Nesta segunda-feira 25 de abril, a convite de Marcio Coimbra, do Ibmec-Brasília, assisti à palestra de Mansueto Almeida, a quem estou tentando "seduzir" para uma nova palestra sobre o cataclisma econômico brasileiro, no Uniceub (dia 13 de maio, talvez já num novo governo), e acho que uma frase resume toda a sua apresentação: "Não vai ser fácil, não, nos próximos 2 a 3 anos".
Os números apresentados, numa aparente frieza tecnocrática, são terríveis, e muito piores do que os que aparecem nas matérias correntes da "mídia", embora Mansueto tenha usado, para fins de comparação internacional, os dados do mais recente World Economic Outlook, que todos podem downloadar no site do FMI.
A taxa de crescimento e a taxa de investimento permanecerão absolutamente medíocres até o final desta década, e em 2021 nós, brasileiros, teremos uma renda per capita INFERIOR à de 2011. Ou seja, mais uma década perdida, ou não, retrocedida!
O déficit fiscal nominal permanecerá na faixa de 6% do PIB, ou seja, números escandalosos, e os juros, portanto, vão consumir uma parte substancial das receitas públicas.
A dívida bruta, sempre segundo os dados do FMI, não será a maior do mundo, nominalmente, na altura de 90% do PIB, mas o Brasil será o país mais ENDIVIDADO do MUNDO, pela magnitude dos juros, pois pagará um serviço muito superior ao da Grécia, que tem uma DP de 177% do PIB, mas gasta apenas 3,9% com juros, ao passo que o Brasil paga o DOBRO.
Madame Pasadena e seus conselheiros econômicos aloprados conseguiu produzir uma inversão de mais de 200 bilhões de reais em 3 anos, e sem mencionar as bobagens das políticas setoriais, o Brasil pagou 8,4% do PIB em juros em 2015, e neste ano o valor pode ser igual.
O Brasil tem uma dívida praticamente similar à dos países desenvolvidos, quando deveria estar na faixa dos emergentes, em torno de 31% do PIB.
Como Mansueto indicou, são os países ricos que gastam mais com políticas sociais, porque têm condições de fazê-lo. Ou seja, o Brasil construiu para si uma camisa de força da qual é difícil escapar agora.
Reformas terão de ser feitas, sobretudo na área previdenciária e de benefícios sociais, assim como a desvinculação do salário mínimo desses benefícios e sua desindexação, assim como a maior parte das vinculações obrigatórias que consomem grande parte das receitas com certas áreas.
O Brasil está gastando HOJE tanto quanto Alemanha e Japão com a rubrica previdenciaria (11% do PIB), tendo uma razão de dependência três vezes menor. Ou seja, quanto gastaremos quando chegarmos, realmente, ao número de velhos do Japão, em 2040?
Atualmente, estamos no pior dos mundos, pois a receita cai, as despesas podem até cair, mas sua proporção do PIB aumenta, pois este está caindo. A despesa fiscal continua aumentando num ritmo preocupante.
A situação dos estados federados, então, é caótica, e sem solução, pois eles não conseguem sequer controlar o pagamento de pessoal (e nisso foram muito irresponsáveis durante os anos "gordos").
Conclusão: até 2018, o esforço fiscal teria de ser de 240 bilhões, ou 4% do PIB, o que é virtualmente impossível.
Em outros termos: um calote da dívida pública já não mais inimaginável, o que não ocorria até 4 anos atrás.
Como eu digo, os lulopetistas levaram o país a uma GRANDE DESTRUIÇÃO, e todos vamos pagar pelo desastre companheiro.
Sorry pelo pessimismo, folks, mas os números do Mansueto Almeida (não é meu parente) foram realmente impressionantes.
Vou poupá-los de mais pessimismo e desejar boa noite a todos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26 de abril de 2016.
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