A finalização da destruição do orçamento pelo trio JMB-PG-Centrão
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Sei que a coisa começou lá atrás, com as tais emendas parlamentares, que nada mais eram do que puro pork-barrel deformado, pois em lugar dos “restos para os porcos”, eram nacos de um orçamento superestimado no Congresso que serviam para atender à sanha da ratazana.
A “vantagem” do antigo sistema era que depois o ministro da Fazenda e o Tesouro “contigenciavam” a “fome” dos ratos, algo que nem era constitucional, apenas informal e à discrição dos guardiões dos recursos públicos.
Mas a chantagem era brava e recíproca e, sob o reinado do chefão mafioso, o que se fez foi comprar parlamentares e bancadas inteiras, com “fontes” diversas: cartão Visa e propaganda sob o Mensalão e, depois, aí sim, o grande assalto, cientificamente organizado, não só à vaca petrolífera e à caverna de Ali Baba da Petrobras, assim como a extorsão generalizada contra quaisquer empresas, estatais e privadas, como ocorreu no Petrolão (e aí entrou, tangencialmente, a Lava Jata, objeto do ódio eterno dos parlamentares corruptos).
Mas a fome da ratazana não tinha mais limites, e eles aperfeiçoaram tremendamente o know-how meio rústico da cleptocracia companheira com novas ferramentas e tecnologia inédita de extração de recursos. Primeiro foi tornar as emendas compulsórias e incontigenciáveis, obra do supercorrupto Eduardo Cunha, o bandido que, sozinho, valia meio PT.
Depois, com a estúpida proibição de financiamento empresarial pelo STF, foi criado o Fundão Eleitoral, irmão siamês dessa outra excrescência e aberração orçamentária que é o Fundo Partidário, duas monstruosidades contra a nação.
E assim chegamos a praticamente QUATRO tipos de emendas, aperfeiçoadas nos últimos anos pelo Centrão — com a TOTAL conivência dessa “organização criminosa” (apud Celso de Mello), travestida de partido político — e que acabaram de submeter o desgoverno do capitão inepto, refém dos bandidos, além de ser, claro, um boçal completo, o último negacionista do planeta e um psicopata perverso.
A conclusão é uma só e se trata de uma constatação elementar: Não temos mais orçamento! O que temos é um assalto permanente aos recursos da cidadania transferidos aos cofres públicos e assaltados sistematicamente e “legalmente” por hordas de ratos esfaimados travestidos de parlamentares.
Ainda que isso só atinja 3 ou 5% do orçamento não carimbado, estamos falando não só de BILHÕES de reais — que poderiam estar indo para saúde, educação, infraestrutura e assistência social —, mas de uma destruição completa de qualquer noção de orçamento público, um processo de ESTUPRO CONTÍNUO dos recursos públicos.
É o fim do Brasil, tal como o conhecíamos como nação e como Estado, e justo no ano do Bicentenário da Independência!
Tenho a impressão de que esse processo de Grande Destruição da Economia vai passar para os futuros livros de História, como a conjuntura de desmantelamento do Estado, quando o Brasil confirmou a sua fase de declínio estrutural e de retrocesso institucional: seria um pouco com se tivéssemos sofrido invasões contínuas, sucessivas, de mongóis, de hunos, de godos, visigodos, ostrogodos, vikings, piratas, corsários e todos os bárbaros reunidos. Nem Roma sofreu tanto. Só falta salgarem a terra, esses membros de elites predatórias, esses donos do poder que não têm nenhuma noção das responsabilidades associadas ao poder, apenas volúpia.
Como sempre, assino embaixo:
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4048: 17 dezembro 2021, 2 p.
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