1) E o debate criado em torno disso:
A propósito desse assunto e da recente elevação do IPI para carros importados, consulto sobre o seguinte artigo: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/brasil-economico/2011/10/07/protecao-necessaria-artigo-joaquim-castanheira
Não são corretos os argumentos do articulista? Bem, entendo que o argumento de que "já há 15 montadoras e isso garante a competição" é fraco, pois um número maior de firmas competindo é sempre melhor e beneficiaria o consumidor. Quanto à questão do câmbio, alguém como Jagdish Bhagwati diria que, se por um lado a China beneficia-se na exportação de seus produtos para o exterior, por outro teria sua competitividade prejudicada, uma vez que o câmbio desvalorizado prejudicaria as importações e protegeria as indústrias nacionais excessivamente. Minha dúvida é: os benefícios dessa medida não excederiam os custos? A perda de competitividade teria efeitos tão desastrosos ao ponto de neutralizar os benefícios da moeda desvalorizada?
Uma dúvida de um curioso contumaz, sempre atento às atualizações de seu interessantíssimo blog!
Abraço!
Felipe Xavier
2) Transcrevo aqui o artigo citado acima:
Proteção necessária
Nos últimos dias, uma série de planos de investimentos de montadoras veio a público, sempre com a pompa e a circunstância que envolvem esse tipo de anúncio. Ontem, a Nissan, por intermédio de seu principal executivo, Carlos Ghosn, confirmou que desembolsará R$ 2,6 bilhões para reforçar suas operações no Brasil. A Volkswagen acrescentou R$ 2 bilhões ao seu programa de investimentos. Executivos daBMWestão em fase de definição do endereço onde construirão uma linha de montagem local—provavelmente, será no estado de São Paulo. A MAN, líder nas vendas nacionais de caminhões, lançará nos próximos dias um plano “vultoso de investimentos”, segundo declarou o presidente da empresa, Roberto Cortês, ao BRASIL ECONÔMICO. Coincidência ou não, esses anúncios surgiram depois que o governo decidiu aumentar o IPI para veículos sem pelo menos 65% de índice de regionalização e seis das etapas de produção realizadas em território brasileiro. A medida foi considerada uma resposta à invasão de carros importados (sobretudo chineses) no mercado brasileiro. De janeiro a agosto deste ano, foram emplacados 129.281 veículos importados, alta de 112,4% em relação ao mesmo período de 2010.
A decisão do governo gerou polêmicas sem fim. Para muitos, trata-se de uma iniciativa protecionista, um golpe no processo de abertura do mercado brasileiro. Segundo essas mesmas análises, o consumidor ficaria prejudicado, já que haveria menos concorrência e os preços subiriam. O governo alegou que protegia o emprego dos brasileiros — o aumento nas importações acabaria por provocar demissões no setor automotivo. Basta mirar o setor calçadista para saber que o risco de desemprego existe, sim. Reportagem publicada pelo BRASIL ECONÔMICO revela que, só em junho, os fabricantes de sapatos demitiram mais de 1.700 pessoas.
Além disso, há outros fatores que justificam a decisão do governo. Primeiro: países como a China mantêm sua moeda artificialmente valorizada, como forma de incentivar as exportações. Então, nada mais natural o Brasil se proteger nessa guerra cambial. Segundo: outras nações criam incentivos para exportações, como créditos compensatórios. É o caso do Japão, cujo governo entrega às montadoras mais de US$ 1 mil para cada veículo exportado pelo país. Terceiro: a concorrência não está ameaçada. Há mais de 15 diferentes marcas com produção local, o que garante dezenas de opções de escolha para os consumidores. A história mostra que medidas defensivas, acompanhadas por um regime automotivo que incentive a produção local, trazem bons resultados. Em meados da década de 90, o Brasil estabeleceu alíquotas de importação diferenciadas para quem tinha fabricação local. Com isso, atraiu diversas montadoras para cá e respeitou as necessidades de produção global das companhias. Em poucos anos, mais de US$ 20 bilhões foram despejados em linhas de montagem no Brasil.
3) Meus comentários:
O artigo acima não poderia ser mais débil, o que me faz pensar sobre como é feita a (de)formação dos jornalistas, inclusive para distinguir entre uma moeda valorizada (o Real) e uma outra desvalorizada (o yuan chinês). Ainda bem que terminou (por enquanto) a reserva de mercado...
Talvez o jornalista queira defender o protecionismo oficial. Minha opinião é a de que ele não tem sequer independência pessoal e empresarial. Deve ser dependente do governo para alguma coisa.
O pior de tudo é a incapacidade de pensar...
Paulo Roberto de Almeida
Professor,
ResponderExcluirA propósito desse assunto e da recente elevação do IPI para carros importados, consulto sobre o seguinte artigo: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/brasil-economico/2011/10/07/protecao-necessaria-artigo-joaquim-castanheira
Não são corretos os argumentos do articulista? Bem, entendo que o argumento de que "já há 15 montadoras e isso garante a competição" é fraco, pois um número maior de firmas competindo é sempre melhor e beneficiaria o consumidor. Quanto à questão do câmbio, alguém como Jagdish Bhagwati diria que, se por um lado a China beneficia-se na exportação de seus produtos para o exterior, por outro teria sua competitividade prejudicada, uma vez que o câmbio desvalorizado prejudicaria as importações e protegeria as indústrias nacionais excessivamente. Minha dúvida é: os benefícios dessa medida não excederiam os custos? A perda de competitividade teria efeitos tão desastrosos ao ponto de neutralizar os benefícios da moeda desvalorizada?
Uma dúvida de um curioso contumaz, sempre atento às atualizações de seu interessantíssimo blog!
Abraço!
Felipe Xavier