A Arte (arte?!?) da Negociação
Donald J. Trump (mas não foi ele que escreveu)
Já que o homem está solto e fazendo o impossível para tornar os EUA pequenos novamente, fui ver o que ele poderia ter como lições ou ensinamentos sobre sua "arte" de fazer negócios.
O livro, de 1987, na verdade escrito por um jornalista da Twentieth Century Fox, Tony Schwartz, se chama, no original, The Art of the Deal, e foi traduzido e publicado no Brasil em 1989, pela Editora Campus, como Trump: A Arte da Negociação.
Naquela época ele ainda estava com sua primeira esposa (?! talvez, descontando as modelos e as garota do Epstein) Ivana, também uma "emigrante" (no Canadá, depois veio aos EUA), que aparece em algumas fotoso do livro, inclusive em Moscou); depois ele contratou mais uma emigrante (talvez possa ser por isso que tem tanta raiva de imigrantes).
O livro é um conjunto de platitudes, a maior parte mentiras, com títulos grandiosos em cada um dos 14 capítulos. Trump começa agradecendo à sua "maravilhosa esposa", Ivana Trump, e seus três filhos, que se mostraram "compreensivos ao se verem privados de minha companhia durante os vários fins-de-semana que passei escrevendo este livro" (a primeira mentira).
O primeiro capítulo começa justamente por outra grande mentira:
"Não faço pelo dinheiro. Já tenho bastante, muito além do que precisaria. Faço pelo prazer de fazer." (p. 1)
O capítulo 2., "Os Pontos-Chave da Negociação", em contrapartida, contém uma grande verdade (ou meia verdade):
"Meu estilo de fazer negócios é bem simples e direto. Eu miro muito alto en então fico tentando, tentando, aaté conseguir o que quero. Às vezes consigo menos do que pretendia, mas na maioria dos casos, consigo o que quero." (p. 23)
Não vou continuar transcrevendo as platitudes que preenchem cada uma das páginas do livro. Ele realmente ficou rico, dando golpes, dos quais não falo sinceramente ou honestamente (algo impossível para ele), mas tampouco fala da "ajuda" que recebeu de bilionários russos, depois do fim do comunismo.
Mas ele já tinha ido à Rússia antes do final do regime, e relata isso numa das seções finais do livro, capítulo 14, justamente, o último da coleção de mentiras:
"O Hotel em Moscou"
"Em janeiro de 1987 [PRA: ou seja, nos tempos turbulentos de Gorbatchev], recebi uma carta de Yuri Dobrinin, o embaixador soviético nos Estados Unidos, que dizia: "É um prazer enviar-lhe boas notícias de Moscou," E continuava, dizendo que o departamento soviético para assuntos de turismo internacional, o Goscomintourist, havia mostrado interesse em uma joint venture para construir e gerenciar um hotel em Moscou. Em julho eu, Ivana, sua assitente Lisa Calandra e Norma voamos para Moscou. Foi uma experiência extraordinária [PRA: talvez a mais de um título]. Visitamos várias áreas em potencial para a construção de um hotel, algumas próximas à Praça Vermelha. Ficamos hospedados na suite Lenin, no Hotel Nacional, eu eu fiquei impressionado com a disposição das autoridades soviéticas para fazer o negócio." (p. 196-197)
Mais ele não diz, mas deve ter partido daí a "aproximação" com soviéticos (que não deixaram de ser soviéticos depois do final do comunismo, nos métodos e na corrupção), o que lhe rendeu miuitos milhões de dólares quando precisou "vender" algumas suites da Trump Tower para os bilionários russos (dinheiro geralmente obtido na promiscuidade com o poder, qualquer poder, soviético, da transição, da era "capitalista").
Resumindo, o livro é uma profunda chatice, pois passa o tempo todo relatando seus negócios, encontros, conversações, compras e vendas, sempre visando alto, sua obsessão com cassinos, que só perde, provavelmente, para sua obsessão com as mulheres (de preferência mais jovens, bem jovens).
Não quero mais falar de mentiras e auto-elogios. Vou devolver o livro à Biblioteca do Itamaraty (Coleção Embaixador Dario de Castro Alves, um grande baixinho, simpático, casado com a Dinah Silveira de Queiroz, e que escolheu se instalar em Portugal, depois de aposentado, mas voltou ao Ceará no final da vida).
Não sei se o Trump vai "escrever" um outro livro (isto é, vão escrever para ele) depois de sair (ou ser saído) de sua segunda presidência, na qual conseguiu destruir quase tudo o que os EUA, os americanos, empresários, diplomatas, militares, acadêmicos, tinham construído desde a Segunda Guerra Mundial e nos anos imediatamente seguintes.
Não creio que que houve, ou haverá, algum outro presidente que conseguiu ser tão destruidor, de forma tão megalomaniacamente destrutiva durante seu exercício demolidor da presidência, como o Trump, que odeia imigrantes num país construído praticamente e essencialmente, ou inteiramente, por imigrantes (como, aliás, o pai dele).
Chega, ele não merece nada mais, embora fique satisfeito, quase orgástico, que todos falem dele, sobre ele, mal ou bem, o tempo todo, mais do que nunca.
Vade retro Trump, vamos ter de desfazer todo o mal que ele fez durante esses últimos dez anos, ou em toda a sua vida, teremos de reconstruir tudo o que ele destruiu ao longo dos dois mandatos, e por quê? Segundo os psiquiastras, se trata de um "sociopata". Acho que é pouco; ele é muito mais do que isso, mas não vou entrar nesse terreno.
Brasília, 17/08/2025

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