Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: respostas a perguntas de jornalistas; finalidade: eleições 2018]
Introdução
Novamente sou consultado por uma rádio paulista para expressar minha opinião sobre o processo eleitoral. Alinho a seguir minhas respostas às perguntas previamente formuladas:
1 – Nome completo, profissão e especialidade:
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor universitário.
2 – O que caracteriza um bom candidato?
Em primeiro lugar, falar a verdade, sem tergiversações. Não se pode começar uma campanha prometendo fazer uma ou mais creches em todas as cidades brasileiras, pois sabemos que não vai fazer. Não se pode prometer, por exemplo, eliminar o desemprego no primeiro ano do seu governo, porque isso não vai acontecer.
Em segundo lugar, não omitir o que pretende fazer. Todos sabemos que, independentemente da crença política, da ideologia do candidato, de sua postura partidária, o próximo presidente terá necessariamente de fazer uma reforma previdenciária, do contrário o Brasil continuará a afundar e precipitar uma crise ainda mais grave do que a ocorrida três anos atrás, por inépcia e corrupção do PT.
Em terceiro lugar, o candidato precisa dizer claramente se pretende fazer um ajuste via aumento de impostos, ou redução de despesas governamentais, o que já traduz uma postura clara quanto aos principais problemas do país.
3 – Cite pontos que o eleitor precisa considerar no candidato:
Sinceridade, cérebro e coração. Ou seja, os eleitores devem ser perspicazes o suficiente para concluir se o candidato está transmitindo a verdade, ou se ele está apenas querendo enganá-los. Em segundo lugar, o candidato precisa evidenciar conhecimento preciso sobre as questões objeto de um debate, não ficar enrolando com palavras vagas, com argumentos sem consistência, com frases genéricas demais. Em terceiro lugar, o candidato precisa demonstrar sensibilidade com as questões sociais, que no Brasil são, ainda, muito frequentemente, um exercício de demagogia política e de demagogia política. O eleitor precisa prestar atenção no que diz o candidato nas entrevistas sem preparação prévia, pois é nessas circunstâncias que se consegue aferir se ele tem compromisso com a verdade, se ele tem a cabeça no lugar, e se ele sabe exatamente quais são as questões mais importantes para a população de baixa renda.
4 – Qual a importância do candidato ter o mesmo aspecto ideológico que o eleitor?
Não me parece relevante essa identificação ideológica, num mundo em que essas palavras identificadoras de esquerda ou de direita perderam quase que totalmente o seu significado. Os petistas, por exemplo, sempre dizem que estão do lado do povo, mas o fato é que eles deram muito mais dinheiro aos ricos, aos banqueiros e aos industriais do que aos pobres, como fez o governo anterior, que eles acusavam de ser neoliberal. Os petistas mergulharam o Brasil na pior crise da nossa história, justamente por terem feito políticas equivocadas, por terem roubado o Brasil e os brasileiros como nunca antes se fez. Eles que se pretendem de esquerda, criaram uma reação de direita no Brasil como nunca antes se viu. Por isso, não se deve considerar o mero rótulo de esquerda ou direita na propaganda eleitoral dos candidatos, e sim o que eles pretendem realmente fazer.
5 – Dicas passo a passo para escolher um bom candidato?
É preciso ter antes de qualquer outra coisa perfeita consciência de que o voto para o Congresso é muito mais importante do que o voto para presidente. O presidente, por mais que pretenda reformar e mudar as políticas, não poderá fazer absolutamente nada se não contar com o apoio dos congressistas. Estes, atualmente, são da pior qualidade possível, e um princípio de boa razão recomendaria trocar todos os que já estão no Congresso. Para isso, é preciso se informar cuidadosamente sobre os que pretendem se eleger, consultar seus programas e plataformas políticas, e escolher jovens de partidos com mensagens realistas sobre a situação do Brasil, recusando todo e qualquer exercício de demagogia política, como soe acontecer nessa época. Existe um site, chamado “políticos.org.br”, que ajuda a obter informações sobre cada um dos atuais parlamentares, os melhores e os piores. Acho que pode ajudar...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de setembro de 2018
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