segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O papel da diplomacia nas reformas do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Dando continuidade a meu exercício de transparência, transcrevo abaixo um texto meu sobre o papel da diplomacia em alguns temas setoriais no contexto das reformas modernizadoras que o Brasil necessita empreender. Como em outros casos, não tinha sido ainda divulgado publicamente, pois eu pensava incluir em um trabalho mais amplo, antes de disponibilizar o texto em questão.
Paulo Roberto de Almeida
Tubarão, SC, 31/12/2018, 23h24


O papel da diplomacia na reforma do Brasil: Justiça, Trabalho, Educação


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de janeiro de 2018
[Objetivo: discorrer sobre novas tarefas diplomáticas; finalidade: reforma do Brasil]

Este texto é uma continuidade de trabalho anterior (de 10/12/2017, disponível neste link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/propostas-basicas-de-politica-externa.html), voltado para as grandes reformas internas do Brasil, por meio de uma comparação internacional sobre nossas disfunções mais graves, que impedem o crescimento econômico e o desenvolvimento do Brasil. Não se trata exatamente de questões de política externa, ou de uma agenda para as relações internacionais do Brasil, e sim de um trabalho cooperativo para o qual a diplomacia profissional pode ser mobilizada com vistas a auxiliar num processo de reformas setoriais no Brasil, concebido como sendo de implementação a médio e longo prazo.
Naquele trabalho o que basicamente se propôs foi que o Itamaraty passasse a colocar o Brasil numa perspectiva comparativa internacional, evidenciando nossas mais graves limitações em termos de custo do capital, de ambiente de negócios e de ganhos de produtividade. O que se sugeriu, então, foi que tomássemos como parâmetros os relatórios classificatórios e analíticos do Banco Mundial sobre ambiente de negócios (Doing Business), do World Economic Forum sobre competitividade, do Fraser Institute sobre liberdades econômicas e também os dados da OCDE sobre deficiências educacionais, que incidem sobre a produtividade do capital humano. A intenção seria fornecer um guia sobre onde, como e com qual ritmo trabalhar para superar nossas limitações setoriais, sendo que a análise internacional teria de ser intensamente confrontada aos dados internos e, sobretudo, ao ambiente regulatório nacional, para verificar e identificar uma agenda de reformas.
O Itamaraty precisaria ser mobilizado nessa nova frente de trabalho para pesquisar, pensar e propor reformas fundamentais no plano interno, com base numa análise qualitativa (mas apoiada em sólidos dados quantitativos) das informações internacionais com respeito às políticas e instituições de maior eficiência relativa em três áreas fundamentais para o bom desempenho do país: Justiça, Trabalho e Educação.
Alguns dos dados a respeito dessas questões setoriais — mas que são, ao mesmo tempo, políticas horizontais e de caráter praticamente macro, ainda que incidindo sobre cada uma dessas instituições no plano do seu funcionamento micro — já estão presentes nos relatórios e levantamentos classificatórios acima referidos, mas um trabalho de pesquisa suplementar precisa ser conduzido para isolar fatores, mecanismos e instrumentos que atuam para dar maior eficiência na condução desses setores em países que apresentam as melhores performances setoriais.
A intenção não seria fazer com que o Brasil copie modelos estrangeiros ou adote estruturas e instituições moldadas para outros contextos sociais e culturais, mas identificar nossas deficiências relativas — em alguns casos absolutas — e fazer as reformas adaptativas necessárias para aumentar o grau de eficiência no funcionamento desses importantes setores da vida pública.
Por acaso se trata de três áreas nas quais comportamentos corporativos, deformações patrimonialistas e resistência às reformas são mais entranhados, exigindo, por isso mesmo, uma demonstração cabal de como o Brasil destoa dos exemplos de maior eficiência setorial, para justificar e defender a necessidade de reformas nessas áreas. O que se pode desde já antever é que reformas nessas áreas superam um mandato governativo e que elas devem ser vistos como um processo de adaptações contínuas aos dados sempre cambiantes da realidade.
Estudos setoriais complementares precisariam igualmente ser conduzidos para outras importantes questões de interesse nacional relevante, como o sistema tributário e as instituições e medidas de segurança pública, mas cuja complexidade supera, provavelmente, a capacidade analítica do Itamaraty, que pode, no entanto, ajudar a identificar as melhores práticas em outros contextos nacionais, em cooperação com os órgãos pertinentes do Brasil, que de toda forma já possuem suas assessorias internacionais. 
Termos de referência e instruções para a condução do trabalho diplomático teriam de ser elaborados em maior grau de detalhe para os estudos setoriais aqui propostos.

Paulo Roberto de Almeida
11 de janeiro de 2018

Resoluções de Ano Novo: posso repetir? - Paulo Roberto de Almeida

Cerca de um ano atrás, em circunstâncias bastante similares – salvo que antes eu estava em Joinville, SC, agora estou em Tubarão, SC (depois de ir jantar em Laguna) – eu fazia pela enésima vez, uma de minhas postagens favoritas, ou seja, "resoluções de Ano Novo".
Na verdade, quase todo mundo faz, e pelos estudos científicos feitos a respeito – como sempre americanos, gastando inutilmente o dinheiro do contribuinte –, elas não servem para rigorosamente nada, seja porque as pessoas esquecem completamente do que fizeram como "resoluções", seja porque elas não funcionam mesmo, e ponto final.
O que não impede que milhares de pessoas, inclusive este que perturba a vossa paz na véspera de Ano Novo (aliás quase caindo em cima de nós), que digo?, milhões de pessoas em todos os cantos do mundo fazem as suas resoluções de Ano Novo (sim, eu sei, chineses, judeus e outros povos bizarros possuem seus próprios calendários, e podem fazer resoluções em outras datas).
Para não perder mais tempo com esse tipo de bobagem, vou reproduzir aqui as resoluções que eu havia feito para este ano de 2018, e não sei se funcionou, pois aparentemente acabei discutindo com um fundamentalista ou dois, o que me motivou a sair do Facebook, para evitar de encontrar esse povo (mas eles nos encontram, podem ter certeza).
Aqui, vai, portanto, a minha postagem de um ano atrás, e podem apostar que eu estava falando de "globalismo", como o unicórnio dos novos tempos...
Paulo Roberto de Almeida
Tubarão, XC, 31 de dezembro de 2018, 23h16

Resolução de Ano Novo: sempre acreditando no improvável

Paulo Roberto de Almeida
  
Nunca discutir com fundamentalistas,
Não porque seja cansativo, mas porque é inútil.

Cada vez que você pede provas, eles veem com opiniões.
Basta você pedir fatos, eles citam livros, autores.
Você exige evidências, eles repetem conceitos vazios.
Você demonstra que não existe o que eles proclamam, eles retrucam: “não é porque não existe agora, que não existam projetos de fazer um...”
Você pede nomes, aí vem o tal de “eles”; substitua pelos “ricaços”, pelos comunistas, pelo George Soros, as multinacionais, os poderosos, e por aí vai.

Não contentes de serem desinformados, mas convencidos, eles ainda o acusam de cego, ingênuo, contaminado, etc.
É inútil porque a confusão mental é tamanha, que você perde tempo tentando entender o que os néscios queriam dizer, e depois eles não entendem o que você disse.

Por isso fico com o que diz o meu amigo João Luiz Mauad:

 “Se eu disser que Papai Noel, unicórnios ou sereias não existem, não adianta você me pedir provas, porque é impossível provar que tais seres não existem.
O fato de que a ciência, a razão e a realidade são incapazes de demonstrar que algo não existe, não significa que podemos assumir, nem remotamente, que existem, apenas porque alguém diz isso, mesmo que esteja honestamente convencido disso.
Se alguém quiser propor a existência de algo, cabe a ele a responsabilidade de fornecer provas positivas do que afirma, assumindo o ônus da prova, porque quem postula a existência de qualquer coisa, sem ter as respectivas provas concretas, e não apenas conjecturas e "achismos", não deve esperar que o resto das pessoas acredite, apenas porque ele próprio acredita.”

A despeito de todo esse bando de true believers, bom ano a todos.


Paulo Roberto de Almeida
Joinville, 1 de janeiro de 2018

O politicamente correto nada mais é do que censura, pura e simples - Julian Adorney

O politicamente correto ataca um direito humano básico: a liberdade de pensamento e de expressão.
Blog Do Orlando Tambosi / by Orlando Tambosi / 31/12/2018

"A liberdade de expressão é o mecanismo por meio do qual a sociedade evoluiu. É em decorrência da liberdade de expressão e da capacidade de articular idéias que as pessoas conseguem apontar problemas, explicá-los, solucioná-los e tentar chegar a um consenso". Artigo de Julian Adorney, publicado pelo Instituto Mises Brasil:


O ser humano é um animal dotado da capacidade de raciocinar, imitar e imaginar. Mas não só. Ele é também um animal dotado da capacidade de verbalizar e comunicar suas idéias com o propósito de persuadir seus interlocutores, trocar informações com eles ou, simplesmente, expressar suas emoções.

A capacidade de se expressar de maneira complexa e argumentada constitui um traço distintivamente humano — o qual, ademais, é em grande medida responsável pelo nosso progresso civilizatório.

Mais ainda: a capacidade de se expressar livremente é o mecanismo por meio do qual o ser humano mantém a sociedade funcionando.

É em decorrência da liberdade de expressão e da capacidade de articular idéias que as pessoas conseguem apontar problemas, explicá-los, solucioná-los e tentar chegar a um consenso.

Mas há o outro lado: a transmissão de idéias também representa um foco potencial de conflitos entre os seres humanos. Um determinado conjunto de idéias — sobretudo quando estas não fazem parte de nossa identidade cultural — pode nos parecer rechaçáveis, criticáveis ou mesmo repugnantes. Ou seja, as idéias não só nos seduzem, como também podem nos molestar. E, em ocasiões, podem nos molestar sobejamente.

E isso é inevitável: por ser capaz de pensar e de se expressar, o ser humano sempre poderá soar ofensivo a terceiros.

A evolução se deu por meio do debate aberto

Durante séculos, os indivíduos chegaram ao ponto de se enfrentar mutuamente, até o extremo de se aniquilarem, por causa das idéias. As guerras religiosas foram, em última instância, guerras sobre idéias: sobre concepções heterogêneas (e contrapostas), acerca da transcendência, pelas quais muitos estavam dispostos a morrer e a matar.

A forma que socialmente descobrimos para evitar nos enfrentarmos e nos agredirmos por causa de nossas idéias díspares foi a tolerância mútua: um programa ideológico que politicamente se cristalizou naquilo que hoje chamamos de 'liberalismo' — "uma tecnologia para evitar a guerra civil", como, de maneira clarividente, definiu o filósofo Scott Alexander.

As idéias liberais nos ensinaram o segredo para podermos conviver em paz: aceitarmos tolerar mutuamente as idéias díspares e incorrermos em argumentações racionais para resolver nossas discordâncias. Foi assim que a civilização evoluiu.

A censura estimula a intolerância

Obviamente, nosso desafio sempre foi tolerar aquelas idéias ou expressões alheias que nos ofendem, e não aquelas que nos agradam e entusiasmam. Somos tolerantes quando respeitamos o dissenso, e não quando recriamos o consenso. E somos mais propensos a tolerar as idéias alheias quando os demais toleram as nossas: se um grupo de pessoas vê suas idéias sendo silenciadas e censuradas, ele perde toda a razão estratégica para tolerar as idéias alheias.

Consequentemente, quando um grupo politicamente influente consegue instituir a censura sobre aquelas idéias alheias que consideram ofensivas, essa ação bem-sucedida começa a atrair imitadores: a tendência natural é que outros indivíduos que também se sentem ofendidos por outras idéias passem a exigir a censura dessas idéias. Como consequência, o debate vai se tornando cada vez mais manietado.

Pior: quando um grupo vê suas idéias sendo censuradas, a tendência é que ele redobre a aposta em suas idéias, tornando-as ainda mais agressivas, podendo se degenerar em violência física.

Assim, qualquer sociedade que opte pela censura, ainda que branda, está continuamente colocando em xeque a resistência de seus pactos implícitos em torno da liberdade de expressão.

Em última instância, a tolerância mútua é, em certa medida, um equilíbrio potencialmente muito frágil: quando um grupo sente que suas idéias já são suficientemente toleradas pelos demais, ele pode, de um lado, se limitar a tolerar as idéias alheias; mas, de outro, pode também cair na tentação oportunista de tentar censurar marginalmente aquelas idéias ou expressões de terceiros que lhes ofendem, causando ainda mais distúrbios.

Esse tem sido o caminho escolhido pelos adeptos do politicamente correto.

O politicamente correto como ferramenta de controle

O adjetivo 'politicamente correto' é usado para descrever linguagens ou ações que devem ser evitadas por serem vistas como 'excludentes' ou 'ofensivas'.

Em tese, o politicamente correto defende a censura de idéias que marginalizam ou insultam grupos de pessoas tidos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por gênero, raça ou preferências sexuais.

No entanto, ao defender a censura de idéias consideradas "ofensivas", o politicamente correto nada mais é do que uma ferramenta criada para intimidar e restringir a liberdade de expressão. Ao proibir a livre manifestação de idéias a respeito de uma miríade de assuntos, o politicamente correto funciona como uma linha de montagem mecanizada, cujo objetivo é padronizar e homogeneizar as ideias dos indivíduos, fazendo-os pensar e agir sempre de modo uniforme.

Para o politicamente correto, um debate aberto e sem censura, além de ofensivo para as minorias, é também subversivo, inflamatório e gerador de discórdias, devendo por isso ser censurado. Mas isso atenta contra a lógica básica. O debate aberto é algo que, por definição, estimula a análise crítica e impede a uniformidade (e a hegemonia) intelectual. O debate aberto e sem censura evita a predominância do chamado "pensamento de manada", garantindo assim uma voz exatamente para os grupos mais marginalizados e excluídos — os quais, em tese, são o alvo da preocupação do politicamente correto.

Se o indivíduo não mais tiver a liberdade de falar o que pensa, ele não mais será capaz de pensar. Como bem disse o psicólogo Jordan Peterson, a liberdade de expressão é suprema e está acima do "direito" de alguém de não se sentir ofendido. Com efeito, não há o "direito de não ser ofendido" simplesmente porque isso, caso realmente fosse impingido, levaria à extinção do próprio pensamento: o ser humano, por ser capaz de pensar, sempre poderá soar ofensivo a alguém. Querer proibir a expressão do pensamento significa proibir o próprio ato de pensar.

Conclusão (e um teste)

No final, o que temos hoje é apenas uma defesa simétrica da liberdade de expressão: só é lícito aquilo que me agrada. Aquilo que me ofende deve ser proibido.

Só que defender a liberdade de expressão de minhas idéias não é mérito nenhum. Tampouco representa qualquer utilidade social. O verdadeiro mérito está em defender a liberdade de expressão daqueles que nos ofendem profundamente, e então vencê-los no debate por meio da razão. A censura prévia é simplesmente o método a que recorrem os intelectualmente incapazes.

No geral, se você é de esquerda e defende censura e punição àquilo que você considera "discurso de ódio da direita", você está apenas defendendo o privilégio da sua seita de abolir a expressão das idéias alheias. E vice-versa. A universalidade da liberdade de expressão não existe para proteger aquilo que nos agrada, mas sim para proteger da censura aquilo que nos ofende.

Caso cedamos ao encanto de censurar aquilo que nos desagrada, em vez de criarmos uma plataforma que estimule o desenvolvimento do indivíduo por meio do raciocínio lógico, do questionamento e dos diálogos estimulantes, estaremos apenas criando robôs com pensamentos padronizados e homogeneizados.

Abrir a Caixa de Pandora da censura pode acabar estimulando outros grupos a fazerem exatamente o mesmo, acabando assim com a liberdade geral de expressão e com toda a nossa capacidade de debate baseado na razão. Com efeito, estaremos atacando a nossa própria capacidade de raciocínio.

Não há mágica: o livre intercâmbio de informações e idéias é crucial para o progresso de uma sociedade livre. Por isso, toda a forma de "polícia do pensamento" deve ser abolida.

Por fim, um teste: alguns países europeus, como a Alemanha, transformaram em crime o "discurso de ódio" (hate speech) na internet. Na prática, as mídias sociais (Google, Facebook e Twitter) serão severamente multadas caso permitam que seus usuários façam "discursos de ódio" em suas plataformas.


Por uma questão de lógica, isso implica que agora é ilegal odiar Hitler e o Holocausto na internet. Também significa que o marxismo — que fomenta o ódio dos assalariados aos capitalistas, estimulando o assassinato de capitalistas — se tornou ilegal. Você apóia?

Um presidente mentiroso que quebra o seu próprio recorde de mentiras: quem seria?

Bem, pelo menos começaremos o ano com o presidente contado 0 km de mentiras. Vamos seguir para fazer como o Washington Post em relação ao super-hiper-mega mentiroso do Trump: ele consegue contar 15 mentiras POR DIA.
Nunca antes na história daquele país, o cargo de presidente tinha descido tão baixo na escala da mentira, das falcatruas, das manipulações, dos exageros, das trapaças deliberadas, um caso patológico, sem nenhuma dúvida.
Vamos criar um mentirômetro similar para o caso do Brasil...
Paulo Roberto de Almeida
Tubarão, 31/12/2018

A year of unprecedented deception: Trump averaged 15 false claims a day in 2018

The Washington Post, December 31, 2018

President Trump’s year of lies, false statements and misleading claims started with some morning tweets.
Over a couple of hours on Jan. 2, Trump made false claims about three of his favorite targets — Iranthe New York Times and Hillary Clinton. He also took credit for the “best and safest year on record” for commercial aviation, even though there had been no commercial plane crashes in the United States since 2009 and, in any case, the president has little to do with ensuring the safety of commercial aviation.
The fusillade of tweets was the start of a year of unprecedented deception during which Trump became increasingly unmoored from the truth. When 2018 began, the president had made 1,989 false and misleading claims, according to The Fact Checker’s database, which tracks every suspect statement uttered by the president. By the end of the year, Trump had accumulated more than 7,600 untruths during his presidency — averaging more than 15 erroneous claims a day during 2018, almost triple the rate from the year before.
Even as Trump’s fact-free statements proliferate, there is growing evidence that his approach is failing.
Fewer than 3 in 10 Americans believe many of his most-common false statements, according to a Fact Checker poll conducted this month. Only among a pool of strong Trump approvers — about 1 in 6 adults in the survey — did large majorities accept several, though not all, of his falsehoods as true.
Similarly, a November Quinnipiac poll found 58 percent of voters saying Trump wasn’t honest, compared with just 36 percent who said he was honest. The same poll found 50 percent saying he is “less honest” than most previous presidents, tying his own record for the highest share of registered voters saying so in Quinnipiac polling.
“When before have we seen a president so indifferent to the distinction between truth and falsehood, or so eager to blur that distinction?” presidential historian Michael R. Beschloss said of Trump in 2018.
Beschloss noted that the U.S. Constitution set very few guidelines in this regard because the expectation was that the first president would be George Washington and he would set the tone for the office. “What is it that schoolchildren are taught about George Washington? That he never told a lie,” the historian said. “That is a bedrock expectation of a president by Americans.”
President Trump speaks at a roundtable in the Roosevelt Room of the White House on Dec. 18, 2018 in Washington. (Jabin Botsford/The Washington Post)
Trump began 2018 on a similar pace as last year. Through May, he generally averaged about 200 to 250 false claims a month. But his rate suddenly exploded in June, when he topped 500 falsehoods, as he appeared to shift to campaign mode. He uttered almost 500 more in both July and August, almost 600 in September, more than 1,200 in October and almost 900 in November. In December, Trump drifted back to the mid-200s.
Trump’s midsummer acceleration came as the White House stopped having regular press briefings and the primary voice in the administration was Trump, who met repeatedly with reporters, held events, staged rallies and tweeted constantly.
Trump is among the more loquacious of recent presidents, according to Martha Kumar, professor emerita at Towson University, who has kept track of every presidential interaction with the media, dating to Ronald Reagan. Through Dec. 20, Trump held 323 short question-and-answer sessions with reporters, second only to Bill Clinton through the first 23 months, and granted 196 interviews, second to Barack Obama.
More than a quarter of Trump’s claims were made during campaign rallies. On Nov. 5, the day before the midterm elections, for instance, Trump held three rallies, yielding a total of 139 false or misleading claims. A review of every statement made by Trump at two of his earlier 2018 rallies found that he exaggerated or made up at least 70 percent of his assertions.
Almost as many false claims came during remarks at press events, and about 17 percent were the result of his itchy Twitter finger.
The president misled Americans about issues big and small. He told lies about payments that his now-convicted attorney says Trump authorized to silence women alleging affairs with him. He routinely exaggerates his accomplishments, such as claiming that he passed the biggest tax cut everpresided over the best economy in historyscored massive deals for jobs with Saudi Arabia and all but solved the North Korea nuclear crisis.
He attacks his perceived enemies with abandon, falsely accusing Clinton of colluding with the Russiansformer FBI Director James B. Comey of leaking classified information and Democrats of seeking to let undocumented immigrants swamp the U.S. borders.
The president often makes statements that are disconnected from his policies. He said his administration did not have a family separation policy on the border, when it did. Then he said the policy was required because of existing laws, when it was not.
The president also simply invents faux facts. He repeatedly said U.S. Steel is building six to eight new steel plants, but that’s not true. He said that as president, Obama gave citizenship to 2,500 Iranians during the nuclear-deal negotiations, but that’s false. Over and over, Trump claimed that the Uzbekistan-born man who in 2017 was accused of killing eight people with a pickup truck in New York brought two dozen relatives to the United States through “chain migration.” The real number is zero.
President Trump answers questions as he walks to board Marine One at the White House on Nov. 20, 2018. (Jabin Botsford/The Washington Post)
In one of his more preposterous statements of 2018, Trump labeled the Palm Beach Post as “fake news” for blaming him for traffic jams across the nation — when an article about the effect of low gas prices on driving habits never mentioned his name.
Sometimes, Trump simply attempts to create his own reality.
When leaders attending the U.N. General Assembly burst into laughter when Trump uttered a favorite false claim — that his administration had accomplished more in less than two years than “almost any administration in the history of our country” — the president was visibly startled and remarked that he “didn’t expect that reaction.” But then he later falsely insisted to reporters that the boast “was meant to get some laughter.”
In an October interview with the Wall Street Journal, Trump emphatically denied he had imposed many tariffs. “I mean, other than some tariffs on steel — which is actually small, what do we have? . . . Where do we have tariffs? We don’t have tariffs anywhere,” he insisted. The newspaper responded by printing a list of $305 billion worth of tariffs on many types of U.S. imports.
Trump exaggerates when the facts are on his side.
He routinely touts a job-growth number that dates from his election, not when he took office, thus inflating it by 600,000 jobs. And although there’s no question Trump can draw supporters to his rallies by the thousands, he often claims pumped-up numbers that have no basis in fact. At a Tampa rally, he declared that “thousands of people” who could not get in were watching outside on a “tremendous movie screen.” Neither a crowd of that size nor the movie screen existed.
The president even includes references to The Fact Checker in his dubious remarks.
On Oct. 18, in Missoula, Mont., Trump falsely said that no one challenges his description of the Democrats as the party of crime. “Democrats have become the party of crime. It’s true. Who would believe you could say that and nobody even challenges it. Nobody’s ever challenged it,” he said.
But then he had an unusual moment of doubt. “Maybe they have. Who knows? I have to always say that, because then they’ll say they did actually challenge it, and they’ll put like — then they’ll say he gets a Pinocchio.”

Meg Kelly and Salvador Rizzo contributed to this report.

Embaixada em Jerusalem: alerta precoce - Paulo Roberto de Almeida

Vou voltar à questão da mudança da embaixada brasileira junto ao governo de Israel, uma vez que o assunto não saiu dos debates durante um ano inteiro, e volta agora a estar entre os temas prioritários de discussão, a partir da visita do primeiro ministro israelense ao Brasil para a posse do novo governo. Creio ter sido um dos primeiros a fazer um alerta quanto à inconveniência de tal gesto, com base em argumentos facilmente inteligíveis para qualquer um, isso imediatamente após ter lido a primeira matéria sobre o assunto, em fevereiro de 2018.
Vou reproduzir tal qual a nota que elaborei poucos dias depois de tomar conhecimento dessa possibilidade, ou no próprio dia em que a li, sem ter tido tempo de checar todas as informações a respeito, como por exemplo, os volumes e os valores envolvidos na exportação de carne halal para os mercados do Oriente Médio, e para países muçulmanos de forma geral.
Acredito, como ainda há pouco comentei numa postagem de um amigo no Twitter, que se trata de uma inutilidade diplomática, uma coisa de amadores em assuntos de política externa, gente que tem pouco conhecimento do contexto econômico e diplomático, e que fazem propostas inúteis, até descabidas, sem ter consciência das diversas dimensões do problema, que nem deveria existir: foi criado sem qualquer fundamento em posturas que o Brasil deveria observar no plano de suas relações exteriores.
Posto a mesma nota que havia feito na ocasião, sem mudar uma única vírgula.
Paulo Roberto de Almeida
Curitiba, 31 de dezembro de 2018

Um alerta sobre uma delicada questão diplomática: o caso de Israel

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de fevereiro de 2018
 [Objetivo: chamar a atenção para uma questão delicada; finalidade: o estatuto de Jerusalém como capital de Israel; inadequação aos interesses brasileiros] 

Introdução
Recentemente, um órgão da imprensa brasileira (Revista Piauí, 19/02/2018), trouxe uma matéria sobre o crescente apoio político ao pré-candidato Jair Bolsonaro, vindo de meios simpáticos à causa de Israel entre círculos de empresários judeus de São Paulo: “Empresários paulistas contam porque apoiam Bolsonaro” (disponível neste link: http://piaui.folha.uol.com.br/empresarios-paulistas-contam-por-que-estimulam-bolsonaro/). A alegação para o apoio era a de que o candidato seria o único, dentre os já declarados, a ser “favorável a Israel”. A justificativa foi explícita: “É pessoalmente comprometido com o Estado de Israel”. Supõe-se que a mesma justificativa para o apoio a esse candidato possa vir, oportunamente, da já respeitável bancada evangélica no Congresso brasileiro, apoiadora incondicional de Israel, e que representa uma fração não desprezível, talvez até mais de 30%, do eleitorado brasileiro.
É importante chamar a atenção, e fazer um alerta preventivo, quanto ao caráter indesejável de se introduzir essa questão no debate político-eleitoral, por uma tripla preocupação a partir de minha posição como diplomata, mas também como eleitor, ou simples cidadão brasileiro: a inadequação de se introduzir um tema religioso no debate político; sua problemática dimensão diplomática, tendo em vista a posição tradicional do Brasil no tocante a Israel e à questão do status de Jerusalém; os possíveis efeitos desastrosos, no plano comercial-econômico, de uma tomada de posição deste candidato, ou de quaisquer outros, quanto a uma possível mudança de postura diplomática do Brasil, no seguimento da decisão da administração Trump de efetuar o deslocamento da embaixada dos EUA em Israel de Tel Aviv a Jerusalém.

A dimensão religiosa
A Constituição brasileira reconhece a validade, a legitimidade e a liberdade de todas as expressões religiosas no seio da sociedade, sem qualquer tipo de preferência ou discriminação. O Estado, porém, é laico, e não poderia deixar suas políticas públicas, mormente suas posturas diplomáticas, serem influenciadas por demandas específicas de um credo religioso qualquer, sob risco de ser acusado de introduzir a temática religiosa na esfera das grandes definições estatais, especialmente diplomáticas, que devem ficar necessariamente autônomas e independentes de preferências expressas no âmbito de um grupo religioso determinado, por mais influente ou majoritário que este possa ser. O antigo país católico romano que é o Brasil já traz uma crescente diversidade religiosa, e um crescimento visível das afiliações evangélicas, com poder suficiente para influenciar tomadas de decisão políticas na esfera do parlamento, sob a justificativa de que podem expressar correntes relevantes da opinião pública.
Esse parece ser o caso da bancada evangélica, comprometida com uma série de objetivos nos planos ético ou moral – casos do aborto, das opções de gênero, do chamado “casamento homossexual”, etc. –, no plano médico-científico – experimentos com células-tronco, por exemplo –, na esfera educacional – ensino de criacionismo ao lado da teoria da seleção natural – ou ainda, e mais importante para este argumento, a questão de Israel, não como Estado soberano, como qualquer outro, na comunidade internacional, mas como o representante legítimo da “palavra de Deus” na Terra. 
Seria conveniente que tal preferência religiosa não se traduzisse em qualquer pressão sobre o Estado brasileiro, especificamente sobre sua política externa, no caso concreto do reconhecimento de Jerusalém como “capital verdadeira” do Estado de Israel e na eventual transferência da embaixada do Brasil a essa cidade, considerada como “internacional” por ampla maioria dos países membros da ONU, e assim tem sido historicamente. O Brasil tem orgulho de ter sido um dos patrocinadores da criação do Estado de Israel, na famosa partilha da ONU de 1947, prevendo a criação de um estado palestino e a “neutralização” de Jerusalém como cidade comum a diversos credos. Uma interferência desse tipo sobre uma política pública seria, no limite, inconstitucional e extremamente controversa no plano diplomático, como agora argumentado.

A dimensão diplomática
Durante toda a história recente do Oriente Médio, e no acompanhamento dos dramáticos conflitos que ocorrem na região, a postura dos diferentes governos do Brasil desde o nascimento do Estado de Israel, tem sido a de apoio político e diplomático à sua existência, reconhecendo porém a necessidade de cumprimento escrupuloso de decisões da Organização das Nações Unidas, e de seu órgão de segurança, quanto ao equilíbrio necessário para se reconhecer os direitos do povo palestino a um Estado soberano, legalmente constituído. Jerusalém dispõe de um status especial, não sendo reconhecida como capital de Israel, a despeito de tentativas de parte do espectro político israelense e de grupos de apoio na esfera religiosa ao redor do mundo. Essa questão foi novamente trazida a exame pela comunidade internacional em face da decisão do presidente Trump de instalar sua embaixada naquela cidade, como “capital de Israel”, no que pode ser eventualmente seguido por iniciativas similares de um punhado de países. 
Não convém ao Brasil, país de tradicional acolhimento de imigrantes de todos os credos e origens raciais, e diplomaticamente um seguidor estrito do direito internacional em todas as vertentes de sua política externa, “importar” uma controvérsia de duvidosa legitimidade política ou diplomática, que não contribuiria em nada para consolidar o seu capital de parceiro imparcial de todos os atores e protagonistas dos dramas do Oriente Médio, quando sua postura tradicional tem sido, justamente, a de “exportar” apelos ao diálogo e à solução pacífica das controvérsias políticas e diplomáticas.
Qualquer pronunciamento de um dos candidatos à presidência do Brasil nessa questão teria o efeito de suscitar controvérsias internas e de colocar um problema no plano diplomático que atualmente inexiste, e deveria permanecer dessa forma. Não convém ao Brasil criar pontos de atrito ou fricções diplomáticas com Estados da região que possuem significativo contingente de expatriados, atualmente naturalizados e totalmente integrados à comunidade nacional, quando seu maior capital diplomático nos problemas do Oriente Médio é justamente a equidistância entre as partes em conflito.

A dimensão econômico-comercial
O Brasil é hoje um dos maiores fornecedores de grãos e carnes, dada a pujança de seu agronegócio, para diferentes mercados do mundo, destacando-se especialmente como um grande exportador de cortes avícolas no sistema “halal” para mercados árabes e muçulmanos em geral. Essa atividade representa bilhões de dólares em exportações, milhares de empregos no Brasil e um dos mais significativos nichos de competitividade nacional nos mercados externos, com perspectivas futuras ainda mais promissoras no comércio internacional do país. Disso deriva que qualquer tomada de posição do Brasil na questão de Jerusalém, ou mesmo de inflexão diplomática de sua postura equilibrada no sentido de maior apoio a Israel, poderia precipitar consequências políticas de grande impacto econômico e social nas regiões exportadoras de cortes especiais para mercados do Oriente Médio ou do mundo muçulmano. 
Cabe, assim, alertar preventivamente quanto à dimensão do problema em causa.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de fevereiro de 2018

Agradecimentos aos meus leitores - Paulo Roberto de Almeida

Agradecimentos aos meus leitores

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: agradecimento; finalidade: encerrar o ano] 

Este é o meu último texto (pelo menos acredito), antes de encerrar-se o ano de 2018, extremamente prolífico no plano individual, produtivo no plano profissional, prazeroso no plano intelectual, gratificante em termos de reconhecimento público e exposição nos diversos meios nos quais mantenho interação mais ou menos regular.
Esta é apenas uma nota de agradecimento aos meus leitores – que não sei exatamente quantos seriam – aos comentaristas, novos e habituais que me leram ou leem em algumas das ferramentas sociais de que fiz uso em 2018, aos visitantes ocasionais e aos novos relacionamentos que adquiri ou consolidei num ano especialmente intenso em manifestações públicas de minha parte, que alcançaram, ao que parece, certo impacto ou repercussão nos meios que frequento e nos que fui levado a me expressar (foros de debates, universidades, instituições públicas e privadas). Quero expressar publicamente meu sincero agradecimento a todos aqueles que receberam, reagiram, comentaram, dissentiram, aprovaram os meus muitos textos divulgados pelos canais mais frequentes de comunicação que utilizei neste ano de 2018, que agora vem a termo.
Meu blog, em primeiro lugar, hoje um tanto passivo, depois de um “acidente” – provocado inteiramente por inépcia do provedor anterior – que me obrigou a me transportar, com “armas e bagagens”, a um novo provedor, uma nova plataforma, com novas ferramentas, as quais, por inépcia deste escrevinhador, eu não sou capaz de dominar inteiramente ou facilmente. Assim, a plataforma www.pralmeida.org, que existe há praticamente duas décadas, nesse mesmo endereço e domínio, sofreu várias mudanças, e praticamente vem sendo utilizada mais como uma biblioteca de referência, do que como um instrumento de comunicação. Os leitores podem ali descobrir tudo o que produzi ao longo de meio século de atividade escrevinhadora, mas nem tudo estará linkado dinamicamente, embora a maior parte dos textos possa estar disponível no meu blog (Diplomatizzando) ou nas plataformas Academia.edu e Research Gate.
Os blogs, em segundo lugar, que também começaram tardiamente, cerca de duas décadas atrás, passando por várias denominações e endereços, até estabilizar, desde meados de 2006, aproximadamente no http://diplomatizzando.blogspot.com, baseado num anterior, com um “z” só (ademais de vários blogs paralelos, para objetivos mais definidos – como resenhas, aulas, eleições, textos de terceiros, etc. –, que acabaram convergindo para esse único e multitarefas. Ele é mais dinâmico, e me permite divulgar pequenos textos meus e material informativo de terceiras fontes, às quais sempre busco agregar um comentário pessoal, inicial ou final, para expressar minha concordância, ou não, com a matéria e permitir assim um debate público num ambiente que eu defino como sendo um “espaço de liberdade, com postagens inteligentes para pessoas idem”. 
Demorei para aderir a essas novas (agora velhas) ferramentas sociais, tipo Facebook e Twitter, seja porque eu não queria perder tempo, ou seja, roubar tempo às leituras, reflexões e escrita, seja porque eu sou naturalmente tímido, e hesito muito antes de interagir diretamente com um público mais vasto e desconhecido. Minhas interações públicas se dão geralmente em ambientes “controlados”, ou seja, seminários, palestras-debate, mesas-redondas e outros eventos desse tipo. O Facebook me assustava, ao início, e confesso que apenas entrei não para interagir, mas para ler informações e notícias – esse hábito terrível em que sou viciado, desde sempre –, pois julgava que eu encontraria ali, concentrado, o manancial de materiais de imprensa que, antes, eu tinha de buscar em cada um dos boletins digitais e nos sites proprietários. Ilusão, pois o que reina ali é uma grande confusão, e logo você descobre que está no meio dela, lendo e reagindo com amigos e desconhecidos, alguns perfeitamente agradáveis, ou tristemente desagradáveis. Por isso entrei e saí várias vezes do FB, do qual estou temporariamente – e não sei se definitivamente – afastado, o que só não fiz ainda em relação ao Twitter porque este me parece menos invasivo e intrusivo, ou “demanding”, que o Facebook.
Para facilitar o acesso a trabalhos meus mais “parrudos”, ou seja, coisas de dezenas de páginas, adotei, porque são de graça, as duas plataformas de interação acadêmica, Academia.edu e Research Gate – existem outras, eu sei, mas não consigo lidar com muitas ao mesmo tempo, inclusive porque seguem padrões e ferramentas bastante diferentes entre si – que estão livremente disponíveis a quem a elas se associa voluntariamente. Acredito que ambas permitiram expandir exponencialmente o acesso a meus trabalhos de corte mais tipicamente acadêmicos, uma vez que meus comentários mais ligeiros, triviais e conjunturas se limitam ao ambiente do blog, que acaba sendo um pouco efêmero e passageiro (embora possa ser uma espécie de biblioteca, ou de repositório, onde se pode buscar coisas depositadas meses, anos atrás). 
Com todas essas ferramentas e plataformas de “depósito” e “oferecimento” de textos – meus, e de terceiros – creio que ampliei um pouco minha audiência, pelo que ocasionalmente verifico nos indicadores de acesso, nas estatísticas de leitura e de download de meus textos nesses diferentes repertórios eletrônicos. Não sei dizer exatamente quanto, ou em quais dimensões, pois não sou de ficar controlando esses acessos, e se o faço, regularmente, é apenas para saber o que andam buscando os leitores e visitantes ocasionais.
Pelo que sei – por comentários de professores, colegas e estudantes –, meus textos são muito acessados por aquela categoria de demandantes tradicionais, ou seja, professores e estudantes das áreas em que atuam, e suponho que vários de meus textos se prestem a operações de “copy and paste” em trabalhos de graduação (nunca busquei saber quanto, e nem me interessa saber, pois o propósito é esse mesmo). De forma geral, o que faço é uma espécie de “serviço público”, de pedagogia à distância, usando meu conhecimento acumulado – derivado de leituras e experiência de vida – para transmitir aos mais jovens, e outros nem tão jovens assim, algo do que aprendi em mais de meio século de vida ativa dedicada fundamentalmente à leitura, à reflexão, à escrita e à divulgação de textos, temas, problemas, questões que imagino sejam de interesse público, e que se resumem basicamente numa única coisa: o Brasil, seu progresso social, seu desenvolvimento econômico, sua estabilidade política, sua elevação material e espiritual em benefício dos mais humildes (que é o meu meio de origem). Nunca esqueço que eu me formei em boas escolas públicas, complementando o estudo formal pela frequência a uma boa biblioteca pública infantil, coisas que aparentemente já nem existem mais, pelo menos em qualidade comparável a que uma criança de meio modesto como o meu teve acesso mais de meio século atrás.
O Brasil me angustia, pelo que ainda falta fazer. Eu tenho feito a minha parte no grande esforço de elevação educacional do país, e de progresso para a nação. Fiz isso até aqui, continuarei fazendo em 2019 e nos anos à frente, até onde as forças me permitirem e a vontade persistir. Continuarei lendo, refletindo, escrevendo e divulgando tudo o que for inteligente, para pessoas inteligentes, mas sem discriminação...
Vale! Bom ano a todos. Sejam felizes como eu sou feliz no que faço...

Paulo Roberto de Almeida
Curitiba, 3390: 31 dezembro 2018

domingo, 30 de dezembro de 2018

As forças politicas e sociais que sustentam o governo Bolsonaro - Angela Alonso (FSP)

“Bolsonaro não é marola de opinião”


Jair Bolsonaro é muito mais do que Jair Bolsonaro.
A presidente do CEBRAP, Angela Alonso, tratou do assunto na Folha de S. Paulo:
“O campo antiesquerda é amplo e enraizado. E nada tem de homogêneo. Ao contrário do que o uso farto das noções de populismo e fascismo leva a crer, trata-se de universo de alta complexidade (…).
A ambiguidade propiciou abrigar sob mesmo guarda-chuva grupos nacionalistas, militaristas, anticomunistas, pró-livre mercado, antitaxação, anticorrupção e pelo controle dos costumes. Todos ansiosos por uma sociedade mais ‘ética’, cada um entendendo ‘ética’ à sua maneira (…).
Todo esse mundo cresceu ao largo da grande mídia e da maioria dos cientistas sociais. Acumulou-se por quase uma década, antes que sua evidência nas ruas em 2015 impusesse sua consideração (…).
A eleição de Jair Bolsonaro é a vitória de uma mobilização social duradoura e arraigada. Não é marola de opinião. Nem é reencarnação de populismos ou fascismos. É fenômeno complexo e moderno. 2019 não será mera reedição de 1964. Quem fica pensando que a história se repete perde o bonde e acaba atropelado.”
O sucesso do governo de Jair Bolsonaro vai depender de sua capacidade de se dirigir a esse campo amplo e heterogêneo, e não apenas à franja bolsonarista.

O que ocorreu em 2017? Melhorou em 2018? - Paulo Roberto de Almeida

Ao final de 2017 eu fazia uma pequena avaliação de como tinha se desenvolvido aquele ano.
Será que mudou alguma coisa em 2018, ou tudo continuou igual?
A cada um de julgar...
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 30 de dezembro de 2018

Minha brevíssima síntese de 2017

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de dezembro de 2017.
 [Objetivo: resumir o sentido de 2017; finalidade: expor o que falta fazer em 2018]


Apesar de termos caminhado, lentamente, penosamente, quase nos arrastando, para algumas reformas econômicas absolutamente necessárias, nossos dirigentes ainda teimam em praticar aquele velho nacionalismo estatizante esclerosado, aquele dirigismo anacrônico dispensável e aquele patrimonialismo secular que nos mantêm, todas essas deficiências, num estado de letargia indesejado, e mais do que atrasados materialmente, numa situação de retardamento mental insuportável.
No plano político, nossos “representantes” insistem em continuar abusando de sua capacidade de zombar de todos os cidadãos, não apenas insistindo em praticar extorsão contra a economia nacional à luz do dia, mas também em legalizar “malfeitos” passados passando uma borracha oficial nos desvios já cometidos, além de pretender financiar sua continuidade em mandatos arrancados por meio dessas falcatruas por meio de novas extorsões pornográficas, que levam o nome de Fundo Partidário e Financiamento Público de Campanhas (ou “fundo eleitoral”).
No plano do Judiciário, contemplamos alguns pequenos avanços nos processos e condenações de meliantes de colarinho branco, embora os verdadeiros e grandes bandidos — os que dispõem do ultrajante foro privilegiado — continuem leves, livres e soltos, graças à conivência insultante de mandarins da “Justiça” e de alguns tiranetes togados, que também insistem em manter privilégios inaceitáveis em face da cidadania desprotegida e tosquiada por um Estado produtor de desigualdades legalmente instituídas.
No setor da educação, continuo a observar o mesmo desastre pedagógico tradicional, agravado durante os muitos anos de vulgar gramscismo acadêmico estimulado pelo lulopetismo ignaro e delirante, a despeito de alguns poucos sinais de reforma nos métodos e procedimentos, estes até provocados pela tremenda crise fiscal deixada pela herança maldita do lulopetismo econômico, ainda assim insuficientes para superar os imensos retrocessos mentais acumulados ao longo de anos e anos de militantismo sindical próximo do corporativismo fascista.
No plano cultural, finalmente, continuamos a ser intimidados pelos progressos imbecilizantes do politicamente correto, ao mesmo tempo em que os militantes das causas afrodescendentes continuam a construir um infeliz e deletério Apartheid racial, que vai conseguir criar no Brasil algo que nunca existiu na cultura nacional (a despeito de sinais reais de preconceitos e desigualdades sociais possuindo clivagens raciais), que é a divisão fundamental da cidadania em duas categorias de indivíduos: os “negros”, e assimilados a tais, de um lado, e todos os demais cidadãos, de outro.
A despeito de tudo, meus votos de um bom 2018 a todos, com a esperança de que consigamos manter o prumo das reformas e melhorias necessárias e continuar a afastar e remover os fatores de atraso persistentes.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de dezembro de 2017.