domingo, 16 de março de 2025

O Furacão Trump na escala 5 - Fernando Dourado Filho e Paulo Roberto de Almeida

Family business e outras

Fernando Dourado Filho

“1 - Não sou expert nas relações sinistras de Trump com Moscou, e jamais imaginei que elas pudessem incluir uma espécie de perdão por uma brutal investida russa no território ucraniano.

2 - Conheço bem a Rússia que Trump descobriu quando lá esteve, no período da Glasnost e da Perestroika de Gorbachev. O que viria pela frente seria apetitoso para sua lendária voracidade. 

3 - Apetitoso porque para um empreendedor de perfil predatório como ele, os desmandos da era Yeltsin ofereciam um momento propício para seus devaneios. Sob o czar bêbado, tudo era possível. 

4 - Ora, de par com um falcão local certo, ele poderia erguer a sonhada torre com seu nome na capital do velho império. Daí as viagens sucessivas que fez à Rússia com Ivanka, a tcheca primeira mulher.

5 - A criação desses laços legítimos num homem de negócios, cujo lado hedonista está fartamente documentado e, evidentemente, de posse de Putin, fizeram de Trump um joguete nas mãos do Kremlin. 

6 - Como sabido, a Torre Trump ainda não saiu. Mas a idéia não o abandonou. Sem medo de fazer da presidência um family business, Trump se obstina febrilmente em ir atrás do sonho. 

7 - Socorrido por Investidores russos para se livrar de uma quebra iminente,  para Donald tudo é simples: catapultar negócios às expensas do cargo é natural, ele releva quaisquer conflitos de interesse. 

8.- Agora o jogo está escancarado. Para ele, Putin significa centenas de bilhões em oportunidades para os americanos - incluindo seu grupo. Por que se importar com a Ucrânia e o Donbass? 

9 - Putin não poderia ter recebido presente maior do que a investidura de um rematado pateta em Washington. Jogando a OTAN às calendas e rearmando a Europa, Trump quer ser o pacificador.

10 - Casado agora com uma eslovena, tudo o que lhe interessa é ressuscitar a velha agenda e retomar negócios com o gigante que virou pária por uns tempos. Business First, reza a etiqueta dele. 

11 - Dizer que o jovem Trump foi recrutado para Moscou nos idos dos anos 80, seria puxar demais o elástico. O KGB não admitiria narcisistas patológicos, por preciosos que fossem um dia.

12 - Mas algo de nostálgico calou fundo na alma rasa de Trump naquela visita, que foi além das orgias filmadas no hotel Ukraina. O perdão americano à Rússia é indecente. Putin só sorri.” (FDF)

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Nota PRA:


Trump não é um agente russo, ou melhor, do KGB de Putin, no sentido convencional do termo, como argumenta Fernando Dourado Filho. O KGB-FSB nunca confiaria num idiota ignorante e trapalhão como Trump, pois precisa de agentes “confiáveis”, resolutos e decididos, o que Trump notoriamente não é. Agentes de um serviço de inteligência podem ser ideologicamente motivados, o que não é o caso dele, ou fazer o serviço por dinheiro (o que poderia ser o seu caso), pessoas psicologicamente desequilibradas, frustradas com seu país ou sociedade, chantageadas por diversos motivos.

Não, Trump não é um simples agente; ele é algo muito pior: um grande idiota útil a serviço dos interesses russos e especificamente putinescos, por confusas motivações pessoais, devido a seu narcisismo exacerbado, sua ambição desmedida de provar à nata da elite política e empresarial americana, que no fundo sempre o desprezou, que ele poderia ser alguém que conseguiria deixar um profundo impacto na vida, nos negócios, no papel internacional do seu país, para assim passar à História como um grande homem (machista, obviamente), e parece estar conseguindo: está destruindo os EUA e o Ocidente como entidades dotadas de valores e princípios, para não colocar nada em seus lugares e papeis histórico-institucionais. Putin percebeu isso e o selecionou para ser uma joguete em suas mãos. Mas nem mesmo Putin poderia imaginar que o idiota dos anos 90 e início dos 2000 pudesse ir tão longe no trabalho de sapa e de desmantelamento de tudo o que havia de relevante nos EUA, na OTAN, no Ocidente. Trump é um bulldozer com comando parcial de Putin, mas este não precisa guiá-lo metodicamente como se faz com os agentes profissionais. Ele consegue fazer sozinho o trabalhos de vários bulldozers erráticos. Certamente vai entrar para a história universal da infâmia.


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