quinta-feira, 9 de maio de 2024

A máquina de propaganda mentirosa das autocracias - Anne Applebaum (The Atlantic)

 Trecho de seu artigo na The Atlantic deste mês, The Propaganda War:

“In 2013, as Chinese President Xi Jinping was beginning his rise to power, an internal Chinese memo, known enigmatically as Document No. 9—or, more formally, as the Communiqué on the Current State of the Ideological Sphere—listed “seven perils” faced by the Chinese Communist Party. “Western constitutional democracy” led the list, followed by “universal human rights,” “media independence,” “judicial independence,” and “civic participation.” The document concluded that “Western forces hostile to China,” together with dissidents inside the country, “are still constantly infiltrating the ideological sphere,” and instructed party leaders to push back against these ideas wherever they found them, especially online, inside China and around the world.

(…)

This is the core problem for autocracies: The Russians, the Chinese, the Iranians, and others all know that the language of transparency, accountability, justice, and democracy appeals to some of their citizens, as it does to many people who live in dictatorships. Even the most sophisticated surveillance can’t wholly suppress it. The very ideas of democracy and freedom must be discredited—especially in the places where they have historically flourished.“


quarta-feira, 8 de maio de 2024

Chamada para publicação de dossiê na Revista Carta Internacional v. 19, n. 3 de 2024: As múltiplas crises do internacional: transição, hegemonia e resistência nas ruínas da ordem global”.

Chamada para publicação de dossiê na Revista Carta Internacional v. 19, n. 3 de 2024

A Carta Internacional, revista científica de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ISSN 2526-9038) está selecionando artigos para o Dossiê "As múltiplas crises do internacional: transição, hegemonia e resistência nas ruínas da ordem global”." 

A revista aceita artigos inéditos em português, espanhol ou inglês. O prazo máximo de submissão para o dossiê é 31 de maio de 2024.

Dossiê:

As múltiplas crises do internacional: transição, hegemonia e resistência nas ruínas da ordem global

Editores: Carolina Moulin (UFMG) e Daniel Maurício de Aragão (UFBA)

TEXTO

O velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”. A frase de Antonio Gramsci, tema do IX Encontro da ABRI em 2023, revela o espírito do tempo presente e as inquietações e incertezas que perpassam a análise da ordem internacional contemporânea. Múltiplas ‘patologias de crise’ – guerras, epidemias, catástrofes ambientais, genocídios, desigualdades aprofundadas, populismos reacionários e fissuras nas formas democráticas de governo, para citar apenas algumas – tem reverberado um sentimento de “fim de mundo”. Esses sintomas mórbidos resvalam nas dificuldades das estruturas e instituições globais, erigidas na esteira do projeto moderno liberal, de se adaptarem e, no limite, se reinventarem sob outros termos diante das demandas das sociedades atuais, face ao capitalismo financeirizado, às transformações na relação entre ordens internacionais, formas de Estado e forças sociais (Cox, 1981) e de crise de hegemonia (Fraser, 2020).

Sobre o húbris do projeto da modernidade liberal - agravada pelo fracasso de sua vertente fundamentalista, o neoliberalismo, e por retrocessos associados à sua crise, particularmente no que tange à democracia e aos direitos humanos e à ascensão do autoritarismo e conservadorismo; por crises recorrentes dos processos de acumulação capitalista; por promessas frustradas nos processos de globalização e integração regional; por conflitos, guerras e pandemias - Estados e as Organizações Internacionais têm dificuldade de reagir. Ao mesmo tempo, protestos e formas de resistência apontam para fissuras e novas possibilidades de rearticulação, ainda que efêmeras, tentativas e provisórias. Dos protestos globais às ocupações, passando por hashtags e táticas efusivas de mobilização, emergem conformações alternativas à relação entre ordem e justiça, violência e poder, representação e política e entre o local e o internacional, com implicações importantes para o futuro da disciplina de Relações Internacionais.

Para o dossiê, almejamos receber contribuições que se engajem com esses “sintomas mórbidos”, seus impactos e alternativas, seus limites e aberturas. Os editores convidam artigos que aprofundem debates sobre essa conjuntura histórica, em temas tais como:

- Crise de hegemonia, seus atores e processos;

- Crise do capitalismo associada às transformações dos processos de acumulação, agravada pela especulação do capital financeiro e por processos de expropriação e precarização;

-  Limitações, retrocessos, incógnitas e alternativas nos e aos processos de globalização e integração regional;

- Limites e possibilidades teóricas nas Relações Internacionais, refletindo sobre a resiliência de abordagens tradicionais e pluralismo teórico no campo enquanto estratégias possíveis para compreensão de processos políticos do mundo atual; 

- Reflexões substantivas e originais sobre noções de crise e catástrofe enquanto gêneros importantes para a disciplina de RI, na esteira da centralidade de fenômenos como conflitos armados, pandemias, e esgotamento de modelos de desenvolvimento ancorados no capitalismo liberal e suas consequentes formas de institucionalização;

- Contribuições sobre estratégias narrativas e transdisciplinares que possibilitam olhar para temas persistentes das Relações Internacionais (guerra e paz, mobilidade e circulação, exclusão e desigualdade, populismo e nacionalismo, dentre outros) de forma criativa e imaginativa em um contexto de transição;

- Perspectivas de futuro nas Relações Internacionais, a partir, principalmente, das reivindicações de movimentos antirracistas, feministas, LGBTQIAPN+, socio ambientalistas, quilombolas e indígenas, bem como das reações e reconfigurações, usualmente violentas dos modos de governo e governança sobre esses territórios de luta política e social.

 

Regras de submissão:

O formato dos artigos deverá seguir o padrão já adotado pela revista:

1.             O artigo deve ser inédito e redigido em português, inglês ou espanhol. Além de inédito, o artigo não deve estar em apreciação concomitante em nenhum outro periódico ou veículo de publicação, no todo ou em parte, no idioma original ou traduzido.

2.             Os artigos devem ter entre 7500 e 8500 palavras, incluindo título, resumo e palavras-chave (em português, inglês e espanhol), notas de rodapé e referências bibliográficas.

Site da revista: https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta/announcement/view/9

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

O sentido da política externa (2018) - Paulo Roberto de Almeida

 Um outro texto que eu comecei a escrever no dia do 1o. turno da eleição presidencial em 2018, mas não terminei e nunca divulguei. Divulgando hoje um texto incompleto e inédito, talvez eu possa ter vontade de levar adiante e fazer algo não conectado a eleições.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 7 de maio de 2024

O sentido da política externa

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3 de outubro de 2018 

 

Uma política externa sólida e confiável toma apoio, antes de mais nada, em uma política doméstica igualmente sólida e confiável, ou seja, estável, com objetivos de largo prazo e dotada de meios para se sustentar nos planos interno e externo. Essa base é dada por alguns elementos estruturais consistentes: (a) uma macroeconomia consistente, capaz de promover um processo de crescimento sustentado, num ambiente de negócios aberto e competitivo, nos marcos de uma democracia de mercado de boa qualidade, com uma governança responsável e transparente; (b) funcionamento pleno de instituições respeitadas, especialmente a Justiça, para reduzir os custos de transação em benefício dos setores que produzem empregos e renda para a população; (c) um sistema educativo de boa qualidade, inclusivo, podendo contribuir para o sistema de inovação e ganhos de produtividade e de competitividade, num ambiente mundial cada vez mais integrado; (d) abertura a comércio e investimentos estrangeiros, sem discriminação. 

Qual o papel da política externa no contexto brasileiro? Seu papel sempre foi o de coadjuvar o processo de desenvolvimento, mas geralmente no quadro de políticas nacionalistas, autonomistas, protecionistas, em lugar de buscar inserir o Brasil no mundo, seguindo orientações de abertura econômica e de liberalização comercial. Os antigos parâmetros que permitiram ao Brasil uma industrialização bem-sucedida, ainda que com distorções e deformações derivadas daquela antiga atitude econômica, já não correspondem mais aos requerimentos das novas características da economia mundial e não podem fazer o Brasil avançar para outras etapas de seu processo de modernização.

(Incompleto; inédito)

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3 de outubro de 2018

 

A política externa em campanhas presidenciais: simples recomendações a candidatos (2018) - INÉDITO - Paulo Roberto de Almeida

Introdução a um texto de 2018, sobre política externa nas campanhas presidenciais

 Em 2018, como aliás em todas as campanhas eleitorais presidenciais que acompanhei – geralmente apenas fazendo o seguimento dos temas de política externa de todos, ou dos principais, candidatos presidenciais –, nunca sequer pretendi seguir qualquer candidato, pois permaneço invariavelmente infenso a associar-me a qualquer partido movimento, candidato, preferindo seguir o pleito como acadêmico, não como torcedor.

Obviamente, tenho minhas preferências de POLÍTICAS, não de candidatos, sendo que considero ser melhor uma política centrada única e exclusivamente nos interesses nacionais do Brasil, arredio a qualquer partidarização da política externa, o que geralmente NÃO se encontra em candidatos muito ideológicos ou com afiliações externas a correntes de alguma tendência radical, de esquerda ou de direita. 

Vale dizer que em 2018, esperava que vencesse não qualquer um dos dois extremos em disputa, mas algum candidato centrista, moderado, ponderado, racional e inteligente. Havia alguns, mas nunca teve chance de sequer chegar ao segundo turno. Em meados do ano eu era consultado por um ou outro jornalistas sobre algum tema de política externa: expressava minha opinião, mas ficava apenas nisso.

Imaginei, porém, fazer um texto com algumas ideias sensatas para TODOS os candidatos, expressando a minha opinião sobre como a política externa deveria ou poderia ser tratada naquelas entrevistas com jornalistas em canais de TV. Esse é o texto que figura abaixo. Mas, ele permaneceu rigorosamente inédito em toda a campanha eleitoral de 2018, e sequer me lembrei dele em 2022. 

Em 2018, eu já sabia qual seria a política externa do PT, pois havia seguido o partido desde os anos 1980 e sabia exatamente quais eram suas posições em todos os assuntos diplomáticos, com críticas fortes a suas posturas em artigos e livros. Mas eu não tinha a menor ideia de como seria, e do horror que seria a política externa do candidato da extrema-direita. Só percebia que seria algo bizarro, de aliança com Trump e de críticas fortes à China (como já tinha feito no começo do ano). E foi um horror, pior o que se suspeitava.

Mas, em meados de 2018 tudo era muito incerto. Como meu documento ficou desconhecido em 2018, e fiquei esquecido desde então, e como eu o "descobri" só agora, resolvi colocar o texto neste meu espaço de liberdade, e esquecer depois, pois os candidatos mudam, a política externa também muda.

Mas, como se verifica por minhas opiniões – sobre a Venezuela, por exemplo – não se pode dizer que eu concorde com a política do PT (antes e agora) nesse quesito e em vários outros mais.

O texto segue como foi escrito, agora publicado pela primeira vez, sem que eu mexa numa vírgula. Apenas registro em minha lista de originais que não é mais inédito, mas não "publicado". Em 2022, eu sequer le lembrei desse texto.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 7 de maio de 2024


Simples recomendações em matéria de política externa

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3 de agosto de 2018 

 

Introdução

Em época eleitoral, as perguntas mais surpreendentes, e desafiadoras, podem emergir nos debates de campanha e, sobretudo, nas entrevistas abertas e interrogatórios comandados por jornalistas e curiosos em geral. Normalmente, a política externa é um tema secundário, marginal mesmo, às preocupações dos políticos, assim como da população em geral, sobretudo em épocas caracterizadas por problemas mais prementes para os eleitores na frente interna: desemprego, queda na renda, diminuição dos serviços públicos, insegurança, corrupção, desesperação, desejo de emigrar. Êpa! Aqui já se fala de um tema que tem a ver com a interface externa do Brasil, um país que acolheu imigrantes durante um largo período de sua história, mas que a partir de certo momento – a crise dos anos 1980, que marca o início de uma longa fase de declínio econômico – começou a “exportar” seus nacionais (para a Europa, para o Japão, para os EUA). Mais recentemente, essa emigração alcançou não apenas cidadãos de baixa educação e de qualificações laborais mais modestas, mas também famílias de classe média e quadros qualificados nos mercados de trabalho (desgostosos com o ambiente negativo no país).

Mas não se podem excluir, a priori, questões relativas à política externa e à diplomacia do Brasil, à sua inserção internacional, ou a problemas da agenda mundial, de forma geral, dos questionamentos dirigidos aos candidatos nesses debates eleitorais, razão pela qual alinho alguns comentários e sugestões nos parágrafos a seguir.

 

Posicionamento genérico 

De preferência, evitar debater, por sua própria iniciativa, as questões de política externa; elas são muito mais complicadas do que as respostas simples que se oferecem para temas da política doméstica, nos quais pequenas mentiras, subterfúgios, ou mesmo grandes promessas populistas podem servir para conquistar alguns votos a mais. Se questionado sobre a política externa de forma geral, reafirmar a confiança no Itamaraty, como um órgão de Estado comprometido com a defesa de uma diplomacia equilibrada, posições sensatas correspondendo ao interesse nacional, muita competência na defesa desse interesse e banalidades do gênero. Enfim, evitar expor-se inutilmente.

Se questionado mais especificamente sobre que tipo de política externa será a sua, responder, uma vez mais, que tem plena confiança na capacidade do Itamaraty para oferecer as melhores respostas aos desafios que se colocam ao Brasil na frente externa e que o ministério sempre demonstrou total domínio de todos os pontos relevantes da agenda internacional, e que ele saberá continuar a oferecer a mesma competência sob o seu governo. Se questionado ainda mais especificamente se o candidato já pensou em quem seria o seu chanceler, pode dizer que a classe política, mas o próprio Itamaraty também, dispõe de bons nomes capazes de assumir com proficiência o cargo de ministro das relações exteriores, e que ele saberá escolher o melhor nome. 

Pode ser que isso não seja suficiente, e que o candidato seja interrogado sobre questões específicas da agenda regional e mundial – Mercosul, Venezuela, acordos comerciais, EUA de Trump, China, Brics, Conselho de Segurança, política migratória e questões ainda mais cabeludas – em face das quais tentará, uma última vez dar respostas genéricas e sempre otimistas, enrolando um pouco na velha conversa da diplomacia universalista, aberta a todas as possibilidades de cooperação internacional, expandir o quadro de acordos e relações comerciais, promover o desenvolvimento sustentável, de acordo com os compromissos assumidos no plano internacional no combate e mitigação do aquecimento global, e outras coisas politicamente corretas. 

Mas, pode ser que tudo isso não seja suficiente, e que algum jornalista chato insista em saber o que o candidato pretende fazer com a Venezuela, com os acordos entre o Mercosul e outros parceiros, entre o bloco e a UE, a atração de investimentos, o que fazer com a China, com o Brics, com todas aquelas embaixadas abertas pelo Lula, se pretende continuar com a orientação Sul-Sul ou se deseja aproximar a diplomacia mais perto dos países ricos e outras bobagens do gênero. Nesse caso, não se pode mais escapar de respostas mais consistentes, ainda que elas possam continuar sendo persistentemente evasivas nos temas mais delicados, como podem ser a questão nuclear, a China, o que fazer com a ditadura venezuelana, as ameaças de “internacionalização da Amazônia”, a abertura comercial ou a preservação de empregos na indústria nacional e outros temas mais complexos ainda, num quadro de certa paralisia política ou de perda de credibilidade do Brasil no plano internacional. Algum jornalista petista poderá até provocar o candidato, indicando o grande prestígio alcançado pela “ativa e altiva”, ou seja, a diplomacia lulopetista, apontando o sucesso anterior do presidente Lula nos grandes foros internacionais, e o seu relacionamento especial com grandes líderes de países emergentes e até de países ricos. Nesse caso, impossível evitar respostas precisas.

 

O que fazer com a Venezuela?

A Venezuela é uma tragédia antes de mais nada para o seu próprio povo, confrontado a níveis extremos de penúria material – alimentos, medicamentos, serviços de saúde, delinquência generalizada, destruição completa da poupança doméstica por níveis alucinantes de inflação, além da violência geral nos cenários sociais – e, mais do que a qualquer outro problema, uma extrema violência política por parte do próprio governo, que desde muitos anos não pode mais ser classificado no campo das democracias. Não seria, aliás, inútil lembrar que foi a diplomacia lulopetista que ajudou a criar e a sustentar essa tragédia, uma vez que Chávez e depois Maduro sempre contaram com o apoio irrestrito de Lula e dos petistas em geral, sem deixar de mencionar que muitos negócios, legais e ilegais, mas certamente com “retornos” suspeitos para ambos os lados, permearam essas relações de amizade incontida entre um regime autocrático e um governo aliado incondicional das mais execráveis ditaduras do continente e de outras partes do mundo. Tudo isso pode e deve ser lembrado.

Agora o que fazer com a Venezuela no momento atual, com a tragédia que é o afluxo maciço de refugiados na fronteira norte do Brasil? Em primeiro lugar, o Brasil precisa honrar o sentido humanitário de sua política migratória, e não fechar as portas a pessoas desesperadas que fogem de uma situação propriamente inaceitável, feita de penúria absoluta em elementos essenciais a uma existência normal, sendo que muitas outras pessoas correm um real perigo de vida. Não cabem, no momento, sanções unilaterais contra o regime venezuelano, além e acima daqueles que normalmente já devem estar ocorrendo: embargo da venda de armas ou de equipamentos e materiais relativos à repressão de movimentos populares e manifestações de protesto. Não se pode impedir, obviamente, empresários privados de vender ao governo venezuelano produtos normalmente comercializados no Brasil e em seu comércio exterior, mas não caberia estender novos financiamentos ao regime atual. Pode-se, aliás, lembrar adicionalmente que os governos lulopetistas estenderam um volume ainda indefinido de financiamentos e créditos, em condições altamente duvidosas, como são ainda mais duvidosos os termos desses acordos e as possibilidades de amortização adequada, sem descurar os juros em condições normais vinculados a esses créditos externos.

Toda e qualquer ação em relação ao regime ditatorial venezuelano não poderá ser unilateral ou diretamente bilateral (além das questões consulares e outras medidas típicas de um relacionamento que sempre foi importante para ambos os países, como é o fornecimento da energia elétrica de Guri para o norte do Brasil, e o comércio local de fronteiras e outras questões humanitárias, como o nomadismo indígena). A política em relação à ditadura bolivariana tem de continuar a ser concertada nos foros regionais ou multilaterais (OEA, ONU, por exemplo) ou em esquemas concertados com os vizinhos latino-americanos (como o Grupo de Lima). Os países podem continuar a fazer pressão sobre o governo chavista, mas sem qualquer ilusão de que ele cederá a essas demandas por eleições limpas e abertas, a uma conciliação necessária abrindo caminho a uma nova fase da vida política venezuelana. Isso aparentemente não ocorrerá, e a única coisa que se pode prever, de imediato, é uma agravação constante e progressiva da situação, até um possível desenlace trágico. 

O Brasil e a sua diplomacia devem fazer de tudo para minimizar o sofrimento da população venezuelana, e contribuir para a pacificação daquele país, por todos os meios que se encontram ao alcance de nossa diplomacia e do governo brasileiro. Enquanto isso não puder ser feito, nosso dever é o de solidariedade integral com a população da Venezuela. Outras medidas serão avaliadas pela diplomacia profissional do Brasil.

 

China, Brics e a Ásia Pacífico

A China é, sem qualquer dúvida, o experimento de transformação econômica mais extraordinária da histórica econômica mundial em todos os tempos. Ela é tão importante para o Brasil quanto o é para quase todos os demais países, inclusive para os EUA, cujo presidente deslanchou uma “guerra comercial” tão inútil quanto desastrosa, não só para os dois países, como para o resto do mundo. Ela é tão importante que, pelo seu peso específico, representa mais da metade do Brics, ou seja, esse grupo não fará absolutamente nada que seja contra os interesses da China. Cabe ao Brasil adotar uma postura pragmática na defesa dos seus interesses, e não adotar uma atitude principista, como foi a dos lulopetistas, movidos mais por supostas simpatias ideológicas do que por uma análise isenta quanto ao interesse em torno de certas opções ou relações. Tanto o Brics, quanto o Ibas, ou a Unasul, e outras iniciativas canhestras dos lulopetistas, junto com essa miragem geograficamente determinista do Sul Global, escolhendo parceiros e aliados ditos “estratégicos”, mais porque eles eram considerados, até preventivamente, como “anti-hegemônicos” – numa nova demonstração simplória de sectarismo político e de miopia ideológica – do que por uma real avaliação dos interesses brasileiros, e todos esses foros e grupos foram estimulados e sustentados pelo lulopetismo com base nesses critérios duvidosos de racionalidade diplomática. 

Pois bem, a China é e continuará a ser importante para o Brasil, mais certamente em economia, comércio, investimentos e grandes temas do multilateralismo do que, cabe dizer, nos temas de democracia e de direitos humanos, que figuram entre nossos princípios e valores constitucionais e até morais. Não por isso deixaremos de considerar a China como relevante sob vários aspectos das relações bilaterais e multilaterais, sem que se deva renunciar a uma visão própria do enquadramento global da diplomacia brasileira. Caberia explicitar que uma diplomacia sensata deveria partir do princípio que alianças e parcerias não devem nunca devem ser feitas com base em pressupostos ideológicos, como feitas durante o lulopetismo, mas sempre com base numa avaliação estritamente técnica dos interesses nacionais, sem quaisquer a prioris adotados com base nessas simpatias supostamente anti-hegemônicas. 

Toda a região da Ásia Pacífico é a mais dinâmica da economia internacional, mobilizando outras economias emergentes em outros continentes, como os membros da Aliança do Pacífico, uma realidade que o Brasil não pode ignorar ao seu próprio risco. O que falta para o Brasil aderir a essa esfera de prosperidade? Simples: abertura econômica e liberalização comercial, se preciso até unilateral, pois o protecionismo brasileiro prejudica em primeiro lugar os brasileiros e as empresas nacionais. A China é um parceiro comercial agressivo? Certamente. Mas não é com antidumping duvidoso e com políticas contrárias às regras da OMC – como esse patético Inovar Auto – que o Brasil vai se qualificar no comércio internacional, e estabelecer os fundamentos de uma relação mutuamente proveitosas com todos os países que fazem parte do grande arco de prosperidade da Ásia Pacífico. O que estão fazendo esses países? Acordos de livre comércio, de aceitação de padrões comuns nos regulamentos comerciais, de facilitação de investimentos e outras medidas convergentes com a interdependência global, em parte representadas pelas políticas setoriais recomendadas pela OCDE. É isso, e mais um pouco, que o Brasil precisa exatamente fazer, se não quiser ficar atrasado como ficou na última década e meia, cujos governos nos levaram à maior recessão de toda a nossa história, um quadro lamentável que pode ser chamado de Grande Destruição econômica lulopetista. 

 

Mercosul, Unasul e outros projetos de integração regional

O Mercosul é um projeto de ABERTURA COMERCIAL, e de INTEGRAÇÃO à ECONOMIA MUNDIAL. Infelizmente, nos últimos anos, especialmente na gestão companheira, o Mercosul deixou de ser uma plataforma de integração do Brasil à economia mundial e de liberalização recíproca e ampliada ao mundo para se converter num palanque político, no qual a retórica supostamente social substituiu os propósitos eminentemente comercialistas do projeto original. Ele precisa voltar aos seus objetivos originais e servir à integração regional e mundial, do contrário precisará ser revisto e reformado, ou então modificado profundamente. Quanto à Unasul, trata-se de mais um desses projetos canhestros do lulopetismo diplomático, adotados por um tipo de anti-imperialismo primário e um antiamericanismo infantil, que só serviu aos objetivos políticos do bolivarianismo e do chavismo, esses anacronismos patéticos. Que ela esteja paralisada atualmente, pode até ser interessante para fazer um balanço: serviu para qualquer coisa útil, para impulsionar a integração física, por exemplo, como era a intenção original da Iniciativa de Integração Sul-Americana, lançada pelo governo FHC em 2000? Serve ela para qualquer objetivo economicamente significativo? Não e não!

 

Conselho de Segurança, questão nuclear, Amazônia, etc.

Quando, e se, ocorrer uma reforma da Carta da ONU, com eventual ampliação do número de membros permanentes do seu Conselho de Segurança, o Brasil estará necessariamente na mira dos eleitos, sem precisar fazer qualquer pirotecnia diplomática como foi o caso sob o lulopetismo. Mas é preciso enfatizar que essa NÃO É uma questão prioritária, seja para a diplomacia, seja para o Brasil, seja, principalmente, para o povo brasileiro. O compromisso do Brasil está, em primeiro lugar, com o seu próprio povo, com os investimentos internos e a melhoria das condições sociais internas. Da mesma forma, política nuclear é uma questão resolvida no Brasil, depois da adesão ao TNP e os demais acordos feitos no âmbito bilateral, com a Argentina, e no regional, com a adesão plena ao tratado de Tlatelolco. Amazônia é um patrimônio brasileiro, mas ela precisa ser mobilizada para o seu correto aproveitamento econômico, inclusive com investimentos estrangeiros (no turismo por exemplo, mas também na exploração adequada dos recursos da biodiversidade), mas sem qualquer xenofobia ou paranoias indevidas, como se potências estrangeiras pretendessem internacionalizar a região. Isso é ridículo e nem deveria ser objeto de qualquer consideração séria num debate normal. 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3 de agosto de 2018; inédito.

 

O lento processo do desenvolvimento latino-americano: avanços e retrocessos na democracia e na economia de mercado - Paulo Roberto de Almeida

 O lento processo do desenvolvimento latino-americano: avanços e retrocessos na democracia e na economia de mercado

Paulo Roberto de Almeida

Doutor em Ciências Sociais, diplomata de carreira

(www.pralmeida.orgpralmeida@me.com; diplomatizzando.blogspot.com)

Síntese esquemática da trajetória política e econômica do último meio século.

 


Caminhos divergentes: a América Latina troca de lugar com a Ásia

Mais de meio século atrás, um dos mais famosos estudiosos dos processos de desenvolvimento econômico, Gunnar Myrdal, antevia, em uma obra em três volumes, Asian Drama (1968), um futuro negro para a maior parte dos países asiáticos, contrapondo a essa visão pessimista suas perspectivas relativamente otimistas para a América Latina. Dois anos depois, ele resumia suas reflexões numa obra síntese, The Challenge of World Poverty: A World Anti-Poverty Program in Outline (1970), na qual confirmava, já na introdução, seu pessimismo em relação aos países asiáticos, que para ele estavam condenados a uma miséria insuperável. 

Os países capazes de alcançar as economias avançadas seriam, para Myrdal, os latino-americanos, que constituíam uma espécie de “classe média” no contexto mundial e estavam seguindo políticas industrializantes segundo recomendações da Cepal, e de seu diretor, Raul Prebisch. Os países asiáticos em geral, e os da Ásia do sul em particular, ficariam reduzidos à pobreza, salvo, dizia Myrdal, se eles seguissem o exemplo da Índia, que praticava um socialismo moderado, uma combinação de planejamento indicativo, com uma forte propensão ao controle dos setores estratégicos da economia, tudo isso combinado a políticas intervencionistas e protecionistas, entre elas a manipulação da taxa de câmbio e a alocação política dos recursos pelo Estado. 

A história real tomou um caminho praticamente inverso ao que ele esperava, já a partir da década seguinte. A situação dos asiáticos melhorou progressivamente – mais para os países da Ásia do Pacífico do que para os do Oceano Índico, com progressos muito rápidos para certo número dos primeiros, justamente conhecidos como “tigres” – enquanto os países latino-americanos não alteraram basicamente sua condição e status no contexto mundial. No longo período decorrido desde então, eles continuam a ser uma espécie de “classe média” estagnada e sequer parecem destinados a se tornar aprendizes de tigres nos anos à frente. Pior: eles viram a sua parte do comércio mundial recuar fortemente, ao passo que os países asiáticos se apropriaram de nichos e mesmo de setores inteiros dos intercâmbios internacionais –sobretudo produtos de alto valor agregado, na indústria eletrônica, por exemplo – ao mesmo tempo em que os latino-americanos ficaram presos, na maior parte dos casos, às exportações de um número limitado de produtos minerais e de matérias primas agrícolas. 

Quanto à Índia, ela preservou – durante mais de três décadas após ser apontada como exemplo de futuro promissor por Myrdal – o seu baixo crescimento, lentos progressos econômicos e o seu atraso no terreno social, justamente por ter seguido as políticas preconizadas por Gunnar Myrdal. Ela só decolou, a partir dos anos 1990, para taxas mais vigorosas de crescimento quando abandonou aquelas ideias, passando a adotar, não as políticas latino-americanas, como recomendadas por Prebisch, mas as receitas asiáticas de inserção na economia mundial, baseadas no setor privado e nos investimentos estrangeiros, em substituição à proteção nacional e o controle do Estado. 

O Brasil e o México se tornaram industrializados com base no modelo cepalino e myrdaliano, ou seja, produção interna substitutiva de importações, mas seria difícil dizer que eles tenham conhecido, até os anos 1990, um sucesso de tipo asiático no seu desenvolvimento social, na educação de base ou na sua integração produtiva às cadeias mundiais de alto valor agregado, ou seja na exportação de produtos manufaturados de maior elasticidade-renda. Mesmo em termos de crescimento econômico, o desempenho foi mais errático do que constante, como ressaltado por Robert Barro e Xavier Sala-i-Martin em seu conhecido manual sobre o crescimento econômico (1995). 

A América Latina poderia ter conhecido taxas mais robustas de desenvolvimento econômico e social se ela tivesse estabelecido um conjunto de políticas e de instituições voltadas para o crescimento, em lugar de se perder na instabilidade econômica e social durante boa parte do período contemporâneo. Tal situação alimentou golpes de Estado, revoluções, até mesmo guerras civis, além da fuga de capitais, crises de cambiais e de endividamento. O continente poderia ter atingido uma melhor situação do ponto de vista econômico e social, se tivesse escapado do emissionismo inflacionista e preservado o equilíbrio fiscal e a abertura externa, isto é, economias conectadas a mercados globais.

Os líderes políticos da América Latina se referem sempre à busca da igualdade e da justiça social, objetivos que também estavam no centro das reflexões de Gunnar Myrdal em torno dos projetos de desenvolvimento que se necessitaria implementar nos países subdesenvolvidos daquela época para aproximá-los dos países já desenvolvidos do Ocidente capitalista. A maior parte dos países asiáticos – salvo, talvez, a Coreia do Sul, e Taiwan, em virtude de uma reforma agrária de alguma forma forçada pelos Estados Unidos – se desenvolveram mantendo, ou mesmo aumentando – foi o caso da China, na conjuntura atual –altas taxas de desigualdade na distribuição de renda. Gunnar Myrdal colocava os países avançados em face de uma espécie de “imperativo moral”, que era o da assistência ao desenvolvimento, preconizando um forte aumento da cooperação técnica e de doações concessionais dirigidas aos países mais pobres, por meio do CAD-OCDE e dos programas do ONU e de suas agências, ou diretamente, pela via bilateral. 

Contudo, não seria falso afirmar que os países que se desenvolveram de fato não o fizeram porque foram beneficiários da ajuda multilateral, mas em virtude de sua integração à economia mundial pela via dos mercados, como recomendava, aliás, desde 1957, o economista Peter Bauer. Inversamente, seria importante registrar que os países que mais receberam ajuda continuaram patinando na miséria, ou na pobreza, e assistiram ao aumento da corrupção, como observado pelo economista William Easterly, ex-funcionário do Banco Mundial, atualmente um crítico acerbo da assistência oficial ao desenvolvimento (2006). 

 A América Latina enfrentou vários dissabores e frustrações, comparativamente a outras regiões, particularmente em relação à Ásia, no tocante a vários temas, tanto os econômicos quanto os políticos ou sociais: integração regional, desenvolvimento social, instituições políticas, crescimento econômico, participação no comércio mundial, competitividade, liberdade econômica, democracia, direitos humanos. A realidade não é sempre negativa, e não se pode negar os progressos reais logrados em alguns desses terrenos, a começar por uma diminuição – mas verdadeiramente muito modesta – da miséria, da pobreza e das desigualdades, ainda que de forma bastante variável segundo os países da região. Mas é preciso também reconhecer que esse desempenho aconteceu ao cabo de várias décadas de inflação acelerada, processo que constitui o pior dos impostos sobre a população mais pobre, uma vez que esta não tem meios para se defender do fenômeno. A diminuição do ritmo da inflação, nos últimos anos, respondeu sobretudo uma exigência da sociedade, bem mais do que representou uma conquista dos governos.

 

Divergência de políticas econômicas na região

(...)


Ler a íntegra deste trabalho neste link: 

https://www.academia.edu/118712849/4668_O_lento_processo_do_desenvolvimento_latino_americano_avan%C3%A7os_e_retrocessos_na_democracia_e_na_economia_de_mercado_2024_



Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido? - Paulo Roberto de Almeida

 Esquerda e direita na politica e na economia: ainda faz algum sentido?


Paulo Roberto de Almeida

Doutor em Ciências Sociais, mestre em planejamento econômico, diplomata de carreira, autor de livros e artigos sobre relações internacionais, integração econômica e política externa do Brasil. O autor não pertence, nem pretende pertencer, a qualquer partido político, nem possui simpatia particular por qualquer um dos existentes no atual sistema partidário brasileiro, embora possa ter antipatia por alguns deles.

 

 

Sumário: 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea

3. A velha divisão entre a esquerda e a direita: ainda válida?

4. A alternância de políticas entre situação e oposição: como e por que ocorre?

5. A alternância nas políticas econômicas: ortodoxia versus heterodoxia

6. Lições a serem tiradas da alternância de políticas econômicas: o que fazer?

 

 

1. O jogo de oposições como norma nas sociedades humanas

O universo mental e material das sociedades humanas é permeado de oposições, de contradições, de antagonismos e de projetos contraditórios. As escolhas a fazer são muitas e difíceis, algumas apenas ambíguas, outras até antagônicas: que deuses honrar?; que tipo de liderança política escolher?; qual regime constitucional adotar?; que sistema econômico privilegiar?; qual código de conduta respeitar na vida pública?; que posturas observar na sociedade em que se vive?; competição aberta ou cooperação solidária?; devemos favorecer o individualismo ou as práticas coletivas?; buscamos a iniciativa privada ou damos preferência ao estatismo?; queremos capitalismo ou socialismo?

Poucas escolhas humanas, poucas opções sociais estão isentas de paixão, quando não exibem, pura e simplesmente, antagonismos irredutíveis. Em alguns poucos casos, manifesta-se uma atitude de compreensão dos atores sociais ante posturas adversas, ou mesmo competidoras da sua própria postura; em outros, registra-se, ao contrário, cenas de intolerância explícita, quando não de ódio em relação à posição oposta. Fundamentalistas religiosos e milenaristas salvacionistas podem arrastar grupos humanos, por vezes toda uma sociedade e até mesmo nações vizinhas, em direção de conflitos sangrentos: ocorrem, então, enfrentamentos entre estados, lutas civis, fratricidas, como foi o caso, por exemplo, das guerras de religião, no início da era moderna na Europa. O mesmo continente, aliás, assistiu, menos de um século atrás, a duas terríveis carnificinas, numa espécie de reedição ideológica da guerra de trinta anos do século 17; em meados do breve século 20, a “era dos extremos”, os enfrentamentos se deram entre os três fascismos militaristas (hitlerista, mussoliniano e nipônico) e as democracias ocidentais, aliadas temporariamente ao comunismo soviético (muito embora este último fosse, no início da guerra, aliado do hitlerismo).

Mas mesmo uma simples torcida de futebol, desgostosa com a derrota do seu time, pode incorrer em insanas destruições patrimoniais, quando não na eliminação física de algum infeliz torcedor adversário. Os conflitos mais comuns nos ambientes urbanos, que constituem o núcleo das sociedades contemporâneas, costumam ocorrer ou por causa de crises repentinas de seus regimes políticos ou sistemas econômicos – fatores conjunturais e contingentes, portanto; ou pela via da mobilização de instintos religiosos ou de símbolos identitários de clãs e seitas unidos por alguma motivação não exatamente racional (como ocorre, justamente, com essas torcidas organizadas de marginais que descambam para a violência gratuita). Turbas são especialmente violentas e propensas a acatar uma visão maniqueísta do mundo, segundo uma concepção que vê a alteridade como um perigo, uma ameaça latente, podendo representar a derrota de suas próprias crenças e convicções. Na maior parte dos casos, felizmente, se trata de um fenômeno de segurança pública, mais do que propriamente de um processo sociológico, como ainda ocorre, por exemplo, no subcontinente indiano – dividido em centenas de castas e dezenas de dialetos diferentes – ou até na Europa meridional ou na Ásia central, embora os exemplos mais graves se situem mesmo no continente africano.

 

2. A dimensão da alteridade na política moderna e contemporânea


(...)


Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/118707662/4567_Esquerda_e_direita_na_politica_e_na_economia_ainda_faz_algum_sentido_2024_

A revolução que o PT nunca fez: sua modernização como partido socialdemocrata - Paulo Roberto de Almeida

 Uma resenha que tinha ficado inédita durante quase 20 anos:

4656. “A revolução que o PT nunca fez: sua modernização como partido socialdemocrata”, Brasília, 7 maio 2024, 15 p. Retomada do trabalho 1414 (“A revolução no (e do) Partido Trabalhista Britânico”, Brasília, 29-30 mar. 2005, 15 p.) Resumo do livro de Philip Gould: The Unfinished Revolution: how the modernisers saved the Labour Party (Londres: Little, Brown and Company, 1998, 434 p.), introduzindo o lado anacrônico do PT. 

Ler a íntegra neste link:

https://www.academia.edu/118671728/4656_A_revolução_que_o_PT_nunca_fez_sua_modernização_como_partido_socialdemocrata_2005_2024_ 

A revolução que o PT nunca fez: sua modernização como partido socialdemocrata

  

Paulo Roberto de Almeida

(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)

 

Introdução: 

A história do movimento socialista internacional compõe uma trajetória de vitórias e derrotas. Vitória dos progressos obtidos pelos movimentos sindicais nacionais e dos partidos políticos que, originários em grande medida da primeira Associação Internacional dos trabalhadores (1864), disputada entre Marx e Bakunin, souberam se reciclar na luta política do final do século XIX, dando origem a novos partidos socialistas que, em épocas diversas, ascenderam ao poder político em diversas sociedades – em geral europeias – e lograram transformar pacificamente sociedades aristocráticas, oligárquicas e elitistas, no sentido proposto na última fase do século XIX pela segunda Internacional, que sobrevive até hoje. Trata-se, portanto, de uma trajetória nitidamente vitoriosa.

Uma outra vertente, porém, aquela mais identificada com as ideias de Marx, e mais adiante de Lênin, experimentou derrotas sobre derrotas, ainda que aparentemente vitoriosa durante mais de meio século, com a ascensão ao poder dos bolcheviques liderados por Lênin e seus companheiros do PSODR, a fração maximalista do marxismo revolucionário. A derrota é clara: em nenhum país do capitalismo avançado o socialismo logrou se estabelecer a partir das propostas comunistas de Marx, e só lhe coube tomar o poder – não numa revolução social, mas por um putsch de uma minoria organizada – num dos países mais atrasados da Europa, a Rússia ainda autocrática, mas recém-saída de uma “revolução burguesa” que, durante alguns meses, tentou estabelecer uma “democracia de fachada”, como caracterizou Max Weber o regime presidido de fevereiro a outubro por Kerensky. A derrota também se manifestou na impossibilidade de impulsionar uma revolução proletária nos demais países europeus, ainda que a terceira Internacional, criada por Lênin, tenha logrado dividir diversos partidos socialistas, fracionando suas forças mais radicais nos “partidos comunistas” nacionais, mas cuja designação devia exibir, obrigatoriamente, o caráter de “seção da Internacional Comunista”. 

(...)


Resumo do livro: 

Philip Gould:

The Unfinished Revolution: how the modernisers saved the Labour Party

Londres: Little, Brown and Company, 1998, 434 p. 


Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)

Versão original: 29-30 de março de 2005

Versão revista e ampliada, 4656, 7/05/2024

 

 Ler a íntegra neste link:

https://www.academia.edu/118671728/4656_A_revolução_que_o_PT_nunca_fez_sua_modernização_como_partido_socialdemocrata_2005_2024_

 

Comentário de Roberto Freire no X, em 8/04/2024:

 O PT passou pela grande crise das esquerdas no mundo ,quando da derrota histórica do chamado socialismo real e o fim da URSS e da guerra- fria, impávido como se nada daquilo o atingisse .Eles  eram contra o comunismo e expressavam tal posicionamento de forma aguerrida com suas camisetas do sindicato Solidarność ( Solidariedade)   polonês liderado por  Lech Wałęsa. Rejeitavam liminarmente a ideia da social democracia. 

Eram uma esquerda renovada e seu crescimento na sociedade brasileira pós redemocratização parecia lhe dar razão e dai o necessário debate sobre o futuro das esquerdas brasileiras foi relegado e quase interditado.  Veio a luz inclusive uma resenha sua sobre a esquerda brasileira -PT e socialdemocracia - que tinha ficado inédita durante quase 20 anos. 

O tempo do PT discutir o futuro já esta passando,pois seu passado é cada vez mas presente.”


segunda-feira, 6 de maio de 2024

O cabidão da República (empreguismo no setor público) - Carlos Graieb, Duda Teixeira (O Antagonista)

Nota PRA em 6/05/20924: O concurso foi postergado para agosto, em virtude da catástrofe no Rio Grande do Sul, o que não invalida em nada os comentários dos dois jornalistas sobre o empreguismo público, uma das alavancas do PT em seu domínio sobre o Estado.

O cabidão da República 

CARLOS GRAIEB 
DUDA TEIXEIRA
Crusoé, O Antagonista, 03.05.24 

Mais de 2 milhões de brasileiros irão prestar um único concurso neste domingo, 5 de maio, em 228 cidades. Eles concorrerão a 6.690 vagas na administração pública federal. A relação é de uma vaga para cada 319 pessoas, com cerca de 1% da população tentando se pendurar no cabide estatal. Apelidado de o “Enem dos Concursos”, em referência ao exame feito por alunos do Ensino Médio em todo o Brasil, o Concurso Unificado (seu nome oficial) dá a dimensão de quanto os brasileiros depositam suas esperanças no Estado. 

E eles têm bons motivos para isso. Segundo um estudo publicado pelo Banco Mundial em 2019, além de contar com estabilidade, ou seja, ter chances baixíssimas de ficar desempregado, o servidor público brasileiro recebe, em média, um salário 19% maior que o trabalhador do setor privado. Mas, no caso dos servidores federais, o chamado “prêmio salarial” pode ser muitas vezes maior do que isso. O “Enem dos Concursos” mostra algo mais: a vocação do PT para aumentar o tamanho da máquina administrativa sem tomar medidas prévias nem para garantir que os serviços prestados à população melhorem, nem para eliminar desigualdades dentro do próprio setor público, onde uma casta influente coleciona privilégios. 

Acreditou-se por bastante tempo que o maior problema do Estado brasileiro era o inchaço. Sabe-se hoje que não é bem assim. O Brasil tem cerca de 11 milhões de servidores públicos, ou 12,4% do total de trabalhadores do país. Utilizando informações da International Labour Organization (ILO), ligada à ONU, o instituto Republica.org comparou recentemente esses números com os de outros países. Constata-se que a proporção de funcionários públicos no Brasil é bem menor que a média dos 38 membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 23,48%, ou que a de vizinhos como Argentina (19,31% ) e Uruguai (16,92%). O porcentagem é semelhante, mas ainda menor, que a dos Estados Unidos, de 13,56%. Se os números são esses, a ideia de promover contratações no setor público brasileiro não deve ser vista como um mal em si mesma. Em algumas áreas do governo federal existe até mesmo a necessidade urgente de ampliar o quadro de servidores. Mas isso não valida a maneira petista de abordar a questão. Em seus respectivos mandatos, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro reduziram o número de servidores federais. Sempre que esteve no poder, o PT cuidou de fazer o contrário. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, foram realizadas 6.849 contratações. No Concurso Unificado serão outras tantas. 

Seria necessário preencher todas elas? Ninguém sabe ao certo, porque somente depois de anunciar o concurso o governo federal lançou um edital para dimensionar sua força de trabalho. “Aparentemente, o número de vagas foi definido antes que se fizesse essa medição”, diz Wagner Lenhart, diretor-executivo do Instituto Millenium e especialista em gestão de pessoas no setor público. É certo que o concurso vai angariar simpatia dos aprovados e dos sindicatos que compõem uma das bases eleitorais do PT, mas não há garantia que vá tornar o Estado brasileiro mais eficiente. Uma vez que um servidor é aprovado em um concurso, ele costuma representar um custo na folha de pagamento da União por cerca de 60 anos. Ou seja, a contratação de hoje vai se refletir por décadas. Surge então outra pergunta: esse modelo de contratação precisa ser adotado invariavelmente? A resposta é praticamente unânime entre os estudiosos da administração pública: não, sobretudo porque experiências de anos recentes mostraram não haver correlação obrigatória entre o tipo de vínculo empregatício e a qualidade dos serviços oferecidos aos cidadãos. O caso da educação no Espírito Santo é uma prova disso: o estado melhorou seus índices nos rankings de ensino apostando sobretudo em contratações temporárias de professores para a rede pública. 

A gestão da saúde e da cultura por meio de Organizações Sociais, responsáveis por suprir a mão de obra especializada requerida nesses dois setores, também trouxe bons resultados em vários estados. “Há um leque de formas de contratação que já vêm sendo testadas”, diz Regina Viotto Monteiro Pacheco, professora de Gestão Pública na FGV-SP. “O que falta é sistematizar o seu uso, tornando a administração pública mais ágil e mais flexível.” A maneira como o Estado seleciona os seus funcionários representa outro gargalo, diretamente relacionado ao “Enem dos Concursos”. Ainda que a prova seja bem desenhada (o que só se descobrirá no domingo), identificando indivíduos com conhecimentos úteis para atuar no setor público, ela não conseguirá selecionar, sozinha, candidatos com as competências específicas requeridas por 21 entidades federais diferentes. Como observa Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Público da FGV Direito-SP, se não for complementado com outras etapas de seleção, o Concurso Unificado não resolverá um problema fundamental, que é promover o melhor casamento possível entre vaga e ocupante (assista à entrevista com Sundfeld nesta edição de Crusoé). Regina Pacheco faz o mesmo diagnóstico. “Esse provão é uma forma limitada e antiquada de fazer seleção de pessoas”, diz ela. “Não permite avaliar competências, muito menos vocação para os serviços públicos. No setor privado, a última fase de qualquer processo de contratação é uma entrevista. Isso não acontece por acaso. 

Mas o setor público brasileiro nem sequer leva em conta essa possibilidade, por medo de incluir fatores ‘pessoais’ na seleção. Trata-se de uma bobagem, porque há formas de impedir que essa contaminação ocorra.” O modo como é feita a seleção dos funcionários ajuda a explicar o déficit na qualidade dos serviços. O índice de eficiência governamental do Banco Mundial, que leva em conta a entrega de serviços públicos, mostra o Brasil no terço mais baixo de uma escala de 230 nações. Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia e México, por exemplo, têm desempenho melhor. Além disso, entre 2012 e 2022 houve piora significativa, de 20 pontos percentuais, nos resultados nacionais. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em outubro do ano passado mostrou que 84% dos brasileiros têm uma percepção clara de que a presença de servidores bem preparados em cargos importantes – como a direção de um posto de saúde, por exemplo – melhoraria a vida da população. A maior distorção no setor público, porém, está nos salários exorbitantes pagos a uma pequena camada de privilegiados. Segundo o Republica.org, uma minoria que representa 0,06% de todo o funcionalismo recebe os chamados supersalários, que furam o teto constitucional de R$ 41.650. Outro grupo, que compõe 0,94% do total, ganha entre R$ 27.000 e o teto. É possível encontrá-los em todas as esferas da administração – municipal, estadual e federal – mas eles se concentram sobretudo nas carreiras jurídicas: magistrados; promotores e procuradores; advogados públicos. 

Segundo Carlos Ari Sundfeld, a existência dessa casta cria insatisfação generalizada e, dentro da própria estrutura do Estado, uma pressão permanente por remuneração maior. “As pessoas ficam se espelhando no que essa hipererelite ganha, mas é claro que o orçamento público brasileiro não aguenta“, diz ele. Qualquer grande aumento de quadros, como pretende fazer o PT, deveria ser precedido de iniciativas no sentido de reformar a administração pública: ter um diagnóstico claro sobre carências e distorções, reestruturar carreiras, estabelecer metas para os órgãos públicos, melhorar a seleção dos servidores e criar mecanismos de avaliação do seu trabalho. No entanto, a esquerda que ocupa o governo se finge de morta, com sua mentalidade estatista. E a oposição também não pressiona, muito pelo contrário. 

No ano passado, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) sinalizou ter escolhido a reforma administrativa como um objetivo pessoal – uma marca que pretendia deixar em sua passagem pelo cargo de liderança. “Seria um avanço, uma conquista para o Brasil. Melhoraria a eficiência do Estado e seria uma importante sinalização para o mundo que o país está entrando na modernidade”, disse ele a Crusoé, em agosto. Desde então, o deputado se esqueceu do assunto. Enquanto isso, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pensa em ressuscitar o quinquênio, que proporcionaria um bônus automático a cada cinco anos, acima do teto do funcionalismo, àquelas carreiras jurídicas que já desfrutam dos famigerados “penduricalhos” – indenizações pela compra de livros ou roupas, férias não gozadas convertidas em dinheiro e assim por diante. Tramita no Congresso uma proposta de emenda constitucional, a PEC 32, que pretende promover uma reforma ampla dos serviços públicos. O problema é que além de despertar grande resistência, ela já sofreu enxertos que põem diversos grupos à salvo das mudanças. Segundo os especialistas ouvidos por Crusoé, seria provavelmente mais eficaz avançar por meio de leis, que têm aprovação mais fácil, em vez de mexer na Constituição. 

Há projetos já bem encaminhados para acabar com os supersalários, por exemplo. Bastaria haver um esforço para votá-los. Segundo Regina Pacheco, destacar um item da PEC 32 e votá-lo em separado já representaria um grande avanço: a chamada “contratualização de resultados”, por meio da qual órgãos do serviço público se comprometem com certas metas, que precisam ser atingidas mesmo quando mudam os governos e os gestores. “Fala-se muito em criar avaliação de desempenho para funcionários públicos, permitindo inclusive a demissão de quem ficar abaixo da média, mas seria um teatro nas nossas condições atuais”, diz ela. “Antes disso é preciso criar uma cultura de resultados no setor público. Quando os órgãos começarem a cumprir suas metas passamos para a fase seguinte.” Para Sundfeld, aprovar uma “lei geral das contratações temporárias” também poderia ser um bom começo, para regrar e disseminar uma ferramenta que já vem sendo usada nos estados com bons resultados. “Mas o mais importante de tudo seria o governo colocar o seu peso político na discussão da reforma administrativa”, diz o professor. Infelizmente, essa é uma situação bem conhecida no Brasil: o caminho para que se resolva um problema é conhecido; falta andar. 


Lista de trabalhos sobre Mercosul, integração e processos correlatos (1987-2024) - Paulo Roberto de Almeida

 Uma das muitas listas setoriais de trabalhos meus: 

4655. “Lista de trabalhos sobre Mercosul, integração e processos correlatos”, Brasília, 6 maio 2024, 32 p. Relação de todos os trabalhos vinculados aos conceitos referidos no título. Atualizado a partir de relações de trabalhos feitos em 31/01/2021 e em 01/04/2020, com integração de ambas as listas, relativamente diferentes. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/118655495/4655_Lista_de_trabalhos_sobre_Mercosul_integracao_e_processos_correlatos_2024_).


Lista de trabalhos sobre Mercosul, integração e processos correlatos

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.compralmeida@me.com)

Relação de todos os trabalhos vinculados aos conceitos referidos no título. Atualizado em 06/05/2024, a partir de relações de trabalhos feitos em 31/01/2021 e em 01/05/2020, com integração de ambas as listas, relativamente diferentes. 

 

Livros:

O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020, Edição Kindle, 453 p.; 1567 KB; ASIN: B08BNHJRQ4; ISBN: 978-65-00-05970-0; disponível neste link da Amazon: https://www.amazon.com/Mercosul-regionalismo-latino-americano-selecionados-Portuguese-ebook/dp/B08BNHJRQ4/ref=sr_1_1?dchild=1&keywords=Mercosul&qid=1593305045&s=digital-text&sr=1-1); Sumário e Prefácio e índice detalhado divulgados no blog Diplomatizzando (23/06/2020; links: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino.html) e https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino_23.html)Relação de Originais n. 3702.

 

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica, Brasília, 1 julho 2020, 308 p. Livro com textos de história econômica. Sumário no blog Diplomatizzando (link: https://www.academia.edu/43494964/A_ordem_economica_mundial_e_a_America_Latina_ensaios_sobre_dois_seculos_de_historia_economica_2020_). Publicado em Edição Kindle, 363 p.; 2029 KB; ASIN: B08CCFDVM2; ISBN: 978-65-00-05967-0; disponível neste link da Amazon: https://www.amazon.com.br/ordem-econ%C3%B4mica-mundial-Am%C3%A9rica-Latina-ebook/dp/B08CCFDVM2/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=I6QXH0T8I6L4&dchild=1&keywords=paulo+roberto+de+almeida&qid=1593992634&s=digital-text&sprefix=Paulo+Rob%2Caps%2C288&sr=1-1). Relação de Originais n. 3706.

 

- Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013, 174 p.; ISBN: 978-85-02-19963-7; Academia.edu: https://www.academia.edu/5550117/19_Integra%C3%A7%C3%A3o_Regional_uma_introdu%C3%A7%C3%A3o_2013_).

 

- Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud, Paris: L’Harmattan, 2000, 160 p.; ISBN: 2-7384-9350-5; Academia.edu: https://www.academia.edu/5546907/07_Le_Mercosud_un_march%C3%A9_commun_pour_l_Am%C3%A9rique_du_Sud_2000_). 

 

- Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 p.; ISBN: 85-7322-548-3; Academia.edu: https://www.academia.edu/42290608/Mercosul_fundamentos_e_perspectivas_1998_ )

 

- O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; ISBN: 85-7129-098-9; Brasília, 23 março 2020, 143 p. Reformatação completa do livro para fins de livre acesso nas redes de intercâmbio acadêmico. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/mercosul-fundamentos-e-perspectivas.html); Academia.edu: https://www.academia.edu/42007009/O_Mercosul_no_Contexto_Regional_e_Internacional_1993_).

 

 

Artigos, papers, entrevistas, questionários:

 

4372. “Integração regional: uma perspectiva histórica e tipológica”, Brasília, 24 abril 2023, 5 p. Notas para digressão oral e de apoio a aula sobre essa temática no curso CACD em 28/04/2023. Divulgado no blog Diplomatizzando (7/05/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/05/integracao-regional-uma-perspectiva.html).

 

4371. “Acordos regionais e esquemas de integração: diferentes tipos e medidas correlatas”, Brasília, 24 abril 2023, 1 p. Tabela analítica e cronológica dos diferentes esquemas de integração econômica, com correlação das medidas. Para aula no curso CACD em 28/04/2023. Postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/100701630/Acordos_regionais_e_esquemas_de_integracao_diferentes_tipos_e_medidas_correlatas_2023_); informado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/acordos-regionais-e-esquemas-de.html). 

 

4369. “More of the same, all over again…”, Brasília, 21 abril 2023, 3 p. Nota sobre nova perda de oportunidades na integração regional e na inserção na economia mundial, pelo anacronismo das políticas econômicas do PT. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/04/more-of-same-all-over-again-paulo.html).

 

(...)


 

185. “10 Anos de ALADI: Lições e Perspectivas”, Montevidéu, 26 maio 1990, 13 p. Artigo de análise crítica sobre a experiência de dez anos de integração latino-americana e propostas de ação futura.

 

176. “América Latina: Entre a Estagnação e a Integração”, Genebra, 26 novembro 1989, 7 p. Ensaio crítico sobre a crise do desenvolvimento na América Latina e possíveis vias alternativas, elaborado com base em agenda de reunião do SELA.

 

154. “Europe-Amérique Latine: de l’Intégration Individuelle à la Coopération Commune”, Genebra, 30-31 janeiro 1988, 10 p. Artigo sobre as relações internacionais da Europa e da América Latina e sobre a crise do desenvolvimento latino-americano. Preparado, com base no trabalho n. 084, para o IVème Colloque Amérique Latine-Europe, Milão, 4-6/02/88. Não apresentado.

 

151. “Europa e América Latina no Limiar do Ano 2000: a Dimensão Leste-Oeste”, Genebra, 15 setembro 1987, 4 p. Considerações sobre uma relação assimétrica e sobre os principais eixos de política internacional em cada continente.

 

 

Livros de terceiros: 

Abdul-Hak, Ana Patrícia Neves TanakaO Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil (Brasília: Funag, 2013, 280 p.).

Almeida Resende, Erica Simone; Mallman, Maria Izabel (orgs.). Mercosul: 21 anos: Maturidade ou Imaturidade?(Curitiba: Editora Appris, 2013, 350 p.).

Araújo, Ricardo Guerra de: O jogo estratégico nas negociações Mercosul-União Europeia (Brasília: Funag, 2018, 385 p.; ISBN: 978-85-7631-759-3; Curso de Altos Estudos; disponível na Biblioteca Digital da Funag).

Arslanian Neto, Michel: A Liberalização do Comércio de Serviços no Mercosul (Brasília: Funag, 2010, 408 p.).

Batista de Castro, Augusto César: Os bancos de desenvolvimento e a integração da América do Sul: bases para uma política de cooperação (Brasília: Funag, 2011, 176 p.).

Böhlke, Marcelo: Integração Regional e Autonomia do seu Ordenamento Jurídico (Curitiba: Juruá Editora, 2007, 264 p.).

Klingl, Bernard J. L. de G.: A Evolução do Processo de Tomada de Decisão na União Europeia e sua Repercussão para o Brasil (Brasília, Funag, 2014, 300 p.).

Marques, Renato L. R.: Duas Décadas de Mercosul (São Paulo: Aduaneiras, 2011, 368 p.).

Mazzuoli, Valério de Oliveira; Gomes, Eduardo Bacchi (orgs.): Direito da Integração Regional: diálogo entre jurisdições na América Latina (São Paulo: Saraiva, 2015, 590 p.).

Ribeiro, Elisa de Sousa (coord.): Direito do Mercosul (Curitiba: Editora Appris, 2013, 683 p.).

Santos, Luís Cláudio Villafañe G.: A América do Sul no discurso diplomático brasileiro (Brasília: FUNAG, 2014, 248 p.).

Trindade, Otávio Augusto Drummond Cançado: O Mercosul no Direito Brasileiro: incorporação de normas e segurança jurídica (Belo Horizonte: Del Rey, 2007, 180 p.).

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4655: 06/05/2024

 

Ver a lista completa dos trabalhos neste link: 

https://www.academia.edu/118655495/4655_Lista_de_trabalhos_sobre_Mercosul_integracao_e_processos_correlatos_2024_