Haiti: assassinato do presidente, um desfecho possível, previsível?
Deve a ONU, a comunidade internacional interferir?
Ela já o fez, diversas vezes, e aparentemente isso não resolve os problemas estruturais do país.
Não resolve, nunca resolveu, e não vai resolver: trata-se de um band-aid, numa ferida infinitamente maior.
Enquanto as elites haitianas não se entenderem sobre a construção e o funcionamento de um Estado viável, inclusivo, elas continuarão suas práticas predatórias sobre o resto da população, que continuará a expelir os seus pobres e miseráveis para os países vizinhos, em busca de alguma vida suportável no inferno que é o Haiti (justamente sempre foi, na colonização e sobretudo depois, quando o sentido de ordem se desfez).
Não creio que se deva levar o assunto ao Conselho de Segurança ou a qualquer outra instância oficial.
Que as ONGs humanitárias continuem a fazer o seu papel, sabendo que esse é apenas um paliativo que mantém as elites predatórias no poder.
Vamos dar um tempo, sem interferências, para que o Haiti resolva internamente suas diferenças: em algum momento eles pararão de se matar, de se destruir entre si.
Pode demorar meio século, ou mais; até lá, o Haiti continuará a viver de assistência internacional (metade vai para a população mais pobre, a outra metade fica com os intermediários e com as mesmas elites predatórias).
Aliás, o Haiti já vive de assistência internacional há muito tempo.
Estou sendo cínico? Não, apenas constato como são as coisas...
Paulo Roberto de Almeida
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