A política externa brasileira em debate: Ricupero, FHC
e Araujo
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: textos para debate; finalidade: discutir as orientações da
diplomacia]
Sumário
1) Introdução:
Paulo Roberto de Almeida, 4 de março de 2019 1
2) Rubens
Ricupero, 25 de fevereiro de 2019 2
3) Fernando
Henrique Cardoso, 3 de março de 2019 13
4) Ernesto
Araujo, 3 de março de 2019 15
1)
Introdução: Paulo Roberto de Almeida, 4 de março de 2019
Em toda a minha carreira
diplomática, sempre defendi ideias próprias sobre as orientações de nossa
política externa, o que aliás foi objeto de algumas controvérsias e uma tantas
advertências de superiores quanto a certas posturas que mantive e mantenho em
discordância eventual com as orientações oficiais. Nunca me abstive de
expressar minhas opiniões a esse respeito, inclusive por escrito, o que aliás
suscitou uma ou outra “punição” em certas ocasiões, e um longo ostracismo sob o
lulopetismo, que sempre considerei a deformação maior de nossa política, não
apenas pela sua extraordinária inépcia administrativa e formidável corrupção,
mas também pelos equívocos de política econômica, que nos levaram ao que já
chamei de “Grande Destruição”, a inédita recessão que ainda penaliza o povo
brasileiro até muitos anos à frente.
Na área da política
externa – justamente a que motivou a minha longa travessia do deserto durante
toda a duração do criminoso regime –, minhas discordâncias eram conceituais,
operacionais, metodológicas, substantivas e de estilo, ou seja, em toda a
linha. Em qualquer hipótese, numa me eximi de manifestar essas discordâncias,
de forma mais discreta ao início, de maneira aberta ao final, e atualmente.
Mas, já estamos em outro regime, supostamente oposto em toda a linha ao regime
lulopetista anterior.
Isso não me exime, no
entanto, de continuar seguindo a política externa do atual governo, e de
formular eventualmente a minha opinião sobre as orientações em curso. No
momento, não disponho de nenhum texto estruturado sobre a atual diplomacia,
inclusive porque não tivemos, até o presente momento, nenhuma exposição
abrangente, sistemática e completa sobre os fundamentos políticos, as
orientações conceituais, as prioridades e as preferências táticas da política
externa do governo Bolsonaro, a não ser a emissão de alguns grandes slogans,
que não constituem um documento de política, mas apenas conceitos gerais, que
revelam intenções, mais do que uma estratégia precisa.
Mas, o debate já está
aberto, aliás desde antes das eleições, e desde antes da posse do novo governo,
em função de declarações do chanceler designado, o que suscitou uma série de
reações, favoráveis e contrárias, na comunidade interessada em política
externa. De minha parte não me pronunciei a respeito, mas venho seguindo
atentamente essas manifestações, e postando no meu blog Diplomatizzando os textos
mais relevantes. É o caso agora, com três exposições razoavelmente abrangentes
sobre essas orientações gerais em política externa, e mais especificamente
sobre a Venezuela, possivelmente o caso que servirá de teste para a diplomacia
brasileira na presente conjuntura. Além desse test-case, permanecem questões de fundo que ainda serão mais
debatidas. Transcrevo aqui os três textos mais significativos do debate atual,
os dois primeiros nominalmente mencionados no terceiro, do próprio chanceler,
que os acusa, de forma direta e nominal, de serem parte de uma diplomacia que
ele rejeita e abomina.
O debate está aberto, e
certamente teremos outros textos e outras polêmicas.
Minha função é esta: abrir
meu espaço público a ideias inteligentes para o debate de pessoas inteligentes.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de março de 2019
Ler os três textos no seguinte link:
https://www.academia.edu/s/70710c9869/a-politica-externa-brasileira-em-debate-ricupero-fhc-e-araujo
Parabéns pela postagem e lamento a demissão do IPRI, conforme noticiado pela imprensa. Desnecessário dizer, entre o Ministro Ricupero ou o Embaixador Araujo, qual dos dois representa o que há de mais representativo e permanente na tradição diplomática brasileira. Basta lembrar que o interdito ao debate costuma caracterizar a ausência de argumentos ou o simples medo. E la nave va...
ResponderExcluir