdade. A agência, o mercado e todo mundo desconhecem, por exemplo, o balanço da empresa. O que se dá como certo é que o governo indicou uma diretoria para o exercício da contabilidade criativa, com Aldemir "Hellôôô" Bendine à frente. A crise, no Brasil, também é brega.
A realidade ganhava, assim, traços de caricatura, de narrativa barata, de roteiro de filme de segunda linha. Enquanto Lula, o grande sacerdote do modelo que levou a Petrobras ao desastre, oficiava na ABI mais uma de suas missas macabras, disparando contra elites imaginárias, a empresa passava a arcar com mais um custo das forças malignas que ele conjurava. Havia pouco, Paulo Okamotto, o sócio do Babalorixá de Banânia, explicara em entrevista como o partido lida com as empreiteiras: "Funciona assim: 'Você está ganhando dinheiro? Estou. Você pode dar um pouquinho do seu lucro para o PT? Posso, não posso.'"
Das expressões ou palavras que criei para definir esses seres exóticos, "petralha" é a mais popular, mas não é a de que mais me orgulho. Gosto mesmo é de "burguesia do capital alheio", que é como chamo os companheiros desde meados da década de 90, antes ainda de sua ascensão, quando fingiam ares de resistência.
Sempre me impressionou a facilidade com que se insinuavam nas estruturas do Estado e das empresas privadas e passavam a ser beneficiários do esforço de terceiros. Voltem lá a Okamotto. Jamais lhe ocorreria indagar se os empresários podem dar um pouco do seu risco ao PT. O partido se apropria é de uma parte do lucro. A expressão que criei serve para designar o petismo, mas poderia definir a máfia.
O modelo entrou em colapso. Se Dilma será ou não impichada, não sei. Como escrevi nesta Folha, golpe é rasgar a lei e a Constituição democraticamente pactuadas. O que dá para saber, e isto é certo, é que a pantomima petista chegou ao fim. O custo é imenso. E vai cobrar a fatura de gerações, podem escrever. As ruas vêm aí, e Lula, o irresponsável da segunda-feira, com seus milicianos, nada pode fazer pela governanta. Ao contrário: é ele, hoje, quem a desestabiliza.
A presidente tem de se escorar no braço de Eduardo Cunha e repetir Blanche DuBois, a doidona de "Um Bonde Chamado Desejo", quando decide seguir pacificamente para o hospício, em companhia de um alienista: "Seja você quem for, eu sempre dependi da boa vontade de estranhos".
China, investimentos: nao tem Plano Marshall, e sim o imperialismo ocidental de um seculo atras
Discordo, porém, fundamentalmente, da assertiva quanto a um Plano Marshall chinês. Isso não existe, e não há nada de equivalente entre o que fizeram os EUA entre 1947 e 1953 -- colaborando generosamente com a reconstrução europeia, e também japonesa em outro esquema -- e o que estão fazendo hoje os chineses, que nada mais fazem do que reproduzir o que fizeram europeus e americanos cem anos atrás em direção de toda a periferia integrada aos circuitos da divisão internacional do trabalho.
A China está cuidando dos seus interesses nacionais, com algumas prebendas aqui e ali, que se refletem na construção de hospitais e prédios públicos em países africanos (desde que feitos com mão de obra chinesa), para permitir o estabelecimento dos mesmos esquemas de extração de valor que faziam os "imperialistas ocidentais" no final do século 19 e início do 20.
A China está certa? Provavelmente.
Mas ela não está fazendo nenhum Plano Marshall, e isso precisa ficar muito claro.
Nunca existiu nada comparável aos dons generosos feitos pelos EUA, e mesmo antes do Plano Marshall. Os acordos de Lend-Lease (empréstimos e arrendamento), que permitiram a transferência de mais de 50 bilhões de dólares em equipamentos militares americanos para os britânicos, para os soviéticos e para outros aliados (inclusive o Brasil), foram absolutamente essenciais para resistir, desde 1940 no caso inglês, à máquina de guerra nazista, e vencer os monstros fascistas-militaristas da Segunda Guerra.
A China está longe, muito longe, de fazer qualquer Plano Marshall. Ela cuida dos seus interesses nacionais, o que certos países são incapazes de fazer.
O comércio bilateral Brasil-China, por exemplo, é bem mais "colonial" do que jamais o foi nossa relação diversificada com os "imperialismos" europeu e americano durante décadas.
O que acaba de fazer agora a Argentina abrindo-se aos capitais chineses senão submissão colonial?
Essa é a realidade.
Paulo Roberto de Almeida
Plano Marshall chinês?
Marcos Troyjo
Folha de S. Paulo, Sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Os astutos chineses já encontraram fórmula para explicar como sua expansão representa oportunidades
Quando o Muro de Berlim caiu, Brasil e China ocupavam fatias iguais do PIB global -- cada uma representava 3% da economia mundial.
Hoje, a participação brasileira permanece essencialmente a mesma, ao passo que a China já é responsável por quase 17% da riqueza global.
A dramática ascensão chinesa é mais destoante quando comparada à imobilidade brasileira. Embora inerte, o Brasil de 2015 ainda é a segunda maior economia emergente.
Essa corrida chinesa rumo ao status de superpotência econômica se deveu sobretudo ao extraordinário sucesso na aplicação de uma estratégia de nação comerciante.
Isso gerou perceptível desproporção da presença chinesa em diferentes âmbitos das relações econômicas internacionais.
O gigantismo comercial da China, que há dois anos converteu-se na maior exportadora -- e importadora -- do mundo, não se fez acompanhar do papel do país como grande fonte de investimentos estrangeiros diretos. Isso, porém, está mudando.
Uma comparação entre os perfis dos membros do "G2" (EUA e China) do mundo contemporâneo ilustra o ponto. A corrente de comércio exterior anual da China hoje é de US$ 4 trilhões. A dos EUA é de US$ 3,9 trilhões.
Já o estoque total de investimento no exterior demonstra grande disparidade. Na ponta receptora, a China ultrapassou os EUA em 2014 como principal destino mundial de investimento estrangeiro, (China US$ 127 bilhões, EUA US$ 86 bilhões). Na ponta emissora, a desproporção é brutal: EUA contabilizam US$ 6,5 trilhões e China menos de 10% disso, com US$ 614 bilhões.
Ainda assim, a tendência é de maior convergência. Nos últimos 10 anos os EUA aumentaram seu estoque de investimentos não-financeiros no exterior em "apenas" 75%, enquanto a China os multiplicou 12 vezes.
Será então, como questiona o economista Peter Nolan, da Universidade de Cambridge, que a "China está comprando o mundo"?
À semelhança do Japão nos 1980, a China realiza crescentes aquisições de empresas e propriedade imobiliária no exterior. Investe pesadamente em energia e, onde lhe permitem, em terra, subsolo, agricultura. E o faz globalmente. Se os investimentos chineses são particularmente visíveis na África, em volume os quatro principais destinos na última década são EUA, Austrália, Canadá e Brasil.
A China sabe que seu perfil cada vez mais alto como investidora no exterior gera agudas preocupações. Empresariado local teme competição e desindustrialização. Governos sensibilizam-se com eventual perda de soberania sobre recursos naturais. Trabalhadores ressentem-se do estilo supostamente abrasivo com que os chineses administram suas empresas.
Mas os astutos chineses já encontraram fórmula sútil de explicar como a expansão de seu papel investidor representa oportunidades para o mundo em desenvolvimento.
Classificam plataformas lideradas por Pequim como o Banco dos Brics, o Banco de Investimentos em Estrutura na Ásia ou o Fundo da Rota da Seda, juntamente com o investimento estatal e privado no exterior, como equivalentes a um "Plano Marshall chinês".
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcostroyjo/2015/02/1595596-plano-marshall-chines.shtml
Quem são os liberais, e o que eles têm a dizer? - Paulo Roberto de Almeida
Brasil na Economist: problemas economicos, liberais em ascensao, etc
The downgrading of Petrobras’s credit rating to junk status by Moody’s sent shivers through Brazilian markets. The state-controlled oil company is mired in a corruption scandal involving politicians from Brazil’s ruling Workers’ Party, preventing Petrobras from undertaking a proper financial audit.
LEADERS
Brazil - In a quagmire
Latin America’s erstwhile star is in its worst mess since the early 1990s
CAMPAIGNING for a second term as Brazil’s president in an election last October, Dilma Rousseff painted a rosy picture of the world’s seventh-biggest economy. Full employment, rising wages and social benefits were threatened only by the nefarious neoliberal plans of her opponents, she claimed. Just two months into her new term, Brazilians are realising that they were sold a false prospectus.
Brazil’s economy is in a mess, with far bigger problems than the government will admit or investors seem to register. The torpid stagnation into which it fell in 2013 is becoming a full-blown—and probably prolonged—recession, as high inflation squeezes wages and consumers’ debt payments rise (see page 71). Investment, already down by 8% from a year ago, could fall much further. A vast corruption scandal at Petrobras, the state-controlled oil giant, has ensnared several of the country’s biggest construction firms and paralysed capital spending in swathes of the economy, at least until the prosecutors and auditors have done their work. The real has fallen by 30% against the dollar since May 2013: a necessary shift, but one that adds to the burden of the $40 billion in foreign debt owed by Brazilian companies that falls due this year.
Escaping this quagmire would be hard even with strong political leadership. Ms Rousseff, however, is weak. She won the election by the narrowest of margins. Already, her political base is crumbling. According to Datafolha, a pollster, her approval rating fell from 42% in December to 23% this month. She has been hurt both by the deteriorating economy and by the Petrobras scandal, which involves allegations of kickbacks of at least $1 billion, funnelled to politicians in her Workers’ Party (PT) and its coalition partners. For much of the relevant period Ms Rousseff chaired Petrobras’s board. If Brazil is to salvage some benefits from her second term, then she needs to take the country in an entirely new direction.
Levy to the rescue?
Brazil’s problems are largely self-inflicted. In her first term Ms Rousseff espoused a tropical state-capitalism that involved fiscal laxity, opaque public accounts, competitiveness-sapping industrial policy (see Schumpeter) and presidential meddling in monetary policy. Last year her re-election campaign saw a doubling of the fiscal deficit, to 6.75% of GDP.
To her credit, Ms Rousseff has at least recognised that Brazil needs more business-friendly policies if it is to retain its investment-grade credit rating and return to growth. This realisation is personified by her new finance minister, Joaquim Levy, a Chicago-trained economist and banker and one of the country’s rare economic liberals (see article). However, Brazil’s past failure to deal promptly with macroeconomic distortions has left Mr Levy to grapple with a recessionary trap.
To stabilise gross public debt, he has promised a whopping fiscal squeeze of almost two percentage points of GDP this year. Part of this is coming from the removal of an electricity subsidy and the reimposition of fuel duty. Both measures have helped to push inflation to 7.4%. He also plans to curb subsidised lending by public banks to favoured sectors and firms.
Ideally, Brazil would offset this fiscal squeeze with looser monetary policy. But because of the country’s hyperinflationary past, as well as more recent mistakes—the Central Bank bent to the president’s will, ignored its inflation target and foolishly slashed its benchmark rate in 2011-12—the room for manoeuvre today is limited. With inflation still above its target, the Central Bank cannot cut its benchmark rate from today’s level of 12.25% without risking further loss of credibility and sapping investor confidence. A fiscal squeeze and high interest rates spell pain for Brazilian firms and households and a slower return to growth. What makes this adjustment perilous is the political fragility of Ms Rousseff herself. On paper she won a comfortable, though reduced, legislative majority in the October election. Yet the PT is already grumbling about Mr Levy’s fiscal policies—partly because the campaign did not lay the ground for them. Ms Rousseff suffered a crushing defeat on February 1st in an election for the politically powerful post of head of the lower house of Congress. Eduardo Cunha, who vanquished the PT’s man, will pursue his own agenda, not hers. Not for the first time, Brazil may be in for a period of semi-parliamentary government.
The country thus faces its biggest test since the early 1990s. The risks are clear. Recession and falling tax revenue may undermine Mr Levy’s adjustment. Any backsliding may in turn prompt a run on the real and a downgrade in Brazil’s credit rating, raising the cost of financing for government and companies alike. Were Brazil to see a repeat of the mass demonstrations of 2013 against corruption and poor public services, Ms Rousseff might be doomed.
From weakness, opportunity
Yet the president’s weakness is also an opportunity—and for Mr Levy in particular. He is now indispensable. He should build bridges to Mr Cunha, while making it clear that if Congress tries to extract a budgetary price for its support, that will lead to cuts elsewhere. The recovery of fiscal responsibility must be lasting for business confidence and investment to return. But the sooner the fiscal adjustment sticks, the sooner the Central Bank can start cutting interest rates.
More is needed for Brazil to return to rapid and sustained growth. It may be too much to expect Ms Rousseff to overhaul the archaic labour laws that have helped to throttle productivity, but she should at least try to simplify taxes and cut mindless red tape. There are tentative signs that the government will scale back industrial policy and encourage more international trade in what remains an over-protected economy.
Brazil is not the only member of the BRICS quintet of large emerging economies to be in trouble. Russia’s economy, in particular, has been battered by war, sanctions and dependence on oil. For all its problems, Brazil is not in as big a mess as Russia. It has a large and diversified private sector and robust democratic institutions. But its woes go deeper than many realise. The time to put them right is now.
Brazil’s liberals - Niche no longer
Thatcherism is winning adherents
AMONG the buskers on Avenida Paulista, São Paulo’s main thoroughfare, one act stood out on a recent Friday afternoon. A live rock band played spiffy renditions of “Blue Suede Shoes” and other 1950s classics; between numbers, six panellists sang the praises of competition and fielded questions from 100-odd onlookers about such issues as transport prices. The event was organised by the Free Brazil Movement (MBL), a group founded last year to promote free-market answers to the country’s problems. The al fresco concert-cum-colloquium was a riposte to demonstrators who took to the streets a half-dozen times in January to demand free bus transport. A better idea would be to open bus services to competition among private firms, which would improve quality and lower costs, the MBL-ers claimed.
Although Brazil thinks of itself as a “tropical Sweden”, advocates of freer markets and a less intrusive state are making headway. Of the 50 organisations that belong to the Liberty Network, an umbrella group, all but a handful were founded in the past three years. A “liberty forum” in April is expected to draw some 5,000 South American freedom-lovers to Porto Alegre, a southern city. This year’s theme, inspired by the Charlie Hebdo murders, is freedom of expression.
Soon such folk will have a new political party to represent them. Called simply Novo (“new”), the party stands unabashedly for free markets, a minimal state, low taxes and individual liberties. This would extend Brazil’s narrow political spectrum. The Workers’ Party of the president, Dilma Rousseff, is decidedly left-wing. The main opposition party, the Party of Brazilian Social Democracy (PSDB), is friendlier to markets but, as its name suggests, it is by no means Thatcherite.
Novo sounds like it will be. Its president, a banker called João Amoêdo, calls for privatisation of state-controlled enterprises such as Petrobras, an oil giant in the midst of a corruption scandal. The fledgling party has submitted the 492,000 notarised signatures needed to register with the electoral authority. Mr Amoêdo hopes for approval in March; it plans to field candidates in next year’s local elections. A new liberal force could provide fresh answers to the country’s increasingly difficult economic plight (see article).
Novo’s brassy brand of liberalism is still a minority taste. Many Brazilians associate the liberal reforms enacted when the PSDB was in power in the 1990s with the short-term pain they caused rather than the long-term stability they secured. At the University of São Paulo, the loftiest of Brazil’s ivory towers, microeconomics courses dwell on market imperfections while neglecting government failures, laments Fabio Barbieri, who teaches the subject.
The social-science section of Livraria Cultura, a famous bookshop on Avenida Paulista, displays freshly printed copies of Karl Marx’s “Capital” but carries nothing by John Stuart Mill, his great liberal contemporary. After the military coup of 1964 “we were all deformed by revolutionary Marxism”, says Eduardo Giannetti, a liberal economist (his 29-year-old son was among the Paulista panellists). For decades a cartelised capitalism, protected by the state, kept products shoddy and prices high, which did not help the private sector win friends.
But opinion may be shifting. Brazilians have long been open-minded about gay rights and immigration (but not legalisation of drugs). A poll by Datafolha, a research firm, published in September found that 30% are sceptical about state intervention and tax-and-spend policies, up from 26% a year earlier. In October’s presidential election Ms Rousseff defeated her challenger, the pro-business candidate of the PSDB, only narrowly. These are hopeful signs for liberals. But it will be some time before “let’s introduce competition into public transport” drums up the same enthusiasm as “free tickets”.
BUSINESS
Schumpeter - Brazil’s business Belindia
Why the country produces fewer world-class companies than it should
BRAZILIANS make up almost 3% of the planet’s population and produce about 3% of its output. Yet of the firms in Fortune magazine’s 2014 “Global 500” ranking of the biggest companies by revenue only seven, or 1.4%, were from Brazil, down from eight in 2013. And on Forbes’s list of the 2,000 most highly valued firms worldwide just 25, or 1.3%, were Brazilian. The country’s biggest corporate “star”, Petrobras, is mired in scandals, its debt downgraded to junk status. In 1974 Edmar Bacha, an economist, described its economy as “Belindia”, a Belgium-sized island of prosperity in a sea of India-like poverty. Since then Brazil has done far better than India in alleviating poverty, but in business terms it still has a Belindia problem: a handful of world-class enterprises in a sea of poorly run ones.
Brazilian businesses face a litany of obstacles: bureaucracy, complex tax rules, shoddy infrastructure and a shortage of skilled workers—to say nothing of a stagnant economy (see article). But a big reason for Brazilian firms’ underperformance is less well rehearsed: poor management. Since 2004 John van Reenen of the London School of Economics and his colleagues have surveyed 11,300 midsized firms in 34 countries, grading them on a five-point scale based on how well they monitor their operations, set targets and reward performance. Brazilian firms’ average score, at 2.7, is similar to that of China’s and a bit above that of India’s. But Brazil ranks below Chile (2.8) and Mexico (2.9); America leads the pack with 3.3. The best Brazilian firms score as well as the best American ones, but its long tail of badly run ones is fatter.
Part of the explanation is that medium and large firms tend to be better-organised than small ones, and not only because well-run ones are likelier to grow. Brazil offers incentives aplenty to stay bitty, such as preferential tax treatment for firms with a turnover of no more than 3.6m reais ($1.3m). As they expand, many firms split rather than face increased scrutiny from the taxman. According to the World Bank, a midsized Brazilian firm spends 2,600 hours filing taxes each year. In Mexico, it is 330 hours.
Ownership patterns play a part too. Many Brazilian concerns are controlled by an individual shareholder, or one or two families. Two-thirds of those with sales of more than $1 billion a year are family-owned, notes Heinz-Peter Elstrodt of McKinsey, a consulting firm. That is less than in Mexico (96%) or South Korea (84%) but more than in America or Europe. Mr Van Reenen’s research shows that where family owners plump for outside chief executives, their firms do no worse than similarly sized ones with more diverse shareholders. But all too often they pick kin over professional managers—and performance suffers. This is particularly true in “low-trust” societies like Brazil, where bosses hire relatives instead of better-qualified strangers to avoid being robbed or sued for falling foul of overly worker-friendly labour laws.
Decades of economic turmoil—which ended when hyperinflation was vanquished in 1994—meant that companies were managed from crisis to crisis. This forced Brazilian firms to be nimble. But it also encouraged short-termism, which management consultants and academics finger as Brazilian managers’ number-one sin. Faced with a record drought in 2014, and a subsequent spike in energy prices in a hydropower-dependent country, Usiminas, a steelmaker, stopped smelting and started selling power it had bought on cheap long-term contracts. Energy sales made up most of its operating profits that year. Such short-term stunts are hardly the path to long-term greatness.
Worse, crisis management all too often consists of going cap in hand to the government. Brazilian bosses continue to waste hours in meetings with politicians that could be better spent improving their businesses. In January 2014, as vehicle sales flagged, the automotive industry’s reflex reaction was to descend on the capital, Brasília, and demand an extension of its costly tax breaks. Thanks to lifelines cast by the state, feeble firms stay afloat rather than sink and make room for more agile competitors. Shielded from competition by tariffs, subsidies and local-content rules, they have little reason to innovate. A locally invented gizmo which lets cars run on both petrol and biodiesel is nifty. But, asks Marcos Lisboa of Insper, a business school, does that really justify six decades of public support for the motor industry?
The dead hand of government
Indeed, a glance at the “Belgian” end of Brazil’s corporate landscape suggests that successful firms cluster in sectors the state has not tried desperately to help, such as retail or finance. Bradesco, a big lender, is internationally praised as a pioneer of automated banking. Each month Arezzo creates 1,000 new models of women’s shoes, and picks 170-odd to sell in its shops.
Brazil’s other world-beaters are in industries like agriculture and aerospace, which are free to compete at home and abroad, and in which the government sticks to its proper role. In 1990 farms were allowed to consolidate and to buy foreign machines, pesticides and fertiliser. Efforts by Brazil’s trade negotiators opened up export markets. JBS, a meat giant, can slaughter 100,000 head of cattle a day, selling more beef than any rival worldwide. Thanks in part to Embrapa, the national agriculture-research agency, Brazilian farms have been raising productivity by about 4% a year for two decades. Similarly, a supply of skilled engineers and know-how from the government’s Technological Institute of Aeronautics has helped turn Embraer, privatised in 1994, into one of the world’s most successful aircraft-makers.
The success of businesses such as these offers a lesson for the state. The best way to make Brazil’s underperforming firms more competitive would be to make them compete more. Coddling by the state can be more a curse than a blessing. Ronald Reagan’s dictum that the nine most terrifying words in the English language are, “I’m from the government and I’m here to help,” translates well into Flemish, Hindi and Brazilian Portuguese.
FINANCE AND ECONOMICS
Brazil’s coming recession - The crash of a titan
Brazil’s fiscal and monetary levers are jammed. As a result, it risks getting stuck in an economic rut
IT IS easy for a visitor to Rio to feel that nothing is amiss in Brazil. The middle classes certainly know how to live: with Copacabana and Ipanema just minutes from the main business districts a game of volleyball or a surf starts the day. Hedge-fund offices look out over botanical gardens and up to verdant mountains. But stray from comfortable districts and the sheen fades quickly. Favelas plagued by poverty and violence cling to the foothills. So it is with Brazil’s economy: the harder you stare, the worse it looks.
Brazil has seen sharp ups and downs in the past 25 years. In the early 1990s inflation rose above 2,000%; it was only banished when a new currency was introduced in 1994. By the turn of the century Brazil’s deficits had mired it in debt, forcing an IMF rescue in 2002. But then the woes vanished. Brazil became a titan of growth, expanding at 4% a year between 2002 and 2008 as exports of iron, oil and sugar boomed and domestic consumption gave an additional kick. Now Brazil is back in trouble. Growth has averaged just 1.3% over the past four years. A poll of 100 economists conducted by the Central Bank of Brazil suggests a 0.5% contraction this year followed by 1.5% growth in 2016.
Economic indicators
Both elements of that prediction—the mild downturn and the quick rebound—look optimistic. The prospects for private consumption, which accounted for around 50% of GDP growth over the past ten years, are rotten. With inflation above 7%, shoppers’ purchasing power is being eroded. Hefty price rises will continue. Brazil is facing an acute water shortage; since three-quarters of its electricity comes from hydroelectric dams, this is sapping it of energy. To avoid blackouts the government plans to deter use by raising prices: rates will increase by up to 30% this year. With the real losing 10% of its value against the dollar in the past month alone, rising import prices will bring more inflation.
There is little hope of disposable income keeping pace. One reason is that Brazilian workers’ productivity does not justify further rises. In the past ten years wages in the private sector have grown faster than GDP; cosseted public-sector workers have done even better (see chart 1). Since Brazil’s minimum wage is indexed to GDP and inflation, a recession will freeze real pay for the millions who earn it.
Austerity will bite, too, as Brazil’s new finance minister, Joaquim Levy, tries to balance the books. Higher taxes on fuel are being phased in, a blow for a car-loving country. If Mr Levy reforms the generous state pension, the incomes of older Brazilians will stall.
Debt payments add to the woes. Total credit to the private sector has jumped from 25% of GDP to 55% in the past ten years. With total household debt at around 46% of disposable income, Brazilian households are much less indebted than those in Italy or Japan. Yet the price of this borrowing is sky-high. Four-fifths of it is punishingly costly consumer credit (the average rate on new lending is 27%, according to the Central Bank). Once hefty principal payments are added in, debt service takes up 21% of disposable income. With the economy slowing and the Central Bank reluctant to cut interest rates because of high inflation, consumers will feel the pinch, says Arthur Carvalho of Morgan Stanley. On February 25th a survey put consumer confidence at a ten-year low.
There are few compensating sources of demand. Investment, which rose in eight of the ten years to 2013, often substantially, will sink in 2015. Petrobras, the partially state-owned oil giant that is Brazil’s largest investor, is mired in a corruption scandal that has paralysed spending: the affair may cost up to 1% of GDP in forgone investment. On February 24th Moody’s, a credit-rating agency, cut its debt to junk status; if Petrobras fails to publish audited results soon it may be unable to borrow at all.
Exporting is no answer, despite the falling real. Five countries—China, America, Argentina, the Netherlands and Germany—buy 45% of Brazil’s exports. Ten years ago these economies’ average GDP growth, weighted by their heft in Brazilian trade, was 12%; this year 5% would be good.
Yet the biggest worry is not that Brazil has a bad year, but that its broken policy levers mean that it gets stuck in a rut. Brazil spent 311.4 billion reais (6% of GDP) on interest payments in 2014, a 25% increase on 2013. This means that even if Mr Levy’s fiscal drive works—he is aiming for a primary surplus of 1.2% of GDP—Brazil will be nowhere near the black. The state’s outgoings have proved hard to control, with benefits payments rising despite falling unemployment. In a recession it will be harder still.
Brazil’s parlous finances leave no room for debt-financed stimulus. At 66% of GDP its gross public debt is the highest of the BRIC countries. Its bonds yield 13%—more than Russia’s. Rates could rise further. Fitch, a credit-rating agency, puts Brazil one notch above junk, but it has more debt, bigger deficits and higher interest rates than most countries in that category. If growth evaporates, a downgrade would be a certainty, raising debt costs even more.
Such predicaments are not uncommon, but Brazil’s monetary problems are. The governor of the Central Bank, Alexandre Tombini, must choose between two nasty paths. The first is a hard-money approach: keeping interest rates high despite the weak economy. This would prop up the real and boost the bank’s inflation-bashing credentials. But it is not just households that are hurt by high rates; firms are, too. In aggregate the big Brazilian firms Fitch rates have had negative cashflow since 2010. They have plugged the gap by running down savings and issuing debt. Borrowing is up by 23% in five years. With the risk of default rising, a fifth of these firms face a downgrade, in many cases imminent.
In reality, a tough monetary stance would have to be softened by an extension of Brazil’s lavish financial subsidies. State-owned banks like BNDES, a development bank, and Caixa Econômica Federal, a retail one, made 35% of loans in 2009. Today their share is 55%. Since many Brazilian firms cannot pay private market rates (the average rate for new corporate loans is 16%) BNDES lends at a concessionary rate, currently 5.5%. That makes banking in Brazil a fiscal operation, says Mansueto Almeida, an expert on the public finances. The funding comes from the state, which borrows at a much higher rate than firms pay. The difference, a loss, is borne by taxpayers.
The alternative path for Mr Tombini to go down is to cut rates despite rising inflation—a daring move given Brazil’s history. The cause of price increases, after all, is not an overheating economy, but the real’s fall, rising taxes and the drought. The textbook response would be to “see through”—ie, ignore—this inflation.
But soft money would hurt, too. It would cause the real to fall further, and thus accelerate increases in the prices of imported goods. Foreign debts, which Brazilian firms and local governments have accumulated due to the lower interest rates on offer, would become harder to bear. Data collected by the Bank for International Settlements show dollar debts rising from $100 billion to $250 billion over the past five years. But the burden in local-currency terms has jumped much more, from around 210 billion reais to 655 billion reais (see chart 2). The state lends a hand here too, with the central bank offering swap contracts to insure firms against a falling real. The scheme cost the bank 38 billion reais in the second half of last year alone.
Faced with these poisonous options, a middle path is most likely. Interest rates will be too high for households and firms, so subsidised funding will grow. But they will be too low to protect the real, so swap costs will rise, too. Both subsidies put extra pressure on the government’s finances. By mixing monetary and fiscal policy in this way, Brazil is slowly rendering both ineffective. In an economy heading for recession, that is not a good place to be.